O partido governista Rússia Unida deve eleger 25 dos 45 vereadores da Câmara Municipal de Moscou nas eleições realizadas ontem. Tinha 38 cadeiras. A ditadura de Vladimir Putin ganhou todas as 16 eleições para governadores regionais, mas perdeu espaço na capital da Rússia.
Apesar da vitória, a queda no número de vereadores da Rússia Unida indica que as semanas de protestos de grupos oposicionistas contra o veto a seus candidatos se refletiram nas urnas. Perdeu um terço dos vereadores, que são eleitos por voto distrital, com a cidade dividida em distritos. Cada um elege seu vereador.
Depois de cinco anos de crise e queda de renda, com uma reforma da previdência que aumentou a idade para aposentadoria, o descontentamento popular beneficiou sobretudo o Partido Comunista, que sonha com uma volta ao passado.
O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov apresentou o resultado geral como vitória do governo, mesmo com o fraco desempenho em Moscou: "O partido mostrou liderança política."
Proibidos de concorrer, o advogado e blogueiro anticorrupção Alexei Naval e outros líderes da oposição indicaram candidatos que serão suas vozes na Câmara Municipal de Moscou. Eles defenderam um voto tático para derrotar os candidatos da Rússia Unida.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo, do Jornal Nacional e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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segunda-feira, 9 de setembro de 2019
sábado, 3 de agosto de 2019
Polícia ataca manifestação e prende mais de 800 pessoas em Moscou
A polícia reprimiu com violência hoje na capital da Rússia uma manifestação não autorizada. Pela segundo sábado seguido, milhares de moscovitas protestavam contra a rejeição de mais de dez candidaturas independentes e de oposição às eleições para a Câmara Municipal de Moscou, em 8 de setembro. Mais de 800 manifestantes foram presos, inclusive a líder oposicionista Liubov Sobol, noticiou o jornal The Moscow Times.
Nas grandes cidades, os russos mostram insatisfação com a crise econômica e a virtual ditadura de Vladimir Putin e de seu partido Rússia Unida em que qualquer oposição ou dissidência é marginalizada, ignorada ou reprimida. Há uma semana, quase 1,4 mil pessoas foram presas.
Hoje, antes da manifestação, que seria uma marcha pacífica, agentes retiraram Sobol à força de um táxi e a enfiaram numa caminhonete da polícia. Logo depois, a polícia de choque começou a dispersar os manifestantes com cassetetes e gás lacrimogênio. Vários oposicionistas foram espancados. As autoridades admitiram 600 prisões, mas uma organização independente contou 828 presos.
As eleições municipais estão sendo vistas como prévias para as eleições parlamentares nacionais de2021.
Nas grandes cidades, os russos mostram insatisfação com a crise econômica e a virtual ditadura de Vladimir Putin e de seu partido Rússia Unida em que qualquer oposição ou dissidência é marginalizada, ignorada ou reprimida. Há uma semana, quase 1,4 mil pessoas foram presas.
Hoje, antes da manifestação, que seria uma marcha pacífica, agentes retiraram Sobol à força de um táxi e a enfiaram numa caminhonete da polícia. Logo depois, a polícia de choque começou a dispersar os manifestantes com cassetetes e gás lacrimogênio. Vários oposicionistas foram espancados. As autoridades admitiram 600 prisões, mas uma organização independente contou 828 presos.
As eleições municipais estão sendo vistas como prévias para as eleições parlamentares nacionais de2021.
domingo, 18 de setembro de 2016
Partido de Putin vence eleições parlamentares na Rússia
O partido Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin, venceu as eleições legislativas deste domingo com 54,3% dos votos, indicam os resultados de 90% das urnas, garantindo a maioria absoluta e o controle do presidente sobre o Parlamento.
A abstenção de quase 60% favoreceu o partido oficial e indica que as oposições liberais não acreditam no sistema político.
Em segundo lugar, ficou o ultranacionalista Partido Liberal-Democrática da Rússia, liderada por Vladimir Jirinovski, com 15,3%, seguido pelo Partido Comunista com 14,9%. Os partidos de oposição liberais não conseguiram superar o mínimo de 5% dos votos exigido para ter representação na Duma do Estado (Câmara).
Nas eleições anteriores, em dezembro de 2011, a Rússia Unida obteve 49%, mas o resultado foi contestado por uma onda de manifestações de protesto comparada à Primavera Árabe. Isso levou a um endurecimento do regime de Putin, com perseguição a oposicionistas, dissidentes, homossexuais, defensores dos direitos humanos e organizações não governamentais internacionais.
A vitória prepara a reeleição de Putin em 2018 para um quarto mandato. Ele é o dirigente máximo da Rússia desde 1999 e presidente desde 2000, com um intervalo de quatro anos de 2008 a 2012, quando trocou de cargo com o primeiro-ministro Dimitri Medvedev.
Essas eleições também foram um teste para ver se o Kremlin consegue realizar eleições sem contestação.
A abstenção de quase 60% favoreceu o partido oficial e indica que as oposições liberais não acreditam no sistema político.
Em segundo lugar, ficou o ultranacionalista Partido Liberal-Democrática da Rússia, liderada por Vladimir Jirinovski, com 15,3%, seguido pelo Partido Comunista com 14,9%. Os partidos de oposição liberais não conseguiram superar o mínimo de 5% dos votos exigido para ter representação na Duma do Estado (Câmara).
Nas eleições anteriores, em dezembro de 2011, a Rússia Unida obteve 49%, mas o resultado foi contestado por uma onda de manifestações de protesto comparada à Primavera Árabe. Isso levou a um endurecimento do regime de Putin, com perseguição a oposicionistas, dissidentes, homossexuais, defensores dos direitos humanos e organizações não governamentais internacionais.
