Pelo menos oito pessoas foram mortas e outras 12 feridas quando um homem invadiu uma ciclovia com uma caminhonete, por volta das 15h05 (17h05 em Brasília), e dirigiu por cerca de 20 quadras atropelando pedestres e ciclistas no Sul da ilha de Manhattan, em Nova York.
O terrorista ainda jogou o veículo contra um ônibus escolar. Ao ser interceptado pela polícia, desceu com armas de brinquedo na mão, mas foi baleado e dominado, quando teria gritado "Alá é grande!", por ser um extremista muçulmano.
É o primeiro atentado terrorista com mortes em Nova York desde o ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Cinco mortos eram argentinos, uma belga e dois americanos.
O terrorista foi identificado como Sayfullo Saipov, de 29 anos, um cidadão da ex-república soviética do Usbequistão que vive nos Estados Unidos desde 2010. Tem um endereço na Flórida, mas nos últimos meses morava em Paterson, no estado de Nova Jérsei, vizinho de Nova York, e trabalhava como motorista de Uber. Ele deixou uma nota jurando legaldade à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
Desde 14 de julho de 2016, quanto um terrorista atropelou e matou 86 pessoas e feriu outras 458 em Nice, no Sul da França, houve vários ataques terroristas cometidos por extremistas muçulmanos com veículos, em Berlim, na Alemanha; em Estocolmo, na Suécia; em Barcelona, na Espanha; e três vezes em Londres, no Reino Unido. O método é usado há mais tempo em Israel.
Era só uma questão de tempo chegar aos EUA, como comentou um motorista de Uber sul-coreano que me levou do aeroporto ao hotel quando cheguei a Nova York em junho deste ano.
Na Times Square, no centro da zona de teatros da cidade, há enormes blocos de concreto protegendo a área de pedestres. É impossível proteger toda a cidade contra um ataque de veículos, mas o acesso a ciclovias pode ser bloqueado.
O presidente Donald Trump atribuiu o ataque à organização terrorista Estado Islâmico e chamou o terrorista de perturbado mental.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 31 de outubro de 2017
Planeta gigantesco desafia teoria de formação dos planetas
Um planeta-monstro descoberto numa estrela distante desafia a ciência. Pela teoria atual, ele não poderia ter se formado, noticiou a revisa acadêmica Monthly Notes of the Royal Astronomic Society (Sociedade Astronômica Real) do Reino Unido.
A teoria de formação dos planetas afirma que um planeta daquele tamanho não poderia se formar ao redor de uma estrela pequena. Pequenas estrelas podem formar planeta, mas não do tamanho de Júpiter, o maior do nosso sistema solar.
O NGTS-1b é um gigante formado por gás. Por causa do tamanho e da temperatura, faz parte de um tipo de planeta conhecido como "Júpiter quente", tão grande ou maior do que Júpiter mas com 20% menos massa.
Ao contrário de Júpiter, o planeta-monstro está muito próximo de sua estrela, apenas cerca de 3% da distância entre a Terra e o Sol. Assim, completa sua órbita em 2,6 dias. Seu ano tem pouco mais de dois dias e meio da Terra.
A estrela tem o raio e a massa duas vezes menor do que o Sol. "Como pequenas estrelas como esta estrela vermelha anã são as mais comuns no Universo, é possível que haja muitos planetas gigantescos a serem descobertos", comentou o professor Peter Wheatley, da Universidade de Warwick, na Inglaterra.
A teoria de formação dos planetas afirma que um planeta daquele tamanho não poderia se formar ao redor de uma estrela pequena. Pequenas estrelas podem formar planeta, mas não do tamanho de Júpiter, o maior do nosso sistema solar.
O NGTS-1b é um gigante formado por gás. Por causa do tamanho e da temperatura, faz parte de um tipo de planeta conhecido como "Júpiter quente", tão grande ou maior do que Júpiter mas com 20% menos massa.
Ao contrário de Júpiter, o planeta-monstro está muito próximo de sua estrela, apenas cerca de 3% da distância entre a Terra e o Sol. Assim, completa sua órbita em 2,6 dias. Seu ano tem pouco mais de dois dias e meio da Terra.
A estrela tem o raio e a massa duas vezes menor do que o Sol. "Como pequenas estrelas como esta estrela vermelha anã são as mais comuns no Universo, é possível que haja muitos planetas gigantescos a serem descobertos", comentou o professor Peter Wheatley, da Universidade de Warwick, na Inglaterra.
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Líder do Quênia é reeleito com 98% dos votos em eleição suspeita
Com o boicote do líder oposicionista Raila Odinga, o presidente Uhuru Kenyatta foi reeleito para um segundo mandato no Quênia, líder da Comunidade da África Oriental, com 98% dos votos, anunciou ontem a Comissão Nacional Eleitoral, mas sua legitimidade está sob suspeita e há o risco de volta de violência política que causou mais de 1,2 mil mortos depois das eleições de dezembro de 2007.
Depois que o Supremo Tribunal do Quênia anulou a eleição presidencial, houve uma segunda votação em 26 de outubro com os dois candidatos mais votados: Kenyatta e Odinga. Como as autoridades eleitorais responsáveis pela fraude não foram afastadas, Odinga decidiu se retirar da disputa.
Em consequência, só 39% dos eleitores quenianos foram às urnas no dia 26. A participação na eleição anulada, em 8 de agosto, foi de 79%. Kenyatta se reelege sob protestos das ruas, contestações na Justiça e divisões na comissão eleitoral.
A vitória do presidente, filho de Jomo Kenyatta, o herói da independência do Quênia, reforça a dominação da etnia kikuyu sobre os demais povos do país. Odinga é um luo, a etnia do ex-presidente americano Barack Obama, cujo pai era queniano.
Depois que o Supremo Tribunal do Quênia anulou a eleição presidencial, houve uma segunda votação em 26 de outubro com os dois candidatos mais votados: Kenyatta e Odinga. Como as autoridades eleitorais responsáveis pela fraude não foram afastadas, Odinga decidiu se retirar da disputa.
Em consequência, só 39% dos eleitores quenianos foram às urnas no dia 26. A participação na eleição anulada, em 8 de agosto, foi de 79%. Kenyatta se reelege sob protestos das ruas, contestações na Justiça e divisões na comissão eleitoral.
A vitória do presidente, filho de Jomo Kenyatta, o herói da independência do Quênia, reforça a dominação da etnia kikuyu sobre os demais povos do país. Odinga é um luo, a etnia do ex-presidente americano Barack Obama, cujo pai era queniano.
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Mar Vermelho esquenta acima da média global
O mar mais quente do mundo está se aquecendo num ritmo mais rápido do que a média global. Isso ameaça sua capacidade de sustentar a vida, adverte um estudo da Universidade de Ciência e Tecnologia Rei Abdullah (KAUST), da Arábia Saudita.
"A taxa global de aquecimento dos oceanos tem muitas consequências para a vida no planeta", comentou a doutoranda Veronica Chaidez. "Agora, estamos sabendo que o Mar Vermelho está esquentando mais rapidamente do que a média global."
É o agravamento do efeito estufa, consequência do aumento da concentração de gases carbônicos na atmosfera da Terra como resultado da atividade industrial humana.
Com base em dados de satélites de 1982 a 2015, os pesquisadores concluíram que a temperatura da água na superfície do Mar Vermelho subiu em média 0,17 grau centígrado por década, superando a média global de 0,11º C por década.
As temperaturas máximas do Mar Vermelho aumentaram de norte a sul. As menores temperaturas foram registradas nos golfos de Suez e Ácaba, no norte, mas ambos aquecem num ritmo de 0,40º C a 0,45º C por décadas, quatro vezes acima da média global.
O norte do Mar Vermelho registra as temperaturas máximas em julho, enquanto o sul do fim de julho a meados de agosto. As temperaturas máximas foram registradas na costa oriental, a cerca de 200 quilômetros da cidade saudita de Jedá, entre o fim de agosto e meados de setembro.
A pesquisa conclui que há necessidade de criar um sistema de monitoramento para acompanhar o impacto do aquecimento global sobre o Mar Vermelho. Normalmente, as espécies marinhas reagem ao aquecimento migrando em direção aos polos. Como o Mar Vermelho fica num espaço quase fechado, o risco para a vida aumenta.
"A taxa global de aquecimento dos oceanos tem muitas consequências para a vida no planeta", comentou a doutoranda Veronica Chaidez. "Agora, estamos sabendo que o Mar Vermelho está esquentando mais rapidamente do que a média global."
É o agravamento do efeito estufa, consequência do aumento da concentração de gases carbônicos na atmosfera da Terra como resultado da atividade industrial humana.
Com base em dados de satélites de 1982 a 2015, os pesquisadores concluíram que a temperatura da água na superfície do Mar Vermelho subiu em média 0,17 grau centígrado por década, superando a média global de 0,11º C por década.
As temperaturas máximas do Mar Vermelho aumentaram de norte a sul. As menores temperaturas foram registradas nos golfos de Suez e Ácaba, no norte, mas ambos aquecem num ritmo de 0,40º C a 0,45º C por décadas, quatro vezes acima da média global.
