domingo, 31 de março de 2019

Lobby das armas fomentou mentiras sobre massacre em escola nos EUA

Um funcionário da Associação Nacional do Rifle (NRA), o lobby dos fabricantes de armas nos Estados Unidos, trocou mensagens com um notório adepto de teorias conspiratórias para tentar desmoralizar as vítimas do massacre na Escola Secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida, onde 17 pessoas foram mortas em 14 de fevereiro de 2018.

Mark Richardson, funcionário da NRA, se comunicou com Wolfgang Halbig, que assediou os parentes das vítimas da Escola Primária Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, onde 28 pessoas foram assassinadas em 14 de dezembro de 2012.

As mensagens foram reveladas durante o processo movido por Scarlett Lewis, mãe de uma das crianças mortas em Sandy Hook, contra outro difusor de teorias conspiratórias, Alex Jones. Durante anos, o sítio Infowars, de Jones, afirmou que as vítimas da tragédias eram "atores".

A NRA financia campanhas eleitorais de deputados e senadores que defendem o direito irrestrito de comprar armas nos EUA. É a maior força contra medidas de controle de armas, mesmo as mais elementares, como verificar antecedentes criminais e as condições psicológicas dos compradores.

Em seu discurso, a NRA alega que a melhor defesa contra atiradores é armas pessoas honestas para contra-atacar. Chega a defender o armamento de professores e funcionários das escolas sob o pretexto de evitar massacres.

sábado, 30 de março de 2019

Líder indígena admite negociar bloqueio de acesso a mina no Peru

O líder de uma tribo de índios que bloqueou o acesso a uma mina de cobre no Peru, Gregorio Rojas, anunciou hoje estar aberto ao diálogo com o governo, rompendo o impasse, noticiou a agência Reuters. A mina de Las Bambas, explorada pela companhia chinesa MMG, responde por 2% da produção mundial do metal. Está bloqueada há mais de 50 dias.

Rojas e três advogados foram presos há nove dias sob a acusação de extorsão. Ele foi solto ontem. Os advogados continuam presos.

O segundo na hierarquia da tribo, Edison Vargas, detido ontem à noite sob a acusação de dirigir bêbado e atropelar dois policiais, foi libertado hoje. Ele afirmou que não haverá diálogo enquanto os assessores jurídicos da tribo não forem soltos, noticiou o jornal peruano El Comercio.

Ao recuperar a liberdade, Rojas declarou: "Não somos antimineiros. Se fôssemos antimineiros, não haveria mina, em primeiro lugar. Fui preso por fazer respeitar a minha comunidade, por fazer respeitar meu direito de propriedade."

Os índios da aldeia de Fuerabamba exigem compensação da mineradora pelo uso de uma estrada que atravessa suas terras para escoar a produção de cobre.

sexta-feira, 29 de março de 2019

Parlamento Britânico rejeita acordo com a UE pela terceira vez

Por 344 a 286 votos, a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico rejeitou pela terceira vez o acordo fechado em novembro de 2018 pela primeira-ministra Theresa May com os outros 27 países da União Europeia. 

O líder da oposição, o deputado trabalhista Jeremy Corbyn, pediu a renúncia imediata do governo conservador e a convocação de eleições antecipadas nas quais seria o favorito.

Hoje era o dia em que o Reino Unido deveria sair da UE, de acordo com o pedido original. Sem acordo, o novo prazo dado pelos sócios europeus é 12 de abril. Nos últimos dias, a Câmara rejeitou oito propostas alternativas, jogando o país em sua pior crise política desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

No fim de semana passado, um milhão de pessoas marcharam pelo centro de Londres para exigir a realização de um segundo plebiscito sobre a Brexit (saída britânica). Seria desastroso para o Partido Conservador, que talvez se dividisse definitivamente.

May tenta o impossível: manter a unidade do partido, o resultado do plebiscito de 23 de junho de 2016 e o acordo com a UE. Ela ofereceu sua renúncia para tentar convencer a ala mais extremista e eurocética do partido, sem sucesso.

A consulta popular foi convocada pelo então primeiro-ministro David Cameron numa tentativa de pacificar de uma vez por todas o Partido Conservador e acabar com a guerra civil interna em torno da Europa, que vem desde a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher, em novembro de 1990. Com a vitória da Brexit, ele pediu demissão e jogou o país no caos.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Ditadura de Maduro declara inelegibilidade de Guaidó por 15 anos

O controlador-geral da República Bolivarista da Venezuela, Elvis Amoroso, aliado do ditador Nicolás Maduro, decidiu hoje afastar o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó da Presidência da Assembleia Nacional e declará-lo inelegível por 15 anos, sob a acusação de corrupção.

De acordo com Amoroso, Guaidó não justificou em suas declarações de renda despesas realizadas na Venezuela e em outros países com dinheiro oriundo de outros países: "Ele fez mais de 24 viagens fora do território venezuelano a um custo superior a 310 milhões de bolívares [cerca de US$ 90 mil pelo câmbio do dia] sem justificar a origem destes fundos".

Como presidente da Assembleia Nacional eleita nas últimas eleições democráticas na Venezuela, em 6 de dezembro de 2015, Guaidó se declarou presidente interino em 23 de janeiro, sob a alegação de que o segundo mandato de Maduro é ilegítimo por ter resultado de uma eleição fraudulenta.

Mais de 50 países reconheceram Guaidó como presidente legítimo, inclusive o Brasil e outros 12 países da América Latina, os Estados Unidos, o Canadá e 16 das 28 nações da União Europeia. A China e a Rússia apoiam a ditadura de Maduro.

Nos últimos dias, a Rússia enviou aviões militares com cerca de soldados e equipamentos. Eles devem ajudar na segurança pessoal de Maduro e da cúpula do regime, tentando evitar um golpe dentro do chavismo. O presidente dos EUA, Donald Trump, exigiu a retirada imediata dos russos.

Com a queda à metade do produto interno bruto desde a posse de Maduro, há seis anos, uma inflação de 1.000.000% ao ano em 2018 e desabastecimento generalizado, 94% dos venezuelanos vivem na miséria e 24% (7 milhões) precisam de ajuda humanitária, revelou hoje um relatório das Nações Unidas.

Cerca de 3,7 milhões sofrem de desnutrição. Há surtos de doenças como tuberculose, difteria, malária e hepatite A, principalmente por causa da escassez de água potável. Com quedas frequentes na energia elétrica, Caracas e outras cidades ficam no escuro seguidamente. Em média, 5 mil pessoas fogem da Venezuela a cada dia. Mais de 4 milhões deixaram o país nos últimos anos.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Parlamento Britânico rejeita todas propostas para saída da UE

A Câmara dos Comuns derrotou hoje todas as opções para a saída do Reino Unido da União Europeia, inclusive o recuo e a manutenção do país no bloco europeu, noticiou o jornal The Guardian. Mais uma vez, fica evidente que não há maioria para nada relativo à Brexit no Parlamento Britânico. Só uma nova consulta popular pode dar um rumo ao país.

Em um último gesto de desespero, a primeira-ministra Theresa May ofereceu sua renúncia para tentar convencer o Partido Conservador a aceitar sua proposta, mas o presidente da Câmara, deputado John Bercow, reiterou que não vai permitir uma terceira votação do acordo negociado por May com a UE se não houver mudanças significativas.

Além das restrições de Bercow, o Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte, é contra o acordo de May. Alega que vai dividir o Reino Unido. Todas as propostas alternativas foram repelidas.

No resultado mais apertado, por 272 a 264 votos, os comuns rejeitaram uma proposta do veterano deputado e ex-ministro das Finanças conservador Kenneth Clarke, um europeísta, para que haja "uma união aduaneira ampla e permanente com a UE" em qualquer acordo para a saída.

Por 295 a 268, a Câmara votou contra uma proposta da ex-ministra do Exterior trabalhista Margaret Beckett pela convocação de um referendo para o eleitorado dar a aprovação final a qualquer acordo. O vice-líder trabalhista, Tom Watson, festejou a derrota alegando que esta posição, de uma segunda consulta popular, vem ganhando força.

O Partido Trabalhista propôs ainda uma união aduaneira e o alinhamento com o mercado único europeu, sugestão vencida por 307 a 237.

A saída sem nenhum acordo com os sócios europeus, defendida pela ala mais extremista e eurocética do Partido Conservador, perdeu por 400 a 160.

Outra opção, a participação britânica na Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e no Espaço Econômico Europeu, uma zona de livre comércio entre a UE e a EFTA sem união aduaneira, teve apenas 65 votos a favor e 377 contra.

O deputado conservador Nick Bowles propôs a saída da UE para honrar o resultado do plebiscito de 23 de junho de 2016 e a formação de "um novo mercado comum para o século 21". A proposta, chamada de Mercado Comum 2.0, perdeu por 283 a 188. O Reino Unido aceitaria a livre movimentação de trabalhadores de outros países europeus, mas poderia impor restrições unilaterais excepcionalmente.

Se não for possível chegar a um acordo com a UE capaz de ser aprovado pelo Parlamento Britânico, o deputado Marcus Fysh e outros conservadores são a favor da negociação de um acordo de preferências comerciais com o bloco europeu. Uma ampla maioria foi contra: 422 a 283.

A deputada Joanna Charry, do Partido Nacional Escocês, defendeu a revogação do pedido de saída da UE. Foi derrotada por 293 a 184.

May promete pedir demissão para aprovar acordo com a UE

Em reunião da bancada do Partido Conservador, a primeira-ministra britânica , Theresa May, ofereceu sua renúncia para obter a aprovação do acordo negociado com os outros 27 países da União Europeia para a saída do Reino Unido do bloco europeu, noticiou o jornal inglês Financial Times. A ala extremista do partido teria assim controle sobre as futuras negociações comerciais com a UE.

A Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico assumiu o controle sobre as negociações, em mais uma derrota para o governo, mas a primeira-ministra pretende reapresentar sua proposta para uma terceira votação nas próximas 48 horas.

Enquanto isso, os deputados examinam alternativas como a convocação de um segundo plebiscito sobre a Brexit (saída britânica) e acordos como os da Noruega e do Canadá.

Cerca de 1 milhão de pessoas tomaram as ruas do centro de Londres no fim de semana para exigir uma nova consulta popular capaz de anular o resultado do plebiscito de 23 de junho de 2016. Um abaixo-assinado recolheu 6 milhões de assinaturas. O Partido Conservador resiste. Seria uma votação capaz de dividir o partido definitivamente.

Depois da segunda derrota do acordo negociado com a UE, May pediu ao bloco europeu um adiamento da saída, inicialmente marcada para 29 de março. A Europa concordou em prorrogar o prazo até 22 de maio, se o acordo for aprovado pelo Parlamento Britânico. Caso contrário, o Reino Unido teria de sair até 12 de abril.

Uma saída sem acordo seria ainda mais desastrosa para a economia britânica. Pelos cálculos do Banco da Inglaterra, o produto interno bruto do país poderia cair mais de 10% em cinco anos.

May também estaria cogitando dividir o acordo em dois e colocar apenas uma parte em votação.

terça-feira, 26 de março de 2019

Ataque do Hamas e reação de Israel ameaçam deflagrar guerra na Faixa de Gaza

Um foguete de longo alcance lançado da Faixa de Gaza atingiu uma casa ontem em Mishmeret, ao norte de Telavive, ferindo sete pessoas. O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que controla Gaza, alegou que o disparo foi acidental, mas Israel retaliou pesadamente, com potencial para uma escalada no conflito capaz de levar à guerra.

