Depois da Alemanha, da França e do próprio vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, ontem foi a vez do presidente da Comissão Europeia, o ex-primeiro-ministro conservador português José Manuel Durão Barroso, atacar o veto do primeiro-ministro David Cameron a uma reforma dos tratados constitutivos da União Europeia.
Na reunião de cúpula de quinta e sexta-feira passadas em Bruxelas, na Bélgica, o chefe de governo do Reino Unido teria feito exigências inaceitáveis, capazes de destruir o mercado único europeu, afirmou Durão Barroso em discurso no Parlamento Europeu.
Ao prestar contas ao Parlamento Britânico, Cameron alegou ter vetado a mudança para proteger os interesses do país, especialmente do centro financeiro de Londres. Foi criticado pelo líder da oposição, Ed Miliband, por não ter impedido o acordo para salvar o euro ao mesmo tempo em que excluiu o Reino Unido da mesa onde serão tomadas as grandes decisões econômicas da União Europeia.
Cameron não tem condições de submeter qualquer legislação europeia à Câmara dos Comuns sem enfrentar uma revolta de sua própria bancada conservadora. Com a crise do euro, cresce o eurocetismo na Grã-Bretanha. Vários conservadores querem realizar um plebiscito para tirar o país da UE.
O governo britânico negou hoje que as propostas do primeiro-ministro representassem qualquer ameaça ao mercado único, o maior interesse do Reino Unido no processo de integração da Europa. Mas o mal-estar é o pior desde a era Margaret Thatcher (1979-90).
Um eurodeputado francês sugeriu que seja revisto o acordo que dá uma devolução ao Reino Unido porque o país pouco ganha com a política comum de subsídios agrícolas, que beneficia mais a França, a Alemanha, a Itália e a Espanha.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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