Na sua primeira entrevista exclusive desde que assumiu a Presidência do Banco Central da Europa (BCE), o italiano Mario Draghi adverte para os custos de um possível colapso da união monetária europeia, algo considerado "absurdo" por seu antecessor, o francês Jean-Claude Trichet.
Mais uma vez, ele descartou um envolvimento maior do banco no combate à crise das dívidas públicas, insistindo em que sua ação é limitada pelos tratados constitutivos da União Europeia.
O mercado gostaria que o BCE interviesse comprando títulos dos países em dificuldades para rolar suas dívidas e emitisse bônus pan-europeu, lastreados por todos os 17 países da Zona do Euro. A Alemanha é contra porque teria de arcar com o ônus.
Desde maio de 2010, o BCE já comprou títulos de dívida no valor de 200 bilhões de euros, sob o protesto de Jürgen Stark, seu principal executivo alemão, que renunciou sob protesto. Na entrevista ao jornal inglês Financial Times, Draghi foi cauteloso ao tocar no assunto.
Sem apoio político interno para gastar dinheiro público alemão, a primeira-ministra Angela Merkel exige que os países adotem uma disciplina fiscal rigorosa. O problema é que o remédio é recessivo, aprofundando a crise e minando o apoio político aos governos dos países sob maior risco.
A terapia alemã ameaça matar o paciente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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