O norte do Mar Vermelho registra as temperaturas máximas em julho, enquanto o sul do fim de julho a meados de agosto. As temperaturas máximas foram registradas na costa oriental, a cerca de 200 quilômetros da cidade saudita de Jedá, entre o fim de agosto e meados de setembro.
A pesquisa conclui que há necessidade de criar um sistema de monitoramento para acompanhar o impacto do aquecimento global sobre o Mar Vermelho. Normalmente, as espécies marinhas reagem ao aquecimento migrando em direção aos polos. Como o Mar Vermelho fica num espaço quase fechado, o risco para a vida aumenta.
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segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Ex-governador da Catalunha é denunciado e foge para a Bélgica
Sob ameaça de ser preso depois de ser denunciado por "rebelião, sedição e malversação de fundos", o governador deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, e cinco secretários foram para a Bélgica, onde podem receber asilo político. Não se sabe se Puigdemont pretende formar um governo no exílio ou apenas preparar sua defesa.
Todo o governo deposto e a mesa diretora do Parlament foram acusados pelo procurador-geral José Manuel Maza, de rebelião, sedição, malversação e outros delitos com penas que somam mais de 30 anos de prisão
Um pedido formal de asilo pode gerar uma crise diplomática entre a Espanha e a Bélgica, admite o jornal espanhol El País. No domingo, o ministro de Migração e Asilo belga, o flamengo Theo Trancken, ofereceu asilo a Puigdemont, obrigando o primeiro-ministro francófono Charles Michel a retirar a oferta. Na Bélgica, os flamengos lutam pela independência da região de Flandres.
Bruxelas é a sede da União Europeia, mas, se o movimento pela independência esperava alguma solidariedade internacional, ela só veio de grupos separatistas.
Nenhum país europeu e muito menos a União Europeia vai apoiar qualquer movimento pela independência para não deflagrar um efeito dominó, reforçando o separatismo da Escócia, no Reino Unido; de Flandres, na Bélgica; da Córsega, na França; da Transilvânia, na Romênia; da Padânia, no Norte da Itália; e dos bascos, na própria Espanha.
O deputado Lluís Llach considera Puigdemont um "exilado", o que na sua opinião "é uma denúncia contra a Espanha ante as instituições europeias e internacionais, e nos conserva a dignidade do 1º de outubro", dia do referendo ilegal e ilegítimo sobre a independência da Catalunha.
"Puigdemont não é bem recebido pelas instituições", comentou um alto funcionário da burocracia da UE citado em El País.
A aventura da independência da Catalunha caiu no vazio. Os partidos já se mobilizam para as eleições de 21 de dezembro. Depois da grande manifestação de 300 mil pessoas ontem em Barcelona pela unidade da Espanha, hoje não houve a resistência civil à intervenção decretada pelo primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, com a aprovação do Senado, nos termos do art. 155 da Constituição do país.
Todo o governo deposto e a mesa diretora do Parlament foram acusados pelo procurador-geral José Manuel Maza, de rebelião, sedição, malversação e outros delitos com penas que somam mais de 30 anos de prisão
Um pedido formal de asilo pode gerar uma crise diplomática entre a Espanha e a Bélgica, admite o jornal espanhol El País. No domingo, o ministro de Migração e Asilo belga, o flamengo Theo Trancken, ofereceu asilo a Puigdemont, obrigando o primeiro-ministro francófono Charles Michel a retirar a oferta. Na Bélgica, os flamengos lutam pela independência da região de Flandres.
Bruxelas é a sede da União Europeia, mas, se o movimento pela independência esperava alguma solidariedade internacional, ela só veio de grupos separatistas.
Nenhum país europeu e muito menos a União Europeia vai apoiar qualquer movimento pela independência para não deflagrar um efeito dominó, reforçando o separatismo da Escócia, no Reino Unido; de Flandres, na Bélgica; da Córsega, na França; da Transilvânia, na Romênia; da Padânia, no Norte da Itália; e dos bascos, na própria Espanha.
O deputado Lluís Llach considera Puigdemont um "exilado", o que na sua opinião "é uma denúncia contra a Espanha ante as instituições europeias e internacionais, e nos conserva a dignidade do 1º de outubro", dia do referendo ilegal e ilegítimo sobre a independência da Catalunha.
"Puigdemont não é bem recebido pelas instituições", comentou um alto funcionário da burocracia da UE citado em El País.
A aventura da independência da Catalunha caiu no vazio. Os partidos já se mobilizam para as eleições de 21 de dezembro. Depois da grande manifestação de 300 mil pessoas ontem em Barcelona pela unidade da Espanha, hoje não houve a resistência civil à intervenção decretada pelo primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, com a aprovação do Senado, nos termos do art. 155 da Constituição do país.
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Ex-chefe da campanha de Trump é preso por conspirar contra os EUA
O ex-chefe de campanha e ex-assessor especial da Casa Branca Paul Manafort e seu sócio, Rick Gates, se apresentaram hoje a um tribunal federal em Washington e negaram ter culpa em 12 acusações, inclusive de fraude fiscal, lavagem de US$ 18 milhões e conspiração contra os Estados Unidos quando trabalhavam para o presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich, deposto numa revolta popular em fevereiro de 2014.
São os dois primeiros denunciados na investigação do procurador especial Robert Mueller, ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, sobre um possível conluio da campanha de Donald Trump com o Kremlin. Por enquanto, ficam em prisão domiciliar, informou o jornal The New York Times. Só a lavagem de dinheiro pode dar até 20 anos de cadeia.
Em outro processo, o ex-assessor de política externa da campanha de Trump George Papadopoulos reconheceu a culpa por mentir ao FBI sobre um contato com um professor ligado ao governo russo que prometeu revelar informações negativas sobre a candidata democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
A denúncia de 31 páginas contra Manafort e Gates não cita o presidente nem o possível conluio com a Rússia. "Manafort usou sua riqueza escondida no exterior para levar uma vida luxuosa nos EUA sem pagar impostos sobre aquela renda", afirma o procurador especial. Gates é acusado de movimentar US$ 3 milhões em paraísos fiscais.
"Como parte do esquema, Manafort e Gates deram informações falsas a contadores, auditores fiscais e conselheiros legais", acrescenta a denúncia.
Yanukovich foi o beneficiário da fraude eleitoral que provocou a Revolução Laranja, na Ucrânia, em dezembro de 2004, afastando a ex-república soviética da Ucrânia da órbita de Moscou para desespero do protoditador russo, Vladimir Putin.
Quando finalmente chegou à Presidência, em 2010, Yanukovich trabalhou ativamente, em aliança com Putin, para evitar o ingresso da Ucrânia na UE e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), como exigira a Revolução Laranja. Ao não assinar um acordo de associação com a Europa, em novembro de 2013, sob pressão do Kremlin, Yanukovich deflagrou nova revolução.
Depois de meses de protestos na Praça Maidan, Yanukovich renunciou em fevereiro de 2014. Putin aproveitou a revolução para intervir militarmente na Ucrânia, anexar a Península da Crimeia, sede da Frota do Mar Negro da antiga União Soviética, e fomentar uma rebelião no Leste do país.
Como a OTAN é a aliança militar da Europa e da América do Norte liderada pelos EUA, ao tentar impedir a adesão da Ucrânia, Manafort sabotou os interesses americanos, uma das acusações contra ele.
Por sua vez, Papadopoulos admitiu ter mentido ao FBI em janeiro sobre seus contatos com um professor russo que, de acordo com os autos do processo, tinha "conexões substanciais com funcionários do governo russo".
Na época, ele declarou que o encontro tinha ocorrido antes de trabalhar para a campanha de Trump. Em realidade, aconteceu dias depois do assessor entrar na campanha. O interesse do professor russo era por causa da proximidade com o candidato.
Em mensagens trocadas com os russos, Papadopoulos chegou a dizer que DT não poderia ir. Os entrevistadores acreditam que DT seja Donald Trump.
Manafort é um veterano estrategista do Partido Republicano e lobista. Trabalhou em campanhas presidenciais do partido desde Gerald Ford, em 1976. No século passado, foi assessor de ditadores como Ferdinand Marcos, das Filipinas, e Joseph Mobutu, do Zaire, hoje República Democrática do Congresso. Era editor do boletim de notícias Breitbart, que alavancou várias temas da campanha de Trump: imigração, comércio, antiglobalização.
Ele entrou na campanha de Trump em março de 2016 para tentar impedir a debandada de delegados à convenção nacional para candidatos mais ligados à máquina do partido. De junho e agosto, foi chefe da campanha e principal estrategista de Trump.
Ultranacionalista, Manafort defende políticas como o protecionismo econômico, é contra a globalização e não acredita nas teorias científicas que atribuem o aquecimento global ao homem. Quando o general John Kelly foi nomeado chefe da Casa Civil da Casa Branca para pôr um mínimo de ordem no governo Trump, Manafort caiu fora.
Ao sair do governo, declarou guerra aos atuais líderes do partido, prometendo apoiar nas eleições de 2018 candidatos comprometidos com o programa de Trump. Todos os deputados e senadores que discordarem de suas propostas de extrema direita devem enfrentar uma oposição feroz nas primárias do partido.