A vitória prepara a reeleição de Putin em 2018 para um quarto mandato. Ele é o dirigente máximo da Rússia desde 1999 e presidente desde 2000, com um intervalo de quatro anos de 2008 a 2012, quando trocou de cargo com o primeiro-ministro Dimitri Medvedev.
Essas eleições também foram um teste para ver se o Kremlin consegue realizar eleições sem contestação.
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terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Putin acusa Lenin por federalismo e fim da URSS
Numa rara crítica aos dirigentes do passado comunista, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou o pai da União Soviética, Vladimir Ilich Ulianov (Lenin) e o regime bolchevique pela repressão brutal e pelo modelo federalista, que responsabilizou pelo fim da União Soviética.
Durante um encontro de militantes de seu partido, Rússia Unida, na cidade de Sevastopol, Putin abandonou ontem uma cautela atribuída ao desejo de evitar críticas aos comunistas para não perder votos. O atual homem-forte do Kremlin condenou a execução do último czar e sua família, as mortes de milhares de padres e acusou Lenin de armar uma "bomba-relógio" sob o Estado, noticiou o jornal inglês The Guardian.
Ao traçar fronteiras administrativas e introduzir o federalismo ao criar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922, o regime bolchevique deu a elas em tese o direito de se separar. Se isso era praticamente impossível no período stalinista, tornou-se uma possibilidade com a crise econômica do país e a tentativa de golpe contra o presidente Mikhail Gorbachev, em 1991.
Como exemplo desse federalismo destrutivo de Lenin, Putin citou o vale do Rio Don, no Leste da Ucrânia, onde Moscou fomentou uma guerra civil a partir de abril de 2014, um mês depois da anexação ilegal da Crimeia, com mais de 9 mil mortes desde então. Lenin teria incluído a região para aumentar a população proletária na Ucrânia.
Putin afirmou ainda que Lenin estava errado numa disputa com o futuro ditador Josef Vissarianovich Djugachvili (Stalin), que defendia um Estado unitário. No passado, o atual líder russo condenou as perseguições políticas e milhões de mortes do stalinismo, mas reconheceu seu papel na vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
Outra crítica de Putin foi ao acordo de paz firmado pelos bolcheviques com a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, cedendo parte do território russo meses antes da rendição alemã: "Perdemos para o lado derrotado, um caso único na história."
Na mesma ocasião, o presidente russo afastou a possibilidade de retirar a múmia embalsamada de Lenin de seu túmulo na Praça Vermelha, descartando "qualquer medida capaz de dividir a sociedade".
Ex-agente do Comitê de Defesa do Estado (KGB), a temida polícia política da URSS, Putin considerou o fim do país "a maior catástrofe geopolítica do século 20" e se empenha para restaurar pelo menos parte do poder imperial soviético.
O dirigente russo disse que acreditava na ideologia comunista e nas promessas de uma sociedade mais justa que "se assemelhava muito à Bíblia", mas admitiu que "o país não parecia a Cidade do Sol" idealizada pela utopia socialista.
Durante um encontro de militantes de seu partido, Rússia Unida, na cidade de Sevastopol, Putin abandonou ontem uma cautela atribuída ao desejo de evitar críticas aos comunistas para não perder votos. O atual homem-forte do Kremlin condenou a execução do último czar e sua família, as mortes de milhares de padres e acusou Lenin de armar uma "bomba-relógio" sob o Estado, noticiou o jornal inglês The Guardian.
Ao traçar fronteiras administrativas e introduzir o federalismo ao criar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922, o regime bolchevique deu a elas em tese o direito de se separar. Se isso era praticamente impossível no período stalinista, tornou-se uma possibilidade com a crise econômica do país e a tentativa de golpe contra o presidente Mikhail Gorbachev, em 1991.
Como exemplo desse federalismo destrutivo de Lenin, Putin citou o vale do Rio Don, no Leste da Ucrânia, onde Moscou fomentou uma guerra civil a partir de abril de 2014, um mês depois da anexação ilegal da Crimeia, com mais de 9 mil mortes desde então. Lenin teria incluído a região para aumentar a população proletária na Ucrânia.
Putin afirmou ainda que Lenin estava errado numa disputa com o futuro ditador Josef Vissarianovich Djugachvili (Stalin), que defendia um Estado unitário. No passado, o atual líder russo condenou as perseguições políticas e milhões de mortes do stalinismo, mas reconheceu seu papel na vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
Outra crítica de Putin foi ao acordo de paz firmado pelos bolcheviques com a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, cedendo parte do território russo meses antes da rendição alemã: "Perdemos para o lado derrotado, um caso único na história."
Na mesma ocasião, o presidente russo afastou a possibilidade de retirar a múmia embalsamada de Lenin de seu túmulo na Praça Vermelha, descartando "qualquer medida capaz de dividir a sociedade".
Ex-agente do Comitê de Defesa do Estado (KGB), a temida polícia política da URSS, Putin considerou o fim do país "a maior catástrofe geopolítica do século 20" e se empenha para restaurar pelo menos parte do poder imperial soviético.
O dirigente russo disse que acreditava na ideologia comunista e nas promessas de uma sociedade mais justa que "se assemelhava muito à Bíblia", mas admitiu que "o país não parecia a Cidade do Sol" idealizada pela utopia socialista.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Bilionário vai desafiar Putin na eleição presidencial
O magnata da indústria, ex-playboy e ex-ministro Mikhail Prokhorov, terceiro homem mais rico da Rússia e dono do clube de basquete americano New Jersey Nets, anunciou hoje que vai desafiar o primeiro-ministro Vladimir Putin na eleição presidencial de 4 de março de 2012.
Depois de presidir o país de 2000 a 2008 e se afastar por quatro anos por imposição constitucional, mantendo o poder como primeiro-ministro, Putin prepara sua volta em 2012, talvez com a intenção de governar por mais dois mandatos de seis anos.
Mas seu partido, Rússia Unida, mal conseguiu manter a maioria na Duma do Estado nas eleições de 4 de dezembro de 2011, denunciadas como fradulentas por dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas de Moscou e São Petersburgo no último fim de semana.
