quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Transição hegemônica EUA-China gera riscos

A irresistível ascensão da China e o declínio relativo dos Estados Unidos levam à chamada transição hegemônica, sempre um período de alto risco nas relações internacionais, observou o historiador Ronald Pruessen, professor da Universidade de Toronto, no Canadá, em palestra na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, em 8 de novembro de 2011.

"Quando um grande ator entra em cena, os outros países mudam o comportamento em relação a ele", comentou. "Sua moral e seus sistemas de valores passam a ter mais peso. Até agora, isso não criou problemas significativos".

No momento, por causa da interdependência das duas maiores economias do mundo, "há um certo grau de tensão e um certo grau de estabilidade" nas relações EUA-China. "Os EUA têm fraquezas como a dívida e a infraestrutura. No Discurso sobre o Estado da União, o presidente Obama deu grau D para a infraestrutura do país".

Há uma década, recordou, "a China ia ultrapassar a economia americana em 2041. Agora, há estudos prevendo que será três vezes maior em 2040".

Em editorial publicado em 17 de fevereiro de 1941, o editor da revista Time, Henry Luce, usou a expressão Século Americano, exortando os EUA a abandonar seu isolacionismo histórico e aproveitar a Segunda Guerra Mundial para se tornar a potência dominante nas relações internacionais. Agora, parece que o século de Luce vai terminar antes de completar cem anos.

A questão central, pondera o professor Pruessen, é se as duas superpotências vão colaborar, criando um mundo baseado na interdependência econômica entre os dois países, no que ele chamou de Chimérica, ou se vão de envolver num "choque de titãs".

Há uma disputa pela supremacia. A China investe cada vez mais em tecnologia de defesa. Já tem porta-aviões, mísseis antissatélites e outras armas capazes de neutralizar a superioridade dos EUA no Oceano Pacífico e projetar seu poderio por outros mares.

Os americanos, por sua vez, apoiaram o Japão quando um pesqueiro chinês bateu num navio da Marinha japonesa em águas territoriais disputadas, vendem armas para Taiwan e fizeram uma parceria nuclear com a Índia.

Em 1971, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Henry Kissinger, foi a Beijim para jogar a carta da China contra a União Soviética na Guerra Fria. Os EUA podem usar agora a Índia e o Japão como parceiros para contrabalançar o superpoderio chinês.

Hoje a secretária de Estado, Hillary Clinton, chegou a Mianmar, um regime ditatorial que fazia parte do colar de pérolas, os aliados da China na região. Aproveita a abertura política no país para afastá-lo da China e atraí-lo para a esfera de influência dos EUA.

Para o professor John Mearsheimer, da Universidade de Chicago, um pensador da corrente realista citado por Pruessen, "a História mostra que isto não acaba bem".

Já o ex-assessor de Segurança Nacional dos EUA no governo Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, acredita na Chimérica. Pensa que "a História não é um grande guia para olhar para a frente".

Criador do conceito de poder suave, o poder da persuasão e da comunicação, o professor Joseph Nye, da Universidade de Harvard, entende que "o mundo aprendeu com as guerras e crises do passado. Ainda existem paixões nacionalistas, mas as ações serão mais racionais".

Como o déficit comercial dos EUA com a China é o maior da História e os chineses são os maiores donos de títulos da dívida pública americana, "os EUA não estão em condições de adotar uma postura mais beligerante em relação à China", notou Pruessen. "A China também não pode tomar medidas contra os EUA sem dar um tiro nos próprios pés".

O cenário de interdependência, da Chimérica, é o mais provável. Vai evoluir para um Grupo dos Dois (G-2) que tomará todas as grandes decisões internacionais? É difícil, no mundo globalizado, concentrar tanto poder. Há um ônus da hegemonia, a sobre-extensão imperial, e o multilateralismo dá mais condições para enfrentar problemas globais, da crise econômica à mudança do clima.

"É virtualmente impossível prever os próximos 10 ou 15 anos. Há muita complexidade. A visão chinesa é extremamente otimista", como era no Super-Japão dos anos 80. "Os EUA têm sérios problemas, mas as empresas que estão mudando o mundo, como Apple, Google e Facebook, são americanas, têm grande energia criativa", acrescenta o professor Pruessen.

"Enquanto a China gastou US$ 300 bilhões para construir uma rede ferroviária para trens de alta velocidade", compara o historiador, um projeto suspenso depois de um acidente grave, "o presidente Obama não consegue US$ 65 bilhões do Congresso para lançar um novo programa de geração de empregos".

A China terá problemas demográficos. Por força da política do filho único para conter a natalidade, vai haver escassez de mão de obra para trabalhar e sustentar a previdência social. Seu crescimento não será sempre linear, a taxas elevadas. O país tem sérios problemas ambientais por causa da industrialização sem controle numa sociedade autoritária e problemas políticos em potencial.

Quando uma crise econômica séria afetar o bem-estar da sociedade chinesa, inevitavelmente o monopólio de poder do Partido Comunista será questionado: "Não é difícil imaginar que a economia da China tenha problemas. As consequências políticas e sociais podem ser enormes", admite o professor Pruessen.

"A classe média", como disse uma autoridade chinesa ao então embaixador brasileiro em Beijim, Luiz Augusto de Castro Neves, "é muito palpiteira".

Pruessen vê no multipolarismo crescente uma limitação ao que os EUA e a China poderão fazer unilateralmente como grandes potências. Ao mesmo tempo, os chineses se tornam cada vez mais influentes nas organizações internacionais. Isso implica uma adesão às normas, regimes e procedimentos do sistema internacional.

"Eles terão a sabedoria de manter um comportamento moderado e pragmático"? pergunta-se o professor da Universidade de Toronto. "A Alemanha pós-Bismarck mostra que grandes líderes podem ser substituídos por líderes irracionais".

Nas conferências de relações internacionais, os chineses afirmam ter aprendido com as lições das ascensões da Alemanha e da União Soviética, que levaram a duas guerras mundiais quentes e à Guerra Fria. Mas o fortalecimento militar da China e a atitude agressiva em relação a vizinhos com os quais têm questões territoriais aumentam a tensão na Ásia.

O declínio dos EUA gera o radicalismo de movimentos como a Festa do Chá, um grupo de radicais de direita que sonha em recriar um país idealizado do tempo dos Pais da Pátria. A única questão capaz de unir hoje os partidos Republicano e Democrata nos EUA é falar mal da China.

Na blogosfera chinesa, há um crescente militarismo nacionalista que parece medir a ascensão chinesa pela capacidade de confrontar os EUA. É preciso conter os radicais dos dois lados.

FGV discute relações Brasil-EUA



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 CONVITE PARA PALESTRA
Julia Sweig (CFR)
Julia SweigO Centro de Relações Internacionais da FGV convida para a palestra Presente e Futuro das Relações Brasil - Estados Unidos, com Julia Sweig.
Julia Sweig,  do Council on Foreign Relations (CFR), discutirá  a elaboração e resultados do CFR Task Force Report on US-Brazil Relations.
Ela é Nelson and David Rockefeller Senior Fellow for Latin America Studies no CFR.
Mais informações em www.fgv.br/cpdoc/ri.
Presente e Futuro das Relações Brasil - Estados Unidos
  1º de dezembro de 2011, quinta-feira, às 18h30
Local: Fundação Getulio Vargas, sala 318
Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro
 A entrada é gratuita e não é preciso fazer reserva.
CPDOC/FGV
Centro de Relações Internacionais da FGV
Internet: http://www.fgv.br/cpdoc/ri

Hillary Clinton faz visita histórica a Mianmar

A secretária de Estado, Hillary Clinton, tornou-se hoje a primeira chefe da diplomacia dos Estados Unidos a visitar Mianmar, a antiga Birmânia, em 50 anos. É uma tentativa de aumentar a influência americana sobre um país que está promovendo uma abertura política e até agora vivia na órbita da China, que acompanha atentamente a viagem, informa o jornal The New York Times.

Desde 1962, a Birmânia é uma ditadura militar com slogans socialistas, o que a tornou um dos países mais fechados do mundo.

No ano passado, a junta militar promoveu eleições e libertou a líder histórica da oposição Aung San Suu Kyi, filha do herói da independência do país e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 1991, que passou a maior parte dos últimos 20 anos em prisão domiciliar. Mas há preocupação nos EUA de que o governo Obama esteja se apressando ao estender a mão a um dos regimes mais repressivos do mundo.

Setor público faz greve no Reino Unido

Cerca de 2 milhões funcionários públicos fazem greve hoje no Reino Unido contra a reforma no seu regime de aposentadorias e pensões, parte das medidas de corte nos gastos públicos para enfrentar o endividamento do país.

É a maior greve no país em 30 anos. Mais de 60% das escolas públicas não funcionaram, informa a TV pública BBC.