Por ordem do governo de Israel, as estradas próximas a Gaza foram fechada, o tráfego de trens suspenso e os civis e os civis israelenses aconselhados a procurar abrigos antiaéreos. A Força de Defesa de Israel mobilizou a Brigada Golani e a 7ª Brigada Blindada em direção à fronteira com Gaza.

Milhares de reservistas foram convocados, principalmente das unidades de defesa antiaéreas que operam o Domo de Ferro, o escudo antimísseis israelense, e das unidades de inteligência.

Estas preparações são muito mais significativas do que as feitas normalmente para retaliações a ataques de foguetes de grupos militantes palestinos. Indicam que é possível uma operação terrestre para invadir Gaza.

Israel realiza eleições parlamentares em 9 de abril. Acossado por denúncias de corrupção, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu corre risco de perder. Seus adversários da linha dura o acusam de ser fraco em relação ao Hamas.

As eleições foram convocadas depois que ministros linha-dura deixaram o governo em crise anterior porque Israel não foi à guerra contra o movimento fundamentalista palestino.

No lado palestino, há uma revolta contra o Hamas em Gaza, ou uma insurgência da Fatah, principal partido da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que domina a Cisjordânia.

O Hamas tenta se apresentar como o legítimo defensor do povo palestino intensificando as ações contra Israel e a violência do Hamas contra os palestinos não desperta a mesma indignação do que os contra-ataques israelenses aos grupos militantes palestinos.

Presidente do Irã ataca Trump por reconhecer soberania de Israel sobre Colinas do Golã

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, criticou duramente o presidente Donald Trump por os Estados Unidos reconheceram a soberania de Israel sobre as Colinas do Golã, ocupadas durante a Guerra dos Seis Anos, em 1967, e anexadas em 1981 à revelia do direito internacional, que proíbe a guerra de conquista. As colônias pertenciam à Síria.

"Ninguém poderia imaginar que uma pessoa nos EUA viesse e desse terras de uma nação para um país ocupante, contra o direito e as convenções internacionais", declarou Rouhani. "É uma ação sem precedentes."

A Agência de Notícias República Islâmica citou o vice-primeiro-ministro e ministro do Exterior e dos Expatriados da Síria, Walid Moallem, para dizer que a decisão do presidente americano não muda a situação das Colinas do Golã.

Trump mudou uma política de décadas que previa que o status do território árabe ocupado seria definido em negociações de paz entre Israel e a Síria. Fez o anúncio no Twitter na quinta-feira passada e oficializou o reconhecimento ontem na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Trump reconhece oficialmente soberania de Israel sobre Colinas do Golã

Ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente Donald Trump deu hoje uma grande ajuda à reeleição, em 9 de abril, do líder israelense, denunciado por corrupção. Os Estados Unidos reconheceram oficialmente a soberania de Israel sobre as Colinas do Golã, ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, e anexadas à revelia do direito internacional em 1981.

Trump rompeu com uma política americana de décadas. Descreveu sua decisão como uma "ação histórica", alegando o Irã e grupos terroristas "continuam a fazer das Colinas do Golã um local para lançar ataques contra Israel".

O presidente americano citou como exemplo do que quer evitar um ataque de foguete do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) feito hoje da Faixa de Gaza que feriu sete pessoas perto de Telavive: "Isto deveria ter sido feito há décadas. Não queremos ver outro ataque como o da manhã de hoje."

Netanyahu agradeceu elogiando Trump como o maior amigo de Israel entre todos os presidentes dos EUA, reconhecendo o apoio dos anteriores. O primeiro-ministro citou a rejeição pelo atual presidente do "desastroso acordo nuclear com o Irã" negociado pelo governo Barack Obama e a transferência da embaixada americana de Telavive para Jerusalém.

"Israel nunca teve um amigo melhor do que você", declarou Netanyahu, que voltou imediatamente para o Oriente Médio por causa do ataque de foguetes, capaz de deflagrar uma nova guerra contra o Hamas em Gaza.

As Colinas do Golã foram tomadas por Israel na Guerra de 1967, quando tinham grande importância estratégica como base para lançamento de ataques contra o Estado judaico. Com o desenvolvimento da tecnologia de mísseis, perderam importância.

Até agora, a política oficial dos EUA e do resto do mundo era que o futuro do território árabe ocupado deveria ser acertado em negociações de paz entre Israel e a Síria. Trump anunciou a mudança via Twitter na quinta-feira passada.

A anexação cria um precedente para outros territórios ocupados em guerras, como a Cisjordânia, cada vez mais tomada por colonos israelenses.

domingo, 24 de março de 2019

Relatório Mueller isenta campanha de Trump de conluio com a Rússia

O inquérito do procurador especial Robert Mueller não encontrou provas de que "a campanha do presidente Donald Trump ou qualquer associado conspirou ou se coordenou com a Rússia em seus esforços para influenciar a eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos", de acordo com um resumo apresentado hoje pelo Departamento da Justiça a deputados e senadores.

Também não há provas "suficientes" de que Trump tenha obstruído a justiça e tentado dificultar a investigação, afirmou o secretário da Justiça e procurador-geral dos EUA, William Barr, sem exonerar totalmente o presidente.

Trump festejou o resultado da investigação que atacou várias vezes como uma "caça às bruxas", alegando ter sido "total e completamente exonerado", mas o Partido Democrata, de oposição, exige a divulgação pública integral do relatório. "O povo americano tem o direito de saber", insistiram a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.

"Depois de uma longa investigação, depois de não olhar para o outro lado - onde aconteceu uma série de coisas ruins, um monte de coisas horríveis para nosso país -, acaba de ser anunciado que não houve conluio com a Rússia", declarou o presidente na Flórida. "É uma vergonha que nosso país tenha passado por isto, para ser honesto é uma vergonha que nosso presidente tenha sido submetido a isso."

Aparentemente, a conclusão do inquérito é uma vitória do presidente e um elemento importante para sua campanha à reeleição em 2020. Os republicanos festejaram: "É um grande dia para o presidente Trump. Uma nuvem que pairava sobre o presidente Trump foi removida", comentou o presidente da Comissão de Justiça do Senado, Lindsay Graham, que jogou golfe com Trump no fim de semana.

Mas seis assessores do presidente foram denunciados criminalmente e há outras investigações, relacionadas a seu ex-advogado Michael Cohen e o pagamento para que duas mulheres que alegam ter tido casos amorosos com Trump ficassem em silêncio durante a campanha eleitoral. Pela lei eleitoral americana, os pagamentos deveriam ter sido registrados como despesa de campanha.

A suspeita de obstrução de justiça era uma questão central da investigação. Mueller, ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal americana, foi nomeado procurador especial depois que Trump demitiu, em maio de 2017 o então diretor-geral do FBI, James Comey, por se negar a suspender o inquérito sobre a interferência russa nas eleições de 2016.

Em um ano e dez meses, o inquérito de Muller fez 199 acusações contra 37 pessoas, sendo seis ligadas a Trump. Doze militares russos foram denunciados por pirataria cibernética e 13 por conspiração para defraudar os EUA. Houve 2,8 mil intimações e 500 operações de busca e apreensão. Cerca de 500 testemunhas foram interrogadas e 13 pedidos foram feitos a governos estrangeiros.

Na carta aos congressistas, o procurador-geral disse que não houve conspiração "apesar dos múltiplos esforços de indivíduos ligados à Rússia para ajudar a campanha de Trump". A suspeita foi reforçada pela negativa do presidente de criticar o presidente Vladimir Putin depois que os serviços secretos dos EUA concluíram que o governo russo tentou manipular o eleitorado americano.

sábado, 23 de março de 2019

Forças Democráticas Sírias declaram vitória sobre Estado Islâmico

O último bolsão de resistência do califado proclamado em 29 de junho de 2014 pelo líder Abu Baker al-Baghdadi caiu. As Forças Democráticas Sírias, uma milícia árabe-curda sustentada pelos Estados Unidos, declararam hoje vitória sobre o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

No seu momento de maior expansão, o Estado Islâmico dominava uma área do tamanho do Reino Unido no Leste da Síria e no Iraque, até as cercanias de Bagdá, com 10 milhões de habitantes, e pretendia se tornar um verdadeiro império do terror. Cerca de 40 mil jovens ocidentais migraram para lá sonhando com a utopia de uma sociedade islâmica pura.

Sua derrota no Oriente Médio acaba com o califado, mas não com sua ideologia brutalmente sanguinária. Seguidores do EI dominam parte da Península do Sinai, no Egito, estão no Afeganistão, nas Filipinas e no Nordeste da Nigéria, onde a milícia jihadista Boko Haram se declarou em 2015 a Província do Estado Islâmico na África Ocidental.

A maior vitória do EI foi a conquista de Mossul, uma das maiores cidades do Iraque, em 10 de junho de 2014. Humilhado e derrotado, o Exército iraquiano debandou, deixando para trás armas fabricadas nos EUA.  Foi lá que Al-Baghdadi proclamou seu califado.

Pouco depois, o EI iniciou um genocídio contra o povo yazidi, provocando a intervenção militar americana, em agosto de 2014, com bombardeios aéreos e ajuda humanitária às vítimas. Quando o grupo começou a degolar refé.ns ocidentais, o governo Barack Obama declarou guerra ao EI.

Para não enviar soldados americanos para uma operação terrestre, os EUA armaram, treinaram e financiaram as FDS, de maioria curda.

A Rússia entrou na guerra civil da Síria em 30 de setembro de 2015, a pretexto de combater o terrorismo, quando na verdade queria sustentar a ditadura de Bachar Assad, seu principal aliado no Oriente Médio. Um atentado terrorista contra um avião russo no Deserto do Sinai levou a Força Aérea da Rússia a também bombardear o EI.

Em 13 de novembro de 2015, o EI realizou sua ação mais espetacular no Ocidente. Os atentados em Paris mataram 130 pessoas, mas o grupo já estava perdendo a guerra. É praticamente impossível resistir aos bombardeios das duas forças aéreas mais poderosas do mundo.

O objetivo inicial do EI era criar um califado no Oriente Médio e não aterrorizar as potências ocidentais, como fez Al Caeda, especialmente nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Sob ataque da Rússia, dos EUA e seus aliados, inclusive a França e o Reino Unido, o EI partiu para a retaliação, mas o califado estava condenado.

Quando o presidente Donald Trump assumiu, em 20 janeiro de 2017, levantou as restrições impostas por Obama para proteger a população civil, dando plena liberdade aos generais para agirem como quisessem.

Desde então, era uma questão de tempo. A queda de Mossul e Rakka, na Síria, declarada capital do califado, foi o prenúncio do fim, que chegou hoje depois de muito sangue suor e lágrimas.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Procurador especial entrega relatório ao Departamento da Justiça

Depois de dois anos, o procurador especial Robert Mueller encaminhou hoje ao secretário da Justiça dos Estados Unidos o relatório do inquérito sobre a interferência indevida da Rússia na eleição de 2016 e um possível conluio com a campanha do presidente Donald Trump, sem apresentar novas denúncias, noticiou o jornal The Washington Post.

Agora, o secretário da Justiça e procurador-geral, William Barr, vai examinar o relatório e deve apresentar suas principais conclusões ao Congresso. O Partido Democrata está pedindo a divulgação de todo o conteúdo para o público.

Mueller foi designado pelo subprocurador-geral Rod Rosenstein depois que Trump demitiu o diretor-geral do FBI, a polícia federal americana, James Comey, em maio de 2017. Sua investigação foi motivo de irritação e repetidos protestos do presidente, que acusou Trump e sua equipe de serem "democratas raivosos" e de promoverem uma "caça às bruxas".