Aos 46 anos, Prokhorov tem dinheiro suficiente para incomodar: "Penso que a sociedade está acordando, quer a gente queira ou não", declarou. "Aquela parte do governo que não dialoga com a sociedade terá de sair em futuro próximo. Estão acontecendo mudanças importantes no mundo, um novo tipo de homem está emergindo".
Para o jornalista Anton Orekh, da rádio Ekho, de Moscou, é uma opção aceitável: "Prokhorov definitivamente não é um chequista", observou, numa referência à Cheka, a polícia política criada por Lenin em 20 de dezembro de 1917, que teve como herdeiras a NKVD, na era de Stalin, e o KGB (Comitê de Defesa do Estado).
Com o fim da União Soviética, virou o Serviço Federal de Segurança. Seu diretor, Vladimir Putin, foi escolhido como sucessor pelo então presidente Boris Yeltsin, em 1999.
"Prokhorov não vai tentar construir uma paródia da URSS", acrescentou Orekh, citado pelo jornal The New York Times. "Não vai nos contar histórias de fantasmas antediluvianos sobre os Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), nem gastar a metade do orçamento na fabricação de tanques obsoletos".
Suas relações com o Kremlin são antigas. Ele fez fortuna nos seus 20 anos quando se associou a Vladimir Potanin, vice-primeiro-ministro encarregado da privatização. Eles compraram ações da Norilsk, uma mina e fundição na região ártica siberiana construída originalmente por trabalho escravo.
Hoje, produz um quinto do níquel e a metade do paládio de todo o mundo.
Ele também não é um liberal. Em 2004, Prokhorov e Potanin demitiram o editor do jornal Izvestia, de sua propriedade, que criticara o governo Putin na tragédia de Beslan, na Ossétia do Norte, quando a polícia invadiu uma escola tomada por terroristas muçulmanos e mais de 330 pessoas morreram, mais da metade crianças.
Caiu em desgraça quando se negou a vender as ações da Norilsk na onda de estatizações promovida por Putin para colocar os recursos naturais, a grande riqueza da Rússia, de novo sob o controle do Estado. Mais tarde, vendeu as ações a outro empresário na alta.
Preso em Courchevel, na França, sob a acusação de oferecer prostitutas a seus convidados, Prokhorov ficou quatro dias detido, mas todas as acusações foram retiradas. Na época, ele resolveu assumir seu lado de playboy. Criou a revista Snob.
Eleito líder do partido Causa Certa em junho, foi afastado em setembro depois que policiais mascarados invadiram seu escritório
Depois de presidir o país de 2000 a 2008 e se afastar por quatro anos por imposição constitucional, mantendo o poder como primeiro-ministro, Putin prepara sua volta em 2012, talvez com a intenção de governar por mais dois mandatos de seis anos.
Mas seu partido, Rússia Unida, mal conseguiu manter a maioria na Duma do Estado nas eleições de 4 de dezembro de 2011, denunciadas como fradulentas por dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas de Moscou e São Petersburgo no último fim de semana.
Aos 46 anos, Prokhorov tem dinheiro suficiente para incomodar: "Penso que a sociedade está acordando, quer a gente queira ou não", declarou. "Aquela parte do governo que não dialoga com a sociedade terá de sair em futuro próximo. Estão acontecendo mudanças importantes no mundo, um novo tipo de homem está emergindo".
Para o jornalista Anton Orekh, da rádio Ekho, de Moscou, é uma opção aceitável: "Prokhorov definitivamente não é um chequista", observou, numa referência à Cheka, a polícia política criada por Lenin em 20 de dezembro de 1917, que teve como herdeiras a NKVD, na era de Stalin, e o KGB (Comitê de Defesa do Estado).
Com o fim da União Soviética, virou o Serviço Federal de Segurança. Seu diretor, Vladimir Putin, foi escolhido como sucessor pelo então presidente Boris Yeltsin, em 1999.
"Prokhorov não vai tentar construir uma paródia da URSS", acrescentou Orekh, citado pelo jornal The New York Times. "Não vai nos contar histórias de fantasmas antediluvianos sobre os Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), nem gastar a metade do orçamento na fabricação de tanques obsoletos".
Suas relações com o Kremlin são antigas. Ele fez fortuna nos seus 20 anos quando se associou a Vladimir Potanin, vice-primeiro-ministro encarregado da privatização. Eles compraram ações da Norilsk, uma mina e fundição na região ártica siberiana construída originalmente por trabalho escravo.
Hoje, produz um quinto do níquel e a metade do paládio de todo o mundo.
Ele também não é um liberal. Em 2004, Prokhorov e Potanin demitiram o editor do jornal Izvestia, de sua propriedade, que criticara o governo Putin na tragédia de Beslan, na Ossétia do Norte, quando a polícia invadiu uma escola tomada por terroristas muçulmanos e mais de 330 pessoas morreram, mais da metade crianças.
Caiu em desgraça quando se negou a vender as ações da Norilsk na onda de estatizações promovida por Putin para colocar os recursos naturais, a grande riqueza da Rússia, de novo sob o controle do Estado. Mais tarde, vendeu as ações a outro empresário na alta.
Preso em Courchevel, na França, sob a acusação de oferecer prostitutas a seus convidados, Prokhorov ficou quatro dias detido, mas todas as acusações foram retiradas. Na época, ele resolveu assumir seu lado de playboy. Criou a revista Snob.
Eleito líder do partido Causa Certa em junho, foi afastado em setembro depois que policiais mascarados invadiram seu escritório
domingo, 11 de dezembro de 2011
Medvedev abre inquérito sobre fraude eleitoral
Sob pressão de uma onda de manifestações de protesto contra os resultados oficiais das eleições parlamentares de domingo passado na Rússia, o presidente Dimitri Medvedev anunciou a abertura de um inquérito sobre possíveis fraudes, mas a oposição considerou a medida apenas jogo de cena para dar uma satisfação à opinião pública.