Desemprego na Eurozona é recorde a 10,3%

A taxa de desemprego nos 17 países da Zona do Euro atingiu um recorde de 10,3%, anunciou hoje a Eurostat, agência oficial de estatísticas da União Europeia. Na UE como um todo, que tem 27 países, o índice ficou em 9,8%.

O total de desempregados subiu para 23,6 milhões no bloco comercial e para 16,3 milhões na Eurozona.

A pior situação é na Espanha, onde a taxa subiu de 22,5% para 22,8% da população economicamente ativa, em idade de trabalhar.

Bancos centrais dos países ricos oferecem dólares

Em uma ação coordenada para tranquilizar o mercado em mais um momento de turbulência, os bancos centrais dos Estados Unidos, da Europa, da Inglaterra, da Suíça, do Japão e do Canadá para evitar o agravavamento da contração de crédito decorrente da crise das dívidas públicas na Zona do Euro.

Como aconteceu logo após o colapso do banco Lehman Brothers, em 14 de setembro de 2008, os bancos estão emprestando menos entre si por não terem noção dos eventuais problemas no balanço dos outros, que podem ter grande quantidade de títulos de países em dificuldades. Por isso, começam a faltar dólares no mercado europeu.

Por isso, os bancos centrais dos países ricos decidiram reduzir em 0,5 ponto percentual o custo das operações de troca de moedas de 5 de dezembro de 2011 a 1º de fevereiro de 2013. Também farão acordos bilaterais para facilitar o intercâmbio de moedas entre instituições financeiras públicas e privadas.

Em Bruxelas, o comissário europeu para finanças, Oli Rehn, afirmou que "a União Europeia entrou num período de dez dias decisivos para consolidar a resposta à crise da Eurozona".

Os bolsas de valores operam com forte alta no mundo inteiro, mas a ação dos bancos centrais é apenas paliativa. Não resolve a crise das dívidas públicas. Só dá mais liquidez ao mercado e mais tempo para os bancos se recapitalizarem.

A solução definitiva precisa vir das autoridades políticas da Zona do Euro, que até agora estão devendo.

Reino Unido fecha embaixada no Irã

Em retaliação contra a invasão de sua embaixada em Teerã ontem, o Reino Unido fechou hoje sua representação diplomática no Irã, expulsou os diplomatas iranianos e mandou o regime fundamentalista fechar sua embaixada em Londres até sexta-feira.

A Alemanha retirou seu embaixador do Irã, alegando que a violação da imunidade dimplomática da representação britânica é inaceitável.

Os manifestantes iranianos, ligados à milícia Bassij, o braço semiclandestino da Guarda Revolucionária, protestavam contra as últimas sanções econômicas adotadas pelos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá  contra a república islâmica, acusada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de estar desenvolvendo armas nucleares.

Essas sanções proíbem relações com o banco central do Irã, isolando financeiramente o país.

A ameaça nuclear iraniana provocou um debate público em Israel sobre a possibilidade de lançar um ataque contra as instalações atômicas da república islâmica. O jornal inglês The Guardian noticiou que as Forças Armadas britânicas estavam se preparando para um possível ataque ao Irã.

Em princípio, os britânicos só entrariam em ação no caso de uma intervenção militar americana. Ontem, advertiram a teocracia iraniana que a invasão à embaixada "terá consequências".

Ex-presidente da Costa do Marfim é levado para Haia

O ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo foi enviado ontem para Haia, na Holanda, onde foi denunciado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.

Gbagbo estava preso, depois de resistir de dezembro de 2010 a abril de 2011 a entregar o poder ao presidente legitimamente eleito, Alassane Ouattara. Os crimes de que é acusado teriam sido cometidos nesse período.

Pela estimativa das Nações Unidas, cerca de 3 mil marfinenses foram mortos no conflito.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Facebook promete proteger privacidade

O Facebook, maior rede social da Internet, com mais de 800 milhões de usuários, fez um acordo com a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos, que acusava a empresa de enganar os consumidores oferecendo informações a outras empresas e ao público sem conhecimento dos usuários.

A partir de agora, os usuários terão de ser consultados a cada mudança na maneira como o Facebook comunica seus dados. O Facebook será submetido a auditagem periódica de suas políticas de privacidade nos próximos 20 anos, informa o jornal The Washington Post.

Ontem, The Wall St. Journal anunciou que o Facebook pretende fazer uma oferta inicial de ações entre abril e junho de 2012 para levantar US$ 10 bilhões, o que colocaria o valor de mercado da empresa em US$ 100 bilhões.

Médico de Michael Jackson pega quatro anos de prisão

Um tribunal de Los Angeles, na Califórnia, acaba de sentenciar o médico Conrad Murray à pena máxima de quatro anos de prisão em regime fechado pelo homicídio involuntário do cantor e compositor Michael Jackson, em 25 de junho de 2009.

Murray era o médico pessoal contratado pelo Rei do Pop para acompanhá-lo na que seria sua última turnê. Foi denunciado por ministrar uma dose excessiva de propofol, um anestésico usado em cirurgias, não chamar imediatamente uma ambulância quando encontrou o cantor desacordado, arrumar o quarto de Michael Jackson para eliminar provas do crime e mentir para os socorristas, omitindo informações sobre o medicamento.

Egípcios votam em massa na primeira eleição democrática

As primeiras eleições democráticas da História do Egito entraram hoje no segundo dia de votação com alto comparecimento às urnas, informa a agência Associated Press, sem denúncias de fraude ou ataques a zonas eleitorais depois de duas semanas de protestos e violentos choques com a polícia que deixaram 41 mortos, noticia o jornal The New York Times.

A Irmandade Muçulmana é favorita, mas não deve obter maioria absoluta no futuro parlamento, encarregado de reformar a Constituição.

Haverá mais votação em 14 de dezembro e 3 de janeiro. Os resultados oficiais das eleições para a Câmara são esperados em 13 de janeiro.

Num sinal de confiança na nascente democracia egípcia, a Bolsa de Valores do Cairo registrou hoje alta de 6%. Antes da crise mundial de 2008-9, o Egito crescia há uma década a taxas anuais de 7% ao ano.

Os problemas econômicos ajudaram a deflagrar a revolução que derrubou o ditador Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, mas a expectativa de crescimento de apenas 1,2% neste ano aponta dificuldades à frente para satisfazer aos milhões de jovens desempregados que foram os principais ativistas no levante popular.

Desemprego no Japão sobe para 4,5%

O índice de desemprego no Japão, a terceira maior economia do mundo, subiu de 4,1% em setembro para 4,5% em outubro, revelou hoje o Birô de Estatísticas do país.

No mês passado, havia 62,64 milhões de japoneses empregados, 0,3% a mais do que em outubro de 2010, enquanto o total de desempregados foi de 2,88 milhões, 13,8% a menos do que um ano atrás.

Cain reavalia candidatura à Casa Branca após escândalos

O executivo de restaurantes Herman Cain foi a maior surpresa na disputa interna do Partido Republicano pela candidatura da oposição ao presidente Barack Obama à Casa Branca em 2012. Sem experiência política, praticamente desconhecido, chegou a liderar as pesquisas. Depois de uma série de denúncias de assédio sexual e de revelações de uma ex-amante, está prestes a desistir.

Ontem, uma mulher de Atlanta, no estado da Geórgia, afirmou ter mantido um caso de amor consensual com Cain durante 13 anos que só terminou há oito meses, quando ele decidiu concorrer à presidência dos Estados Unidos, informa o jornal The Washington Post.

Agora há pouco, o jornal The New York Times revelou que Cain estaria reavaliado sua candidatura, um sinal de que pode abandonar a corrida à Casa Branca.

Nas pesquisas, ele foi superado pelo ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, com quem disputou a liderança, e com o ex-presidente da Câmara Newt Gringrich, um político medíocre metido a intelectual que chegou a dizer que os EUA podem resolver seu problema energético simplesmente cavando mais poços de petróleo.

Romney, considerado o mais elegível, é rejeitado pelas alas mais direitistas do partido, que o consideram liberal demais. As primeiras para escolher o candidato republicano começam em janeiro.

China prende mulher de Ai Weiwei

Lu Qing, a mulher do artista plástico e dissidente chinês Ai Weiwei, foi presa nesta terça-feira em casa em Beijim por quatro policiais, levada para uma delegacia de polícia, interrogada durante três horas e solta sem maiores explicações.

Mais famoso artista plástico da China, Ai foi preso em abril no aeroporto da capital e detido por 80 dias, sob a acusação de sonegar imposto de renda. Foi multado em US$ 2,4 milhões. Já conseguiu pagar US$ 1,3 milhão, mas o regime comunista chinês mantém a pressão para silenciá-lo.

Líder islamita será primeiro-ministro do Marrocos

O rei Mohamed VI, do Marrocos, convidou hoje formalmente o líder do Partido Justiça e Desenvolvimento, Abdelillah Benkiran, para formar o próximo governo do país.

