Um Boeing 737 MAX 8 da companhia aérea Ethiopian Airlines sofreu um acidente pouco depois de sair hoje do aeroporto de Adis Abeba, a capital da Etiópia, com destino a Nairóbi, a capital do Quênia.
Todas as 157 pessoas a bordo morreram, aumentando as dúvidas sobre a segurança do novo modelo de avião, envolvido num acidente na Indonésia em outubro do ano passado.
O voo ET-302 decolou às 8h38 pela horal local (2h39 em Brasília). Seis minutos depois, perdeu o contato com os controladores de voo e caiu perto de Bishoftu. O piloto tinha 8 mil horas de voo. Entre os 49 passageiros e oito tripulantes, havia cidadãos de 35 países, sendo 35 quenianos.
"O piloto mencionou que havia dificuldades e pediu para retornar", declarou o diretor executivo da companhia, Tewolde Gebre Marian, em entrevista coletiva. O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed Ali, prometeu um amplo inquérito. Uma equipe da empresa americana Boeing viajou para a Etíopia para colaborar com a investigação.
Foi o segundo acidente com o novo modelo do Boeing 737, o avião mais vendido no mundo. Em outubro, um 737 MAX 8 da companhia aérea indonésia Lion Air com apenas três meses de uso caiu pouco depois de deixar o aeroporto de Jacarta, a capital da Indonésia, matando todas as 189 pessoas a bordo.
A investigação do acidente na Indonésia, ainda na fase preliminar, tem foco principal na manutenção do aparelho e em um sistema para prevenir paradas nas turbinas. O sensor e o programa de computador que o controla são diferentes dos modelos anterior dos 737s, e os pilotos não teriam recebido treinamento para operá-los.
A Administração Federal de Aviação, órgão de regulamentação do setor nos Estados Unidos, advertiu que a falta de preparo para lidar com o novo equipamento "poderia fazer com que a tripulação tivesse dificuldade de controlar a aeronave, levando ao rebaixamento excessivo do nariz, perda significativa de altitude e possível impacto com o solo."
No Brasil, onde o 737 MAX 8 é usado pela Gol, a Agência Nacional de Avião Civil (ANAC) exigiu treinamento dos pilotos e comissários de bordo para evitar problemas. A Boeing vendeu 4,5 mil aviões deste modelo para cerca de 100 companhias aéreas do mundo inteiro.
Com crescimento de 25% ao ano desde 2010, a Ethiopian Airlines se tornou a maior companhia aérea da África. No ano passado, transportou mais de 10 milhões de passageiros e teve um lucro de US$ 232 milhões (R$ 896 milhões).
A segurança da avião africana aumentou consideravelmente nos últimos anos. De 2016 a 2018, não houve nenhum acidente grave, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Em 2015, a África registrou 3,53 grandes acidentes para cada milhão de voos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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