O procurador especial Robert Mueller foi nomeado em maio, depois que o presidente demitiu o então diretor-geral do FBI, James Comey, que se negou a encerrar o inquérito sobre as ligações do ex-assessor de Segurança Nacional general Michael Flynn com o Kremlin.
A Casa Branca festejou discretamente a denúncia contra Manafort e Gates porque os fatos que lhes são imputados aconteceram antes deles participarem da campanha de Trump. Mas, se condenados, as penas serão longas. Eles podem fazer delações premiadas.
São os dois primeiros denunciados na investigação do procurador especial Robert Mueller, ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, sobre um possível conluio da campanha de Donald Trump com o Kremlin. Por enquanto, ficam em prisão domiciliar, informou o jornal The New York Times. Só a lavagem de dinheiro pode dar até 20 anos de cadeia.
Em outro processo, o ex-assessor de política externa da campanha de Trump George Papadopoulos reconheceu a culpa por mentir ao FBI sobre um contato com um professor ligado ao governo russo que prometeu revelar informações negativas sobre a candidata democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
A denúncia de 31 páginas contra Manafort e Gates não cita o presidente nem o possível conluio com a Rússia. "Manafort usou sua riqueza escondida no exterior para levar uma vida luxuosa nos EUA sem pagar impostos sobre aquela renda", afirma o procurador especial. Gates é acusado de movimentar US$ 3 milhões em paraísos fiscais.
"Como parte do esquema, Manafort e Gates deram informações falsas a contadores, auditores fiscais e conselheiros legais", acrescenta a denúncia.
Yanukovich foi o beneficiário da fraude eleitoral que provocou a Revolução Laranja, na Ucrânia, em dezembro de 2004, afastando a ex-república soviética da Ucrânia da órbita de Moscou para desespero do protoditador russo, Vladimir Putin.
Quando finalmente chegou à Presidência, em 2010, Yanukovich trabalhou ativamente, em aliança com Putin, para evitar o ingresso da Ucrânia na UE e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), como exigira a Revolução Laranja. Ao não assinar um acordo de associação com a Europa, em novembro de 2013, sob pressão do Kremlin, Yanukovich deflagrou nova revolução.
Depois de meses de protestos na Praça Maidan, Yanukovich renunciou em fevereiro de 2014. Putin aproveitou a revolução para intervir militarmente na Ucrânia, anexar a Península da Crimeia, sede da Frota do Mar Negro da antiga União Soviética, e fomentar uma rebelião no Leste do país.
Como a OTAN é a aliança militar da Europa e da América do Norte liderada pelos EUA, ao tentar impedir a adesão da Ucrânia, Manafort sabotou os interesses americanos, uma das acusações contra ele.
Por sua vez, Papadopoulos admitiu ter mentido ao FBI em janeiro sobre seus contatos com um professor russo que, de acordo com os autos do processo, tinha "conexões substanciais com funcionários do governo russo".
Na época, ele declarou que o encontro tinha ocorrido antes de trabalhar para a campanha de Trump. Em realidade, aconteceu dias depois do assessor entrar na campanha. O interesse do professor russo era por causa da proximidade com o candidato.
Em mensagens trocadas com os russos, Papadopoulos chegou a dizer que DT não poderia ir. Os entrevistadores acreditam que DT seja Donald Trump.
Manafort é um veterano estrategista do Partido Republicano e lobista. Trabalhou em campanhas presidenciais do partido desde Gerald Ford, em 1976. No século passado, foi assessor de ditadores como Ferdinand Marcos, das Filipinas, e Joseph Mobutu, do Zaire, hoje República Democrática do Congresso. Era editor do boletim de notícias Breitbart, que alavancou várias temas da campanha de Trump: imigração, comércio, antiglobalização.
Ele entrou na campanha de Trump em março de 2016 para tentar impedir a debandada de delegados à convenção nacional para candidatos mais ligados à máquina do partido. De junho e agosto, foi chefe da campanha e principal estrategista de Trump.
Ultranacionalista, Manafort defende políticas como o protecionismo econômico, é contra a globalização e não acredita nas teorias científicas que atribuem o aquecimento global ao homem. Quando o general John Kelly foi nomeado chefe da Casa Civil da Casa Branca para pôr um mínimo de ordem no governo Trump, Manafort caiu fora.
Ao sair do governo, declarou guerra aos atuais líderes do partido, prometendo apoiar nas eleições de 2018 candidatos comprometidos com o programa de Trump. Todos os deputados e senadores que discordarem de suas propostas de extrema direita devem enfrentar uma oposição feroz nas primárias do partido.
O procurador especial Robert Mueller foi nomeado em maio, depois que o presidente demitiu o então diretor-geral do FBI, James Comey, que se negou a encerrar o inquérito sobre as ligações do ex-assessor de Segurança Nacional general Michael Flynn com o Kremlin.
A Casa Branca festejou discretamente a denúncia contra Manafort e Gates porque os fatos que lhes são imputados aconteceram antes deles participarem da campanha de Trump. Mas, se condenados, as penas serão longas. Eles podem fazer delações premiadas.
domingo, 29 de outubro de 2017
Pelo menos 300 mil marcham em Barcelona pela unidade da Espanha
Uma grande manifestação contra a independência da Catalunha reuniu hoje pelo menos 300 mil pessoas em Barcelona, pelos cálculos da Guarda Urbana, um milhão, de acordo com os organizadores da Sociedade Civil Catalã, noticiou o jornal espanhol El País.
"Somos todos catalães!", foi o principal lema da marcha, apoiada pelo conservador Partido Popular (PP), do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy; o Partido Socialista da Catalunha (PSC), o braço catalão do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição na Espanha; e o partido de centro-direita Cidadãos, aliado de Rajoy.
Houve gritos de "Espanha, unida, jamais será vencida" e "Puigdemont na prisão". Entre as bandeiras da Espanha e da Catalunha, cartazes diziam "Acabou a festa", "Mais pontes e menos muros" e "Nem anistia nem perdão, golpistas na prisão".
Na frente da marcha, estavam a ministra da Saúde Dolors Montserrat; o líder do Partido Popular da Catalunha (PPC), Xavier García Albiol; o líder nacional do Cidadãos, Albert Rivera; a líder do Cidadãos na região, Inés Arrimadas; e o primeiro-secretário do PSC, Miguel Iceta. No fim, houve um comício com a participação de representantes dos partidos e movimentos sociais a favor da unidade da Espanha.
"Estou aqui porque nossa dignidade é poder votar no queremos, Sr. [vice-governador Oriol] Junqueras. Você é totalitário. Vamos votar, mas não como abutres que comem um cadáver e, sim, como cidadãos que sabem que de seu voto depende o futuro do país", declarou o ex-ministro socialista Josep Borrell.
Em apelo ao voto contra a independência, Rivera pediu à multidão: "Vamos encher não só as ruas, mas as urnas em 21 de dezembro."
As eleições foram convocadas pelo governo central da Espanha como parte da intervenção na Catalunha. O governo regional foi afastado. A vice-primeira-ministra Soraya Sáenz de Santamaría substituiu o governador Carles Puigdemont. Os poderes do Parlament foram limitados.
Agora, a questão é se Puigdemont vai entregar o cargo amanhã ou se vai resistir de alguma forma. O comando da polícia catalã foi entregue ao antigo subchefe, em sinal de respeito de Madri pela hierarquia e a autonomia de uma instituição da Catalunha. Não há clima para a violência, mas tudo depende da reação das ruas, dos movimentos mais radicais pela independência.
"Somos todos catalães!", foi o principal lema da marcha, apoiada pelo conservador Partido Popular (PP), do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy; o Partido Socialista da Catalunha (PSC), o braço catalão do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição na Espanha; e o partido de centro-direita Cidadãos, aliado de Rajoy.
Houve gritos de "Espanha, unida, jamais será vencida" e "Puigdemont na prisão". Entre as bandeiras da Espanha e da Catalunha, cartazes diziam "Acabou a festa", "Mais pontes e menos muros" e "Nem anistia nem perdão, golpistas na prisão".
Na frente da marcha, estavam a ministra da Saúde Dolors Montserrat; o líder do Partido Popular da Catalunha (PPC), Xavier García Albiol; o líder nacional do Cidadãos, Albert Rivera; a líder do Cidadãos na região, Inés Arrimadas; e o primeiro-secretário do PSC, Miguel Iceta. No fim, houve um comício com a participação de representantes dos partidos e movimentos sociais a favor da unidade da Espanha.
"Estou aqui porque nossa dignidade é poder votar no queremos, Sr. [vice-governador Oriol] Junqueras. Você é totalitário. Vamos votar, mas não como abutres que comem um cadáver e, sim, como cidadãos que sabem que de seu voto depende o futuro do país", declarou o ex-ministro socialista Josep Borrell.
Em apelo ao voto contra a independência, Rivera pediu à multidão: "Vamos encher não só as ruas, mas as urnas em 21 de dezembro."