Seu partido islamita moderado conquistou 107 das 395 cadeiras do Parlamento eleito na sexta-feira passada, um passo inicial para transformar o país numa monarquia constitucional.

Déficit público da Espanha cai 17%

O déficit orçamentário do governo central da Espanha caiu 17% nos dez primeiros meses de 2011 em comparação com o mesmo período no ano passado e ficou em 40,1 bilhões de euros, cerca de 3,7% do produto interno bruto, anunciou hoje em Madri o Ministério das Finanças, atribuindo a redução a um cortes das transferências de recursos para as províncias.

A meta oficial é diminuir o déficit público espanhol dos 9,2% do PIB registradas em 2010 para 6% neste ano.

Terrorista norueguês é mentalmente incapaz

O jovem terrorista de extrema direita Anders Breivik, acusado pelo assassinato de 77 pessoas há quatro meses na Noruega, foi considerado esquizofrênico e mentalmente incapaz de responder pelos seus crimes. Ele pode ser condenado à internação perpétua numa instituição psiquiátrica.

Em 22 de julho de 2011, depois de armar um atentado a bomba contra prédios do governo no centro de Oslo, Breivik invadiu a ilha de Utoya, onde havia um encontro do setor jovem do governante Partido Trabalhista e atirou indiscriminadamente nos jovens.

Preso, declarou que lutava contra a islamização do país. Agora, depois de 13 entrevistas, dois psiquiatras concluíram que ele sofre de esquizofrenia paranoide, uma psicose que o tornaria inimputável.

O julgamento está marcado para 16 de abril de 2012 e deve durar meses.

Manifestantes invadem embaixada britânica no Irã

Aos gritos de "Morte à Inglaterra!", cerca de 20 manifestantes apoiados pelo regime fundamentalista do Irã invadiram hoje a embaixada do Reino Unido em Teerã e rasgaram a bandeira do país, aumentando a tensão entre o Ocidente e a república islâmica, agravado pela imposição de novas sanções para isolar o governo iraniano financeiramente. O objetivo é pressionar o Irã a desistir de fazer armas atômicas.

Na segunda-feira, o Parlamento do Irã aprovou o rebaixamento das relações com o Reino Unido.

O governo britânico condenou o ataque, considerando-o "totalmente inaceitável" e prometeu uma resposta "robusta", informa o jornal The New York Times.

Kadafi cantou Condoleezza na cozinha do palácio

Um dos momentos mais estranhos de sua carreira como assessora de Segurança Nacional e secretária de Estado do governo George W. Bush, durante uma visita à Líbia, Condoleezza Rice foi levada para uma conversa pessoal na cozinha particular do ditador Muamar Kadafi, que lhe apresentou uma gravação em vídeo.

"Eram apenas fotos minhas", contou Rice em entrevista na TV ABC a George Stephanopoulos, que foi diretor de comunicações do governo Bill Clinton. "Ele me disse: pedi ao melhor e mais famoso compositor da Líbia para compor esta música para você: Uma flor negra na Casa Branca".

Rice negou que os Estados Unidos tenham "invadido o Iraque para implantar uma democracia no país. Fomos claros a esse respeito. Era uma questão de segurança."

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Moody's adverte para risco de toda a Europa

A agência americana de classificação de risco Moody's advertiu ontem à noite que a atual crise das dívidas públicas ameaça as notas de crédito de todos os países da Europa. Depois de alertar a França de que pode perder sua nota máxima, a Moody's declarou que mesmo as economias mais sólidas como Alemanha, Áustria, Finlândia e Holanda estão sob risco de rebaixamento.

Para a agência, a Zona do Euro deve sobreviver se o calote da Grécia for o único, mas a Moody's faz uma ressalva: "Enquanto a Eurozona em seu conjunto possui uma força econômica e financeira enorme, a fraqueza de suas instituições continua entravando uma solução da crise e pesando sobre as notas. Na ausência de medidas políticas que estabilizem a situação dos mercados em curto prazo, o risco de crédito vai continuar a subir".

Pior ainda: um "grande acontecimento negativo", como um novo calote ou a falência de um grande banco, poderia gerar consequências "devastadoras" para toda a economia mundial, jogando na recessão outros países ricos como o Japão e os Estados Unidos.

Neste caso, haveria sério risco das dívidas de países da Eurozona serem rebaixadas a "lixo", aumentando a probabilidade de ruptura da união monetária com repercussões negativas para toda a União Europeia e o resto do mundo, noticia o jornal francês Le Monde.

ONU acusa Síria de crimes contra a humanidade

Na repressão violenta contra a revolta popular pela liberalização do regime, as forças de segurança da Síria mataram pelo menos 256 crianças, muitas torturadas até a morte, e cometeram outros crimes contra a humanidade, denunciou hoje uma investigação independente conduzida pelas Nações Unidas.

O relatório aponta o uso indiscriminado da força pela ditadura de Bachar Assad ao "disparar indiscriminadamente contra manifestantes desarmados", enquanto atiradores instalados em pontos estratégicos atiravam na cabeça e na parte superior do corpo, com o intuito claro de matar.

"Esses crimes incluem assassinato, tortura, estupro e outras formas de violência sexual", declarou o cientista social brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão, que não recebeu autorização para entrar na Síria, mas conseguiu ouvir 223 testemunhas e vítimas da ditadura. "Temos um sólido conjunto de provas", acrescentou o professor em entrevista coletiva reportada pela TV britânica Sky News.

A ONU estima que o total de mortos desde o início da revolta síria, em 15 de março de 2011, passa de 3,5 mil. Com as outras mortes noticiadas depois dessa estimativa, esse número deve estar em torno de 4 mil.

Crise do euro reduz crescimento mundial

A crise das dívidas públicas da Zona do Euro é a maior ameaça à economia mundial e exige medidas urgentes. Um colapso da união monetária europeia não pode ser descartado, alertou hoje a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), reduzindo sua previsão de crescimento para a economia mundial de 4,2% para 3,8% em 2011 e de 4,6% para 3,4% em 2012.

Pelas projeções da OCDE, formada por 30 países industrializados, o Brasil deve crescer 3,4% neste ano, 3,2% em 2012 e 3,9% em 2013, abaixo da meta oficial de 5% ao ano. A inflação deve ficar em 6,5% em 2011, 5,8% em 2012 e só em 2013, com 4,7%, se aproxima do centro da meta, que é de 4,5% ao ano.

O pior cenário é inação na Europa, que deve voltar à recessão no fim deste ano, e incapacidade do Congresso dos Estados Unidos de chegar a um acordo para reduzir o déficit orçamentário da maior economia do mundo, afirma a última Perspectiva Econômica da OCDE. A União Europeia e os EUA são os maiores mercados consumidores do mundo.

Hoje, os bônus da Itália com dez anos de prazo chegaram a 7,27% ao ano. Taxas acima de 7% são consideradas insustentáveis.

"Os políticos continuam correndo atrás da curva", advertiu Pier Carlo Padoan, economista da OCDE, citado pela agência Reuters. "Isso não é mais aceitável. O tempo está se esgotando. A cada oportunidade perdida, aumenta o custo por um resultado favorável".

Dieta mediterrânea reduz risco cardíaco

Uma dieta no estilo dos países europeus do Mar Mediterrâneo, baseada em pescado, grãos, frutas, legumes, hortaliças, azeite de oliva e consumo moderado de bebidas alcoólicas, reduz as chances de ataque cardíaco, derrames, tromboses e outros acidentes vasculares, confirma uma nova pesquisa realizada com moradores de Nova York.

Durante nove anos, a equipe do professor Clinton Wright, da Universidade de Miami, acompanhou os hábitos alimentares de 2,5 mil residentes do Norte da Ilha de Manhattan, uma região onde 63% são hispânicos, 20% negros e 15% brancos. Negros e hispânicos têm alta incidência de problemas cardiovasculares e não havia informações suficientes a respeito.

Mais de 300 pessoas morreram durante a pesquisa. Quem adotou a dieta mediterrânea teve o risco cardíaco reduzido em 9%.

As conclusões foram relatadas na publicação American Journal of Clinical Nutrition, citado pela agência de notícias Reuters.

"Europa está mais uma vez à beira do suicídio"

A Alemanha e a França foram responsáveis por quatro tentativas de suicídio da Europa no século 20 (1914, 1919, 1933 e 1936) e reduziram o continente a ruínas. Agora, o risco está de volta, adverte o intelectual francês Jacques Attali, que foi conselheiro do presidente François Mitterrand (1981-95).

"Chegou outra vez o momento em que a Alemanha tem em suas mãos a arma do suicídio coletivo do continente mais avançado do mundo", alertou Attali em seu blogue, acrescentando que "o caos está próximo" e que "o euro pode desaparecer antes do Natal", se os líderes das duas maiores potências econômicas europeias não pararem de se concentrar em suas conveniências eleitorais.