Durante a investigação, cinco assessores de Trump confessaram a culpa e colaboraram com a equipe do procurador especial: o ex-chefe de campanha de Trump Paul Manafort; o ex-subchefe da campanha Rick Gates; o ex-assessor de Segurança Nacional Michael Flynn; o ex-advogado particular de Trump Michael Cohen; e o assessor George Papadopoulos.

O sexto americano denunciando, Roger Stone, amigo do presidente há muitos anos, acusado de mentir sob juramento ao Congresso, pretextou inocência. Também foram incriminados 13 russos.

EUA aplicam novas sanções à Venezuela por prisão de assessor de Guaidó

O Escritório de Controle de Ativos no Exterior do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou hoje sanções ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social da Venezuela. É uma retaliação à prisão arbitrária de Roberto Marrero, chefe de gabinete do presidente da Assembleia Nacional, deputado Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país.

A medida foi tomada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, com o apoio do secretário de Estado, Mike Pompeo, que "exigiu a libertação imediata" e prometeu punição para os responsáveis pela prisão.

Marrero foi detido na madrugada de ontem por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), que arrombaram a porta de sua casa.

Boko Haram mata 23 soldados do Chade

A milícia terrorista muçulmana Boko Haram, que se apresenta como a Província do Estado Islâmico na África Ocidental, matou pelo menos 23 soldados do Exército do Chade num ataque a uma cidade próxima do Lago Chade, noticiou hoje a agência Reuters.

Foi o ataque mais mortífero do Boko Haram no Chade. Acontece num momento em que o grupo vem obtendo sucesso na sua insurgência contra as Forças Armadas nigerianas e mostra capacidade de projetar sua força além de suas bases no Nordeste da Nigéria.

No início do mês, o grupo divulgou um comunidade anunciando uma mudança de liderança diante de rumores de uma cisão interna em torno do debate sobre a necessidade de atacar civis. O temor é de um aumento nos ataques a civis.

Desde que aderiu à luta armada para impor a lei islâmica à África Ocidental, em 2009, o Boko Haram, cujo nome significa repúdio à educação ocidental, provocou uma guerra civil com total de mortes estimados em 20 mil.

quinta-feira, 21 de março de 2019

UE adia Brexit se Reino Unido aprovar acordo

Os líderes dos outros 27 países da União Europeia estão disposto a aceitar um adiamento de apenas dois meses na saída do país do bloco europeu se o Parlamento Britânico aprovar o acordo negociado com a primeira-ministra Theresa May na próxima semana, noticiou hoje o jornal britânico Financial Times.

A data marcada para a Brexit (saída britânica) é 29 de março. Como a Câmara dos Comuns rejeitou duas vezes o acordo acertado por May com os sócios europeus, a primeira-ministra britânica pediu ontem oficialmente um adiamento até 30 de junho.

O documento preparado pela Comissão Europeia deixa claro que "não há prorrogação possível" além de 22 de maio, se o Reino Unido não quiser realizar eleições para o Parlamento Europeu naquele mês.

"O Conselho Europeu se compromete a aceitar, antes de 29 de março de 2019, uma prorrogação até 22 de maio, desde que o acordo de retirada seja aprovado pela Câmara dos Comuns na próxima semana", diz o projeto de resolução.

Se o acordo não for aprovado, o Reino Unido terá de sair da UE em 12 de abril, neste caso, com uma ruptura total com o bloco europeu, com que tem cerca da metade de seu comércio exterior.

Fed prevê crescimento menor e suspende altas de juros nos EUA

O Conselho da Reserva Federal (Fed), a direção do banco central dos Estados Unidos, reduziu ontem sua previsão de crescimento da maior economia do mundo para este ano de 2,3% para 2,1%, abaixo dos 3,2% anunciados pela Casa Branca. O crescimento em 2020, ano eleitoral, foi estimado em 1,9%.

A taxa básica de juros foi mantida numa faixa de 2,25% a 2,5% ao ano e não deve mais ser reajustada em 2019. No ano passado, houve quatro altas. A maioria dos membros do Comitê do Mercado Aberta prevê uma alta de juros em 2020 e nenhuma em 2021.

Com consumo privado e investimentos das empresas mais fracos, "o crescimento está se desacelerando mais do que esperado", admitiu o presidente do Fed, Jerome Powell. O fortalecimento do mercado de trabalho, "parece ter dado um recuo em relação ao ritmo forte do ano passado".

Em fevereiro, a economia americana registrou um saldo positivo de cerca de 20 mil empregos, bem abaixo da média do ano passado, que estava perto de 200 mil novas vagas por mês a mais do fechadas.

Powell tentou manter a confiança do mercado ao afirmar que "os fundamentos da economia ainda são muito robustos", mas citou acontecimentos recentes nos EUA e no exterior que reduzem as chances de que a economia americana cresça tão rapidamente como no ano passado. Em 2018, o PIB cresceu 2,9%, melhor desempenho desde 2015.

Nova Zelândia proíbe fuzis de guerra após massacres nas mesquitas

A Nova Zelândia vai proibir a posse de armas de guerra semiautomáticas como os fuzis de assalto e cartuchos de grande capacidade usados no massacre de 50 pessoas em duas mesquitas da cidade de Christchurch seis dias atrás, anunciou hoje a primeira-ministra Jacinda Ardern.

"Em 15 de março, nossa história mudou para sempre. Agora, nossas leis vão mudar também", declarou a chefe de governo em entrevista coletiva. "Estamos anunciando hoje uma ação a favor de todos os neo-zelandeses de fortalecer nossas leis sobre armas para fazer do nosso país um lugar seguro."

Além de proibir a venda de armas de guerra, o governo vai comprar as armas em poder da população para estimular os proprietários destas armas a entregá-las à polícia. No pior atentado da história da Nova Zelândia, o terrorista usou fuzis AR-.

Ontem, houve o primeiro enterro de vítimas do massacre. Khaled Mustafá e seu filho Hamza, de 16 anos. Eles fugiram da guerra civil na Síria e estavam há poucos meses na Nova Zelândia.

O filho mais moço, Zaid, de 13, sobreviveu ao ataque. Assistiu ao enterro numa cadeira de rodas, chorou e disse: "Não quero ficar aqui sozinho."

quarta-feira, 20 de março de 2019

Partido Popular Europeu suspende partido do governo da Hungria

Por 194 votos a três, o Partido Popular Europeu (PPE), uma aliança de partidos conservadores e democratas-cristãos no Parlamento da União Europeia, suspendeu hoje por prazo indeterminado o Fidesz, partido do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

"Isto significa que o Fidesz não pode apresentar candidatos a cargos no partido, não pode votar em qualquer assembleia do PPE nem participar de reuniões", anunciou o líder da bancada de centro-direita no Parlamento Europeu, Manfred Weber.

Orbán iniciou sua carreira política como liberal. Depois, adotou uma linha ultranacionalista, populista de extrema direita e neofascista. Passou a atacar sistematicamente as instituições europeias, restringiu a liberdade de imprensa, aproximou-se da Rússia, fomentou o antissemitismo com ataques ao megainvestidor George Soros, húngaro naturalizado americano, e se recusou a receber refugiados, apesar do déficit demográfico da Hungria, apontando-os como uma ameaça à civilização cristã e ocidental.

Ele está na lista dos líderes populistas de ultradireita citados como aliados ideológicos pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e os bolsonaristas, ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini.

Reino Unido pede adiamento da saída da UE por três meses

A primeira-ministra Theresa May pediu hoje oficialmente o adiamento por três meses da saída do Reino Unido da União Europeia para que ocorra de "maneira ordenada". Acrescentou que não é de interesse do país nem do bloco europeu a participação britânica nas eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para maio.

O Conselho Europeu, formado pelos líderes dos países da UE, começa a discutir o pedido em reunião de cúpula nesta quinta-feira e na sexta-feira. Sua aprovação exige unanimidade.

Como o presidente da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, deputado John Bercow, vetou uma terceira votação sobre o acordo negociado por May com a UE, a expectativa é que o problema não esteja resolvido em três meses. No caso de um adiamento por prazo maior, o Reino Unido teria de realizar eleições para o Parlamento Europeu.

Na carta ao presidente do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro polonês Donald Tusk, May pediu que a UE confirme as mudanças acertadas na renegociação do acordo para que possa apresentar sua proposta como diferentes das duas anteriores, rejeitadas no Palácio de Westminster. Mas são pequenos detalhes que, na opinião do presidente da Câmara, não representam uma mudança substancial.

May admite que este processo não será concluído até 29 de março, a data inicialmente prevista para a Brexit (saída britânica).

O principal negociador da UE, o ex-ministro francês Michel Barnier, declarou que para aprovar o adiamento o bloco europeu quer um plano claro do que o Reino Unido pretende fazer para resolver o impasse.

A saída da UE terá um forte impacto econômico negativo para o país. Só as empresas financeiras devem transferir US$ 1 trilhão de Londres, hoje o principal centro financeiro da Europa, para o continente.

terça-feira, 19 de março de 2019

EUA não devem intervir militarmente na Venezuela

Apesar das ameaças dos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro no encontro de hoje na Casa Branca, quando falaram que "todas as opções estão na mesa", é improvável que os Estados Unidos intervenham militarmente na Venezuela para derrubar a ditadura de Nicolás Maduro.

Um dos maiores pesadelos de um presidente americano é aquela imagem dos soldados mortos voltando para casa em caixões enrolados na bandeira, a memória da Guerra do Vietnã, de onde Trump fugiu com atestado médico falso, como reiterou seu ex-advogado em depoimento na Câmara dos Representantes.

O presidente americano nunca desceu do palanque. Só pensa na reeleição e falta menos de um ano para o início das eleições primárias. A própria questão do muro na fronteira com o México é uma jogada de marketing eleitoral.

No Discurso sobre o Estado da União do ano passado, Trump falou num projeto de reforma do sistema de imigração. Nunca levou adiante. A batalha do muro mobiliza as bases eleitorais de que precisa para enfrentar os processos a que está sujeito e a eleição, que pode ao menos adiar estes processos.

O atual modelo de intervenção militar dos EUA vem do governo Barack Obama (2009-17) e foi usado na Líbia e na Síria. A Força Aérea dos EUA bombardeia do alto e a operação terrestre é terceirizada. 

No caso da Líbia, ficou a cargo das milícias que lutavam contra Kadafi e até hoje disputam o poder entre si. Na Síria, os EUA criaram as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia árabe-curda de maioria síria.

Ao anunciar a retirada dos 2 mil soldados americanos da Síria, Trump abandonou as FDS, pressionadas de um lado pelo Exército da Turquia e do outro pelas forças que sustentam o ditador Bachar Assad. Como teme que os curdos da Síria se aliem aos do Iraque para proclamar a independência do Curdistão, o ditador turco, Recep Tayyip Erdogan, se ofereceu para patrulhar a área tomada do Estado Islâmico. As FDS já pediram proteção a Assad, o que fortaleceria a Rússia e o Irã, inimigos dos EUA.

Os militares brasileiros devem estar atentos ao abandono das FDS por Trump, uma das causas da demissão do secretário da Defesa, James Cachorro Louco Mattis. Nenhum general que se preze abandona aliados. 

Trump está disposto a descartar os aliados assim que entender que não precisa mais deles. Despreza aliados, é isolacionista e não tem visão estratégica. Ignora que a retirada dos EUA do Iraque sob Obama abriu caminho para a ascensão do Estado Islâmico.