"Não concordo com os slogans nem com as declarações feitas nos protestos", escreveu Medvedev no Facebook, citado pela televisão americana CNN. "No entanto, mandei conferir os boletins de votação de todas as urnas, de acordo com a legislação eleitoral".
O partido Rússia Unida, do presidente Medvedev e do primeiro-ministro Vladimir Putin, sofreu grandes perdas nas eleições, mas manteve a maioria na Duma do Estado (Câmara). Ontem, dezenas de milhares de pessoas protestaram denunciando fraude. O principal alvo foi Putin, candidato a voltar à Presidência na eleição de 4 de março de 2011.
"Não concordo com os slogans nem com as declarações feitas nos protestos", escreveu Medvedev no Facebook, citado pela televisão americana CNN. "No entanto, mandei conferir os boletins de votação de todas as urnas, de acordo com a legislação eleitoral".
O partido Rússia Unida, do presidente Medvedev e do primeiro-ministro Vladimir Putin, sofreu grandes perdas nas eleições, mas manteve a maioria na Duma do Estado (Câmara). Ontem, dezenas de milhares de pessoas protestaram denunciando fraude. O principal alvo foi Putin, candidato a voltar à Presidência na eleição de 4 de março de 2011.
sábado, 10 de dezembro de 2011
Dezenas de milhares protestam contra Putin
Cerca de 25 mil pessoas saíram às ruas de Moscou hoje para denunciar fraude nas eleições parlamentares do domingo passado na Rússia e protestar contra o primeiro-ministro Vladimir Putin, homem-forte do Kremlin desde 2000.
Houve manifestações em outras 50 cidades, inclusive em Vladivostok, no Oceano Pacífico, na maior onda de protestos no país desde o fim da União Soviética, há 20 anos. Em São Petersburgo, a segunda maior cidade russa, a manifestação reuniu 7 mil pessoas, informa o jornal The Washington Post.
Mais de 150 pessoas foram presas.
Putin foi presidente de 2000 a 2008, indicou o atual presidente, Dimitri Medvedev, e já lançou oficialmente sua candidatura à eleição presidencial de 4 de março de 2012.
Apesar do monopólio de poder e das fraudes, o partido do governo, Rússia Unida, caiu de 64,7% para 49,5%. Sua bancada encolheu de 315 para 238 dos 450 deputados da Duma do Estado, a Câmara Federal do país.
Houve manifestações em outras 50 cidades, inclusive em Vladivostok, no Oceano Pacífico, na maior onda de protestos no país desde o fim da União Soviética, há 20 anos. Em São Petersburgo, a segunda maior cidade russa, a manifestação reuniu 7 mil pessoas, informa o jornal The Washington Post.
Mais de 150 pessoas foram presas.
Putin foi presidente de 2000 a 2008, indicou o atual presidente, Dimitri Medvedev, e já lançou oficialmente sua candidatura à eleição presidencial de 4 de março de 2012.
Apesar do monopólio de poder e das fraudes, o partido do governo, Rússia Unida, caiu de 64,7% para 49,5%. Sua bancada encolheu de 315 para 238 dos 450 deputados da Duma do Estado, a Câmara Federal do país.
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Gorbachev pede anulação de eleições na Rússia
Diante das denúncias de fraude e das manifestações de protesto, o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev pediu hoje a anulação das eleições parlamentares realizadas no domingo passado na Rússia, vencidas pelo partido do primeiro-ministro Vladimir Putin.
"As autoridades só podem tomar uma decisão: anular as eleições de domingo", declarou o último líder da União Soviética. "Ignorar a opinião pública desacredita o governo e desestabiliza o país", reporta a TV pública britânica BBC.
"As autoridades só podem tomar uma decisão: anular as eleições de domingo", declarou o último líder da União Soviética. "Ignorar a opinião pública desacredita o governo e desestabiliza o país", reporta a TV pública britânica BBC.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Partido de Putin vence e terá maioria na Rússia
Com 49,5% dos votos, o partido Rússia Unida, do primeiro-ministro Vladimir Putin, ganhou as eleições parlamentares realizadas neste domingo, mas sofreu grandes perdas em relação a 2007, quando teve 65% da votação, anunciou TV estatal Rossia 1.
Pela primeira vez desde Putin se tornou o homem-forte do país, em 2000, partido esteve perto de perder a maioria na Duma do Estado, a câmara federal da Rússia, mas acabou elegendo 238 dos 450 deputados.
O Partido Comunista continua sendo a maior força política da Rússia. Recebeu 19,8% dos votos.
A eleição presidencial será realizada em março. Putin é o franco favorito, mas a queda na votação do partido indica uma insatisfação de parte do eleitorado com seu regime autoritário e corrupto.
Pela primeira vez desde Putin se tornou o homem-forte do país, em 2000, partido esteve perto de perder a maioria na Duma do Estado, a câmara federal da Rússia, mas acabou elegendo 238 dos 450 deputados.
O Partido Comunista continua sendo a maior força política da Rússia. Recebeu 19,8% dos votos.
A eleição presidencial será realizada em março. Putin é o franco favorito, mas a queda na votação do partido indica uma insatisfação de parte do eleitorado com seu regime autoritário e corrupto.
domingo, 27 de novembro de 2011
Putin é oficialmente candidato a presidente da Rússia
O ex-presidente e atual primeiro-ministro Vladimir Putin confirma sua posição como homem mais poderoso da Rússia. Ele foi indicado oficialmente candidato do partido Rússia Unida na eleição presidencial de março de 2012, o que lhe permitirá governar por mais um ou dois mandatos de quatro anos.