As eleições foram convocadas pelo governo central da Espanha como parte da intervenção na Catalunha. O governo regional foi afastado. A vice-primeira-ministra Soraya Sáenz de Santamaría substituiu o governador Carles Puigdemont. Os poderes do Parlament foram limitados.
Agora, a questão é se Puigdemont vai entregar o cargo amanhã ou se vai resistir de alguma forma. O comando da polícia catalã foi entregue ao antigo subchefe, em sinal de respeito de Madri pela hierarquia e a autonomia de uma instituição da Catalunha. Não há clima para a violência, mas tudo depende da reação das ruas, dos movimentos mais radicais pela independência.
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Trump tem pior avaliação desde a posse
A popularidade do presidente Donald Trump caiu ao menor nível desde a posse, em 20 de janeiro, com rejeição ao seu desempenho como comandante supremo das Forças Armadas e outras políticas, mas apoio à condução da economia, indica uma nova pesquisa do jornal The Wall Street Journal e da rede de televisão NBC.
Cerca de 38% dos eleitores americanos aprovam o trabalho de Trump, enquanto 58% o reprovam. Entre os republicanos, quase 80% têm uma visão favorável do presidente, mas há uma queda de prestígio em algumas bases eleitorais de Trump.
A maior baixa foi entre mulheres brancas sem curso superior. No mês passado, 50% eram a favor de Trump e 46%, não. Agora, 54% desaprovam o presidente e 40% apoiam seu desempenho na Casa Branca.
Por uma margem de cinco pontos percentuais, 42% a 37%, as políticas econômicas passaram no teste. A pesquisa foi feita depois da notícia de que a economia dos EUA cresceu em ritmo de 3% ao ano no terceiro trimestre de 2017, depois de avançar em ritmo de 3,1% no segundo trimestre.
Se a economia se enfraquecer, a popularidade de Trump vai junto.
O grande apoio ao presidente vem do eleitorado tradicional republicano. Só 36% dos americanos têm uma imagem positiva do presidente. Entre os republicanos, essa aprovação quase chega a 80%.
Depois de bater boca com uma viúva negra de 24 anos grávida de um soldado morto por terroristas no Níger, na África, 53% reprovaram sua atuação como comandante das Forças Armadas e 35% aprovaram. A troca de acusações com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, não ajudou.
Por 45% a 24%, os americanos preferem manter o acordo de 2015 assinado entre as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Alemanha e o Irã para desarmar o programa nuclear iraniano. Trump ameaça romper o acordo.
A resposta aos furacões Harvey e Irma, que atingiram o território continental dos EUA, foi considerada positiva por 49% e reprovada por 28%, mas a ajuda federal a Porto Rico depois do furacão Maria foi aprovada por 29% e considerada insuficiente por 54%.
Outro problema para a imagem de Trump foi sua reação diante dos jogadores de futebol americano que se ajoelharam na hora do hino nacional em protesto contra a violência policial contra os negros e a impunidade de policiais que matam negros. Nesta questão, o presidente perdeu por 59% a 30%.
Com eleições daqui a um ano, 48% gostariam de ver o Partido Democrata reassumir o controle da Câmara e do Senado, e 41% estão satisfeitos com a maioria republicana.
Sobre as razões dessa decisão, 46% querem eleger mais democratas para que "controlem e equilibrem as ações de Trump e dos republicanos no Congresso". Por outro lado, 28% querem "mais republicanos para ajudar Donald Trump a aprovar seu programa legislativo".
Se forem considerados apenas os eleitores com partido definido, 79% dos democratas querem mais controle sobre Trump e 71% dos republicanos querem ajudar na aprovação das propostas do presidente.
Cerca de 38% dos eleitores americanos aprovam o trabalho de Trump, enquanto 58% o reprovam. Entre os republicanos, quase 80% têm uma visão favorável do presidente, mas há uma queda de prestígio em algumas bases eleitorais de Trump.
A maior baixa foi entre mulheres brancas sem curso superior. No mês passado, 50% eram a favor de Trump e 46%, não. Agora, 54% desaprovam o presidente e 40% apoiam seu desempenho na Casa Branca.
Por uma margem de cinco pontos percentuais, 42% a 37%, as políticas econômicas passaram no teste. A pesquisa foi feita depois da notícia de que a economia dos EUA cresceu em ritmo de 3% ao ano no terceiro trimestre de 2017, depois de avançar em ritmo de 3,1% no segundo trimestre.
Se a economia se enfraquecer, a popularidade de Trump vai junto.
O grande apoio ao presidente vem do eleitorado tradicional republicano. Só 36% dos americanos têm uma imagem positiva do presidente. Entre os republicanos, essa aprovação quase chega a 80%.
Depois de bater boca com uma viúva negra de 24 anos grávida de um soldado morto por terroristas no Níger, na África, 53% reprovaram sua atuação como comandante das Forças Armadas e 35% aprovaram. A troca de acusações com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, não ajudou.
Por 45% a 24%, os americanos preferem manter o acordo de 2015 assinado entre as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Alemanha e o Irã para desarmar o programa nuclear iraniano. Trump ameaça romper o acordo.
A resposta aos furacões Harvey e Irma, que atingiram o território continental dos EUA, foi considerada positiva por 49% e reprovada por 28%, mas a ajuda federal a Porto Rico depois do furacão Maria foi aprovada por 29% e considerada insuficiente por 54%.
Outro problema para a imagem de Trump foi sua reação diante dos jogadores de futebol americano que se ajoelharam na hora do hino nacional em protesto contra a violência policial contra os negros e a impunidade de policiais que matam negros. Nesta questão, o presidente perdeu por 59% a 30%.
Com eleições daqui a um ano, 48% gostariam de ver o Partido Democrata reassumir o controle da Câmara e do Senado, e 41% estão satisfeitos com a maioria republicana.
Sobre as razões dessa decisão, 46% querem eleger mais democratas para que "controlem e equilibrem as ações de Trump e dos republicanos no Congresso". Por outro lado, 28% querem "mais republicanos para ajudar Donald Trump a aprovar seu programa legislativo".
Se forem considerados apenas os eleitores com partido definido, 79% dos democratas querem mais controle sobre Trump e 71% dos republicanos querem ajudar na aprovação das propostas do presidente.
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sábado, 28 de outubro de 2017
Vice-primeira-ministra da Espanha é nomeada interventora na Catalunha
O primeiro-ministro conservador da Espanha, Mariano Rajoy, nomeou hoje a vice-primeira-ministra Soraya Sáenz de Santamaria como governadora regional da Catalunha depois da intervenção aprovada ontem pelo Senado para conter o movimento pela independência da província. O ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, vai assumir o controle das finanças da região, noticiou o jornal espanhol El País.
A orientação de Rajoy é manter os serviços públicos sem introduzir novas políticas ou diretrizes até as eleições antecipadas para 21 de dezembro. O governo central disse não se opor à participação do governador deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, nas eleições. É estranho porque ele pode ser preso por insurreição.
Além de Puigdemont, foram afastados de seu cargo o vice-governador Oriol Junqueras, todos os secretários do governo regional e o chefe da polícia autônoma. Cada ministro será responsável pela secretaria correspondente, com a exceção da ministra da Defesa, que não tem pasta correspondente no governo catalão.
Ao substituir o chefe de polícia, Josep Lluis Trapero, o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, preferiu respeitar a hierarquia. Nomeou para o comando o subchefe dos Mossos d'Esquadra, Ferran López.
O governo central espanhol define seu objetivo como "exercer as atividades necessárias para garantir que o governo e o conjunto da Generalitat se restaurem e atuem conforme a ordem legal e constitucional vigente assegurando a neutralidade institucional". Madri promete manter "os princípios de prudência e proporcionalidade com pleno respeito à autonomia da Catalunha".
Do ponto de vista do governo Rajoy, não houve suspensão da autonomia catalã, mas apenas a substituição de políticos que estavam violando a Constituição e o Estatuto da Autonomia.
Puigdemont repudiou a intervenção, alegando que numa democracia cabe ao parlamento eleger e destituir o governo. Ele manifestou a intenção de resistir democraticamente à aplicação do artigo 155 da Constituição da Espanha: "Nossa vontade é continuar trabalhando para cumprir os mandatos democráticos e, ao mesmo tempo, buscar a máxima estabilidade e tranquilidade", citou o jornal catalão La Vanguardia.
No Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol, a maior preocupação é com a reação das ruas, dos movimentos sociais que lutam pela independência, especialmente da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Òmnium, cujos líderes estão presos por rebelião.
A orientação de Rajoy é manter os serviços públicos sem introduzir novas políticas ou diretrizes até as eleições antecipadas para 21 de dezembro. O governo central disse não se opor à participação do governador deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, nas eleições. É estranho porque ele pode ser preso por insurreição.
Além de Puigdemont, foram afastados de seu cargo o vice-governador Oriol Junqueras, todos os secretários do governo regional e o chefe da polícia autônoma. Cada ministro será responsável pela secretaria correspondente, com a exceção da ministra da Defesa, que não tem pasta correspondente no governo catalão.
Ao substituir o chefe de polícia, Josep Lluis Trapero, o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, preferiu respeitar a hierarquia. Nomeou para o comando o subchefe dos Mossos d'Esquadra, Ferran López.