Attali defende a autorização para que o BCE possa comprar sem limites a dívida dos países com problemas, um plano de controle dos déficits orçamentários que leve em conta a recessão e um projeto de federalização da Zona do Euro, com presidente, Parlamento, eurobônus e controle rígido das contas públicas.

Suas críticas não se resumem à Alemanha. O pensador francês critica o presidente Nicolas Sarkozy, acusando-o de regredir a uma posição gaullista e antieuropeia.

O presidente da França seria favorável a uma Eurozona com um pequeno núcleo, administrada por um conselho de chefes de Estado e de governo, sem interferência da União Europeia nem da Comissão Europeia, seu órgão executivo.

Para Attali, citado pelo jornal El País, o resultado seria menos democracia e mais autoritarismo, com um seleto grupo de países se reservando o direito de tomar decisões estratégicas sobre a moeda única, menos solidariedade e mais poder, menos Sul e mais Norte, exatamente o contrário do sonho dos idealizadores do projeto europeu.

Alemanha aceita participação maior do BCE

Depois de muita resistência, a Alemanha está disposta a aceitar que o Banco Central da Europa compre em grande escala títulos das dívidas públicas dos países da Zona do Euro em dificuldades para honrar seus compromissos.

A medida faz parte de plano para acalmar os mercados, evitar um colapso do euro e aprofundar a integração econômica europeia com uma união fiscal. Um novo pacto da estabilidade mais rigoroso estaria sendo negociado entre a Alemanha e a França, as duas maiores potências econômicas do continente, que já são acusadas de criar um diretório, colocando-se acima dos demais parceiros.

Na legislação europeia, está prevista a chamada "cooperação reforçada", que pode começar com um acordo bilateral mas precisa do apoio de pelo menos oito sócios.

O pacote deve ser apresentado numa reunião de cúpula da União Europeia em 9 de dezembro. Seu maior risco é criar uma Europa em dois tempos: a Grécia, a Irlanda e Portugal não teriam condições de se enquadrar no novo pacto de estabilidade. A Eslovênia, a Espanha e a Itália também poderiam ter dificuldades, observa o jornal espanhol El País.

Diante da perspectiva de novas medidas para conter a crise das dívidas públicas na Eurozona e da venda recorde na Sexta-Feira Negra nos Estados Unidos, as bolsas operam em forte alta no mundo inteiro.

Sexta-Feira Negra bate recorde de vendas nos EUA

O dia mais movimentado de vendas nos Estados Unidos não decepcionou. Na última sexta-feira, dia seguinte ao Dia Nacional de Ação de Graças, os americanos gastaram 6,6% a mais do que no ano passado, chegando ao recorde de US$ 11,4 bilhões, informa o jornal Financial Times.

As vendas via Internet aumentaram 24,3%. Cerca de 115 milhões de americanos fizeram compras. O gasto médio por de U$ 398 por pessoa, em comparação com US$ 365 no ano passado.

FGV discute crimes e guerra cibernéticos


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 CONVITE PARA PALESTRA
O Laboratório de Jornalismo e Sociedade (LJS) e o Centro de Relações Internacionais da FGV convidam para a palestra From Cybercrime to Cyberwarfare, com Misha Glenny. 
Misha GlennyMisha Glenny é um premiado escritor e jornalista.Escreve regularmente para importantes publicações, como o New York Times, Financial Times, New Yorker e New York Review of Books. Ganhou o prêmio Sony Gold for Broadcasting Excellence por sua cobertura das guerras da Iugoslávia. Seu último livro, McMafia: Seriously Organized Crime, foi indicado ao FT Business Book of the Year. Ele é um consultor regular do Departamento de Relações Exteriores do Reino Unido, Departamento de Estado dos Estados Unidos e o FBI. Glenny é também pesquisador da Fundação Fullbright, e já foi Fellow no Woodrow Wilson Center for International Scholars e na London School of Economics. A partir de janeiro de 2012, será também Professor Visitante na Universidade de Columbia.
From Cybrecrime to Cyberwarfare
  28 de novembro de 2011, segunda-feira, às 16h
Local: Fundação Getulio Vargas, sala 1333
Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro
 A entrada é gratuita e não é preciso fazer reserva.
CPDOC/FGV
Centro de Relações Internacionais da FGV
Internet: http://www.fgv.br/cpdoc/ri

Congo vota em clima de violência

O presidente Joseph Kabila e o ex-primeiro-ministro Étienne Tshisekedi são os favoritos na eleição presidencial desta segunda-feira, 28 de novembro de 2011, na República Democrática do Congo, que ficou em último lugar no último ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas.

A Comissão Nacional Eleitoral Independente declarou estar pronta, apesar dos problemas logísticos num país de 2,3 milhões de quilômetros quadrados, uma vez e meia o estado do Amazonas, e infraestrutura de transportes e comunicações extremamente precárias, que se recupera da Primeira Guerra Mundial Africana.

Entre 1996 e 2003, estima-se que 5,4 milhões de pessoas tenham sido mortas no antigo Congo Belga por guerras, violência e doenças causadas pelos conflitos armados.

Estas eleições presidencial e legislativas serão as segundas depois da guerra. Pelo menos duas pessoas foram mortas no sábado, último dia da campanha, quando a polícia atacou manifestantes da oposição que esperavam seu candidato no aeroporto de Kinshasa, a capital do país.

De Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, fez um apelo os líderes políticos para que "contenham os ânimos e garantam que a votação transcorra em paz e segurança".

Conferência de Durban retoma negociação do clima

As Nações Unidas voltam a discutir o aquecimento global, numa tentativa de retomar as negociações sobre um acordo que substitua do Protocolo de Quioto, que expira no fim de 2012. Mas não há muitas esperanças de sucesso na 17ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, que começa hoje em Durban, na África do Sul, e vai até 9 de dezembro.

Os países em desenvolvimento querem renovar ou prorrogar o protocolo, que obriga os países ricos a reduzir suas emissões de gases que provocam o efeito estufa em 5% em relação aos níveis de 1990, mesmo que pareça inviável.

Enquanto isso, a Rússia, o Japão e os Estados Unidos estão articulando uma proposta alternativa baseada em cortes voluntários de emissões, reporta a agência de notícias France Presse.

Os EUA, que eram o maior poluidor mundial e agora foram superados pela China, nunca aderiram a Quioto, apesar do então vice-presidente Al Gore ter ido pessoalmente à conferência que selou o acordo, na antiga capital do Japão. Quando o presidente Bill Clinton assinou o protocolo, no seu último dia de governo, sabia que não tinha a menor chance de ser ratificado pelo Senado. Queria deixar o ônus do veto a George W. Bush.

Nem a China nem os EUA parecem dispostos a fazer concessões, como ficou evidente na Conferência de Copenhague, em dezembro de 2009. Das grandes potências, só a União Europeia está pronta a reduzir as emissões na medida necessária, mas é responsável por apenas 11% do total.

O presidente Barack Obama não conseguiu aprovar no Congresso nenhum projeto para reduzir emissões. Sob pressão da direita, que alega que regulamentações ambientais prejudicam a economia e destroem empregos, adiou a implementação de medidas da Lei de Ar Puro.

Por sua vez, as duas grandes potências emergentes da Ásia, a China e a Índia, cada uma com mais de 1 bilhão de habitantes, são os países com maior potencial de aumento das emissões de gases estufa, mas não admitem abrir mão de seu desenvolvimento e ainda têm centenas de milhões de pessoas para tirar da pobreza. Isso exige maior consumo de energia.

domingo, 27 de novembro de 2011

Sabotadores atacam gasoduto antes da eleição no Egito

Horas antes das primeiras eleições democráticas da História do Egito, que começam nesta segunda-feira, sabotadores atacaram um gasoduto que vai até Israel e a Jordânia. A explosão foi a leste de Arish, na Península do Sinai, noticia a agência Reuters.

As eleições serão realizadas num momento de grande agitação política. Cerca de 40 pessoas morreram nos últimos dias em confrontos entre manifestantes e a polícia. Os oposicionistas concentrados na Praça da Libertação, no centro do Cairo, queriam adiar a votação, alegando que a junta militar que governa o país não tem legitimidade para presidir eleições.

No domingo, o presidente do Conselho Supremo das Forças Armadas, marechal Mohamed Hussein Tantawi, fez um apelo aos egípcios para que votem. Ele advertiu que o país está numa encruzilhada e que os militares não vão aceitar pressões.

O conselho militar assumiu o poder em 11 de fevereiro de 2011, data da queda do ditador Hosni Mubarak, que ficou quase 30 anos no poder.

Agora, será eleita uma Câmara com 498 deputados; os militares vão indicar mais dez. De 29 de janeiro a 11 de março, serão eleitos 180 senadores; outros 90 serão indicados depois da primeira eleição presidencial livre da História do Egito, marcada para junho de 2012.

