segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"Europa está mais uma vez à beira do suicídio"

A Alemanha e a França foram responsáveis por quatro tentativas de suicídio da Europa no século 20 (1914, 1919, 1933 e 1936) e reduziram o continente a ruínas. Agora, o risco está de volta, adverte o intelectual francês Jacques Attali, que foi conselheiro do presidente François Mitterrand (1981-95).

"Chegou outra vez o momento em que a Alemanha tem em suas mãos a arma do suicídio coletivo do continente mais avançado do mundo", alertou Attali em seu blogue, acrescentando que "o caos está próximo" e que "o euro pode desaparecer antes do Natal", se os líderes das duas maiores potências econômicas europeias não pararem de se concentrar em suas conveniências eleitorais.

Attali defende a autorização para que o BCE possa comprar sem limites a dívida dos países com problemas, um plano de controle dos déficits orçamentários que leve em conta a recessão e um projeto de federalização da Zona do Euro, com presidente, Parlamento, eurobônus e controle rígido das contas públicas.

Suas críticas não se resumem à Alemanha. O pensador francês critica o presidente Nicolas Sarkozy, acusando-o de regredir a uma posição gaullista e antieuropeia.

O presidente da França seria favorável a uma Eurozona com um pequeno núcleo, administrada por um conselho de chefes de Estado e de governo, sem interferência da União Europeia nem da Comissão Europeia, seu órgão executivo.

Para Attali, citado pelo jornal El País, o resultado seria menos democracia e mais autoritarismo, com um seleto grupo de países se reservando o direito de tomar decisões estratégicas sobre a moeda única, menos solidariedade e mais poder, menos Sul e mais Norte, exatamente o contrário do sonho dos idealizadores do projeto europeu.

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