No maior ataque a jornalistas em décadas nos Estados Unidos, um homem armado com uma espingarda e granadas invadiu a sala de redação de um jornal de Anápolis, capital do estado de Maryland, e disparou, matando cinco pessoas e ferindo outras duas. A polícia o identificou com Jarrod Ramos, de 38 anos, que foi preso na hora.
Há anos, Ramos tinha uma relação de conflitos com a Capital Gazette, que publica vários jornais na região de Maryland. Ele processou jornalistas por difamação e fazia campanha contra a companhia jornalística nas redes sociais.
"Este foi um ataque visando a Capital Gazette", declarou o delegado William Krampf, chefe interino do Departamento de Polícia do Condado de Arundel. "Esta pessoa estava preparada para atirar em pessoas. Sua intenção era fazer o mal."
Pelo Twitter, um estágio identificado como Anthony Messenger pediu socorro e deu o endereço do prédio atacado. Phil Davis, repórter de polícia, contou que Ramos "atirou na porta de vidro" da entrada da sala de redação.
A empresa, do século 18, se orgulha de ter lutado contra o imposto do selo, uma das causas da revolta que levou à independência dos EUA, em 4 de julho de 1776. The Capital Gazette foi fundado em 1884.
Em julho de 2011, o jornal publicou uma reportagem sob o título: "Jarrod quer ser seu amigo", contando que ele pediu amizade no Facebook para uma ex-colega de escola e ao longo de vários meses "alternava pedidos de ajuda, a chamava com palavras vulgares e a mandava se matar".
Depois de mais de um ano de assédio, Ramos confessou a culpa e foi condenado a um ano e meio com direito a liberdade condicional sob supervisão, com a obrigação de fazer psicoterapia. Engenheiro eletrônico, ele não tinha antecedentes criminais. Tinha trabalho durante seis anos para o Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA.
Ramos processou a companhia, o diretor responsável e o editor-chefe em julho de 2012, acusando-os de abalar sua reputação por causa da notícia. Três meses depois, entrou com uma segunda ação, por invasão de privacidade.
"Jarrod Ramos tinha uma longa história de raiva e de ações contra o jornal", declarou o ex-diretor Tom Marquandt. "Eu disse uma vez a meus advogados que esse cara viria um dia para atirar em nós. Estava preocupado comigo e com minha equipe que ele fosse ir além das ações legais."
Os mortos eram Gerald Fischman, de 61 anos, editor da página de opinião; Rob Hiaasen, de 59 anos, colunista e editor de reportagens especiais; John McNamara, de 56 anos, repórter esportivo e editor de jornais locais semanais; Wendi Winters, de 65 anos, repórter de cidade e colunista de jornais comunitários; e Rebecca Smith, contato do setor de vendas.
O ataque levou as polícias de todos os EUA a tomarem medidas para proteger jornalistas numa época de ataques diários à imprensa partindo do presidente Donald Trump.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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