A Irmandade Muçulmana, partido político mais organizado do país, é favorita nas eleições parlamentares. Pode eleger até 40% dos deputados, mas a expectativa é que não consiga maioria absoluta na Câmara.

Se olharmos para a História do Brasil, dá para entender que a democracia é um processo. Não pode ser imposta à força, como George W. Bush quis fazer no Iraque. Depende da formação de consensos, o que é sempre difícil em nações atrasadas e radicalizadas (o radicalismo é mais um sintoma da decadência dos EUA).

No Brasil, depois da crise do petróleo árabe de 1973, que acabou com o modelo econômico da ditadura, baseado em energia e mão de obra baratas, o gen. Ernesto Geisel anunciou sua abertura lenta, gradual e segura em 1974. Só em 1985 o poder foi devolvido aos civis, depois das bombas na OAB e no Riocentro. A nova Constituição veio em 1988 e a primeira eleição presidencial direta em 1989. Foram 15 anos de transição.

O Egito e o mundo árabe em geral não têm tradição democrática, como tivemos pelo menos de 1946-64, com todos os seus defeitos. É um processo longo, sujeito a retrocessos.

Talvez o maior exemplo de democracia no mundo muçulmano seja a Turquia, apesar da repressão aos curdos e de ser hoje um dos países que mais prendem jornalistas. As Forças Armadas foram durante muito tempo as fiadoras do regime. Só a pressão para negociar a adesão à União Europeia conseguiu afastar os militares da política. Vários oficiais estão sendo processados por tentativa de golpe de Estado.

No Egito, onde os militares mandam desde a queda da monarquia, em 1952, estão envolvidos em todas as atividades da vida pública, inclusive econômicas. O melhor que se pode esperar é uma transição lenta sob a tutela dos militares, que, como na Turquia, pretendem garantir que os fundamentalistas não imponham uma teocracia.

Islamitas confirmam vitória nas eleições no Marrocos

O Partido da Justiça e do Desenvolvimento, islamita moderado, venceu as eleições parlamentares da sexta-feira e terá 107 dos 395 deputados do futuro parlamento, que pela primeira vez terá o direito de indicar o primeiro-ministro.

Em segundo lugar, ficou o partido Independência, do atual primeiro-ministro Abbas el-Fassi, com 60 cadeiras, seguido da Reunião Nacional dos Independentes, liderado pelo ministro das Finanças, Salahedin Mezuar, com 52.

Diante das revoltas populares no mundo árabe, o rei Mohamed VI anunciou em junho de 2011 reformas para criar uma monarquia constitucional, mas ainda tem a palavra final nas decisões mais importantes.

Putin é oficialmente candidato a presidente da Rússia

O ex-presidente e atual primeiro-ministro Vladimir Putin confirma sua posição como homem mais poderoso da Rússia. Ele foi indicado oficialmente candidato do partido Rússia Unida na eleição presidencial de março de 2012, o que lhe permitirá governar por mais um ou dois mandatos de quatro anos.

Putin, ex-chefe do Serviço Federal de Segurança, sucessor do temido KGB (Comitê de Defesa do Estado) da União Soviética, foi tirado da cartola pelo então presidente Boris Yeltsin, que o nomeou primeiro-ministro e renunciou, transmitindo-lhe o poder antes da eleição presidencial de março de 2000.

Para afirmar o seu poder, ainda como primeiro-ministro, Putin iniciou a Segunda Guerra da Chechênia, depois de uma ação de extremistas muçulmanos na república russa vizinha chamada Daguestão e de uma série de atentados em Moscou atribuídos a chechenos cuja autoria nunca foi totalmente esclarecida.

Desde então, Putin tenta resgatar os dias de poder e glória da URSS, cujo desparecimento considera a "maior catastrofe geopolítica do século 20". Com a alta nos preços do petróleo de cerca de US$ 10 em 1998, quando a Rússia quebrou, sob o impacto da crise asiática de 1997, para mais de US$ 100, o país, grande exportador de energia, se recuperou economicamente.

A Rússia foi colocada ao lado da China, da Índia e do Brasil no grupo BRIC criado pelo economista britânico Jim O'Neill, que previu que esses países seriam as principais fontes do crescimento da economia mundial nas próximas décadas. Como herdeira da URSS, deveria estar entre os países desenvolvidos, mas retrocedeu a país em desenvolvimento, exportador de matérias-primas e não de produtos acabados de conteúdo tecnológico.

O sonho de Putin, e vez de desenolver o país, é criar a União Eurasiana, uma reconstrução da URSS mascarada de projeto de integração regional.

Enquanto o candidato do Kremlin continuar ganhando as eleições, sem alternância no poder, a Rússia não será uma verdadeira democracia. Mais oito anos de Putin são um mau presságio.

Liga Árabe impõe sanções sem precedentes à Síria

Dezenove dos 22 países-membros da Liga Árabe decidiram hoje impor à Síria sanções sem precedentes, que incluem a suspensão das transações financeiras com o banco central sírio e do financiamento de projetos no país.

É uma resposta à decisão da ditadura de Bachar Assad de não implementar um plano de paz acertado há semanas com a organização internacional que reúne os países árabes.

A proposta incluía o fim imediato da violência contra o movimento pela liberalização do regime, a retirada dos tanques das ruas, a libertação de todos os presos em razão dos protestos contra o governo e o início de um diálogo nacional.

Cerca de 4 mil pessoas foram mortas na Síria desde o início da revolta popular, em 15 de março de 2011.

sábado, 26 de novembro de 2011

Islamitas moderados vencem eleições no Marrocos

O Partido da Justiça e Desenvolvimento, islamita moderado, obteve uma ampla vitória nas eleições parlamentares do Marrocos e deve eleger pelo menos 80 deputados, anuncia o jornal francês Le Monde.

En segundo lugar na apuração parcial, está o partido Istiqlal, do atual primeiro-ministro Abbas el-Fassi.

Diante da revolta popular contra as ditaduras dos países vizinhos, o rei do Marrocos decidiu instaurar uma monarquia constitucional em que o primeiro-ministro será indicado pelo Parlamento. Como na Tunísia, os muçulmanos moderados venceram.

Ataque da OTAN mata 25 no Paquistão

O Paquistão bloqueou hoje todas as rotas de suprimento das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no Afeganistão, em retaliação a um ataque de helicópteros contra um posto militar paquinstanês na fronteira entre os dois países. Pelo menos 25 soldados morreram, reporta o jornal The New York Times.

O ataque, considerado "inaceitável" pelo Paquistão piora ainda mais as relações do país com os Estados Unidos, abaladas pela operação para matar o líder terrorista Ossama ben Laden, em 1º de maio passado e pelos frequentes bombardeios americanos com aviões não tripulados contra regiões tribais paquistanesas vistas como reduto de extremistas muçulmanos.

"É um ataque contra a soberania do Paquistão", reagiu indignado o primeiro-ministro Youssef Raza Gilani. O embaixador americano em Islamabade foi convocado para dar explicações.

Já houve casos anteriores em que as forças internacionais que intervém no Sul da Ásia erraram alvos e mataram inocentes, mas nunca com tantos mortos, observa o sítio da companhia jornalística americana McClatchy, editoria do jornal Miami Herald.

1,3 milhão disputam 18 mil empregos públicos chineses

Cerca de 1,3 milhão de chineses, sendo 88 mil da capital, estão disputando neste fim de semana 18 mil empregos no governo central do país.

No sábado, haverá exames especiais para quem precisa saber línguas estrangeiras e para os candidatos à Comissão Regulamentadora dos Bancos. No domingo, todos fazem uma prova de conhecimentos gerais.

Pela primeira vez, foram tomadas medidas para impedir fraudes via telefone celular, informa o Diário da China.

China prevê crescimento de 8,5% em 2012

A economia da China deve crescer 8,5% em 2012, um pouco menos do que os 9,2% esperados neste ano, com inflação de 4,5%, previu ontem o Centro de Pesquisas de Desenvolvimento do Conselho de Estado.

O subdiretor do centro, Lu Zhonguyan, espera um aumento de 20% no investimento, um dos motores da segunda maior economia do mundo, ao lado do consumo e das exportações. Ele entende que a desaceleração no crescimento é "razóavel e aceitável" dados os altíssimos índices de crescimento dos últimos dias.

As vendas externas devem sentir o impacto da crise nos países ricos. Já o consumo interno deve superar o de 2011, noticia o Diário da China.

S&P rebaixa o crédito da Bélgica

A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou ontem a nota de crédito soberano da Bélgica em um grau, de AA+ para AA. O país mantém seu grau de investimento, mas a perspectiva é negativa.

Um dos países da União Europeia com dívida pública superior a 100% do produto interno bruto, a Bélgica não tem governo há um ano e meio porque valões e flamengos, as duas principais etnias do país, não se entendem para formar um governo.