Putin, ex-chefe do Serviço Federal de Segurança, sucessor do temido KGB (Comitê de Defesa do Estado) da União Soviética, foi tirado da cartola pelo então presidente Boris Yeltsin, que o nomeou primeiro-ministro e renunciou, transmitindo-lhe o poder antes da eleição presidencial de março de 2000.
Para afirmar o seu poder, ainda como primeiro-ministro, Putin iniciou a Segunda Guerra da Chechênia, depois de uma ação de extremistas muçulmanos na república russa vizinha chamada Daguestão e de uma série de atentados em Moscou atribuídos a chechenos cuja autoria nunca foi totalmente esclarecida.
Desde então, Putin tenta resgatar os dias de poder e glória da URSS, cujo desparecimento considera a "maior catastrofe geopolítica do século 20". Com a alta nos preços do petróleo de cerca de US$ 10 em 1998, quando a Rússia quebrou, sob o impacto da crise asiática de 1997, para mais de US$ 100, o país, grande exportador de energia, se recuperou economicamente.
A Rússia foi colocada ao lado da China, da Índia e do Brasil no grupo BRIC criado pelo economista britânico Jim O'Neill, que previu que esses países seriam as principais fontes do crescimento da economia mundial nas próximas décadas. Como herdeira da URSS, deveria estar entre os países desenvolvidos, mas retrocedeu a país em desenvolvimento, exportador de matérias-primas e não de produtos acabados de conteúdo tecnológico.
O sonho de Putin, e vez de desenolver o país, é criar a União Eurasiana, uma reconstrução da URSS mascarada de projeto de integração regional.
Enquanto o candidato do Kremlin continuar ganhando as eleições, sem alternância no poder, a Rússia não será uma verdadeira democracia. Mais oito anos de Putin são um mau presságio.
Putin, ex-chefe do Serviço Federal de Segurança, sucessor do temido KGB (Comitê de Defesa do Estado) da União Soviética, foi tirado da cartola pelo então presidente Boris Yeltsin, que o nomeou primeiro-ministro e renunciou, transmitindo-lhe o poder antes da eleição presidencial de março de 2000.
Para afirmar o seu poder, ainda como primeiro-ministro, Putin iniciou a Segunda Guerra da Chechênia, depois de uma ação de extremistas muçulmanos na república russa vizinha chamada Daguestão e de uma série de atentados em Moscou atribuídos a chechenos cuja autoria nunca foi totalmente esclarecida.
Desde então, Putin tenta resgatar os dias de poder e glória da URSS, cujo desparecimento considera a "maior catastrofe geopolítica do século 20". Com a alta nos preços do petróleo de cerca de US$ 10 em 1998, quando a Rússia quebrou, sob o impacto da crise asiática de 1997, para mais de US$ 100, o país, grande exportador de energia, se recuperou economicamente.
A Rússia foi colocada ao lado da China, da Índia e do Brasil no grupo BRIC criado pelo economista britânico Jim O'Neill, que previu que esses países seriam as principais fontes do crescimento da economia mundial nas próximas décadas. Como herdeira da URSS, deveria estar entre os países desenvolvidos, mas retrocedeu a país em desenvolvimento, exportador de matérias-primas e não de produtos acabados de conteúdo tecnológico.
O sonho de Putin, e vez de desenolver o país, é criar a União Eurasiana, uma reconstrução da URSS mascarada de projeto de integração regional.
Enquanto o candidato do Kremlin continuar ganhando as eleições, sem alternância no poder, a Rússia não será uma verdadeira democracia. Mais oito anos de Putin são um mau presságio.
domingo, 25 de setembro de 2011
Medvedev troca de lugar com Putin na Rússia
Em mais uma prova de que na Rússia o líder é sempre o candidato do Kremlin, o presidente Dimitri Medvedev anunciou hoje que o primeiro-ministro Vladimir Putin, considerado o homem mais poderoso do país, será o candidato oficial à sua sucessão em março de 2012.
Os dois devem trocar de cargo, com Medvedev passando a ser chefe de governo. É uma confirmação de que a Rússia ainda está longe de se tornar uma democracia. Os grandes eleitores, aqueles que realmente decidem, estão circunscritos ao Kremlin.
Num raro gesto de dissidência dentro do regime, o ministro das Finanças, Alexei Kudrin, declarou que não pretende participar do próximo governo, informa o jornal The New York Times.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Rússia convoca eleições legislativas para 4 de dezembro
Ao convocar hoje eleições parlamentares para 4 de dezembro de 2011 na Rússia, o presidente Dimitri Medvedev advertiu para o risco de tensões interétnicas durante a campanha, registra a agência de notícias Reuters.
Mais de 100 milhões de eleitores russos poderão votar para escolher os 450 deputados da Duma do Estado, atualmente dominada pelo partido Rússia Unida, liderado pelo primeiro-ministro e ex-presidente Vladimir Putin, considerado o homem mais poderoso do país.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Gorbachev critica autoritarismo soviético da Rússia
No aniversário de 20 anos do golpe da linha dura que implodiu a União Soviética, seu último presidente, Mikhail Gorbachev, pediu uma mudança profunda na política russa e considerou o monopólio de poder do partido Rússia Unida “uma versão piorada do Partido Comunista Soviético”, noticia o jornal Financial Times.
Há exatamente 20 anos, quando Gorbachev tirava suas férias de verão numa dacha na Crimeia, um grupo da linha dura tentou tomar o poder em Moscou.
Um comitê liderado por Guenadi Ianaiev se instalou no poder. A população protestou nas ruas, com o apoio do presidente da Rússia, Boris Yeltsin, que havia sido afastado do PC, e o Exército não atirou na multidão. Três dias depois, o comitê desabou.
As repúblicas que tinham conseguido alguma autonomia com as reformas de Gorbachev se rebelaram contra aquele ataque do centro tentando restabelecer um stalinismo anacrônico.
Logo, as repúblicas soviéticas começaram a declarar suas independência. Quando a Rússia, a Ucrânia e a Bielorrússia, o núcleo eslavo, decidiram abandonar a união em 8 de dezembro de 1991, em Minsk, a URSS estava liquidada.