No caso da Venezuela, quem faria a operação terrestre: Brasil e Colômbia? A Colômbia é uma antiga aliada dos EUA, cujo apoio foi decisivo para enfrentar as máfias do tráfico de drogas e as guerrilhas esquerdistas. Mas vive o momento de maior paz de sua história. Não vai entrar num conflito que pode se arrastar por décadas. A maior parte das Forças Armadas da Venezuela se concentra perto da fronteira com a Colômbia.

O Brasil não tem nada a ganhar com isso. Os militares brasileiros foram claros ao rejeitar a presença de soldados americanos na operação de ajuda humanitária. Também recusaram a proposta delirante e insana do chanceler Ernesto Araújo de instalar uma base militar dos EUA no Brasil. 

Só tem bases militares americanas países que dependem dos EUA para sua própria defesa. Se a Rússia instalasse uma base na Venezuela, estaríamos no meio de uma guerra que não é nossa.

A ajuda humanitária tinha o objetivo de jogar a população desesperada – mais de 90% não têm dinheiro para alimentar a família – contra Maduro e fomentar uma divisão nas Forças Armadas, o que poderia provocar uma guerra civil. Mas não houve a deserção em massa esperada pela oposição venezuelana e os EUA. Para comprar a lealdade ao regime, a Venezuela tem hoje 2 mil generais.

Durante o governo Chávez, os militares ocupavam 200 a 300 cargos no governo venezuelano. Hoje, são mais de mil. Além disso, as milícias chavistas, os coletivos, teriam cerca de 500 mil homens dispostos a defender o regime. Os índios mortos na fronteira com o Brasil foram assassinados pelas milícias chavistas e não pela Guarda Nacional Bolivariana.

Tradicionalmente, a política externa brasileira é pacifista e legalista. Defende a solução negociada dos conflitos internacionais. Mas os organismos regionais, como a Unasul, fracassaram diante da crise venezuelana, abrindo espaço para a interferência dos EUA.

O governo paralelo de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, eleita em dezembro de 2015 nas últimas eleições democráticas na Venezuela, tem o apoio de 52 países, inclusive a maioria da América Latina e 16 dos 28 membros da União Europeia. Estão fora os governos de ultradireita da Itália, Hungria e Polônia, justamente os preferidos por nosso obscuro chanceler.

Ao se aliar aos EUA, o governo Bolsonaro abdica do papel de mediador que caberia ao Brasil como líder natural da América do Sul. Resta manter a articulação com os países que apoiam Guaidó mas são contra a intervenção militar e aguardar o colapso inevitável da economia venezuelana, com enorme risco de guerra civil.

Como disse o embaixador Rubens Ricupero em entrevista recente à GloboNews, a segurança da Venezuela é feita com a colaboração de assessores cubanos. O próprio Maduro foi indicado por Fidel, quando Chávez hesitava entre ele e Diosdado Cabello, hoje presidente da Assembleia Constituinte convocada por Maduro para usurpar o poder da Assembleia Nacional dominada pela oposição.

“São bolcheviques”, observou Ricupero, “e bolcheviques não entregam o poder sem luta.”

A pressão de Trump e Bolsonaro visa a provocar uma cisão nas forças que apoiam o regime chavista e um golpe contra Maduro. 

segunda-feira, 18 de março de 2019

Presidente da Câmara dos Comuns rejeita terceira votação de acordo com UE

Em novo golpe às pretensões da primeira-ministra Theresa May, o presidente da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, deputado John Bercow, declarou hoje que o governo não pode colocar em votação pela terceira vez a mesma proposta de acordo com a União Europeia derrotada duas vezes, noticiou hoje o jornal inglês The Independent.

Bercow citou regras que estariam em vigor desde a Conspiração da Pólvora, em 1605, torpedeando a estratégia da primeira-ministra. Ele alega que a proposta só pode ser apresentada se houver "mudanças substanciais", mas a UE se nega a renegociar o acordo.

May tenta pressionar a ala mais extremista e eurocética do Partido Conservador a aprovar o acordo para evitar um longo adiamento, capaz de enfraquecer a Brexit (saída britânica, do inglês).

Os conservadores eurocéticos ficaram furiosos. Há algum tempo, suspeitam que o presidente da Câmara trabalha para evitar a saída do país da UE. Eles só admitem votar a favor do acordo se a primeira-ministra renunciar à liderança do partido, o que poderia lhes dar a chefia do governo e assim a chance de controlar as negociações sobre as relações futuras com a Europa.

As dificuldades para chegar a uma maioria no Parlamento em torno do acordo de saída deve obrigar o governo britânico a pedir um adiamento da data de saída além de 30 de junho. A data prevista inicialmente era 29 de março.

Na semana passada, a Câmara rejeitou no dia 12 o acordo revisado com a UE. No dia 13, votou contra uma saída dura, sem qualquer acordo com a UE, o que seria um duro golpe na economia. No dia 14, aprovou o adiamento da Brexit.

Nesta quarta-feira, dia 20, Theresa May vai a Bruxelas requerer oficialmente o adiamento. Se a prorrogação do prazo for além de três meses, o Reino Unido terá de participar das eleições para o Parlamento Europeu no fim de maio.

domingo, 17 de março de 2019

Acidentes com Boeing 737 MAX 8 têm "semelhanças claras"

Os dados da caixa-preta do avião da Ethiopian Airlines que caiu há uma semana matando as 157 pessoas a bordo mostram "semelhanças claras" com os do acidente com o mesmo modelo da Boeing que caiu no Mar de Java, na Indonésia, em outubro do ano passado, matando 189 pessoas, revelou hoje o ministro dos Transportes da Etiópia.

"Foram notadas semelhanças claras entre o voo 302 da Ethiopian Airlines e o voo 610 da companhia indonésia Lion Air que serão objeto de mais exames durante a investigação", declarou o ministro Dagmawit Moges.

A constatação aumenta a pressão sobre a Boeing. O Boeing 737 é um dos aviões mais bem-sucedidos da história da aviação. Havia mais de 300 737 MAX 800 em operação, de um total de cerca de 5 mil encomendados.

Os dois acidentes fatais com o novo modelo indicam que os pilotos tiveram problemas com o computador de bordo e não conseguiram assumir o controle sobre o aparelho pouco depois da decolagem, um dos momentos mais críticos da aviação porque a aeronave ainda não ganhou altitude que permita fazer manobras.

Um mecanismo para impedir a paralisação dos motores faria o avião baixar o nariz para ganhar velocidade causando o impacto com o solo ou, no caso da Indonésia, com o mar.

Os dados iniciais sobre o voo da Ethiopian Airlines indicam que o Boeing 737 MAX 8 fez um voo errático. Subiu, desceu e subiu de novo, a uma velocidade excessiva para a decolagem. O piloto era experiente. Tinha mais de 8 ml horas de voo.

Nesta era em que cada vez as máquinas fazem o trabalho do homem, a dificuldade em superar o computador mostra os problemas da inteligência artificial. A Boeing insiste que o avião é seguro, mas admitiu fazer mudanças no programa do computador.

Hoje, em Adis Abeba, a capital da Etiópia, de onde o voo saiu, houve uma série de enterros simbólicos com caixões vazios. A maioria das vítimas foi totalmente incinerada pelo incêndio causado pelo acidente. A identificação dos restos mortais podem levar cinco a seis meses.

sábado, 16 de março de 2019

Procurador-geral da Nova Zelândia quer proibir armas semiautomáticas

Depois do massacre de 50 pessoas em Christchurch, com mais uma morte registrada hoje, o procurador-geral David Parker, anunciou numa vigília em Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia, a intenção de proibir a venda, a posse e o porte de armas automáticas.

Hoje, a primeira-ministra Jacinda Ardern colocou um véu negro e abraçou pessoalmente parentes das vítimas das duas mesquitas atacadas pelo terrorista australiano Brenton Tarrant. Ele transmitiu a matança ao vivo pela Internet e divulgou um manifesto racista, supremacista branco, islamofóbico e fascista de 74 páginas para se justificar.

O manifesto reproduz as ideias que vem sendo defendidas por políticos sectários como o presidente Donald Trump, seu ex-ideólogo Steve Bannon, que vai se encontrar em Washington com o presidente Jair Bolsonaro, e os neonazistas americanos que marcharam em Charlottesville, na Virgínia: contra muçulmanos, contra imigrantes, em defesa das populações brancas de origem europeia.

Dois terços dos atentados terroristas cometidos nos últimos anos nos Estados Unidos, partiram de grupos de extrema direita. Pela contagem do jornal The Washington Post, o total de mentiras ditas pelo presidente desde que tomou posse passou de 9 mil.

Na Austrália, um garoto de 17 anos atacou o senador de extrema direita Fraser Anning quando o político dava uma entrevista coletiva sobre o massacre, atribuindo-o a "fanáticos muçulmanos" e a políticas de imigração liberais. Uma vaquinha na Internet está arrecadando dinheiro para pagar o advogado e a compra de mais ovos.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Nova Zelândia vai endurecer controle de armas para evitar massacres

Depois do pior atentado terrorista da história da Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacinda Ardern prometeu mudar as leis para restringir a posse e o porte de armas no país. O assassino, Brenton Tarrant, um australiano de 28 anos, tinha dois fuzis semiautomáticos, dois revólveres e uma espingarda. Tinha licença para portar essas armas.

"Posso dizer que nossas leis sobre armas vão mudar", anunciou a chefe de governo. "Agora é a hora."

Tarrant foi apresentado hoje a um tribunal, onde fez um sinal típico de supremacistas brancos. Outros dois suspeitos estão presos. Trinta e nove feridos estão hospitalizados, inclusive duas crianças. Onze estão em estado crítico.

A primeira-ministra descreve o ataque como "um ato de violência extraordinário e sem precedentes", declarou que "estas ações não têm lugar na Nova Zelândia nem em lugar nenhum do mundo" e lamentou que os alvos tenham sido imigrantes: "Eles escolheram a Nova Zelândia como seu lar. É a sua casa."

Entre a população neo-zelandesa, de pouco menos de 5 milhões de habitantes, cerca de 46 mil são muçulmanos, de acordo com o censo de 2013, 28% a mais do que em 2006.

O total de assassinatos em 2017 foi de 35, o menor índice de homicídios em 40 anos, sete para cada milhão de habitantes.

Terrorista da Nova Zelândia é supremacista branco e critica Brasil multirracial

O australiano Brenton Tarrant, de 28 anos, responsável pelo pior ataque terrorista da história da Nova Zelândia, com 49 mortos e 48 feridas hoje em Christchurch, publicou um manifesto na Internet declarando ser "etnonacionalista e fascista", e transmitiu a ação ao vivo no Facebook. 

Admirador do presidente Donald Trump, o terrorista descreveu-se como "um homem branco comum, da uma família comum" da classe trabalhadora e de baixa renda, de origem europeia.

"As origens da minha língua são europeias, minha cultura, minhas crenças filosóficas, minha identidade é europeia e, mais importante, meu sangue é europeu", vangloriou-se o assassino patológico, descendente de escoceses, ingleses e irlandeses.

Tarrant transmitiu o massacre ao vivo no Facebook, que já retirou as imagens da rede. No manifesto de 74 páginas, revelou ter planejado o ataque durante dois anos. Sua intenção era amedrontar os candidatos a imigrantes para o que chamou de "terras europeias"e "mostrar aos invasores que nossas terras nunca serão deles enquanto um homem branco viver e que eles nunca irão nos substituir."

