Em novo golpe às pretensões da primeira-ministra Theresa May, o presidente da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, deputado John Bercow, declarou hoje que o governo não pode colocar em votação pela terceira vez a mesma proposta de acordo com a União Europeia derrotada duas vezes, noticiou hoje o jornal inglês The Independent.
Bercow citou regras que estariam em vigor desde a Conspiração da Pólvora, em 1605, torpedeando a estratégia da primeira-ministra. Ele alega que a proposta só pode ser apresentada se houver "mudanças substanciais", mas a UE se nega a renegociar o acordo.
May tenta pressionar a ala mais extremista e eurocética do Partido Conservador a aprovar o acordo para evitar um longo adiamento, capaz de enfraquecer a Brexit (saída britânica, do inglês).
Os conservadores eurocéticos ficaram furiosos. Há algum tempo, suspeitam que o presidente da Câmara trabalha para evitar a saída do país da UE. Eles só admitem votar a favor do acordo se a primeira-ministra renunciar à liderança do partido, o que poderia lhes dar a chefia do governo e assim a chance de controlar as negociações sobre as relações futuras com a Europa.
As dificuldades para chegar a uma maioria no Parlamento em torno do acordo de saída deve obrigar o governo britânico a pedir um adiamento da data de saída além de 30 de junho. A data prevista inicialmente era 29 de março.
Na semana passada, a Câmara rejeitou no dia 12 o acordo revisado com a UE. No dia 13, votou contra uma saída dura, sem qualquer acordo com a UE, o que seria um duro golpe na economia. No dia 14, aprovou o adiamento da Brexit.
Nesta quarta-feira, dia 20, Theresa May vai a Bruxelas requerer oficialmente o adiamento. Se a prorrogação do prazo for além de três meses, o Reino Unido terá de participar das eleições para o Parlamento Europeu no fim de maio.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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