O governo central espanhol define seu objetivo como "exercer as atividades necessárias para garantir que o governo e o conjunto da Generalitat se restaurem e atuem conforme a ordem legal e constitucional vigente assegurando a neutralidade institucional". Madri promete manter "os princípios de prudência e proporcionalidade com pleno respeito à autonomia da Catalunha".
Do ponto de vista do governo Rajoy, não houve suspensão da autonomia catalã, mas apenas a substituição de políticos que estavam violando a Constituição e o Estatuto da Autonomia.
Puigdemont repudiou a intervenção, alegando que numa democracia cabe ao parlamento eleger e destituir o governo. Ele manifestou a intenção de resistir democraticamente à aplicação do artigo 155 da Constituição da Espanha: "Nossa vontade é continuar trabalhando para cumprir os mandatos democráticos e, ao mesmo tempo, buscar a máxima estabilidade e tranquilidade", citou o jornal catalão La Vanguardia.
No Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol, a maior preocupação é com a reação das ruas, dos movimentos sociais que lutam pela independência, especialmente da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Òmnium, cujos líderes estão presos por rebelião.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
França condena filho do ditador da Guiné Equatorial
A Justiça da França condenou hoje à revelia a três anos de prisão o vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodorin Obiang, filho do ditador Teodoro Obiang, no poder há 38 anos. No fim de um processo que revelou seus hábitos milionários, ele também foi multado em 30 milhões de euros (R$ 113 milhões).
Teodorin Obiang, de 48 anos, foi condenado por corrupção, desfalque dos cofres públicos, lavagem de dinheiro e abuso de confiança. O filhote de ditador foi acusado de gastar mais de mil vezes o seu salário nominal anual numa mansão de seis andares na Avenida Foch, um dos endereços mais caros de Paris, uma frota de carros de luxo e obras de arte.
Na defesa, seus advogados alegaram que a França estava "interferindo nos negócios internos de um país soberano" e recorreram ao Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, na Holanda. A mansão seria parte da Embaixada da Guiné Equatorial. Assim, estaria protegida pela imunidade diplomática, garantida pela Convenção de Viena.
"Há um pequeno cinema, um spa e uma boate", constatou a investigação. De acordo com a Procuradoria da França, "é um pouco estranho encontrar estas coisas dentro de uma embaixada".
As fortunas das famílias de outros dois ditadores africanos estão sob investigação na França, do falecido Omar Bongo, do Gabão, e de Denis Sassou-Nguesso.
Os Obiang são conhecidos do Brasil. Com a maior renda per capita da África por causa do petróleo (US$ 20 mil), o pai mantém a maioria da população em condições miseráveis, enquanto o filho e provável herdeiro do trono leva uma vida de playboy internacional.
Em 2015, a família alugou vários andares do Copacabana Palace Hotel para hospedar sua comitiva e assistir ao carnaval da escola de samba Beija-Flor, agraciada com uma ajuda de R$ 10 milhões depois de negócios suspeitos de um dos "ditadores mais cruéis do mundo", nas palavras do jornal O Globo, com empreiteiras brasileiras, intermediados pelo governo Lula.
Teodorin Obiang, de 48 anos, foi condenado por corrupção, desfalque dos cofres públicos, lavagem de dinheiro e abuso de confiança. O filhote de ditador foi acusado de gastar mais de mil vezes o seu salário nominal anual numa mansão de seis andares na Avenida Foch, um dos endereços mais caros de Paris, uma frota de carros de luxo e obras de arte.
Na defesa, seus advogados alegaram que a França estava "interferindo nos negócios internos de um país soberano" e recorreram ao Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, na Holanda. A mansão seria parte da Embaixada da Guiné Equatorial. Assim, estaria protegida pela imunidade diplomática, garantida pela Convenção de Viena.
"Há um pequeno cinema, um spa e uma boate", constatou a investigação. De acordo com a Procuradoria da França, "é um pouco estranho encontrar estas coisas dentro de uma embaixada".
As fortunas das famílias de outros dois ditadores africanos estão sob investigação na França, do falecido Omar Bongo, do Gabão, e de Denis Sassou-Nguesso.
Os Obiang são conhecidos do Brasil. Com a maior renda per capita da África por causa do petróleo (US$ 20 mil), o pai mantém a maioria da população em condições miseráveis, enquanto o filho e provável herdeiro do trono leva uma vida de playboy internacional.
Em 2015, a família alugou vários andares do Copacabana Palace Hotel para hospedar sua comitiva e assistir ao carnaval da escola de samba Beija-Flor, agraciada com uma ajuda de R$ 10 milhões depois de negócios suspeitos de um dos "ditadores mais cruéis do mundo", nas palavras do jornal O Globo, com empreiteiras brasileiras, intermediados pelo governo Lula.
Rajoy dissolve Parlament e convoca eleições antecipadas na Catalunha
Em resposta à declaração de independência da Catalunha, o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy dissolveu hoje o govern e o Parlament, e convocou eleições regionais antecipadas na Catalunha, aplicando o artigo 155 da Constituição da Espanha para suspender a autonomia da província e tentar conter o movimento separatista, informou o jornal La Vanguardia, de Barcelona.
O governador Carles Puigdemont, o vice-governador Oriol Junqueras, todos os secretários do governo regional e o chefe da polícia foram afastados de seus cargos, noticiou o jornal El País, de Madri.
"O governador da Catalunha teve uma chance de voltar à legalidade e convocar eleições", declarou Rajoy em pronunciamento na televisão. "Nesta situação, o governo espanhol decidiu restaurar a legalidade e convocar eleições. A Catalunha tem de se reconciliar com si mesma. Por isso, decidi convocar eleições, que serão livres, justas e limpas que possam restaurar a democracia e a comunidade autônoma."
Na mesma reunião extraordinária, o Conselho de Ministros decidiu apresentar recurso junto ao Tribunal Constitucional para anular a declaração de independência aprovada no parlamento catalão.
Em Barcelona, o govern está reunido no Palau de la Generalitat tomando medidas para acelerar o processo de independência.
O governador Carles Puigdemont, o vice-governador Oriol Junqueras, todos os secretários do governo regional e o chefe da polícia foram afastados de seus cargos, noticiou o jornal El País, de Madri.
"O governador da Catalunha teve uma chance de voltar à legalidade e convocar eleições", declarou Rajoy em pronunciamento na televisão. "Nesta situação, o governo espanhol decidiu restaurar a legalidade e convocar eleições. A Catalunha tem de se reconciliar com si mesma. Por isso, decidi convocar eleições, que serão livres, justas e limpas que possam restaurar a democracia e a comunidade autônoma."
Na mesma reunião extraordinária, o Conselho de Ministros decidiu apresentar recurso junto ao Tribunal Constitucional para anular a declaração de independência aprovada no parlamento catalão.
Em Barcelona, o govern está reunido no Palau de la Generalitat tomando medidas para acelerar o processo de independência.
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EUA e UE rejeitam a independência da Catalunha
O governo dos Estados Unidos declarou nesta sexta-feira que "a Catalunha é uma parte integral da Espanha". Rejeitou assim a declaração de independência aprovada hoje pelo Parlament, informou o jornal La Vanguardia, de Barcelona.
Horas antes, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que o governo espanhol é o único interlocutor da União Europeia no país, ignorando os pedidos de mediação feitos pelo governador catalão, Carles Puigdemont.
Em breve comunicado, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, foi clara e direta: "A Catalunha é uma parte integral da Espanha e os Estados Unidos apoiam as medidas constitucionais do governo espanhol para manter a Espanha forte e unida."
Ao comentar a declaração de independência, o atual presidente do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro da Polônia Donald Tusk foi lacônico: "Para a UE, nada mudou. A Espanha continua sendo nosso único interlocutor. Ele pediu ao governo espanhol que "use a força do argumento e não o argumento da força".
Portugal também não reconheceu a independência da Catalunha e repudiou a "quebra da ordem constitucional". O primeiro-ministro português, António Costa, manifestou "total solidariedade" com a defesa da unidade da Espanha, na esperança de que se abram canais de diálogo para cumprimento da Constituição espanhola, ou seja, sem chance para a independência da Catalunha.
O governo espanhol determinou a intervenção na província, com a suspensão da autonomia regional da Catalunha, e convocou eleições regionais antecipadas para 21 de dezembro.
Horas antes, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que o governo espanhol é o único interlocutor da União Europeia no país, ignorando os pedidos de mediação feitos pelo governador catalão, Carles Puigdemont.
Em breve comunicado, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, foi clara e direta: "A Catalunha é uma parte integral da Espanha e os Estados Unidos apoiam as medidas constitucionais do governo espanhol para manter a Espanha forte e unida."
Ao comentar a declaração de independência, o atual presidente do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro da Polônia Donald Tusk foi lacônico: "Para a UE, nada mudou. A Espanha continua sendo nosso único interlocutor. Ele pediu ao governo espanhol que "use a força do argumento e não o argumento da força".
