Dezenas de milhares de egípcios voltaram a se concentrar hoje na Praça da Libertação, no centro do Cairo, para protestar contra a proposta de mudança constitucional apresentada pelo Conselho Supremo das Forças Armadas, que assumiu o poder com a queda do ditador Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011.
O atual governo dar aos militares o papel de guardiães da "legitimidade constitucional", informa a TV pública britânica BBC. Na prática, isso colocaria o novo regime sob a tutela das Forças Armadas, que dominam a política do país desde que os coronéis liderados por Gamal Abdel Nasser derrubaram a monarquia, em 1952.
Daqui a duas semanas, haverá eleições parlamentares. A exemplo do que aconteceu na Tunísia, a Irmandade Muçulmana e outros partidos islamitas devem obter bons resultados porque eram a única oposição organizada na era Mubarak (1981-2011).
Ao que tudo indica, os militares egípcios querem o papel de guardiães da Constituição para evitar uma islamização do país.
É difícil imaginar uma transferência total do poder aos civis. Mais provável é a adoção de um modelo político semelhante ao da democracia turca, que levou anos para enquadrar os militares secularistas, herdeiros da tradição de Mustafá Kemal Ataturk, fundador da República da Turquia, em 1923, depois da derrota do Império Otomano no fim da Primeira Guerra Mundial.
Como os brasileiros e latino-americanos sabem por experiência própria, a democracia é um processo. Leva anos para se consolidar. Nesse meio tempo, está sujeita a avanços e retrocessos. A queda de Mubarak foi apenas o primeiro passo.
Nove meses depois, a população está descontente. Não vê melhora nas condições de vida, solução dos problemas econômicos nem na segurança pública.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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