Em 31 de dezembro de 1991, o inacreditável aconteceu: a bandeira vermelha foi arriada no Kremlin e o comunismo literalmente acabou, embora sobreviva de diferentes maneiras. Houve conflito na periferia do império soviético, mas foi uma morte mais pacífica que se esperava.
Gorbachev volta para resgatar sua herança de lutador pela liberdade e a modernidade.
A eleição presidencial na Rússia será realizada em março de 2012. A única dúvida é quem será o candidato oficial: o presidente Dimitri Medvedev ou o primeiro-ministro Vladimir Putin, ainda o homem-forte do país.
Essa própria noção de homem-forte foi combatida por Gorbachev. Putin considera o fim da URSS o “maior desastre geopolítico do século 20”. Desde que assumiu, em 2000, tenta restaurar na Rússia o poder imperial soviético.
“Se o regime só pensa em aumentar o seu próprio poder, isso já é autoritário”, criticou o último líder soviético. Gorbachev é a favor de acabar com monopólios de poder no modelo da URSS que sobrevivem até hoje.
Putin herdou o caos dos anos Yeltsin (1991-99). Ex-diretor do serviço secreto russo herdeiro do KGB, a temida polícia política soviética, apelou aos métodos do passado para restaurar alguma ordem. Travou guerras sanguinárias na Chechênia, acabou com a eleição para governador, prendeu inimigos do regime, fustigou outras ex-repúblicas soviéticas tentando restabelecer uma esfera de influência.
Depois de elogiar Putin por tirar o país do caos deixado por Yeltsin, agora Gorbachev acredita que chegou a hora dele entregar o poder. Mas as transições no Kremlin sempre são complicadas. E Putin não pretende sair.
Depois de elogiar Putin por tirar o país do caos deixado por Yeltsin, agora Gorbachev acredita que chegou a hora dele entregar o poder. Mas as transições no Kremlin sempre são complicadas. E Putin não pretende sair.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Medvedev assume prometendo liberdade
A cerimônia, no salão dourado do Grande Palácio do Kremlin, está mais para a coroação de um imperador do que para a posse de um presidente.
Dimitri Anatolievitch Medvedev é o novo czar de todas as Rússias.
Ele entra e desfila por um longo corredor até ser recebido num magnífico pódio, com uma enorme bandeira tricolor da Rússia como pano de fundo, pelo presidente Vladimir Putin (2000-2008), que transfere o cargo, em 7 de maio de 2008. Medvedev jura respeitar a Constituição, mas isso até hoje na Rússia nunca teve muita importância.
No discurso de posse, o novo czar promete "liberdades civis e econômicas", significativamente abaladas nos oito anos de governo Putin. Mas o que faz Medvedev como um dos primeiros atos de governo? Nomeia o ex-presidente como primeiro-ministro, na condição de líder do partido Rússia Unida, amplamente majoritário na Duma do Estado, a Câmara do parlamento russo.
O partido talvez seja um dos primeiros campos de batalha entre o presidente e seu poderoso primeiro-ministro, um conflito que os analistas da política russa consideram inevitável.
Ex-chefe da Casa Civil de Putin e ex-presidente da Gazprom, a poderosa empresa que detém o monopólio estatal do gás na Rússia, Medvedev nunca tinha disputado uma eleição. Ele foi nomeado primeiro vice-primeiro-ministro em 14 de novembro de 2005 e indicado candidato à presidência por Putin em 10 de dezembro de 2007. Ganhou, com 71% dos votos, em 2 de março de 2008.
Sua vitória foi atribuída principalmente à recuperação econômica da Rússia nos anos Putin, depois do colapso da União Soviética em 1991 e da caótica introdução do capitalismo liberal sob Boris Yeltsin (1991-1999). O país quebrou em agosto de 1998, um ano depois do início da crise asiática, exacerbando a crise brasileira que levou à desvalorização do real em janeiro de 1999.
Na Rússia, o dólar passou de cerca de sete para 31 rublos, o que encareceu as importações e abriu mercado para a recuperação da indústria nacional. Mas o impulso definitivo foi a elevação dos preços do barril de petróleo, de menos de US$ 10 para os US$ 123,53 de 7 de maio.
A renda do petróleo, muito mais do que as políticas de Putin, reergueu a economia da Rússia, recuperando um pouco da majestade perdida com o fim do Império Soviético. Putin resgatou vários aspectos do passado para reconstruir o orgulho nacional.
O maior país do mundo está de volta ao círculo das grandes potências como membro pleno. Uma das características históricas de um país enorme e sem fronteiras naturais é um medo de estar cercado por países hostis.
Para os atuais líderes da Rússia, o grande desafio é a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) até suas fronteiras. Por isso, Putin se opôs totalmente à entrada das ex-repúblicas soviéticas da Geórgia e da Ucrânia à OTAN.
Em resposta ao apoio do Ocidente à independência do Kossovo, o Kremlin prometeu apoiar os movimentos separatistas da Abcásia e da Ossétia do Sul, dois enclaves de maioria russa na Geórgia.
Dias atrás, um avião de espionagem não-tripulado da Geórgia foi derrubado na Abcásia. O governo da Geórgia acusou a Rússia, que por sua vez atribuiu o ataque aos rebeldes. Nos últimos dias, a Rússia reforçou suas forças nas Abcásia alegando que estão em missão de paz. Mas a Geórgia teme que a Rússia esteja se preparando para a guerra.
Medvedev, um advogado de 42, tecnocrata, não foi chefe do serviço secreto como Putin. Precisa carimbar suas credenciais como um homem-forte capaz de proteger a Rússia contra seus múltiplos inimigos e vizinhos incômodos.
No fim do longo ritual da posse na Presidência da Federação Russa, de 89 unidades administrativas, Medvedev recebeu uma maleta com os códigos secretos das armas nucleares do país. Agora, é com ele.
Para terminar, foi abençoado pelo patriarca Alexei II, chefe da Igreja Ortodoxa da Rússia.
A Geórgia é seu primeiro teste. Há uma expectativa de que vai jogar duro.
Dimitri Anatolievitch Medvedev é o novo czar de todas as Rússias.
Ele entra e desfila por um longo corredor até ser recebido num magnífico pódio, com uma enorme bandeira tricolor da Rússia como pano de fundo, pelo presidente Vladimir Putin (2000-2008), que transfere o cargo, em 7 de maio de 2008. Medvedev jura respeitar a Constituição, mas isso até hoje na Rússia nunca teve muita importância.
No discurso de posse, o novo czar promete "liberdades civis e econômicas", significativamente abaladas nos oito anos de governo Putin. Mas o que faz Medvedev como um dos primeiros atos de governo? Nomeia o ex-presidente como primeiro-ministro, na condição de líder do partido Rússia Unida, amplamente majoritário na Duma do Estado, a Câmara do parlamento russo.
O partido talvez seja um dos primeiros campos de batalha entre o presidente e seu poderoso primeiro-ministro, um conflito que os analistas da política russa consideram inevitável.
Ex-chefe da Casa Civil de Putin e ex-presidente da Gazprom, a poderosa empresa que detém o monopólio estatal do gás na Rússia, Medvedev nunca tinha disputado uma eleição. Ele foi nomeado primeiro vice-primeiro-ministro em 14 de novembro de 2005 e indicado candidato à presidência por Putin em 10 de dezembro de 2007. Ganhou, com 71% dos votos, em 2 de março de 2008.
Sua vitória foi atribuída principalmente à recuperação econômica da Rússia nos anos Putin, depois do colapso da União Soviética em 1991 e da caótica introdução do capitalismo liberal sob Boris Yeltsin (1991-1999). O país quebrou em agosto de 1998, um ano depois do início da crise asiática, exacerbando a crise brasileira que levou à desvalorização do real em janeiro de 1999.
Na Rússia, o dólar passou de cerca de sete para 31 rublos, o que encareceu as importações e abriu mercado para a recuperação da indústria nacional. Mas o impulso definitivo foi a elevação dos preços do barril de petróleo, de menos de US$ 10 para os US$ 123,53 de 7 de maio.
A renda do petróleo, muito mais do que as políticas de Putin, reergueu a economia da Rússia, recuperando um pouco da majestade perdida com o fim do Império Soviético. Putin resgatou vários aspectos do passado para reconstruir o orgulho nacional.
O maior país do mundo está de volta ao círculo das grandes potências como membro pleno. Uma das características históricas de um país enorme e sem fronteiras naturais é um medo de estar cercado por países hostis.
Para os atuais líderes da Rússia, o grande desafio é a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) até suas fronteiras. Por isso, Putin se opôs totalmente à entrada das ex-repúblicas soviéticas da Geórgia e da Ucrânia à OTAN.
Em resposta ao apoio do Ocidente à independência do Kossovo, o Kremlin prometeu apoiar os movimentos separatistas da Abcásia e da Ossétia do Sul, dois enclaves de maioria russa na Geórgia.
Dias atrás, um avião de espionagem não-tripulado da Geórgia foi derrubado na Abcásia. O governo da Geórgia acusou a Rússia, que por sua vez atribuiu o ataque aos rebeldes. Nos últimos dias, a Rússia reforçou suas forças nas Abcásia alegando que estão em missão de paz. Mas a Geórgia teme que a Rússia esteja se preparando para a guerra.
Medvedev, um advogado de 42, tecnocrata, não foi chefe do serviço secreto como Putin. Precisa carimbar suas credenciais como um homem-forte capaz de proteger a Rússia contra seus múltiplos inimigos e vizinhos incômodos.
No fim do longo ritual da posse na Presidência da Federação Russa, de 89 unidades administrativas, Medvedev recebeu uma maleta com os códigos secretos das armas nucleares do país. Agora, é com ele.
Para terminar, foi abençoado pelo patriarca Alexei II, chefe da Igreja Ortodoxa da Rússia.
A Geórgia é seu primeiro teste. Há uma expectativa de que vai jogar duro.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Medvedev promete manter legado de Putin
Em sua primeira entrevista como presidente eleito da Rússia, Dimitri Medvedev, um advogado de 42 anos, prometeu preservar a obra de seu patrono e antecessor, o presidente Vladimir Putin, que deve continuar mandando no país como primeiro-ministro, na condição de líder do partido Rússia Unida, vencedor das eleições parlamentares de dezembro.
Medvedev insistiu em que não será teleguiado por Putin. Ele venceu a eleição com cerca de 70% dos votos. Em segundo lugar, ficou o líder comunista Guenadi Ziuganov, com 18%. Em terceiro, o ultranacionalista Vladimir Jirinovski, o grande palhaço da política russa.
Antes mesmo do resultado final dessta eleição de cartas marcadas, criador e criatura participaram de um concerto musical na Praça Vermelha para festejar a vitória. Mas nem isso é novidade.
Na Rússia, o candidato do Kremlin ganha sempre, o que coloca em dúvida a democracia no país. Putin acabou com as eleições para governador, perseguiu empresários que apoiaram a oposição, censurou a imprensa e é suspeito da morte de jornalistas como Anna Politikovskaya e de ex-agentes como Alexander Litvinenko, envenenado em Londres com polônio radioativo.
Para censurar a imprensa, as autoridades russas perseguem meios de comunicação que usam programas de computador pirateados, uma prática generalizada na Rússia e em diversos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil.
Como não vem dos serviços secretos, Medvedev é considerado mais liberal do que Putin. Não se mostrou muito liberal como presidente da Gazprom, empresa que detém o monopólio estatal do gás na Rússia. Mas as ordens vinham do Kremlin. O presidente eleito não tinha margem de manobra.
Medvedev insistiu em que não será teleguiado por Putin. Ele venceu a eleição com cerca de 70% dos votos. Em segundo lugar, ficou o líder comunista Guenadi Ziuganov, com 18%. Em terceiro, o ultranacionalista Vladimir Jirinovski, o grande palhaço da política russa.
Antes mesmo do resultado final dessta eleição de cartas marcadas, criador e criatura participaram de um concerto musical na Praça Vermelha para festejar a vitória. Mas nem isso é novidade.
Na Rússia, o candidato do Kremlin ganha sempre, o que coloca em dúvida a democracia no país. Putin acabou com as eleições para governador, perseguiu empresários que apoiaram a oposição, censurou a imprensa e é suspeito da morte de jornalistas como Anna Politikovskaya e de ex-agentes como Alexander Litvinenko, envenenado em Londres com polônio radioativo.
Para censurar a imprensa, as autoridades russas perseguem meios de comunicação que usam programas de computador pirateados, uma prática generalizada na Rússia e em diversos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil.
Como não vem dos serviços secretos, Medvedev é considerado mais liberal do que Putin. Não se mostrou muito liberal como presidente da Gazprom, empresa que detém o monopólio estatal do gás na Rússia. Mas as ordens vinham do Kremlin. O presidente eleito não tinha margem de manobra.
domingo, 2 de dezembro de 2007
Primeiros resultados na Rússia dão vitória a Putin
Como previsto, os primeiros resultados oficiais das eleições parlamentares deste domingo, 2 de dezembro, na Rússia dão 60% dos votos ao partido do presidente Vladimir Putin.
"A esmagadora maioria dos eleitores russos votou a favor da Rússia Unida, portanto apóia a orientação do presidente Putin, e votou a favor da continuidade depois do final do segundo mandato do atual presidente", declarou um porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov.
Houve denúncias de fraude. O Partido Comunista, o principal da oposição no futuro parlamento, prometeu recorrer à Justiça. "Esses resultados não são justos. Pretendemos contestá-los no Supremo Tribunal, declarou o líder comunista, Guenadi Ziuganov.
Para o ex-primeiro-ministro Boris Nemtsov, líder da União das Forças de Direita, que não conseguiu superar a barreira dos 7%, mínimo para ter representação na Duma do Estado, as eleições foram um escândalo: "Estou na política há 20 anos. Estas foram as eleições mais desonestas da História moderna da Rússia. Putin ganhou com a ajuda do cinismo e da mentira".
Com 30,4% dos votos apurados, a Rússia Unida tinha 63,3%, seguido pelo PC com 11,3%. Acredita-se que a Rússia Unida tenha cerca de 350 deputados. Precisa de apenas 301 para reformar a Constituição.
"A esmagadora maioria dos eleitores russos votou a favor da Rússia Unida, portanto apóia a orientação do presidente Putin, e votou a favor da continuidade depois do final do segundo mandato do atual presidente", declarou um porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov.
Houve denúncias de fraude. O Partido Comunista, o principal da oposição no futuro parlamento, prometeu recorrer à Justiça. "Esses resultados não são justos. Pretendemos contestá-los no Supremo Tribunal, declarou o líder comunista, Guenadi Ziuganov.
Para o ex-primeiro-ministro Boris Nemtsov, líder da União das Forças de Direita, que não conseguiu superar a barreira dos 7%, mínimo para ter representação na Duma do Estado, as eleições foram um escândalo: "Estou na política há 20 anos. Estas foram as eleições mais desonestas da História moderna da Rússia. Putin ganhou com a ajuda do cinismo e da mentira".
Com 30,4% dos votos apurados, a Rússia Unida tinha 63,3%, seguido pelo PC com 11,3%. Acredita-se que a Rússia Unida tenha cerca de 350 deputados. Precisa de apenas 301 para reformar a Constituição.
Eleição parlamentar na Rússia fortalece Putin
Os russos começaram a votar há poucas horas para eleger deputados para a Duma do Estado (Câmara). Todas as pesquisam apontam para uma ampla vitória da Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin, que pode ficar com até 80% das cadeiras na Duma.
Putin bloqueou como pôde a campanha da oposição, reprimindo protestos contra o governo, impondo uma clásula de barreira que exclui do parlamento quem não obtiver pelo menos 7% dos votos.
A expectativa é que só o partido do presidente e o Partido Comunista elejam deputados.
Se conquistar uma ampla vitória, Putin pode se tornar líder do partido mais votado e ser nomeado primeiro-ministro. Poderia ainda mudar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato como presidente.
Ainda há outra chance do autoritário Putin continuar no poder. Na Rússia, é o primeiro-ministro o substituto imediato do presidente, em caso de afastamento do presidente.
Putin pode se eleger para o parlamento, virar chefe de governo e eventualmente substituir o presidente, tornando-se ele próprio presidente mais uma vez.
A única dúvida é qual será a margem da vitória da Rússia Unida, como observa o jornal The Washington Post.
Putin bloqueou como pôde a campanha da oposição, reprimindo protestos contra o governo, impondo uma clásula de barreira que exclui do parlamento quem não obtiver pelo menos 7% dos votos.
A expectativa é que só o partido do presidente e o Partido Comunista elejam deputados.
Se conquistar uma ampla vitória, Putin pode se tornar líder do partido mais votado e ser nomeado primeiro-ministro. Poderia ainda mudar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato como presidente.
Ainda há outra chance do autoritário Putin continuar no poder. Na Rússia, é o primeiro-ministro o substituto imediato do presidente, em caso de afastamento do presidente.
Putin pode se eleger para o parlamento, virar chefe de governo e eventualmente substituir o presidente, tornando-se ele próprio presidente mais uma vez.
A única dúvida é qual será a margem da vitória da Rússia Unida, como observa o jornal The Washington Post.
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