Portugal também não reconheceu a independência da Catalunha e repudiou a "quebra da ordem constitucional". O primeiro-ministro português, António Costa, manifestou "total solidariedade" com a defesa da unidade da Espanha, na esperança de que se abram canais de diálogo para cumprimento da Constituição espanhola, ou seja, sem chance para a independência da Catalunha.
O governo espanhol determinou a intervenção na província, com a suspensão da autonomia regional da Catalunha, e convocou eleições regionais antecipadas para 21 de dezembro.
EUA crescem em ritmo de 3% ao ano
Apesar dos furacões violentos, a economia dos Estados Unidos teve nos últimos seis meses o período de maior crescimento em três anos, graças a um consumo forte de pessoas e empresas. De julho a setembro de 2017, o produto interno bruto avançou em ritmo de 3% ao ano, depois de registrar 3,1% no trimestre anterior, revelou hoje o Departamento do Comércio.
A maior economia do mundo cresce sem parar desde o fim da Grande Recessão, na segunda metade de 2009. Nesses oito anos, o crescimento chegou várias vezes a 3%, mas caiu para a média de 2% ao ano. Há um ano, o ritmo de expansão era de 2,3% ao ano.
O consumo pessoal se fortaleceu com o desemprego baixo, a inflação baixa e a alta dos preços das ações no mercado financeiro, todos alimentos pelos juros extremamente baixos adotados pela Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, desde dezembro de 2008.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova York, a economia americana vai avançar acima da média de 2% dos últimos anos, mas deve ficar abaixo da meta de 3% prometida pelo presidente Donald Trump.
Fora das áreas atingidas pelos superfurações Harvey e Irma, não há sinais de fraqueza na economia. Uma parcela importante do crescimento de 3% (0,73%) veio do investimento das empresas na renovação, sinal de expectativa da manutenção de um consumo forte.
O investimento em capital fixo avançou num ritmo anual de 3,9%. Como as empresas compraram novos equipamentos, isso indica aumento de produtividade, do lucro e dos salários dos trabalhadores.
Com o dólar relativamente fraco e a consolidação do crescimento da economia mundial, as exportações dos EUA cresceram no trimestre passado em ritmo de 2,3% ao ano. As despesas governamentais caíram 0,1%.
A alta na inflação reforça a expectativa de aumento nas taxas básicas de juros na reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed em dezembro. O índice de preços ao consumidor subiu de 0,3% para 1,5% ao ano do segundo para o terceiro trimestres. O núcleo da inflação, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimento, registrou alta de 0,9% para 1,3% ao ano.
A inflação está abaixo da meta informalmente perseguida pelo Fed, de 2% ao ano, Pelo estatuto do banco central americano, o Fed deve buscar um equilíbrio entre a inflação e a taxa de desemprego, hoje em 4,4%, abaixo do que era considerada pelos economistas como "a taxa natural de desemprego", 5%. Abaixo disso, os salários começariam a exercer pressão demais sobre os preços.
Como o impacto das alterações nas taxas básicas de juros levam cerca de seis meses para se refletir na economia real, os diretores do Fed podem entender que chegou a hora de aumentar os juros, antes da inflação chegar à meta.
Na última reunião de seu comitê de política monetária, em 19 e 20 de setembro, o Fed manteve a taxa básica de juros de curto prazo numa faixa de 1% a 1,25% ao ano. No auge da crise, em dezembro de 2008, a taxa caiu para uma banda de 0 a 0,25% ao ano, praticamente zero.
Sem poder baixar ainda mais os juros, o Fed recorreu à política de alívio quantitativo, comprou títulos públicos para colocar mais dinheiro em circulação no mercado. Acumula hoje um balanço de US$ 4,5 trilhões e prometeu começar a vender parte desses papéis a partir deste mês.
Essa taxa permaneceu até dezembro de 2015, quando houve um aumento de 0,5 ponto percentual. Houve um segundo aumento em 2016 e dois em 2017, o último em junho passado.
A expectativa de alta de juros fortalece o dólar.
A maior economia do mundo cresce sem parar desde o fim da Grande Recessão, na segunda metade de 2009. Nesses oito anos, o crescimento chegou várias vezes a 3%, mas caiu para a média de 2% ao ano. Há um ano, o ritmo de expansão era de 2,3% ao ano.
O consumo pessoal se fortaleceu com o desemprego baixo, a inflação baixa e a alta dos preços das ações no mercado financeiro, todos alimentos pelos juros extremamente baixos adotados pela Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, desde dezembro de 2008.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova York, a economia americana vai avançar acima da média de 2% dos últimos anos, mas deve ficar abaixo da meta de 3% prometida pelo presidente Donald Trump.
Fora das áreas atingidas pelos superfurações Harvey e Irma, não há sinais de fraqueza na economia. Uma parcela importante do crescimento de 3% (0,73%) veio do investimento das empresas na renovação, sinal de expectativa da manutenção de um consumo forte.
O investimento em capital fixo avançou num ritmo anual de 3,9%. Como as empresas compraram novos equipamentos, isso indica aumento de produtividade, do lucro e dos salários dos trabalhadores.
Com o dólar relativamente fraco e a consolidação do crescimento da economia mundial, as exportações dos EUA cresceram no trimestre passado em ritmo de 2,3% ao ano. As despesas governamentais caíram 0,1%.
A alta na inflação reforça a expectativa de aumento nas taxas básicas de juros na reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed em dezembro. O índice de preços ao consumidor subiu de 0,3% para 1,5% ao ano do segundo para o terceiro trimestres. O núcleo da inflação, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimento, registrou alta de 0,9% para 1,3% ao ano.
A inflação está abaixo da meta informalmente perseguida pelo Fed, de 2% ao ano, Pelo estatuto do banco central americano, o Fed deve buscar um equilíbrio entre a inflação e a taxa de desemprego, hoje em 4,4%, abaixo do que era considerada pelos economistas como "a taxa natural de desemprego", 5%. Abaixo disso, os salários começariam a exercer pressão demais sobre os preços.
Como o impacto das alterações nas taxas básicas de juros levam cerca de seis meses para se refletir na economia real, os diretores do Fed podem entender que chegou a hora de aumentar os juros, antes da inflação chegar à meta.
Na última reunião de seu comitê de política monetária, em 19 e 20 de setembro, o Fed manteve a taxa básica de juros de curto prazo numa faixa de 1% a 1,25% ao ano. No auge da crise, em dezembro de 2008, a taxa caiu para uma banda de 0 a 0,25% ao ano, praticamente zero.
Sem poder baixar ainda mais os juros, o Fed recorreu à política de alívio quantitativo, comprou títulos públicos para colocar mais dinheiro em circulação no mercado. Acumula hoje um balanço de US$ 4,5 trilhões e prometeu começar a vender parte desses papéis a partir deste mês.
Essa taxa permaneceu até dezembro de 2015, quando houve um aumento de 0,5 ponto percentual. Houve um segundo aumento em 2016 e dois em 2017, o último em junho passado.
A expectativa de alta de juros fortalece o dólar.
Catalunha aprova independência e Senado da Espanha intervém
Em votação secreta boicotada pela oposição, por 70 a 10, o Parlament da Catalunha declarou hoje a independência da região. O Tribunal Constitucional deixou claro que vai anular a declaração, considerando-a ilegal e inconstitucional.
Meia hora depois, o Senado da Espanha aprovou a aplicação do artigo 155 da Constituição da Espanha para suspender a autonomia regional, afastar o atual govern e antecipar as eleições na província.
Do lado de fora do Parlament, uma multidão aplaudiu, mas as pesquisas indicam que a maioria dos catalães se opõe à independência. As consequências econômicas negativas são evidentes. Mais de 1,7 mil empresas deixaram a província desde o plebiscito pela independência de 1º de outubro, quando só 38% do total do eleitorado votaram pela separação.
"O que houve no Parlament não só vai contra a lei, é um ato delitivo", declarou em Madri o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP). Até agora, Rajoy tem adotado uma posição linha dura. Só aceita negociar com o governador regional catalão, Carles Puigdemont, se a declaração de independência for revogada.
Ao optar pela votação secreta, o parlamento catalão dificulta a possibilidade de abertura de processo contra os deputados por insurreição. Os partidos de oposição, inclusive o PP e o Partido Socialista Catalão (PSC), boicotaram a votação.
Com a intervenção, o governo central espanhol vai afastar o governo regional, limitar os poderes do Parlament, proibindo-o de nomear um novo governo ou declarar a independência, assumir o controle das finanças e da polícia regional, e convocar eleições regionais antecipadas dentro de seis meses.
Meia hora depois, o Senado da Espanha aprovou a aplicação do artigo 155 da Constituição da Espanha para suspender a autonomia regional, afastar o atual govern e antecipar as eleições na província.
Do lado de fora do Parlament, uma multidão aplaudiu, mas as pesquisas indicam que a maioria dos catalães se opõe à independência. As consequências econômicas negativas são evidentes. Mais de 1,7 mil empresas deixaram a província desde o plebiscito pela independência de 1º de outubro, quando só 38% do total do eleitorado votaram pela separação.
