domingo, 24 de março de 2019

Relatório Mueller isenta campanha de Trump de conluio com a Rússia

O inquérito do procurador especial Robert Mueller não encontrou provas de que "a campanha do presidente Donald Trump ou qualquer associado conspirou ou se coordenou com a Rússia em seus esforços para influenciar a eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos", de acordo com um resumo apresentado hoje pelo Departamento da Justiça a deputados e senadores.

Também não há provas "suficientes" de que Trump tenha obstruído a justiça e tentado dificultar a investigação, afirmou o secretário da Justiça e procurador-geral dos EUA, William Barr, sem exonerar totalmente o presidente.

Trump festejou o resultado da investigação que atacou várias vezes como uma "caça às bruxas", alegando ter sido "total e completamente exonerado", mas o Partido Democrata, de oposição, exige a divulgação pública integral do relatório. "O povo americano tem o direito de saber", insistiram a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.

"Depois de uma longa investigação, depois de não olhar para o outro lado - onde aconteceu uma série de coisas ruins, um monte de coisas horríveis para nosso país -, acaba de ser anunciado que não houve conluio com a Rússia", declarou o presidente na Flórida. "É uma vergonha que nosso país tenha passado por isto, para ser honesto é uma vergonha que nosso presidente tenha sido submetido a isso."

Aparentemente, a conclusão do inquérito é uma vitória do presidente e um elemento importante para sua campanha à reeleição em 2020. Os republicanos festejaram: "É um grande dia para o presidente Trump. Uma nuvem que pairava sobre o presidente Trump foi removida", comentou o presidente da Comissão de Justiça do Senado, Lindsay Graham, que jogou golfe com Trump no fim de semana.

Mas seis assessores do presidente foram denunciados criminalmente e há outras investigações, relacionadas a seu ex-advogado Michael Cohen e o pagamento para que duas mulheres que alegam ter tido casos amorosos com Trump ficassem em silêncio durante a campanha eleitoral. Pela lei eleitoral americana, os pagamentos deveriam ter sido registrados como despesa de campanha.

A suspeita de obstrução de justiça era uma questão central da investigação. Mueller, ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal americana, foi nomeado procurador especial depois que Trump demitiu, em maio de 2017 o então diretor-geral do FBI, James Comey, por se negar a suspender o inquérito sobre a interferência russa nas eleições de 2016.

Em um ano e dez meses, o inquérito de Muller fez 199 acusações contra 37 pessoas, sendo seis ligadas a Trump. Doze militares russos foram denunciados por pirataria cibernética e 13 por conspiração para defraudar os EUA. Houve 2,8 mil intimações e 500 operações de busca e apreensão. Cerca de 500 testemunhas foram interrogadas e 13 pedidos foram feitos a governos estrangeiros.

Na carta aos congressistas, o procurador-geral disse que não houve conspiração "apesar dos múltiplos esforços de indivíduos ligados à Rússia para ajudar a campanha de Trump". A suspeita foi reforçada pela negativa do presidente de criticar o presidente Vladimir Putin depois que os serviços secretos dos EUA concluíram que o governo russo tentou manipular o eleitorado americano.

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