Moody's rebaixa dívida da Hungria para lixo

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou ontem a nota de crédito da dívida pública da Hungria de Baa3, seu menor grau de investimento, para Ba1, que significa papéis podres ou especulativos, e manteve a perspectiva negativa. Há uma semana, o governo húngaro disse que pediria ajuda ao Fundo Monetário Internacional para não perder o grau de investimento.

Para a Moody's, o governo do primeiro-ministro Viktor Orban terá dificuldades para "atingir suas metas de consolidação fiscal e redução do serviço da dívida pública em médio prazo, tendo em vista os altos custos de financiamento e o ambiente de baixo crescimento".

A dívida pública da Hungria equivale a 81% do produto interno bruto. O governo promete reduzi-la para 50% até 2018, noticia o jornal The New York Times.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Filósofo luta para salvar sonho europeu

As 82 anos, o pensador alemão Jürgen Habermas tem uma nova missão: resgatar o projeto de integração da Europa das mãos de políticos incapazes e das forças obscuras do mercado. Seu novo livro, Sobre a Constituição da Europa, denuncia o cinismo político e a usurpação da democracia pelas forças do mercado e instituições sem legitimidade como o Conselho Europeu.

Em vez de ficar sentado atrás de uma escrivaninha, Habermas decidiu lutar pelo sonho de uma geração que viveu o flagelo da guerra e decidiu criar uma nova Europa pacífica e sem fronteiras internas.

"Condeno os partidos políticos. Nossos políticos são incapazes de aspirar a qualquer coisa além da reeleição. Não têm substância política, não têm convicções", criticou o filósofo em palestra no Instituto Goethe, em Paris, reportada pela revista alemã Der Spiegel.

Itália paga juro recorde

Os juros pagos para financiar a dívida pública da Itália bateram novo recorde hoje, chegando a 7,814% para títulos com dois anos de prazo.

Juros acima de 7% são considerados insustentáveis.

Militares do Egito pedem desculpas por mortes

O Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito pediu desculpas ontem pelas 39 mortes ocorridas nos confrontos de rua dos últimos dias, mas não deu sinais de que pretenda entregar o poder aos civis imediatamente, como exigem os manifestantes concentrados na Praça da Libertação, no centro do Cairo, e em outras importantes cidades egípcias.

Apesar das promessas feitas logo depois da queda do ditador Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011, até agora os militares egípcios não suspenderam o estado de emergência que permite à polícia matar e espancar civis impunemente.

Em mais um sinal de resistência à mudança, eles nomearam o ex-primeiro-ministro Kamal Ganzouri, que serviu sob Mubarak, para formar um novo governo.

Alemanha e França querem mudar tratados da UE

A Alemanha e a França, reunidas em encontro de cúpula com a participação da Itália, anunciaram a intenção de reformar os tratados constitutivos da União Europeia para criar uma união fiscal que sustente o euro e evite novas crises das dívidas públicas como a atual. Isso exige a aprovação dos 27 países do bloco. Pode levar muito tempo, e o mercado financeiro tem pressa.

Mais uma vez, a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, rejeitou soluções rápidas como a emissão de eurobônus ou a autorização para que o Banco Central da Europa compre títulos das dívidas dos países endividados que não conseguem colocação no mercado, informa o jornal The New York Times.

Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, prometeram não discutir mais em público suas diferenças sobre o papel do BCE no combate à crise.

A Alemanha entende que isso premiaria os países indisciplinados, criando um precedente perigoso capaz de gerar inflação, o fantasma da economia do país desde a hiperinflação de 1923, que foi uma das sementes do nazismo.

O problema dessa visão ortodoxa é que vai impor uma longa recessão e uma deflação aos países da periferia da Zona do Euro e talvez até à poderosa Itália. Seria mais lógico apagar o incêndio primeiro e depois punir os responsáveis e reformar os tratados.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Fatah e Hamas marcam eleições para maio de 2012

O presidente da Autoridade Nacional Palestina e líder da Fatah (Luta), Mahmoud Abbas, e o dirigente máximo do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Mechal, acertaram nesta quinta-feira no Cairo a realização de eleições gerais nos territórios palestinos ocupados por Israel em maio de 2012.

Os dois maiores partidos políticos palestinos reafirmaram ainda sua reconciliação e a formação de um governo de união nacional, mas não anunciaram como seria a divisão dos ministérios. Tentam acabar com as hostilidades que levaram a uma verdadeira guerra civil palestina e a tomada do poder pelo Hamas na Faixa de Gaza, em julho de 2007.

Dívida de Portugal perde grau de investimento

No dia de uma greve geral contra as medidas de austeridade econômica em Portugal, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota de crédito soberano do país em um grau, de BBB- para BB+, e manteve uma perspectiva negativa. Os títulos portugueses perdem o grau de investimento. Passam a ser considerados papéis podres, especulativos.


"Os grandes desequilíbrios orçamentários, o elevado endividamento em todos os setores e as previsões macroeconômicas adversas significam que o perfil de crédito soberano já não é consistente com uma avaliação de qualidade de investimento", declarou a Fitch em nota. A expectativa de recessão de 3% em 2012 não ajuda.


Mesmo assim, a agência considera possível que o país cumpra as metas de redução do déficit orçamentário acertadas com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional e elogia o programa de ajuste fiscal que causou a greve geral de hoje.


A nota de crédito de Portugal já tinha sido rebaixada para o nível de especulação pela agência Moody's em julho. Já a Standard & Poors, a outra grande firma do setor, manteve a nota portuguesa no mês passado no nível mais baixo de grau de investimento.

Crise gera agitação trabalhista na China

A China vive a maior onda de agitação sindical desde o verão de 2010 no Hemisfério Norte. Com a crise internacional e a redução da demanda nos Estados Unidos e na Europa, a atividade industrial sofreu em outubro a maior queda em quase três anos. As fábricas começam a reduzir salários e demitir trabalhadores.

Mais de 10 mil operários fizeram greve na semana passada nas cidades de Shenzhen e Dongguan, na província da Cantão, no Sudeste do país, grandes centros da indústria exportadora.

Na indústria eletroeletrônica, o salário médio é de US$ 236 mensais. Normalmente os trabalhadores ganham até 60% a mais em horas extras para suplementar o minguado salário-base.

Há uma semana, o governador de Cantão revelou que as exportações da província caíram 9% em outubro. Na segunda-feira, 5 mil trabalhadores marcharam na cidade de Wukan. Em Dongguan, 7 mil empregados rejeitaram uma proposta de corte de horas extras numa fábrica que trabalha para as empresas de material esportivo Nike e Adidas, reporta o jornal inglês Financial Times.

Cristina Kirchner se aproxima do empresariado

Num gesto de conciliação com o empresariado da Argentina, a presidente Cristina Kirchner repudiou o projeto de lei de divisão dos lucros defendido pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), negou que vá proibir o investimento de lucros no exterior e pediu moderação aos sindicatos.

No encerramento da 17ª Conferência da União Industrial Argentina, no Hotel Hilton, em Buenos Aires, em 22 de novembro de 2011, Cristina defendeu seu modelo econômico desenvolvimento e admitiu estar disposta a aceitar alguma inflação em troca de um crescimento maior.

Depois de uma hora e meia de discurso, a presidente argentina perguntou por Moyano. Provavelmente sabia que o sindicalista havia ido embora, sabendo que seu projeto de divisão do lucro seria rejeitado: "Isso deve ser resolvido entre empresários e trabalhadores, e não ser imposto à força pelo Estado através do Parlamento".

Neste momento, foi interrompida por aplausos puxados por José Ignacio de Mendiguren, presidente da UIA, reporta o jornal argentino La Nación.

Pela primeira vez desde que o kirchnerismo foi acusado de manipular os índices de inflação para garantir a primeira eleição de Cristina, em 2007, ela falou sobre o que o ministro da Economia e vice-presidente eleito, Amado Boudou, chama de "reacomodação de preços".

"Se vocês observam a orientação política argentina, nunca vão ver a revalorização da moeda, sempre vão ver uma política de desvalorização, talvez não com a intensidade que gostariam os exportadores", afirmou a presidente, "mas então não me venham depois falar de inflação se não tenho controle sobre a variável do dólar. Vamos, senhores, dois e dois são quatro! Todos sabemos que o dólar é a referência de preço para todos os bens e serviços".

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Encomendas de bens duráveis caem nos EUA

As ordens de bens duráveis, com pelo menos três anos de duração, à indústria dos Estados Unidos diminuíram 0,7% em outubro de 2011 para US$ 197,68 bilhões, informou hoje o Departamento de Comércio.

Como os americanos economizaram mais, a taxa de poupança cresceu 3,5%, depois de uma alta de 3,3% em setembro. O consumo avançou apenas 0,1%.

