domingo, 3 de junho de 2018

Francesa pega prisão perpétua no Iraque por pertencer ao Estado Islâmico

A francesa Mélina Boughedir, de 27 anos, capturada pelo Exército do Iraque em 8 de julho do ano passado, durante a Batalha de Mossul, perdeu um recurso contra sua condenação à prisão perpétua por pertencer à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, noticiou o jornal francês Le Monde.

Presa com seus quatro filhos menores, Mélina foi condenada a sete meses de prisão por entrar ilegalmente no Iraque por um juizado de primeira instância em Bagdá em 19 de fevereiro. A denúncia do promotor não incluía nenhuma acusação de terrorismo.

Durante o recurso ao tribunal de apelação, automático no Iraque, o Conselho Superior da Magistratura decidiu, no fim de março, acrescentar a acusação de pertencer ao Estado Islâmico. Três dos quatro filhos foram repatriados para a França.

"Sou inocente", declarou ela em francês ao tribunal com a ajuda de um tradutor. "Meu marido me enganou e depois me ameaçou fugir com as crianças." Seu advogado, William Bourdon, criticou o julgamento como político e acusou a França de pressionar o Iraque para evitar a volta de jihadistas  presos no Oriente Médio.

A defesa reclamou de uma carta do ministro do Exterior da França, Jean-Yves Le Drian, descrevendo Mélina como "combatente".

"Ninguém pode duvidar do caráter político desta decisão", afirmou Bourdon. "Por uma razão técnica, em primeiro lugar: no mesmo processo, há poucos meses, ela não foi denunciada por terrorismo. Não há hoje novos elementos e ela é condenada à prisão perpétua."

O advogado quer levá-la para cumprir pena na França, onde um juiz já teria emitido uma ordem de prisão por "associação da malfeitores terrorista e criminosa". Como os dois países não tem tratado de extradição, o Iraque não tem a obrigação de repatriá-la.

"A Justiça iraquiana tem legitimidade para julgá-la e tomou sua decisão", reagiu Christophe Castaner, secretário de relações com o parlamento do governo francês, em entrevista à televisão neste domingo.

Outra francesa, Djamila Boutoutaou, de 29 anos, foi condenada à prisão perpétua em abril, apesar de alegar haver sido enganada pelo marido.

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