Sob o subtítulo Diversidade é fraqueza, ele citou o Brasil no manifesto como exemplo do fracasso de sociedades multiculturais, locais de "conflito social, político, religioso e étnico": "O Brasil, com toda a sua diversidade racial, está completamente fraturado como nação, as pessoas não se dão umas com as outras, se separam e se segregam sempre que possível."

O atentado foi inspirado pelo livro A Grande Substituição, do escritor francês Renaud Camus, que em 2012 apoiou a candidata neofascista Marine Le Pen, da Frente Nacional, hoje Reunião Nacional. Em sua teoria conspiratória, ele imagina que a Europa será dominada por imigrantes de outras origens étnicas e religiões.

"Diariamente, nós [brancos] nos tornamos menos numerosos" por causa da queda nas taxas de natalidade, em contraste com "as altas taxas de fertilidade dos imigrantes", argumentou o terrorista. Isso terminaria por "uma completa substituição racial e cultural dos povos europeus".

Outras inspirações foram o terrorista inglês Darren Osborne, que atacou um centro de acolhimento a muçulmanos em Londres em 2017, matando uma pessoa e ferindo outras novas, e foi condenado à prisão perpétua, e o norueguês Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas em ataques na Noruega em 2011.

O manifesto e a transmissão do ataque ao vivo tiveram a clara intenção de estimular atentados não só contra muçulmanos, mas também contra o multiculturalismo e os defensores da globalização.

Ataque contra mesquitas deixa 49 mortos na Nova Zelândia

Um ataque terrorista antimuçulmano contra duas mesquitas de Christchurch, a terceira maior cidade da Nova Zelândia, matou 40 pessoas e deixou ao menos 48 feridos, revelou há pouco a primeira-ministra Jacinda Ardern, fazendo um apelo para que o ódio não tome conta da sociedade. Mais tarde, o total de mortos subiu para 49.

"É claramente um dos dias mais sombrios da história da Nova Zelândia. É um ato de violência sem precedentes. Não é assim que nós somos", desabafou a primeira-ministra ao vivo em rede mundial.

O atirador disparou contra várias pessoas em vários locais. Teria gritado ofensas contra imigrantes e muçulmanos. Houve até uma transmissão ao vivo via Internet pelas redes sociais feita por ele. A polícia pediu que a imagem não seja compartilhada e quer tirá-la da rede.

Ele foi identificado como Brenton Tarrant, um australiano de 28 anos, um professor de educação física assumidamente fascista que atendia crianças sem cobrar nada.

Em uma das mesquitas, o terrorista entrou vestido com uniforme militar de camuflagem para floresta, capacete, um fuzil e grande quantidade de munição. Disparou pelo menos 40 tiros, disse uma testemunha.

Três homens a uma mulher foram presos em conexão com os ataques. A polícia não esclareceu se o assassino está entre eles. "Todos nós devemos condenar estes atos de violência", afirmou Jacinda Ardern, descrevendo-os como "um ataque terrorista".

A polícia recomendou aos moradores de Christchurch que permaneçam trancados dentro de suas casas até ser oficialmente confirmado que a situação está sob controle.

A Nova Zelândia, um país pequeno, com menos de 5 milhões de habitantes, está em choque.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Parlamento Britânico adia Brexit e rejeita segundo plebiscito

Por 412 a 202 votos, a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico aprovou um adiamento por três meses, até 30 de junho, da saída do Reino Unido da União Europeia. Em outra votação,  por 334 a 85, rejeitou a proposta da oposição trabalhista para convocar um segundo plebiscito para o eleitorado decidir se aceita ou não os termos da separação.

O adiamento precisa ser aprovado pelos outros 27 países da UE. A França um plano de que o governo britânico pretende fazer no novo prazo. A saída estava marcada para 29 de março, início de um período de transição de dois anos.

Oito ministros eurocéticos votaram contra o adiamento. A primeira-ministra Theresa May liberou os deputados do Partido Conservador para votarem de acordo com suas consciências, sem a obrigação de seguir a posição oficial do governo.

A estratégia de May é tentar aprovar o acordo que negociou com a UE numa terceira votação, na próxima semana. Para a ala mais eurocética, à direita, do Partido Conservador, há a ameaça de um adiamento por prazo ainda maior, se não for aprovada a proposta da primeira-ministra.

Se a saída passar de 30 de junho, o Reino Unido teria de participar das eleições para renovar o Parlamento Europeu.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Parlamento Britânico veta saída da UE sem acordo

A Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico vota nesta quinta-feira um adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia, marcada para 29 de março. Hoje, em novo capítulo do drama, por 312 a 308, os deputados rejeitaram uma saída dura, sem acordo com os outros 27 países-membros do bloco europeu, em qualquer circunstância.

Se a ruptura total defendida pela ala mais à direita e antieuropeia do Partido Conservador está descartada, sem acordo, não haverá Brexit. A saída da UE está prorrogada indefinidamente, dependendo da concordância dos outros 27, insatisfeitos com a hesitação britânica e a incerteza que provoca em toda a Europa.

O Parlamento Britânico não consegue formar uma maioria para aprovar qualquer projeto de saída da UE. A melhor saída seria uma nova consulta popular para o eleitorado decidir se aprova o acordo negociado com a UE ou anula o resultado do plebiscito de 23 de junho de 2016.

Quando votaram para sair da UE, os eleitores ouviram promessas que não se materializaram, como um grande aumento do orçamento para o Serviço Nacional de Saúde (NHS) e acordos comerciais livres de amarras o resto do mundo.

A economia britânica era das mais que cresciam entre os países ricos. Hoje está perto da estagnação. Então, a saída mais democrática seria submeter o acordo final do divórcio da Europa a um referendo.

Totalmente dividido, o Partido Conservador, que realizou o plebiscito, não admite convocar uma segunda consulta popular. Na oposição, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, anunciou semanas atrás apoio a um novo plebiscito. Mas sua relação com a Europa é ambígua.

Como esquerdista radical, Corbyn sempre considerou a UE um clube capitalista. Na campanha para o plebiscito de 2016, ele não alinhou claramente os trabalhistas aos defensores de ficar na UE. O partido se dividiu e várias regiões industriais decadentes que historicamente apoiam o Partido Trabalhista votaram para sair do bloco europeu.

Depois da segunda derrota do acordo negociado pela primeira-ministra Theresa May com a UE, o líder da oposição está mais interessado na queda do governo e na antecipação das eleições. No momento, Corbyn e os trabalhistas são favoritos.

A ala mais extremista do Partido Conservador tentou derrubar May com um desafio à sua liderança. Perdeu, mas está em revolta permanente contra o governo para defender a saída a qualquer preço. O risco de divisão do partido que mais tempo ficou no poder na democracia no mundo inteiro é enorme. Se não houver Brexit (do inglês, saída britânica), a ruptura será inevitável.

Depois de uma derrota 391 a 242 em 12 de março, May pretende reapresentar seu acordo com a UE pela terceira vez para votação pelos deputados. Tenta pressionar os extremistas do partido a aderir. O adiamento sem prazo traz o risco de que a saída não aconteça.

Ex-chefe da campanha de Trump está condenado a sete anos e meio

Uma juiza federal de Washington sentenciou hoje Paul Manafort, ex-chefe da campanha eleitoral de Donald Trump, a três anos e sete meses de prisão. Somada a outra pena a que ele já estava condenado, Manafort deve ficar sete anos e meio na cadeia, mas pode receber indulto presidencial.

Neste segundo processo, Manafort foi considerado culpado de conspirar contra o governo dos Estados Unidos, lavagem de dinheiro, obstrução de justiça e não revelar atividades como lobista no exterior que lhe renderam dezenas de milhões de dólares.

"É difícil exagerar o número de mentiras e fraudes, e o montante de dinheiro envolvido", declarou a juíza Amy Berman Jackson ao proferir a sentença, citada pelo jornal The New York Times. "Não há dúvida de que o réu sabia muito bem o que estava fazendo.

Manafort terá um abatimento dos nove meses que já passou na cadeia. "Eu lamento o que fiz e todas as atividades que nos trouxeram aqui hoje", disse o ex-assessor de Trump antes de receber a sentença. "Sei que foi minha conduta que me trouxe aqui hoje. Por isso, tenho remorso."

No primeiro processo, um júri do estado da Virgínia condenou-o por oito crimes, cinco acusações de falsa declaração de renda, duas de fraude bancária e outra por não declarar contas bancárias no exterior. Estes crimes foram descobertos pelo inquérito do procurador especial Robert Mueller, que investiga a interferência indevida da Rússia nas eleições americanas de 2016 e um possível conluio com a candidatura de Trump.

O condenado fez um acordo de delação premiada com Mueller, anulado porque ele concordou em cooperar a investigação. O procurador especial deve concluir seu trabalho em semanas. A grande questão é se vai apontar crimes cometidos pelo presidente.

Minutos depois da segunda sentença condenatória, foi apresentada uma denúncia contra Manafort por fraude imobiliária na Justiça estadual de Nova York. Como não é um processo federal, o presidente não pode lhe dar indulto neste caso.

terça-feira, 12 de março de 2019

Parlamento Britânico rejeita de novo acordo para sair da UE

Por 391a 242 votos, a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico rejeitou hoje pela segunda vez o acordo negociado pela primeira-ministra Theresa May com os outros 27 países-membros da União para a saída do Reino Unido. 

Com apenas 17 dias até a data marcada para a Brexit, os deputados votam amanhã para decidir se aceitam uma retirada sem qualquer acordo. Se a saída dura for rejeitada, na quinta-feira, a Câmara vota um possível adiamento.

Outra opção é a realização de um segundo plebiscito, com a possibilidade de anular a decisão anterior e manter o país no bloco europeu, defendida pela oposição trabalhista. Seria o fim do Partido Conservador, que se vangloria de ter o partido que ficou mais tempo no poder na história da democracia. Mas o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, gostaria mesmo é de eleições antecipadas, nas quais seria o favorito.

A primeira-ministra ainda fez um apelo final: "Esta noite os deputados enfrentam uma decisão muito clara: ou apoiam o acordo e o Reino Unido abandona a UE sem acordo, ou se arriscam a uma saída sem acordo ou que não haja nenhuma Brexit."

O argumento surrado, repetido há meses por May, diminuiu a derrota, mas não foi capaz de evitá-la. Em janeiro, May perdera por 230 votos. Agora, foram 149.

Na análise do jornal britânico Financial Times, o maior diário econômico-financeiro da Europa, "Theresa May perdeu o controle sobre a Brexit". Cerca de 75 deputados conservadores votaram com a oposição para derrubar sua proposta. Alguns eurocéticos mudaram o voto a foram a favor da proposta por medo de que o adiamento acabe com a Brexit.

Depois dos últimos contatos com a UE, ela afirmou ter conseguido garantias legais para evitar que a salvaguarda para não reinstalar uma fronteira dura entre a Irlanda e a Irlanda do Norte comprometesse o país indefinidamente com uma união aduaneira com o bloco europeu.

Horas depois, o advogado-geral do Reino Unido, Geoffrey Cox, derrubou a promessa de May: "Os riscos legais não mudaram nada."

Diante do parecer jurídico, os cerca de 100 deputados eurocéticos liderados pelo ultraconservador Jacob Rees Mogg decidiram votar contra a primeira-ministra mais uma vez. Este é o grupo que defende uma ruptura total com a UE, numa ressaca imperial megalomaníaca que ignora a perda de importância política e econômica que isto acarretará.