"O que houve no Parlament não só vai contra a lei, é um ato delitivo", declarou em Madri o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP). Até agora, Rajoy tem adotado uma posição linha dura. Só aceita negociar com o governador regional catalão, Carles Puigdemont, se a declaração de independência for revogada.
Ao optar pela votação secreta, o parlamento catalão dificulta a possibilidade de abertura de processo contra os deputados por insurreição. Os partidos de oposição, inclusive o PP e o Partido Socialista Catalão (PSC), boicotaram a votação.
Com a intervenção, o governo central espanhol vai afastar o governo regional, limitar os poderes do Parlament, proibindo-o de nomear um novo governo ou declarar a independência, assumir o controle das finanças e da polícia regional, e convocar eleições regionais antecipadas dentro de seis meses.
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
Trump declara opiáceos emergência de saúde pública nos EUA
São mais de 50 mil mortes causadas por drogas a cada ano, quase o total de americanos mortos na Guerra do Vietnã (1964-75). É mais do que o total de óbitos por armas de fogo e acidentes de trânsito. Hoje o presidente Donald Trump declarou que o vício em derivados do ópio virou uma "emergência de saúde pública" nos Estados Unidos.
Ao lado da mulher, Melania Trump, que falou inicialmente, e rodeado de ex-viciados e suas famílias, o presidente afirmou: "Podemos ser a geração que acabou com a epidemia de opiáceos", que descreveu como uma praga em discurso de 25 minutos.
O número de mortes por dose excessiva de drogas quadruplicou de 1999 a 2008 e continua aumentando. Em 2012, os médicos deram 259 milhões de receitas de uso de opiáceos.
Trump prometeu levantar a questão da fabricação clandestina de fentanyl na China quando visitar o presidente Xi Jinping, em novembro. Ele ameaçou processar companhias que estariam "agindo mal", mas foi criticado por não destinar mais dinheiro para combater a epidemia.
Pelo menos dez estados estão processando o laboratório Purdue Pharma, que produz o analgésico OxyContin, sob a acusação de enganar a população sobre os riscos de se viciar.
A declaração de emergência permite realocar de dinheiro de fundos para combater o HIV e a aids, hoje mais controlados, para o novo programa. Terá de ser renovada a cada 90 dias. Em agosto, Trump havia prometido declarar "emergência nacional". Isso o obrigaria a destinar dinheiro novo ao combate da epidemia.
Historicamente, a heroína consumida clandestinamente era o opiáceo mais perigoso. Hoje, o maior problema está em opiáceos vendidos em farmácias como medicamentos. Os opiáceos fentanyl, heroína, hidrocodona e oxicodona foram responsáveis por mais de 34,5 mil mortes no passado, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, com sede em Atlanta, na Geórgia.
O fentanyl é 50 vezes mais forte do que a heroína. Mesmo em pequenas quantidades, mesmo se um envelope no bolso molhar com o suor e for absorvido pela pele, pode ser fatal.
Ao lado da mulher, Melania Trump, que falou inicialmente, e rodeado de ex-viciados e suas famílias, o presidente afirmou: "Podemos ser a geração que acabou com a epidemia de opiáceos", que descreveu como uma praga em discurso de 25 minutos.
O número de mortes por dose excessiva de drogas quadruplicou de 1999 a 2008 e continua aumentando. Em 2012, os médicos deram 259 milhões de receitas de uso de opiáceos.
Trump prometeu levantar a questão da fabricação clandestina de fentanyl na China quando visitar o presidente Xi Jinping, em novembro. Ele ameaçou processar companhias que estariam "agindo mal", mas foi criticado por não destinar mais dinheiro para combater a epidemia.
Pelo menos dez estados estão processando o laboratório Purdue Pharma, que produz o analgésico OxyContin, sob a acusação de enganar a população sobre os riscos de se viciar.
A declaração de emergência permite realocar de dinheiro de fundos para combater o HIV e a aids, hoje mais controlados, para o novo programa. Terá de ser renovada a cada 90 dias. Em agosto, Trump havia prometido declarar "emergência nacional". Isso o obrigaria a destinar dinheiro novo ao combate da epidemia.
Historicamente, a heroína consumida clandestinamente era o opiáceo mais perigoso. Hoje, o maior problema está em opiáceos vendidos em farmácias como medicamentos. Os opiáceos fentanyl, heroína, hidrocodona e oxicodona foram responsáveis por mais de 34,5 mil mortes no passado, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, com sede em Atlanta, na Geórgia.
O fentanyl é 50 vezes mais forte do que a heroína. Mesmo em pequenas quantidades, mesmo se um envelope no bolso molhar com o suor e for absorvido pela pele, pode ser fatal.
Oposição e presos políticos da Venezuela ganham prêmio da UE
O Parlamento Europeu deu hoje o Prêmio Andrei Sákharov à oposição e aos presos políticos da ditadura chavista na Venezuela por sua coragem na luta contra o regime repressivo de Caracas. É o prêmio de direitos humanos mais importante da União Europeia, uma homenagem a um dos mais famosos dissidentes da União Soviética, dado a quem combate tiranias.
A homenagem é à Assembleia Nacional, dominada pela oposição, que teve os poderes usurpados pela Assembleia Nacional Constituinte fraudulenta convocada pelo ditador Nicolás Maduro para anular o resultado das urnas, e às centenas de presos políticos, especialmente os ex-prefeitos Antonio Ledezma e Leopoldo López.
"Este prêmio apoia a luta das forças democráticas pela democracia na Venezuela", declarou o eurodeputado e ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, da bancada liberal do Parlamento Europeu. Ele fez um apelo "à comunidade internacional a se juntar à luta pela liberdade do povo venezuelano."
Em 2016, foram agraciadas duas mulheres da minoria étnica yazidi que fugiram da escravidão sexual imposta pela organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
O prêmio foi criado em 1988 em homenagem ao físico e dissidente soviético Andrei Sákharov, ganhador do Prêmio Nobel da Paz 1975. Ele foi o maior adversário interno da ditadura comunista soviética em sua penúltima fase, antes da abertura promovida por Mikhail Gorbachev.
No passado, ganharam o líder negro sul-africano Nelson Mandela, vários dissidentes chineses e cubanos, o jornalista liberal saudita Raif Badawi, e as organizações não governamentais Mães da Praça de Maio e Repórteres sem Fronteiras (RsF).
A homenagem é à Assembleia Nacional, dominada pela oposição, que teve os poderes usurpados pela Assembleia Nacional Constituinte fraudulenta convocada pelo ditador Nicolás Maduro para anular o resultado das urnas, e às centenas de presos políticos, especialmente os ex-prefeitos Antonio Ledezma e Leopoldo López.
"Este prêmio apoia a luta das forças democráticas pela democracia na Venezuela", declarou o eurodeputado e ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, da bancada liberal do Parlamento Europeu. Ele fez um apelo "à comunidade internacional a se juntar à luta pela liberdade do povo venezuelano."
Em 2016, foram agraciadas duas mulheres da minoria étnica yazidi que fugiram da escravidão sexual imposta pela organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
O prêmio foi criado em 1988 em homenagem ao físico e dissidente soviético Andrei Sákharov, ganhador do Prêmio Nobel da Paz 1975. Ele foi o maior adversário interno da ditadura comunista soviética em sua penúltima fase, antes da abertura promovida por Mikhail Gorbachev.
No passado, ganharam o líder negro sul-africano Nelson Mandela, vários dissidentes chineses e cubanos, o jornalista liberal saudita Raif Badawi, e as organizações não governamentais Mães da Praça de Maio e Repórteres sem Fronteiras (RsF).
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quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Decisão sobre independência divide governo da Catalunha
A tensão aumenta no governo regional da Catalunha dois dias antes da reunião do Senado para aprovar a intervenção do governo central e impedir a divisão do país. Enquanto o governador Carles Puigdemont está decidido a proclamar a independência unilateralmente se Madri aplicar o artigo 115 da Constituição da Espanha para suspender a autonomia da Catalunha, alguns conselheiros (secretários) ameaçam pedir demissão.
Até agora, o movimento pela independência tenta evitar um choque direto com o governo central, embora não pareça nenhum outro resultado de negociações que não a independência. O primeiro-ministro conservador espanhol, Mariano Rajoy, também não cede, alegando que o governo regional catalão violou a lei ao organizar um plebiscito sobre a independência à revelia da Constituição.
O conselheiro Santi Vila estaria prestes a renunciar, informou o jornal La Vanguardia, de Barcelona. Seus colegas Meritxell Borras, Carles Mundó e Toni Comín fariam a mesma ameaça, embora este último negue pelo Twitter.
Puigdemont fala amanhã em sessão de emergência do Parlament, o parlamento catalão. Pode colocar em votação a declaração de independência unilateral ou simplesmente proclamá-la antes do Senado espanhol aprovar a intervenção do governo central. A intervenção vai limitar os poderes do Parlament até a realização, dentro de seis meses, de eleições na Catalunha.
Outra possibilidade é a mesa diretora do parlamento catalão não colocar na ordem do dia desta quinta-feira a declaração de independência. O objetivo, no caso, da ala moderada do movimento pela independência é deixar Madri tomar a iniciativa política com a intervenção e a repressão. A dura resposta de Madri acabaria fortalecendo a luta pela independência. Uma declaração unilateral de independência justificaria a intervenção.
