Além de deflagrar um conflito comercial com a União Europeia, o Japão e o Canadá, aliados dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump propôs a volta da Rússia ao Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) ao seguir para a reunião de cúpula anual do G-7, realizada neste ano em Charlevoix, na província do Quebec, no Canadá.
A chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, rejeitou imediatamente a sugestão de Trump. A Rússia foi excluída do G-8 em 2014 por anexar ilegalmente a região da Crimeia, que pertencia à ex-república soviética da Ucrânia, e fomentar uma guerra civil no Leste do país.
Merkel afirmou que a Rússia não tomou nenhuma medida para resolver seu conflito a Ucrânia. Trump entende que a Rússia precisa estar na mesa de negociações. Aparentemente, pouco importa ao presidente dos EUA se o ditador Vladimir Putin violou uma regra básica da sociedade internacional pós-Segunda Guerra Mundial e das Nações Unidas: é proibida a guerra de conquista.
O presidente americano insiste em que não houve conluio de sua campanha com o Kremlin, objeto da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência da Rússia na eleição de 2016 nos EUA. Mas não perde a oportunidade de manifestar sua simpatia por ditadores e líderes autoritários.
Da mesma forma, ataca o sistema multilateral de comércio criado pelos EUA no pós-guerra e prefere negociações bilaterais, onde acredita que o poderio econômico americano falará mais alto, ignorando as vantagens do multilateralismo. As regras comuns facilitam a atuação da empresas transnacionais. A multiplicidade de acordos pode criar um inferno regulatório para empresas que operam em dezenas de países.
Na véspera da reunião de cúpula, o presidente da França, Emmanuel Macron, se encontrou com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, para formar uma frente unida contra o protecionismo de Trump. O presidente respondeu no Twitter que a UE e o Canadá impõe tarifas maiores, em média, que os EUA e barreiras não tarifárias sobre várias importações de produtos americanos.
Trump está decidido a reduzir o déficit comercial dos EUA em todas as frentes. Com a União Europeia, foram US$ 151 bilhões no ano passado. Mas as brigas com os aliados, os acenos a Putin e a concessão à China ao salvar uma empresa de telecomunicações acusada de ligações com o Exército Popular de Libertação enfraquecem a posição dos EUA no mundo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário