O magnata da indústria, ex-playboy e ex-ministro Mikhail Prokhorov, terceiro homem mais rico da Rússia e dono do clube de basquete americano New Jersey Nets, anunciou hoje que vai desafiar o primeiro-ministro Vladimir Putin na eleição presidencial de 4 de março de 2012.
Depois de presidir o país de 2000 a 2008 e se afastar por quatro anos por imposição constitucional, mantendo o poder como primeiro-ministro, Putin prepara sua volta em 2012, talvez com a intenção de governar por mais dois mandatos de seis anos.
Mas seu partido, Rússia Unida, mal conseguiu manter a maioria na Duma do Estado nas eleições de 4 de dezembro de 2011, denunciadas como fradulentas por dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas de Moscou e São Petersburgo no último fim de semana.
Aos 46 anos, Prokhorov tem dinheiro suficiente para incomodar: "Penso que a sociedade está acordando, quer a gente queira ou não", declarou. "Aquela parte do governo que não dialoga com a sociedade terá de sair em futuro próximo. Estão acontecendo mudanças importantes no mundo, um novo tipo de homem está emergindo".
Para o jornalista Anton Orekh, da rádio Ekho, de Moscou, é uma opção aceitável: "Prokhorov definitivamente não é um chequista", observou, numa referência à Cheka, a polícia política criada por Lenin em 20 de dezembro de 1917, que teve como herdeiras a NKVD, na era de Stalin, e o KGB (Comitê de Defesa do Estado).
Com o fim da União Soviética, virou o Serviço Federal de Segurança. Seu diretor, Vladimir Putin, foi escolhido como sucessor pelo então presidente Boris Yeltsin, em 1999.
"Prokhorov não vai tentar construir uma paródia da URSS", acrescentou Orekh, citado pelo jornal The New York Times. "Não vai nos contar histórias de fantasmas antediluvianos sobre os Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), nem gastar a metade do orçamento na fabricação de tanques obsoletos".
Suas relações com o Kremlin são antigas. Ele fez fortuna nos seus 20 anos quando se associou a Vladimir Potanin, vice-primeiro-ministro encarregado da privatização. Eles compraram ações da Norilsk, uma mina e fundição na região ártica siberiana construída originalmente por trabalho escravo.
Hoje, produz um quinto do níquel e a metade do paládio de todo o mundo.
Ele também não é um liberal. Em 2004, Prokhorov e Potanin demitiram o editor do jornal Izvestia, de sua propriedade, que criticara o governo Putin na tragédia de Beslan, na Ossétia do Norte, quando a polícia invadiu uma escola tomada por terroristas muçulmanos e mais de 330 pessoas morreram, mais da metade crianças.
Caiu em desgraça quando se negou a vender as ações da Norilsk na onda de estatizações promovida por Putin para colocar os recursos naturais, a grande riqueza da Rússia, de novo sob o controle do Estado. Mais tarde, vendeu as ações a outro empresário na alta.
Preso em Courchevel, na França, sob a acusação de oferecer prostitutas a seus convidados, Prokhorov ficou quatro dias detido, mas todas as acusações foram retiradas. Na época, ele resolveu assumir seu lado de playboy. Criou a revista Snob.
Eleito líder do partido Causa Certa em junho, foi afastado em setembro depois que policiais mascarados invadiram seu escritório
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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