Basta ver as exigências apresentadas pelo representante comercial dos Estados Unidos para futuras negociações com o Reino Unido para entender que, isolado, o país terá o poder de barganha do tamanho de sua desimportância internacional.

Em Bruxelas, um porta-voz do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarou: "Não há mais nada que possamos fazer." A Presidência da França reafirmou que um adiamento terá de ser aprovado por unanimidade pelos outros 27 países da EU e será "totalmente inaceitável sem uma estratégia alternativa confiável de parte do Reino Unido."

Poluição do ar matou 8,8 milhões de pessoas em 2015

A poluição do ar mata duas vezes mais do que era estimado antes na Europa. Foram 790 mil mortes em 2015, concluiu uma pesquisa do  Centro Médico da Universidade Johannes Gutenberg, em Mainz, na Alemanha. No mundo inteiro, o total de mortes causadas pela contaminação do ar chegou a 8,8 milhões.

Com um novo modelo para avaliar o impacto de várias fontes de poluição do ar sobre a taxa de mortalidade, os pesquisadores estimaram o número de mortes causadas pelo ar impuro nos 28 países da União Europeia em 659 mil mortes.

Destas mortes, 40 a 80% são causadas por doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, duas vezes mais do que por problemas respiratórios.

"Para colocar em perspectiva, a poluição causa mais mortes por ano do que fumar produtos de tabaco, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita ter sido responsável por 7,2 milhões de mortes em 2015", observou o professor Thomas Münzel, do Departamento de Cardiologia do Centro Médico da Universidade de Mainz, na Alemanha, um dos autores do relatório. "A fumaça do cigarro é evitável, a poluição do ar não é."

Os pesquisadores usaram um modelo que simula os processos químicos da atmosfera e sua interação com a terra, as águas e as substâncias químicas emitidas pelo homem com a geração de energia, a indústria, os transportes e a agricultura. Concentraram-se na poluição de partículas mínimas, o material particulado, que tem no máximo 2,5 micros de diâmetro.

No mundo inteiro, a taxa de mortalidade por poluição do ar é de 120 por 100 mil. Na Alemanha, a poluição do ar mata 154 de cada 100 mil pessoas por ano, reduzindo a expectativa de vida em 2,4 anos. Esta redução é de 2,9 anos na Polônia, 1,9 ano na Itália, 1,6 na França e 1,5 no Reino Unido.

"Como a maior parte do material particulado e de outros poluentes do ar na Europa vem da queima de combustíveis fósseis, precisamos mudar com urgência para outras fontes de geração de energia", comentou o professor Jos Lelieveld, do Instituto Max Plank para Química, em Mainz.

"Quando usamos energia limpa e renovável", acrescentou, "não estamos apenas cumprindo o Acordo de Paris para mitigar os efeitos da mudança no clima. Podemos também reduzir as mortes causadas pela poluição do ar na Europa em 55%.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Bouteflika retira candidatura e adia eleição presidencial na Argélia

Depois de semanas de protestos, em carta à população da Argélia, o presidente Abdelaziz Bouteflika desistiu de concorrer a um quinto mandato e adiou a eleição presidencial marcada para 18 de abril, informou há pouco o jornal francês Le Monde.

A eleição presidencial será realizada depois de uma conferência nacional para reformar o sistema político e apresentar um novo projeto de Constituição, anunciou Bouteflika, que sofreu um acidente vascular cerebral em 2013 e desde então não aparece em público. Durante a campanha para a eleição de 2014, não fez nenhum ato público.

Desde 22 de fevereiro, a Argélia enfrenta a maior onda de protestos desde o fim da brutal Guerra Civil Argelina (1991-2002), em que 100 a 150 mil pessoas foram mortas. Bouteflika está no poder desde 1999. Presidiu ao fim da guerra civil.

A Argélia é governada pela Frente de Libertação Nacional (FLN) desde a independência da França, em 1962. Em 1991, o regime anulou as eleições parlamentares que seriam vencidas pela Frente Islâmica de Salvação (FIS), deflagrando o início da guerra civil.

China proíbe temporariamente voos do Boeing 737 MAX 8

A Administração da Aviação Civil da China ordenou a todas as companhias aéreas que suspendam temporariamente os voos do Boeing 737 MAX 8, depois do segundo acidente com aviões novos deste modelo em menos de cinco meses, a partir das 18h desta segunda-feira pela hora de Beijim (7h em Brasília). A Etiópia e a Indonésia tomaram a mesma medida.

Todos os 157 passageiros e tripulantes do voo ET-302 (Adis Abeba-Nairóbi) da Ethiopian Airlines morreram hoje. O acidente aconteceu pouco depois da decolagem.

Em 29 de outubro de 2018, todas as 189 pessoas a bordo do voo JT-610, da companhia indonésia Lion Air, com o mesmo tipo de avião, tiveram o mesmo destino trágico: um acidente sem sobreviventes.

Em nota, o órgão regulador chinês explico as razões da proibição: os aviões eram novos e os problemas aconteceram logo na decolagem. A Air China recebeu seu primeiro Boeing 737 MAX 8 no fim de 2017, pouco que a aeronave entrou em operação. Hoje as companhias aéreas chinesas têm 96 aviões deste modelo.

As caixas-pretas do Boeing da Lion Air indicaram que a tripulação lutou contra o computador de bordo, que mandava baixar o nariz do avião e reduzir a altitude, até o acidente, quando entrou no mar perto da ilha de Java, na Indonésia, a 900 quilômetros por hora.

Há um novo sistema que não havia nas versões anteriores do 737 para prevenir paralisação dos motores da aeronave que seria responsável pelo problema. A tripulação precisa fazer treinamento para enfrentar este tipo de situação.

No Brasil, a Gol usa o Boeing 737 MAX 8. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) declarou ter exigido treinamento específico.

domingo, 10 de março de 2019

Boeing da Ethiopian Airlines cai e todas as pessoas a bordo morrem

Um Boeing 737 MAX 8 da companhia aérea Ethiopian Airlines sofreu um acidente pouco depois de sair hoje do aeroporto de Adis Abeba, a capital da Etiópia, com destino a Nairóbi, a capital do Quênia. 

Todas as 157 pessoas a bordo morreram, aumentando as dúvidas sobre a segurança do novo modelo de avião, envolvido num acidente na Indonésia em outubro do ano passado.

O voo ET-302 decolou às 8h38 pela horal local (2h39 em Brasília). Seis minutos depois, perdeu o contato com os controladores de voo e caiu perto de Bishoftu. O piloto tinha 8 mil horas de voo. Entre os 49 passageiros e oito tripulantes, havia cidadãos de 35 países, sendo 35 quenianos.

"O piloto mencionou que havia dificuldades e pediu para retornar", declarou o diretor executivo da companhia, Tewolde Gebre Marian, em entrevista coletiva. O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed Ali, prometeu um amplo inquérito. Uma equipe da empresa americana Boeing viajou para a Etíopia para colaborar com a investigação.

Foi o segundo acidente com o novo modelo do Boeing 737, o avião mais vendido no mundo. Em outubro, um 737 MAX 8 da companhia aérea indonésia Lion Air com apenas três meses de uso caiu pouco depois de deixar o aeroporto de Jacarta, a capital da Indonésia, matando todas as 189 pessoas a bordo.

A investigação do acidente na Indonésia, ainda na fase preliminar, tem foco principal na manutenção do aparelho e em um sistema para prevenir paradas nas turbinas. O sensor e o programa de computador que o controla são diferentes dos modelos anterior dos 737s, e os pilotos não teriam recebido treinamento para operá-los.

A Administração Federal de Aviação, órgão de regulamentação do setor nos Estados Unidos, advertiu que a falta de preparo para lidar com o novo equipamento "poderia fazer com que a tripulação tivesse dificuldade de controlar a aeronave, levando ao rebaixamento excessivo do nariz, perda significativa de altitude e possível impacto com o solo."

No Brasil, onde o 737 MAX 8 é usado pela Gol, a Agência Nacional de Avião Civil (ANAC) exigiu treinamento dos pilotos e comissários de bordo para evitar problemas. A Boeing vendeu 4,5 mil aviões deste modelo para cerca de 100 companhias aéreas do mundo inteiro.

Com crescimento de 25% ao ano desde 2010, a Ethiopian Airlines se tornou a maior companhia aérea da África. No ano passado, transportou mais de 10 milhões de passageiros e teve um lucro de US$ 232 milhões (R$ 896 milhões).

A segurança da avião africana aumentou consideravelmente nos últimos anos. De 2016 a 2018, não houve nenhum acidente grave, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Em 2015, a África registrou 3,53 grandes acidentes para cada milhão de voos.

sábado, 9 de março de 2019

Negociações EUA-China atingem um obstáculo

O acordo para acabar com uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China enfrenta obstáculos que adiam a marcação de um encontro de cúpula entre o presidente Donald Trump e o ditador Xi Jinping. Por exigência dos chineses, eles só devem se reunir quando tiverem um documento para assinar.

Há duas semanas, o acordo parecia bem encaminhado. Depois do fracasso da reunião de cúpula entre o presidente Donald Trump e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, a situação mudou. Trump abandonou as negociações de desnuclearização em Hanói, no Vietnã, quando Kim não se comprometeu a fazer um inventário do arsenal nuclear norte-coreana.

A China teme que Trump use a mesma tática de negociação, pressionando Xi na última hora com ultimatos do tipo pegar ou largar no encontro de cúpula a ser realizado no hotel e clube de golfe do presidente americano em Mar-a-Lago, na Flórida.

Agora, a China quer que o encontro seja apenas uma cerimônia para assinatura do acordo. Não aceita que seja mais uma rodada de negociações, a última e definitiva. Xi não pretende correr o risco de se expor a manobras inesperadas de Trump.

"O que os ministros chineses querem dizer é 'sim, Xi Jinping vai aos EUA para uma visita de Estado e esperamos que Trump não envergonhe vocês'", comentou o professor Evan Medeiros, especialista em China da Universidade Georgetown e ex-assessor do presidente Barack Obama.

Para o embaixador americano em Beijim, Terry Branstad, "o acordo está praticamente acertado, talvez faltem os toques finais, os últimos pontos a serem resolvidos pelos dois líderes, que tem uma boa química entre si".

A proposta inicial era realizar o encontro Trump-Xi em 27 de março. Em visita do vice-primeiro-ministro Liu He à Casa Branca durante uma rodada de negociações em Washington, o presidente e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, pressionaram os chineses a manter a cúpula de Mar-a-Lago. A China resiste.

O governo Trump ameaçava aumentar em 2 de março de 10% para 25% as tarifas de importação sobre produtos comprados pelos EUA da China num valor anual de US$ 200 bilhões. Trump previu um salto nas bolsas de valores se houver um acordo entre as duas maiores economias, mas fez uma ressalva: "Se não for um grande acordo, não vamos fazer."

Esta incerteza e a imprevisibilidade do presidente dos EUA levam os chineses a querer preservar o líder supremo do partido e do governo de um fracasso espetacular no estilo Trump.

Até agora, a China concordou em comprar mais produtos agrícolas e de energia dos EUA, dar mais acesso a investidores americanos a setores do mercado chinês como finanças e automóveis, e aumentar a proteção sobre a propriedade intelectual.

