O produto interno bruto da China é superestimado em 12% e o crescimento real nos últimos anos foi 2 pontos percentuais abaixo do oficial, indica uma pesquisa da Brookings Institution, um centro de pesquisas com sede em Washington, a capital dos Estados Unidos, citada pelo jornal inglês Financial Times.
Com o relatório divulgado ontem, aumenta a preocupação do mercado de que a desaceleração da segunda maior economia do mundo seja mais profunda e mais grave do que dizem as estatísticas oficiais.
No ano passado, a China cresceu oficialmente 6,6% a menor taxa desde 1990, quando estava sob sanções por causa do Massacre na Praça da Paz Celestial, em junho de 1989.
A pesquisa examina o período de 2008 a 2016 e não faz uma estimativa sobre o crescimento no ano passado. Mas a julgar pelo registrado em 2016, o PIB da China em 2018 ficaria US$ 1,6 trilhão abaixo do número oficial, de 90 trilhões de iuanes, ou US$ 13,58 bilhões, em pouco menos de US$ 12 trilhões.
Desde a era de Mao Tsé-tung, com o planejamento central do regime comunista, o governo chinês adota planos e metas. Com as reformas de Deng Xiaoping, a partir de 1978, houve uma ênfase no crescimento econômico.
Como o crescimento legitima o poder absoluto, o Partido Comunista avalia seus quadros com base no desempenho da economia das cidades e províncias. Os líderes municipais e regionais são recompensados pelo cumprimento das metas de crescimento e investimento. Assim, tendem a inflar os dados sobre a expansão da economia.
Durante anos, a soma dos PIBs das províncias superava o total do país. O próprio Escritório Nacional de Estatísticas admitiu que "alguns dados são falsificados". Em 2017, o governo central acusou três províncias do cinturão industrial do Nordeste da China de divulgar estatísticas mentirosas.
Os pesquisadores concluíram que antes da 2007 e 2008, as autoridades federais conseguiam corrigir os dados e obter um resultado final mais acusado. Depois da crise internacional, houve um relaxamento.
Em 2018, o órgão oficial de estatísticas prometeu para este ano um controle maior sobre os dados coletados pelas províncias para eliminar as distorções. Depois de décadas de alto crescimento, o governo chinês tenta conter a poluição e fechar empresas estatais deficitárias, o que no mínimo reduz a expansão. Quer um crescimento mais sadio e racional.
Desde 2005, o governo da China guarda os dados do imposto sobre valor agregado, o equivalente ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços do Brasil (ICMS), num sistema de computadores considerado resistente à fraude e à manipulação. Os economistas costumam cruzar os dados do crescimento com a arrecadação do ICMS para ter uma ideia mais real da expansão econômica chinesa.
Na abertura da reunião anual do Congresso Nacional do Povo, o primeiro-ministro Li Keqiang fixou a meta de expansão para este ano numa faixa de 6% a 6,5%.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 7 de março de 2019
Estatísticas da China exageram o tamanho da economia do país
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