O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, foi o primeiro a chegar. Desembarcou em Cingapura na madrugada de hoje pelo horário brasileiro. A bordo do avião presidencial Air Force One, Donald Trump ainda brigou com os aliados do Grupo dos Sete (G-7).
Em vez da total desnuclearização exigida inicialmente pelo presidente dos Estados Unidos, o encontro de cúpula histórico de 12 de junho é apenas o início de longas e árduas negociações para pacificar a Península Coreana.
Trump afirmou que no primeiro minuto vai saber se a reunião será produtiva: "É meu sentimento". Mas a vitória inicial é de Kim, o primeiro ditador norte-coreano a se encontrar com um presidente dos EUA no exercício do cargo. Ele obtém assim o reconhecimento da maior potência mundial, algo que o pai, Kim Jong Il, e o avô, Kim Il Sung, fundador da Coreia do Norte, nunca conseguiram.
Desde que chegou ao poder, em dezembro de 2011, sem qualquer qualificação além de pertencer a uma dinastia de ditadores, Kim Jong Un acelerou os programas nuclear e de tecnologia de mísseis. Mandou matar possíveis rivais como um tio e um meio-irmão, Kim Jong Nam. No ano passado, trocou insultos e ameaças com Trump.
Em sua mensagem de Ano Novo, Kim mudou o tom. Propôs um encontro com o presidente sul-coreano, Moon Jae In, E se ofereceu para mandar atletas numa delegação conjunta com o Sul à Olimpíada de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul. Mais tarde, convidou Trump para a reunião marcada para as nove da manhã desta terça-feira em Cingapura (22h de segunda-feira em Brasília).
Com a opção pelo diálogo, uma série de líderes internacionais, da Coreia do Sul, da China, da Rússia, do Japão, da Síria e dos EUA, manifestaram interesse em se reunir com o ditador sinistro.
Três aviões saíram do aeroporto de Pyongyang na manhã de ontem. Um avião de carga levou veículos e suprimentos para a delegação norte-coreana. O segundo foi um Boeing 747 da companhia aérea chinesa Air China usado para transportar autoridades chinesas. O terceiro foi o avião oficial de Kim, um Ilyushin-65 de fabricação soviética.
Kim viajou em seu próprio avião para se encontrar com o ditador chinês, Xi Jinping, em Daliã, no mês passado. Desta vez, foi no Boeing chinês. Sua irmã Kim Yo Jong chegou a Cingapura uma hora mais tarde no Ilyushin. O principal negociador nuclear da Coreia do Norte, Kim Jong Chol, o acompanha.
É altamente improvável que a Coreia do Norte abra mão de todas as armas nucleares que levou décadas para desenvolver. Kim exige garantias de segurança e o fim das sanções internacionais contra o regime comunista de Pyongyang. A simples promessa de "investimentos maciços" e desenvolvimento econômico não será suficiente.
Se as negociações avançarem, a expectativa é que as duas Coreias assinem um tratado de paz pondo fim definitivamente à Guerra da Coreia (1950-53).
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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