Outras questões estão em aberto, como os subsídios chineses a setores de alta tecnologia e a manipulação do câmbio, que Beijim considera assuntos internos.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Mercado de trabalho dos EUA decepciona com ganho de 20 mil empregos

Num sinal de que a desaceleração global afeta a maior economia do mundo, a expansão do mercado de trabalho nos Estados Unidos sofreu uma forte baixa em fevereiro. O saldo positivo foi de apenas 20 mil vagas de emprego, mas a média salarial aumentou, revelou hoje o relatório mensal de emprego. A taxa de desemprego caiu de 4% para 3,8%.

Foi o resultado mais fraco desde setembro de 2017, quando o ritmo de contratações foi abalado por furacões violentos. Agora, os economistas esperavam um ganho de 180 mil postos de trabalho. Houve perdas nos setores da construção, mineração e varejo. O emprego na indústria aumentou, mas em ritmo menor.

"A queda nítida na expansão das folhas de pagamento em fevereiro fornece mais indícios de que o crescimento econômico diminuiu no primeiro trimestre do ano", comentou o economista Michael Pearce, da Capital Economics.

Mesmo assim, a média dos últimos três meses aponta um saldo de 186 vagas por mês. Com o mercado de trabalho sob pressão, a teoria econômica prevê aumento de salários, à medida que os empregadores têm de pagar mais para contratar.

Em fevereiro, a média salarial avançou 3,4% ao ano, a maior alta desde abril de 2009. No setor privado, ficou em US$ 27,66 por hora (R$ 107). A participação da população apta com idade para trabalhar ficou em 63,2%, em comparação com 63% um ano atrás.

Exportações da China têm forte queda

A China anunciou hoje a maior queda nas exportações em três anos, mais um sinal da desaceleração da economia mundial e do impacto da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos, noticiou o jornal inglês Financial Times.

Em fevereiro, as exportações chinesas registraram uma queda de 20,7% na comparação anual, a maior desde fevereiro de 2016. Os economistas ouvidos pela agência Reuters previam baixa de 4,8%. As importações recuaram 5,2%, quando a previsão era de -1,4%.

As exportações haviam crescido em janeiro, mas a maioria dos analistas não acreditou que fosse a tendência.

A China avança menos no momento de desaceleração nos EUA e em que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, reduz a previsão de crescimento da Zona do Euro para 2019 de 1,7% para 1,1%.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Estatísticas da China exageram o tamanho da economia do país

O produto interno bruto da China é superestimado em 12% e o crescimento real nos últimos anos foi 2 pontos percentuais abaixo do oficial, indica uma pesquisa da Brookings Institution, um centro de pesquisas com sede em Washington, a capital dos Estados Unidos, citada pelo jornal inglês Financial Times.

Com o relatório divulgado ontem, aumenta a preocupação do mercado de que a desaceleração da segunda maior economia do mundo seja mais profunda e mais grave do que dizem as estatísticas oficiais.

No ano passado, a China cresceu oficialmente 6,6% a menor taxa desde 1990, quando estava sob sanções por causa do Massacre na Praça da Paz Celestial, em junho de 1989.

A pesquisa examina o período de 2008 a 2016 e não faz uma estimativa sobre o crescimento no ano passado. Mas a julgar pelo registrado em 2016, o PIB da China em 2018 ficaria US$ 1,6 trilhão abaixo do número oficial, de 90 trilhões de iuanes, ou US$ 13,58 bilhões, em pouco menos de US$ 12 trilhões.

Desde a era de Mao Tsé-tung, com o planejamento central do regime comunista, o governo chinês adota planos e metas. Com as reformas de Deng Xiaoping, a partir de 1978, houve uma ênfase no crescimento econômico.

Como o crescimento legitima o poder absoluto, o Partido Comunista avalia seus quadros com base no desempenho da economia das cidades e províncias. Os líderes municipais e regionais são recompensados pelo cumprimento das metas de crescimento e investimento. Assim, tendem a inflar os dados sobre a expansão da economia.

Durante anos, a soma dos PIBs das províncias superava o total do país. O próprio Escritório Nacional de Estatísticas admitiu que "alguns dados são falsificados". Em 2017, o governo central acusou três províncias do cinturão industrial do Nordeste da China de divulgar estatísticas mentirosas.

Os pesquisadores concluíram que antes da 2007 e 2008, as autoridades federais conseguiam corrigir os dados e obter um resultado final mais acusado. Depois da crise internacional, houve um relaxamento.

Em 2018, o órgão oficial de estatísticas prometeu para este ano um controle maior sobre os dados coletados pelas províncias para eliminar as distorções. Depois de décadas de alto crescimento, o governo chinês tenta conter a poluição e fechar empresas estatais deficitárias, o que no mínimo reduz a expansão. Quer um crescimento mais sadio e racional.

Desde 2005, o governo da China guarda os dados do imposto sobre valor agregado, o equivalente ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços do Brasil (ICMS), num sistema de computadores considerado resistente à fraude e à manipulação. Os economistas costumam cruzar os dados do crescimento com a arrecadação do ICMS para ter uma ideia mais real da expansão econômica chinesa.

Na abertura da reunião anual do Congresso Nacional do Povo, o primeiro-ministro Li Keqiang fixou a meta de expansão para este ano numa faixa de 6% a 6,5%.

Facção do regime chavista impediu prisão de Guaidó

Se dependesse do ditador Nicolás Maduro, o presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, teria sido preso ao voltar para a Venezuela. Uma facção do regime chavista impediu o Tribunal Supremo da Justiça de emitir um mandado de prisão, noticiou a rede de televisão americana ABC.

É uma indicação de que há uma divisão dentro do regime diante do colapso da economia da Venezuela, com queda de 50% desde a morte de Hugo Chávez e a ascensão de Maduro, há seis anos. Uma divisão interna é a grande esperança para o fim do atual governo e a abertura de negociações para uma transição para a democracia..

Desde a era Chávez (1999-2013), o Tribunal Supremo tem sido submisso ao Poder Executivo. Havia proibido Guaidó de sair da Venezuela. Ao ficar contra Maduro, indica que forças poderosas rejeitaram a prisão de Guaidó, capaz de inflamar uma situação extremamente tensa.

Ontem, o governo Maduro expulsou o embaixador da Alemanha, que estava entre o grupo de diplomatas que foi até o aeroporto para garantir que Guaidó não seria preso ao voltar a Venezuela. Dezesseis dos  28 países da União Europeia e um total de 52 países no mundo inteiro, inclusive o Brasil, reconheceram Guaidó como presidente legítimo da Venezuela.

Maioria dos americanos acredita que Trump cometeu crimes

O presidente Donald Trump cometeu crimes antes de chegar à Casa Branca, disseram 64% dos entrevistados numa pesquisa nacional da Universidade Quinnipiac, nos Estados Unidos, enquanto 24% acreditam que é inocente.

Entre os eleitores republicanos, 48% consideram Trump inocente e 33% entendem que cometeu crimes antes de se tornar presidente. Em todos os outros segmentos da pesquisa, outros partidos, por gênero, por educação, idade e classe social, a maioria é contra Trump.

Quanto a crimes cometidos no exercício do mandato, que poderiam levar a um processo de impeachment, os americanos estão divididos por 45% a 43%.

O pagamento feito por ordem de Trump para esconder histórias negativas para sua campanha como suas amantes foi considerado antiético e criminoso por 40% das pessoas ouvidas na sondagem. Outros 21% acharam antiético, mas não um crime, e 20% não acharam nem antiético.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Talebã exigem retirada total dos EUA em um ano

Nas negociações sobre a paz no Afeganistão, a milícia fundamentalista muçulmana dos Talebã (Estudantes) está exigindo uma retirada total das forças dos Estados Unidos dentro de um ano, informou a agência de notícias Bloomberg.

Os EUA devem rejeitar a exigência. As forças internacionais que invadiram o Afeganistão em resposta aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 tem hoje 22 mil soldados, sendo 14 mil americanos. Washington pode aceitar uma retirada parcial, como um gesto para criar maior confiança entre as partes.

Os países vizinhos, especialmente o Paquistão, temem que uma retirada rápida dos EUA aliados aumente a instabilidade no Afeganistão, um país que vive em guerra desde a invasão pela União Soviética, em 26 de dezembro de 1979.

A atual guerra é a mais longa da história dos EUA. Os americanos atacaram o Afeganistão em 7 de outubro de 2001 para punir a rede terrorista Al Caeda, responsável pelos atentados nos EUA, e os Talebã, que governavam o país e deram refúgio a Ossama ben Laden e seus fanáticos seguidores.

Hoje a principal exigência dos EUA é que os Talebã não deem abrigo a grupos terroristas interessados em atacar os EUA e seus aliados.

EUA tiveram em 2018 maior déficit comercial em 10 anos

Apesar da guerra comercial promovida pelo presidente Donald Trump, os Estados Unidos registraram no ano passado um déficit comercial de US$ 621 bilhões, cerca de R$ 2,3 trilhões. Foi o maior desde 2008, quando chegou a US$ 709 bilhões, R$ 2,7 trilhões pela cotação atual.

O resultado é atribuído ao vigor da maior economia do mundo, com forte apetite por importações e pelas dificuldades dos exportadores, que enfrentaram tarifas retaliatórias impostas por outros países, especialmente a China.

As exportações dos EUA somaram US$ 2,5 trilhões (R$ 9,4 trilhões), com alta de US$ 148,9 bilhões (R$ 562 bilhões) em relação a 2017, enquanto as importações cresceram US$ 217,7 bilhões (R$ 821,7 bilhões), ultrapassando US$ 3,1 trilhões (R$ 11,7 trilhões).

No comércio de bens, o déficit aumentou 10,4% para um recorde de US$ 891,3 bilhões (R$ 3364,1 trilhões) O saldo em serviços subiu 5,9% para US$ 270,2 bilhões (R$ 1,0198 trilhão). Com a China, apesar de sobretaxar importações no valor de US$ 250 bilhões (R$ 943,6 bilhões), o déficit dos EUA cresceu US$ 43,6 bilhões (R$ 164,6 bilhões) para US$ 419,2 bilhões (R$ 1,582 bilhão).

Coreia do Norte reconstruiu plataforma de lançamento de mísseis

Durante o segundo encontro de cúpula entre o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong Un, a Coreia do Norte estava reconstruindo uma base de testes de mísseis e sua plataforma de lançamento, noticiou o jornal The Washington Post.

A obra na base de Tongchang-ri, oficialmente um centro de lançamento de satélites, começou entre 16 de fevereiro e 2 de março, de acordo com as imagens de satélite. O encontro Trump-Kim foi realizado em 27 e 28, em Hanói, no Vietnã.

Aumenta a suspeita de que a ditadura comunista norte-coreana não tem a intenção de abrir mão totalmente das armas nucleares e da tecnologia de mísseis que levou décadas para desenvolver.

No discurso do regime stalinista de Pyongyang, a base de Tongchang-ri seria desmantelada sob a fiscalização de inspetores internacionais. Deveria ser um sinal de boa fé nas negociações.

Em Hanói, ao se retirar para pressionar os norte-coreanos, Trump afirmou que Kim lhe havia prometido não retomar os testes nucleares e de mísseis. Neste sentido, qualquer atividade em bases de lançamento de mísseis será considerada uma provocação pelos EUA.

Tongchang-ri é a maior base de testes de mísseis da Coreia do Norte. Ela começou a ser desmantelada pouco depois do primeiro encontro dos dois líderes, em 12 de junho do ano passado, em Cingapura. O desmantelamento parou em agosto e agora a base está sendo reconstruída.

Era uma iniciativa unilateral para mostrar boa fé nas negociações. No momento, indica exatamente o contrário. As negociações estão em marcha à ré. O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, o linha-dura John Bolton, ameaçou aumentar as sanções à Coreia do Norte, se não cumprir a promessa de desnuclearização.

