O comitê executivo da Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope concordou ontem em aceitar o acordo de paz da guerra de 1998-2000 com a Eritreia e devolver uma área em disputa territorial que ocupa há duas décadas. O Parlamento aprovou o fim do estado de emergência decretado há dois meses.
As medidas são parte das promessas do novo primeiro-ministro, Abiy Ahmed, que também vai vender participações minoritárias em empresas estatais, entre elas a Ethio Telecom e a Ethiopia Airlines dentro de uma série de reformas para abrir a economia da Etiópia depois de 26 anos de regime autoritário.
Quando se tornou independente, em 1993, a Eritreia tirou da Etiópia sua saída para o mar. De maio de 1998 a junho de 2000, a Eritreia e a Etiópia, dois dos países mais pobres do mundo, gastaram centenas de milhões de dólares numa guerra brutal que deixou dezenas de milhares de mortos, agravando ainda mais uma situação miserável.
Com 70 a 100 mil mortos, foi a pior guerra por disputa territorial na história recente da África. Desde 2002, a Etiópia s negava a aceitar a fronteira arbitrada por uma comissão internacional com participação da Argélia como principal mediador nem a devolução do território ocupado, inclusive da cidade de Badme, que foi o foco central da guerra.
A Eritreia é um dos países mais repressivos do mundo, governado desde a independência da Etiópia, em 1993, pelo ditador Isaias Afewerki. Em 2016, uma comissão de inquérito das Nações Unidas recomendou que ele seja processado pelo Tribunal Penal Internacional.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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