No mercado de trabalho, o número de novos pedidos de seguro-desemprego aumentou em 2 mil para 393 mil na semana passada, mas pela terceira semana consecutiva ficou abaixo de 400 mil. A média das últimas quatro semanas foi 394.250, reporta o jornal The Wall Street Journal.

Leilão de bônus da Alemanha fracassa

Até a maior e mais poderosa economia da Europa tem dificuldade para rolar sua dívida pública. Um leilão de títulos da dívida pública da Alemanha fracassou, ao tentar vender bônus no valor de 6 bilhões de euros a juros de 1,98% ao ano. Só foram vendidos cerca de 3,6 bilhões.

Para os analistas, as incertezas quanto ao futuro do euro, a moeda comum europeia, afugentaram os investidores dos papéis alemães mais do que uma desconfiança sobre a economia do país.

A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, propôs hoje o lançamento de eurobônus, um título comum para as dívidas dos 17 países da Zona do Euro, mas a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, rejeitou a ideia, alegando que desestimularia os países de fazer as reformas e adotar a disciplina necessárias à estabilidade do euro a longo prazo.

Rio+20 quer combater pobreza com proteção ambiental

O grande desafio da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) é conjugar combate à pobreza com desenvolvimento econômico e proteção ambiental em meio à uma crise econômica internacional, afirmou hoje no Rio de Janeiro o subsecretário-geral da ONU para assuntos econômicos e sociais e secretário-geral da conferência, o chinês Sha Zukang.

Em 15 e 16 de dezembro, em Nova York, serão definidos a estrutura, o formato e os temas da conferência. Em meados de janeiro, deve sair o primeiro esboço ou anteprojeto de documento final.

Ao lançar no Rio o sítio em português da Rio+20, Sha destacou ainda a necessidade de implementar os planos e programas criados desde a Rio 92 de uma maneira coerente, com coordenação entre os diferentes governos e agências.

Para o secretário-geral, o desafio é ainda maior diante da crise econômica internacional: "Sabemos que os Estados Unidos e a Europa enfrentam uma crise rara entre os países desenvolvidos.  Essa crise se originou nos países ricos, mas suas vítimas não estão apenas lá. Seu maior impacto recai sobre os países e as populações mais vulneráveis".

Sua receita para enfrentar a crise é o desenvolvimento sustentável: "O modelo atual para o desenvolvimento é insustentável. Isto torna a Rio+20 ainda mais importante".

A conferência, explicou Sha, "é uma plataforma para chefes de Estado e de governo de mais de cem países, e se possível delegações dos 193 países-membros da ONU, discutirem meios e caminhos para enfrentar crises como a atual, inclusive o problema do desemprego. Pelo menos, haverá mais líderes do que na Rio 92".

Sete áreas foram consideradas prioritárias nas consultas entre governos e entidades da sociedade civil:
1. Combate à pobreza com empregos verdes e inclusão social.
2. Segurança alimentar e desenvolvimento da agricultura.
3. Gestão sustentável dos recursos hídricos.
4. Acesso à energia.
5. Sustentabilidade das grandes cidades.
6. Manejo dos oceanos.
7. Prevenção e preparação para enfrentar desastres naturais.

Mais importante, na opinião do subsecretário-geral da ONU, é integrar as políticas econômicas, sociais e ambientais. O mundo vem de um período de crescimento acelerado, especialmente na China, mas a um custo elevado, com crescente disparidade entre ricos e pobres e destruição da natureza.

"Este é o primeiro desafio", afirmou Sha. "O segundo é a implementação. A Rio 92 aprovou a Agenda 21 e uma declaração de princípios. Não faltam planos, cronogramas, declarações. Um roteiro de viagem seria muito útil. Precisamos honrar os compromissos assumidos. O desenvolvimento sustentável é o começo e não tem fim".

O secretário-geral da Rio+20, defendeu a necessidade de realizar ações coerentes e coordenadas: "Precisamos de mecanismos e instituições nos níveis global, nacional e regional. A nível global, temos muitas instituições. O problema é como fazer trabalharem juntas".

Por fim, defendeu a adoção de medidas concretas: "Desde 11 de setembro de 2001, há uma discussão sobre a definição de terrorismo internacional. Então, não se preocupem com a definição. Temos de nos concentrar em ações e soluções."

Paes promete fechar lixões antes da Rio+20

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, renovou hoje a promessa de fechar os lixões, especialmente o Aterro de Gramacho, que considerou uma vergonha para a cidade, antes do início da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Como a sustentabilidade das cidades é um dos temas centrais do encontro, Paes pretende realizar aqui uma reunião de prefeitos de grandes cidades paralelamente à conferência da ONU: "Temos de ter a ousadia de chamar os outros para a luta".

Entre os avanços desde a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), o prefeito citou a redução da pobreza, o reflorestamento, a implantação de corredores de ônibus e a ampliação da malha de ciclovias.

"Não dou mais alvará para nenhuma CSA se instalar nesta cidade", afirmou, acrescentando que a Companhia Siderúrgica do Atlântico, que não foi autorizada a funcionar aqui em seu governo, "começa a demonstrar preocupação com seu entorno".

Paes disse que o Rio deve apresentar em abril de 2012 seu primeiro relatório de sustentabilidade com base nos parâmetros da Iniciativa Global de Relatórios (GRI, do inglês).

ONU lança sítio da Rio+20 em português

Em cerimônia realizada hoje à tarde no Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro, as Nações Unidas lançaram oficialmente o sítio de Internet em Português da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, (Rio+20), que será realizada aqui em junho de 2012.

Na abertura do evento, o jornalista italiano Giancarlo Summa, que cobriu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, e hoje dirige o Centro de Informações da ONU no Rio, comentou que, "em 20 anos, o mundo mudou e o Brasil mudou de modo espetacular, mostrando que o desenvolvimento sustentável é possível".

O caminho à frente foi traçado pelo subsecretário-geral da ONU para questões econômicas e sociais e secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang. Na sua visão, a conferência "deve lançar as bases da estabilidade, do crescimento, da proteção social, da geração de empregos e da preservação dos recursos naturais".

Sha acrescentou que "é preciso combater a pobreza com desenvolvimento sustentável, mas isto não pode ser imposto de cima para baixo. Não pode ser uma desculpa para um neoprotecionismo verde nem para manter tudo como está", ou seja, continuar destruindo a natureza porque a preservação teria um custo social elevado.

"Precisamos de uma economia verde, novos meios, novos caminhos, novos roteiros", convocou o secretário-geral da Rio+20. "Temos de pensar na agenda para o desenvolvimento pós-2015", quando termina o prazo de implementação das chamadas Metas do Milênio para combater a miséria e o subdesenvolvimento.

A Assembleia Geral, concluiu, "está focada em resultados. Em 15 e 16 de dezembro, um encontro em Nova York vai decidir o formato, a estrutura e os temas da conferência. O primeiro anteprojeto de texto final deve estar pronto em meados de janeiro de 2012".

Produção industrial da China tem queda

A atividade industrial da China teve em outubro sua maior queda desde março de 2009, aponta o índice de gerentes de compras do banco HSBC, que ficou em 48.

Números abaixo de 50 indicam queda e acima expansão.

Bahrein admite uso excessivo da força

As forças de segurança do Bahrein, sede de uma frota dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, usaram força demais para conter as manifestações de protesto realizada em fevereiro e março, concluiu um inquérito independente.

Em pronunciamento pela televisão, o rei Hamad al-Khalifah prometeu uma série de reformas, inclusive liberdade de expressão.

Os protestos foram lideradas pela maioria xiita, que se sente discriminada na distribuição de verbas e cargos públicos.

Ditador do Iêmen renuncia e fica na Arábia Saudita

Depois de 33 anos no poder, o ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, assinou um acordo para deixar o poder e deve se exilar na Arábia Saudita, informa a TV americana CNN.

Saleh é o quarto dirigente do mundo árabe a cair desde o início da onda de revoluções no Norte da África e no Oriente Médio. Zine ben Ali fugiu da Tunísia em 14 de janeiro de 2011. Hosni Mubarak entregou o poder no Egito em 11 de fevereiro. O coronel Muamar Kadafi perdeu o controle na Líbia em 22 de agosto. Foi capturado e morto em 20 de outubro.

O Iêmen, país mais pobre o mundo árabe, recebe ajuda dos Estados Unidos para combater o ramo da rede terrorista Al Caeda na Península Arábica, que teria se instalado lá, fugindo da repressão na Arábia Saudita.

Erdogan adverte Assad para renunciar

O ditador da Síria, Bachar Assad, deve renunciar para não ter o mesmo destino de Muamar Kadafi, advertiu ontem o primeiro-ministro Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que apoia os rebeldes. Tanto o Conselho Nacional Sírio quanto o Exército da Síria Livre têm base no país vizinho.