Na base de lançamento, um edifício para receber equipamentos, os trilhos de acesso e dois guindastes estão em ação. Ainda há muito material de construção espalhado no chão.

Índia faz acordo para alugar submarino nuclear da Rússia

A Índia deve assinar amanhã um acordo com a Rússia para alugar um submarino nuclear de ataque Chakra III, da classe Akula, por US$ 3 bilhões, cerca de R$ 11,3 bilhões, noticiou ontem o jornal indiano The Economic Times.

É o maior contrato de compra de armas da Rússia pela Índia desde um negócio de US$ 5,5 bilhões, cerca de US$ 20,8 bilhões, para aquisição do sistema de defesa antiaérea S-400, no ano passado, desafiando sanções impostas pelos Estados Unidos.

A Rússia é a maior fornecedora de armas de guerra à Índia. Este submarino será o terceiro alugado pela Índia, por isso foi batizado como Chakra III. Deve entrar em operação em 2025. O aluguel do Chakra II, que vai até 2022, pode ser estendido por mais cinco anos.

Este tipo de submarino é movido a energia nuclear mas carrega armas convencionais. Sua vantagem é poder ficar meses submerso, dificultando a detecção pelo inimigo. O Akula é considerado o segundo melhor submarino do mundo, depois dos americanos.

terça-feira, 5 de março de 2019

Justiça do Japão dá liberdade sob fiança para o executivo brasileiro Carlos Ghosn

Depois de mais de três meses de prisão sob a acusação de fraude financeira, fraude fiscal e enriquecimento ilícito, a Justiça do Japão concedeu hoje liberdade sob fiança ao executivo líbano-brasileiro Carlos Ghosn, ex-diretor-geral das companhias automobilísticas Nissan, Mitsubishi e Renault.

A fiança foi fixada em um bilhão de ienes, cerca de US$ 8,9 milhões ou R$ 33,5 milhões. Ele deve sair da prisão hoje mesmo, mas não pode deixar o Japão, noticiou o canal de notícias France 24. 

Ghosn foi preso em 19 de novembro de 2018 depois de um investigação interna da Nissan, sob a acusação de omitir ganhos de 5 bilhões de ienes, cerca de US$ 89 milhões pelo câmbio da época, hoje o equivalente a R$ 335,96 milhões..

Em dezembro, ele foi considerado suspeito de usar fundos da Nissan para cobrir prejuízos de US$ 16,6 milhões, cerca de R$ 62,66 milhões, com derivativos no mercado financeiro durante a crise internacional de 2008.

Só por esta última acusação, o executivo pode pegar 10 anos de cadeia. Ghosn acusa colegas dentro da Nissan pelas alegações. Os executivos japoneses temeriam um plano de fusão com a companhia francesa Renault capaz de tirar o controle da empresa do Japão.

O executivo ganhou cerca de 13 milhões de euros, cerca de R$ 55,6 milhões pela cotação atual, por ano para administrar as três fabricantes de automóveis.

Estados democratas se articulam para superar o Colégio Eleitoral

Depois de perder duas eleições presidenciais que venceu no voto popular, em 2000 e 2016, o Partido Democrata tenta superar o Colégio Eleitoral criado pela Constituição dos Estados Unidos. 

O governador do Colorado, Jared Polis, é o 12º a sancionar uma lei para que os votos eleitorais de seu estado vão para o vencedor do voto popular em nível nacional, noticiou o boletim de notícias The Hill.

O Distrito de Colúmbia, onde fica Washington, a capital do país, também aderiu ao Compacto Interestadual pelo Voto Popular Nacional. Até agora, participam 12 estados e o distrito federal, somando um total de 181 votos eleitorais.

Como a maioria absoluta no Colégio Eleitoral é de no mínimo 270 votos, ainda faltam 89. Talvez não seja possível mudar a regra do jogo até 2020, mas os governadores democratas esperam ter apoio suficiente em 2024, especialmente se Donald Trump for reeleito.

No ano 2000, Albert Gore Jr. teve cerca de 500 mil votos a mais do que George Walker Bush, que ganhou no Colégio Eleitoral por 271 a 266 graças a uma vitória por apenas 537 votos no estado da Flórida quando a Suprema Corte suspendeu a recontagem de 45 mil votos de resultado duvidoso, que não puderam ser lidos por máquinas.

Em 2016, Hillary Clinton teve quase 3 milhões de votos a mais do que Trump, mas perdeu por 304 a 227 no Colégio Eleitoral por ter sido derrotadas por pequenas margens em estados-chaves como Michigan, Ohio e Pensilvânia.

"Se tivéssemos os candidatos a presidente fazendo campanha no país inteiro e não apenas nos estados que podem oscilar para um lado ou outro, veríamos maior participação. Penso que isso seria bom e saudável para o processo eleitoral", declarou o deputado estadual Emily Sirota, um dos autores do projeto de lei.

Todos os estados que fazem parte do compacto votaram em Al Gore e Hillary Clinton, menos o Colorado, que em 2000 elegeu George W. Bush. Outros 16 estados debatem projetos com o mesmo objetivo. Se Delaware, Maine, Nevada e Oregon aprovaram a medida, o total de votos eleitorais sobe para 206.

Os republicanos consideram a manobra inconstitucional. Como numa federação, cada estado tem o direito de organizar suas eleições, se o movimento avançar, a disputa deve chegar à Suprema Corte.

Para mudar a Constituição, são necessários dois terços dos votos na Câmara e no Senado e a ratificação por 75% dos estados. Como os estados pequenos ganham um poder maior com o Colégio Eleitoral, é altamente improvável, que mudem uma regra que favoreceria os estados com maior população, como Califórnia, Texas, Nova York e Flórida.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Huawei deve acionar governo dos EUA na Justiça

A grande companhia de equipamentos de telecomunicações chinesa Huawei vai acionar o governo dos Estados Unidos na Justiça, contestando a decisão de proibir agências federais americanas de usar produtos da empresa, noticiou hoje o jornal The New York Times.

A ação deve ser impetrada no estado do Texas ainda nesta semana. A Huawei alega estar sendo punida antes de ser julgada.

O governo dos EUA tenta negar acesso de companhias chinesas de telecomunicações ao mercado americano e de seus aliados, especialmente da tecnologia de comunicação móvel de quinta geração (5G), sob o argumento de que seus equipamentos podem ser usados para espionagem da China.

A Lei de Autorização de Defesa Nacional proíbe agências federais dos EUA de fazer contratos com empresas controladas, associadas ou de propriedade do regime comunista chinês.

A pedido de autoridades americanas, o Canadá prendeu a diretora financeira e filha do fundador da Huawei, Meng Wanzhou. Seu pedido de extradição será julgado nos próximos dias em Toronto. Os EUA a acusam de violar as sanções ao Irã.

Meng Wanzhou promete processar o governo canadense pelo que considera uma prisão ilegal.

Bouteflika promete convocar nova eleição daqui a um ano

Diante de uma onda de protestos contra o anúncio de que será candidato a um quinto mandato na eleição de 18 de abril de 2019, o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, anunciou que, se for reeleito, vai convocar nova eleição daqui a um ano, informou a televisão árabe Al Jazira. A oposição afirma que ele fez a mesma proposta no passado e não cumpriu.

Este prazo de um ano daria tempo para o regime escolher um sucessor para Bouteflika com alguma viabilidade eleitoral. Mas a cólera das ruas pressiona para que o presidente não conquista um quinto mandato.

Bouteflika, de 82 anos, está no poder desde 1999. Presidiu assim ao fim da sangrenta Guerra Civil Argelina (1991-2002), iniciada quando o regime da Frente de Libertação Nacional (FLN) anulou as eleições parlamentares que seriam vencidas pela Frente Islâmica de Salvação (FIS).

O próprio Bouteflika estimou o total de mortos em 100 mil no ano 2000 e em 150 mil em 2005. A FLN governa o país desde a independência deste país do Norte da África da França, em 1962.

China reduz meta de crescimento econômico para 2019

Em relatório a ser apresentado na abertura da sessão anual do Congresso Nacional do Povo na manhã desta terça-feira pelo primeiro-ministro Li Keqiang, sob o impacto da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos, o governo da China reduz a meta de crescimento econômico para uma faixa de 6% a 6,5%, noticiou o jornal inglês Financial Times. 

Aumenta o temor do mercado de que a segunda maior economia do mundo esteja em curva descendente. Em 2019, a China cresceu 6,6%, o pior resultado desde 1990, quando o país estava sob o impacto das sanções impostas depois do Massacre na Praça da Paz Celestial.


A meta de inflação foi fixada em 3% e o déficit fiscal previsto é de 2,8% do produto interno bruto, 0,2 ponto percentual acima do ano passado.

"Levando em conta todos os fatores, a arrecadação de impostos encara uma situação sombria em 2019. Vai haver grande pressão para manter o equilíbrio orçamentário", admite o relatório do Ministério da Fazenda.

O próprio primeiro-ministro Li Keqiang acrescentou ao relatório: "Vamos enfrentar tarefas pesadas, muitos desafios e grandes demandas."

As autoridades chineses querem manter o crescimento econômico, que legitima a ditadura do Partido Comunista, o que impede reformas fundamentais. Há uma abundância de capital que acaba sendo investido em estatais que de outra forma estariam condenadas.

No ano passado, o governo Donald Trump impôs sobretaxas sobre importações chinesas no valor de US$ 250 bilhões por ano. Os objetivos são reduzir o déficit comercial, a manipulação cambial, a pirataria industrial e os subsídios concedidos pelo governo da China a suas empresas. Há expectativa de um acordo a ser anunciado em breve.

domingo, 3 de março de 2019

Milícia árabe-curda faz ofensiva contra último reduto do Estado Islâmico

As Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia árabe-curda treinada, apoiada e armada pelos Estados Unidos, invadiram o pequeno povoado de Baguz, o último reduto do Estado Islâmico na Síria, situado à margem direita do Rio Eufrates, na fronteira com o Iraque, noticiou a Agência France Presse.

Numa resistência desesperada, os últimos milicianos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante se movem entre prédios abandonados e um acampamento improvisado na periferia do povoado, entre as palmeiras do beira do Eufrates.

"A luta é intensa no momento", descreveu um comandante das FDS. "Nossas forças avançam em duas direções."

Depois de uma semana de cerco para permitir a fuga dos civis, as FDS lançaram na sexta-feira o que esperam que seja a ofensiva final contra a organização terrorista que, em 2014, proclamou um califado do tamanho do Reino Unido no Leste da Síria e no Oeste do Iraque.

Mais de 50 mil pessoas conseguiram escapar do que resta do califado proclamado pelo líder Abu Baker Al-Baghdadi em 29 de junho de 2014, depois da tomada de Mossul, uma das maiores cidades do Iraque, 19 dias antes. Entre os civis, pode haver milicianos tentando escapar da morte ou da prisão.

O colapso do califado começou em 2017, com a retomada de suas capitais, Rakka, na Síria, e Mossul, no Iraque.

Sob intensa pressão, o Estado Islâmico usa túneis, armadilhas e terroristas suicidas para tentar resistir ao avanço do inimigo.

"Não podemos dar um prazo para esta batalha. Pode ser uma semana, duas semanas, três semanas. Depende das surpresas que encontramos no caminho", declarou Adnan Afrin, porta-voz das FDS. "Quem não se entregou até agora vai encontrar aqui seu destino."