Dezenas de milhares de pessoas enfrentam a neve neste momento nas ruas de Pionguiangue, a capital da Coreia do Norte. É o começo do funeral do ditador Kim Jong Il, exaltado pela propaganda oficial como "nosso general", "supremo comandante" e Querido Líder.
Kim não foi nenhum herói. Era um playboy chegado a carros de luxo até ser designado sucessor do pai, o Grande Líder Kim Il Sung, fundador da Coreia do Norte, depois de lutar contra a ocupação japonesa, que no caso da Coreia começou em 1910 e só acabou com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
O enterro vai durar dois dias.
Na finada União Soviética, o encarregado de organizar o funeral do líder falecido era o sucessor. Agora, é a vez Kim Jong Un, terceiro filho e sucessor escolhido pelo pai. Mas essa pantomima stalinista parece fora de propósito no século 21. Neste momento, mulheres militares choram convulsivamente.
Com apenas 28 anos, o jovem Kim é saudado como "líder do Estado, do Exército e do partido", reporta o jornal The New York Times. Para os analistas internacionais, o regime comunista norte-coreano precisa de um descendente de Kim Il Sung para manter alguma legitimidade.
A Coreia do Norte não convidou delegações estrangeiras. A Coreia do Sul foi representada pela viúva de Kim Dae Jung, o presidente já falecido que iniciou uma aproximação com o Norte. O governo chinês encarregou o embaixador em Pionguiangue, informa a rádio estatal dos Estados Unidos, a Voz da América.
Economicamente, a Coreia do Norte é hoje totalmente dependente da China, onde parte da velha guarda stalinista vê o país como uma espécie de Alemanha Oriental, temendo que o fim do comunismo lá acabe levando à queda do regime também em Beijim.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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