Os Estados Unidos anunciaram hoje em Washington sua saída do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que acusa de discriminação contra Israel e de ter entre os atuais países-membros violadores contumazes dos direitos humanos. É mais um sinal do crescente isolacionismo americano no governo Donald Trump.
Há duas semanas, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, deu um ultimato. Ameaçou com a retirada dos EUA se o conselho admitisse regimes autoritários que não respeitam os direitos humanos. Ela citou Arábia Saudita, China, Cuba e Venezuela como países que não merecem um assento no Conselho de Direitos Humanos.
Ao lado do secretário de Estado, Mike Pompeo, Haley acusou o órgão da ONU de haver se tornado "protetor de violadores dos direitos humanos e uma fossa de distorções políticas". A embaixadora citou a admissão da República Democrática do Congo e o erro de não coibir os abusos dos direitos humanos no Irã e na Venezuela.
"Quero deixar claro que este passo não é uma retirada do nosso compromisso com os direitos humanos", afirmou Haley. "Ao contrário, damos este passo porque nosso compromisso nos nos permite fazer parte da uma organização hipócrita e egoísta que despreza os direitos humanos."
Suas tentativas de reformar o conselho foram inúteis: "Quando deixamos claro que iríamos procurar com firmeza fazer uma reforma do conselho, alguns países se opuseram", acrescentou a embaixadora. "A Rússia, a China, Cuba e o Egito tentaram minar nossos esforços nos últimos 12 meses."
É mais uma retirada dos EUA de um acordo ou órgão internacional. Trump retirou os EUA do Acordo do Clima, em 1º de junho de 2017. Em 8 de maio de 2018, abandonou o acordo nuclear com o Irã. Também ataca a ONU, o sistema multilateral de comércio e a ordem internacional liberal criada pelos EUA no pós-guerra.
Na questão dos direitos humanos, Trump não toca no assunto com seus líderes autoritários favoritos, os ditadores da China, Xi Jinping, da Rússia, Vladimir Putin, e agora da Coreia do Norte, Kim Jong Un. Os EUA sempre defenderam regimes autoritários aliados, como a monarquia absolutista da Arábia Saudita, mas não é um dos temas favoritos do presidente, que no momento separa famílias e tortura crianças na fronteira com o México para pressionar o Congresso e ganhar votos nas eleições de novembro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário