Há exatamente 20 anos, quando Gorbachev tirava suas férias de verão numa dacha na Crimeia, um grupo da linha dura tentou tomar o poder em Moscou.
Um comitê liderado por Guenadi Ianaiev se instalou no poder. A população protestou nas ruas, com o apoio do presidente da Rússia, Boris Yeltsin, que havia sido afastado do PC, e o Exército não atirou na multidão. Três dias depois, o comitê desabou.
As repúblicas que tinham conseguido alguma autonomia com as reformas de Gorbachev se rebelaram contra aquele ataque do centro tentando restabelecer um stalinismo anacrônico.
Logo, as repúblicas soviéticas começaram a declarar suas independência. Quando a Rússia, a Ucrânia e a Bielorrússia, o núcleo eslavo, decidiram abandonar a união em 8 de dezembro de 1991, em Minsk, a URSS estava liquidada.
Em 31 de dezembro de 1991, o inacreditável aconteceu: a bandeira vermelha foi arriada no Kremlin e o comunismo literalmente acabou, embora sobreviva de diferentes maneiras. Houve conflito na periferia do império soviético, mas foi uma morte mais pacífica que se esperava.
Gorbachev volta para resgatar sua herança de lutador pela liberdade e a modernidade.
A eleição presidencial na Rússia será realizada em março de 2012. A única dúvida é quem será o candidato oficial: o presidente Dimitri Medvedev ou o primeiro-ministro Vladimir Putin, ainda o homem-forte do país.
Essa própria noção de homem-forte foi combatida por Gorbachev. Putin considera o fim da URSS o “maior desastre geopolítico do século 20”. Desde que assumiu, em 2000, tenta restaurar na Rússia o poder imperial soviético.
“Se o regime só pensa em aumentar o seu próprio poder, isso já é autoritário”, criticou o último líder soviético. Gorbachev é a favor de acabar com monopólios de poder no modelo da URSS que sobrevivem até hoje.
Putin herdou o caos dos anos Yeltsin (1991-99). Ex-diretor do serviço secreto russo herdeiro do KGB, a temida polícia política soviética, apelou aos métodos do passado para restaurar alguma ordem. Travou guerras sanguinárias na Chechênia, acabou com a eleição para governador, prendeu inimigos do regime, fustigou outras ex-repúblicas soviéticas tentando restabelecer uma esfera de influência.
Depois de elogiar Putin por tirar o país do caos deixado por Yeltsin, agora Gorbachev acredita que chegou a hora dele entregar o poder. Mas as transições no Kremlin sempre são complicadas. E Putin não pretende sair.
Depois de elogiar Putin por tirar o país do caos deixado por Yeltsin, agora Gorbachev acredita que chegou a hora dele entregar o poder. Mas as transições no Kremlin sempre são complicadas. E Putin não pretende sair.
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