Cerca de 4 mil pessoas foram mortas na Síria nos últimos oito meses na repressão à revolta popular contra a ditadura. A Assembleia Geral das Nações Unidas acaba de condenar o regime sírio, mas não tem poder para tomar uma atitude e a China e a Rússia vetaram a condenação no Conselho de Segurança.

Republicanos revelam ignorância em política externa

O ex-presidente da Câmara e pré-candidato à Casa Branca em 2012 Newt Gingrich tem uma resposta fácil para resolver a dependência dos Estados Unidos do petróleo importado: basta começar a perfurar poços no próprio país, como se as companhias do setor não estivessem prontas para isso, se houvesse mesmo jazidas a explorar.

Durante todo o debate sobre política externa realizado agora há pouco pela rede de televisão americana CNN, os anões que disputam a candidatura do Partido Republicano pontificaram sobre temas que não entendem e se mostraram mais vulneráveis do que o presidente Barack Obama, que se livrou de Ossama ben Laden e Muamar Kadafi, inimigos históricos dos EUA.

Falta uma estratégia de política externa e de segurança nacional à oposição republicana, observa o jornal The New York Times.

Rick Santorum está preocupado com as Américas Central e do Sul, mas não por causa da guerra do governo do México contra as drogas, com a fuga de cartéis para as frágeis nações centro-americanas. Ele está com medo do socialismo porque Obama apoiou a volta do José Manuel Zelaya ao poder em Honduras, em vez de ficar ao lado dos golpistas.

No momento em que os EUA mandam esquadrões de elite para o México, ele não vê os tremendos riscos associados à guerra contra as drogas, mas teme o fantasma do socialismo, que está em declínio em Cuba, na Venezuela, no Equador e na Bolívia.

A deputado Michele Bachmann quer deportar 11 milhões de ilegais. Considera qualquer abordagem humanitária do problema seria uma anistia capaz de atrair mais ilegais.

Todos os republicanos querem imigrantes qualificados, com PhD, como se as hordas de mexicanos, asiáticos e centro-americanos que fazem o trabalho braçal fossem dispensáveis. Jogam para a plateia.

O governador do Texas, Rick Perry, e o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney falaram grosso contra o Irã e a Síria, que consideram ameaças a Israel. Defenderam o excepcionalismo americano. Mas, na hora de dizer o que fariam, Perry defendeu a imposição de uma zona de exclusão aérea na Síria e foi ironizado por Romney.

Perry ameaçou cortar toda ajuda ao Paquistão, enquanto Bachmann está certa de que a rede terrorista Al Caeda está a um passo das armas nucleares paquistanesas.

Já o libertário Ron Paul quer um recuo estratégico inviável diante dos formidáveis interesses econômicos dos EUA no resto do mundo. Sob o argumento de que o país não tem dinheiro, quer cortar gastos com guerras e ajuda externa: "Se Israel quer brigar com o Irã, não temos de nos meter."

Nesse festival de ignorância, Herman Cain, o executivo de restaurantes que disputa inesperadamente a liderança nas pesquisas, só foi capaz de confirmar seu total desconhecimento sobre segurança nacional e política externa, a ponto de dizer que "nossos serviços secretos serão capazes de propor soluções". Dele, não sai nada mesmo.

Fox News é fonte de desinformação

A Fox News, do magnata australiano naturalizado americano Rupert Murdoch, campeã de audiência entre os canais de notícias nos Estados Unidos, adota posições arquiconservadoras. É porta-voz do Partido Republicano, onde trabalham vários pré-candidatos do partido à Casa Branca.

Agora, uma pesquisa da Universidade Fairleigh Dickinson revela: "Quem assiste à Fox News tem 18 pontos percentuais menos chance de saber que o ditador Hosni Mubarak foi derrubado do que aqueles que não veem notícias na televisão".

Em relação à guerra civil na Síria, quem assiste à Fox News ficou seis pontos percentuais abaixo de quem não se interessa por notícias na pergunta sobre se os sírios conseguiram derrubar a ditadura de Bachar Assad.

Outro dia, ao entrevistar a ex-secretária de Estado Condoleezza Rice, o apresentar começou a lamentar que George W. Bush tenha deixado uma imagem ruim. Mudei de canal.

Fox News: melhor não ver.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Assembleia Geral da ONU finalmente condena Síria

Depois de oito meses, sete dias e cerca de 4 mil mortes, as Nações Unidas condenam pela primeira vez a violenta repressão política da ditadura da Síria contra os manifestantes que, a princípio pacificamente, exigem a liberalização de um dos regimes mais fechados do Oriente Médio.

Por 122 a 13, com 14 abstenções, a Assembleia Geral da ONU condenou a ditadura de Bachar Assad. O Brasil deixou a postura anterior de neutralidade e não interferência para votar pela condenação.

A China e a Rússia foram contra. No mês passado, tinham vetado no mês passado uma resolução no Conselho de Segurança, que tem poder de impor sanções e de autorizar o uso da força.

No mundo árabe, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Egito, Jordânia, Kuwait e Marrocos votaram contra o governo sírio.

Portugal espera recessão pior em 2012

A economia de Portugal deve encolher 3% em 2012, em vez dos 2,8% da previsão anterior do governo, que se alinha agora à expectativa da Comissão Europeia. O órgão executivo da União Europeia espera que a economia portuguesa tenha o pior desempenho do bloco em 2012.

Para este ano, a expectativa melhorou um pouco, mas ainda é negativa. Em vez de uma contração de 1,9%, o produto interno bruto português deve perder 1,6% em 2011.

Militares prometem acelerar transição no Egito

Sob pressão de uma nova revoltar popular com 36 mortes e quase 2 mil feridos, o presidente do Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito, marechal Mohamed Hussein Tantawi, prometeu acelerar a transição para a democracia, afirmando que o único interesse dos militares é o bem-estar do país.

Em pronunciamento agora há pouco na televisão egípcia, o marechal prometeu formar um governo tecnocrático e realizar a eleição presidencial até junho próximo e transferir o poder aos civis até 1º de julho de 2012, informa o jornal The New York Times.

Capital da África do Sul vai mudar de nome

O Congresso Nacional Africano, no poder desde 1994, quer mudar o nome da capital da África do Sul para Tshwane. Pretória é uma homenagem a Andries Pretorius, um herói africâner acusado da morte de dezenas de milhares de zulus em 1838, informa hoje o jornal local Pretoria News.

A Prefeitura também pretende trocar os nomes de várias ruas e avenidas.

Líbia precisa de Exército para conter milícias

Como parte da total destruição das instituições públicas realizada pela ditadura do coronel Muamar Kadafi, a Líbia não tem um Exército. Agora, precisa de um para desarmar e conter as milícias que derrubaram o antigo regime.

Na sua paranoia com golpes militares, Kadafi esvaziou o Exército a ponto de algumas unidades não terem munição suficiente durante a revolta popular. Construir Forças Armadas novas, democráticas, profissionais e nacionais é um dos maiores desafios do Conselho Nacional de Transição, o governo provisório dos rebeldes.

Ao contrário do que aconteceu no Iraque com trágicas consequências, ex-soldados que serviram sob Kadafi serão aceitos na nova Líbia. Isso visa a evitar que milhares de homens com armas e treinamento militar caiam na clandestinidade.

O problema é que as milícias que derrubaram Kadafi relutam em entregar as armas. 

"A primeira exigência de um Estado nacional moderno é ter o monopólio da violência", observa Diederick Vandewalle, especialista em Líbia do Dartmouth College, citado pelo jornal The New York Times. "Um dos elementos centrais é criar nos soldados uma identidade nacional", superando a lealdade das milícias a sua cidade ou tribo.

Crescimento dos EUA é revisado para baixo

A economia dos Estados Unidos cresceu menos do que anunciado anteriormente no terceiro trimestre de 2011, num ritmo anual de 2% em vez dos 2,5% da estimativa inicial. Mas é o ritmo mais forte do ano, depois de uma expansão de 1,3% ao ano no segundo trimestre, informa Departamento do Comércio, citado pelo jornal britânico Financial Times.

Uma queda de US$ 8,5 bilhões nos estoques das empresas foi responsabilizada por uma redução de 1,55 ponto percentual na taxa de crescimento, contra 1,1 do primeiro cálculo. O consumo pessoal, que representa cerca de 70% do produto interno bruto dos EUA, cresceu 2,3% e não os 2,4% da primeira estimativa.

O melhor indicador foi uma alta de 15% no investimento das empresas em equipamentos e programas de computadores, mas o fracasso da comissão especial que iria propor medidas para reduzir o déficit do governo federal mostra que o setor público continua sendo um problema.

Em pronunciamento ontem depois do fracasso, o presidente Barack Obama prometeu manter a pressão por um acordo bipartidário, mais difícil na medida em que falta menos de um ano para as eleições presidencial e legislativas.