Até agora, o movimento pela independência tenta evitar um choque direto com o governo central, embora não pareça nenhum outro resultado de negociações que não a independência. O primeiro-ministro conservador espanhol, Mariano Rajoy, também não cede, alegando que o governo regional catalão violou a lei ao organizar um plebiscito sobre a independência à revelia da Constituição.
O conselheiro Santi Vila estaria prestes a renunciar, informou o jornal La Vanguardia, de Barcelona. Seus colegas Meritxell Borras, Carles Mundó e Toni Comín fariam a mesma ameaça, embora este último negue pelo Twitter.
Puigdemont fala amanhã em sessão de emergência do Parlament, o parlamento catalão. Pode colocar em votação a declaração de independência unilateral ou simplesmente proclamá-la antes do Senado espanhol aprovar a intervenção do governo central. A intervenção vai limitar os poderes do Parlament até a realização, dentro de seis meses, de eleições na Catalunha.
Outra possibilidade é a mesa diretora do parlamento catalão não colocar na ordem do dia desta quinta-feira a declaração de independência. O objetivo, no caso, da ala moderada do movimento pela independência é deixar Madri tomar a iniciativa política com a intervenção e a repressão. A dura resposta de Madri acabaria fortalecendo a luta pela independência. Uma declaração unilateral de independência justificaria a intervenção.
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Xi Jinping apresenta nova liderança do Partido Comunista da China
No encerramento do 19º Congresso do Partido Comunista da China, o cada vez mais poderoso secretário-geral do Comitê Central e presidente do país, Xi Jinping, apresentou há pouco os outros seis membros do Comitê Permanente do Politburo, o núcleo central do poder. Se eles são conhecidos popularmente como os sete imperadores, talvez na realidade agora a China tenha um só.
Durante o congresso do PC, Xi foi comparado a Mao Tsé-tung, o fundador da República Popular da China em 1º de outubro de 1949, e seu pensamento foi entronizado na Constituição. É "o socialismo com características chinesas para uma nova era".
Xi e o primeiro-ministro Li Keqiang foram reeleitos como líder e vice-líder. Os outros membros do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da China são novos.
Não foi apontado um sucessor para Xi, mais um sinal de que pode ficar além de seus dois mandatos, uma praxe introduzida em 1992, depois do Massacre na Praça da Paz Celestial, pelo então líder supremo Deng Xiaoping, que mandava por trás do trono como presidente da Comissão Militar Central.
"A liderança coletiva dentro do partido existe agora só no nome e, na realidade, está morta", declarou Wu Qiang, comentarista político e ex-professor da Universidade Nova China, em Beijim. "Isto abre caminho para ele acumular mais poder nos próximos anos e ficar além de 2022".
Entre os novos membros, Li Zhansu, de 67 anos, chefe de gabinete, amigo pessoal de longa data e assessor direto de Xi. Será o terceiro ha hierarquia do partido.
Vice-primeiro-ministro, considerado reformista em economia, Wang Yang, de 62 anos, ganhou prestígio como chefe do partido na província de Guangdong (Cantão), a mais próspera da China. Quarto na hierarquia, é o responsável pelas negociações de comércio exterior com os Estados Unidos.
Outro que trabalha há muito tempo com Xi é Wang Huning, de 62 anos, o quinto na hierarquia. Ex-professor convertido em ideólogo do partido, co-autor de relatórios e discursos do dirigente máximo, dirige há 15 anos o Escritório Central de Pesquisas Políticas.
Sexto na hierarquia do PC chinês é Zhao Leji, de 60 anos, foi diretor do departamento de organização do partido, que tem hoje um número recorde de 89 milhões de membros. Como secretário do Comitê Central de Inspeção e Disciplina do partido, ele vai liderar a campanha anticorrupção usada por Xi para assumir o controle absoluto do PC. É um aliado-chave do novo imperador.
O ex-prefeito de Xangai Han Zheng, de 63 anos, conquistou prestígio ao transformar a maior cidade chinesa na capital econômica e financeira do país. Ligado ao ex-presidente Jiang Zemin, é o 7º na hierarquia do PC.
Durante o congresso do PC, Xi foi comparado a Mao Tsé-tung, o fundador da República Popular da China em 1º de outubro de 1949, e seu pensamento foi entronizado na Constituição. É "o socialismo com características chinesas para uma nova era".
Xi e o primeiro-ministro Li Keqiang foram reeleitos como líder e vice-líder. Os outros membros do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da China são novos.
Não foi apontado um sucessor para Xi, mais um sinal de que pode ficar além de seus dois mandatos, uma praxe introduzida em 1992, depois do Massacre na Praça da Paz Celestial, pelo então líder supremo Deng Xiaoping, que mandava por trás do trono como presidente da Comissão Militar Central.
"A liderança coletiva dentro do partido existe agora só no nome e, na realidade, está morta", declarou Wu Qiang, comentarista político e ex-professor da Universidade Nova China, em Beijim. "Isto abre caminho para ele acumular mais poder nos próximos anos e ficar além de 2022".
Entre os novos membros, Li Zhansu, de 67 anos, chefe de gabinete, amigo pessoal de longa data e assessor direto de Xi. Será o terceiro ha hierarquia do partido.
Vice-primeiro-ministro, considerado reformista em economia, Wang Yang, de 62 anos, ganhou prestígio como chefe do partido na província de Guangdong (Cantão), a mais próspera da China. Quarto na hierarquia, é o responsável pelas negociações de comércio exterior com os Estados Unidos.
Outro que trabalha há muito tempo com Xi é Wang Huning, de 62 anos, o quinto na hierarquia. Ex-professor convertido em ideólogo do partido, co-autor de relatórios e discursos do dirigente máximo, dirige há 15 anos o Escritório Central de Pesquisas Políticas.
Sexto na hierarquia do PC chinês é Zhao Leji, de 60 anos, foi diretor do departamento de organização do partido, que tem hoje um número recorde de 89 milhões de membros. Como secretário do Comitê Central de Inspeção e Disciplina do partido, ele vai liderar a campanha anticorrupção usada por Xi para assumir o controle absoluto do PC. É um aliado-chave do novo imperador.
O ex-prefeito de Xangai Han Zheng, de 63 anos, conquistou prestígio ao transformar a maior cidade chinesa na capital econômica e financeira do país. Ligado ao ex-presidente Jiang Zemin, é o 7º na hierarquia do PC.
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terça-feira, 24 de outubro de 2017
Partido Comunista da China eleva Xi Jinping ao nível de Mao Tsé-tung
Sem grande surpresa, o 19º Congresso do Partido Comunista chinês terminou com a consagração total do ditador Xi Jinping, elevado a "líder central do partido", ao nível do Grande Timoneiro Mao Tsé-tung, fundador da República Popular da China. Seu pensamento foi incluído na Constituição do país, honra até agora só concedida a Mao.
Com a volta de um culto da personalidade do líder supremo que não era visto desde a morte de Mao, em 1976, a dúvida é se Xi vai transferir o poder em 2022 ou governar além do segundo mandato de cinco anos que começa agora como líder do PC e em março como presidente da República.
Depois da morte de Mao, no fim da década caótica da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), o maior líder comunista chinês foi Deng Xiaoping. Mesmo sem ser presidente nem secretário-geral do partido, Deng foi o idealizador das reformas econômicas que transformaram a China na segunda maior economia do mundo, rumo ao primeiro lugar.
É uma superpotência. Xi Jinping pretende guiar a China nesta etapa final da ascensão e exercer seu poderio renovado em escala mundial. Pelas dimensões da obra de Deng, o Pequeno Timoneiro (ele era baixinho) deveria ser comparado a Mao e não Xi, que passou os últimos cinco anos consolidando o poder.
Sua campanha anticorrupção expurgou mais de 1,5 milhão de membros do partido. Numa ditadura como o regime comunista chinês, é dentro do partido que se faz política, numa luta intestina feroz. Amanhã, será anunciada a nova composição do Politburo, de 25 membros, e do Comitê Permanente do Politburo, os sete imperadores que governam a China.
Se não for indicado um sucessor, ficará a impressão de que Xi pretende manter o poder além de 2022, quebrando uma regra imposta por Deng depois do Massacre na Praça da Paz Celestial, em Beijim, o maior desafio ao poder absoluto do partido em 68 anos no poder.
Com a morte de Mao e o clima de anarquia da Revolução Cultural, quando o pai de Xi, também alto dirigente do partido, foi mandado para reeducação numa comunidade chinês, Deng viu a oportunidade para suas reformas.
Enquanto o atual líder supremo começava a vida como criador de porcos, Deng sabia que só uma ideia seria capaz de unir o partido: modernização.
Seu programa de Quatro Modernizações (agricultura, defesa, indústria e ciência e tecnologia), lançado em 13 de dezembro de 1978, marca o início da abertura econômica chinesa, das reformas econômicas que elevaram o produto interno da China de US$ 200 bilhões, em 1978, para mais de US$ 11 trilhões, no ano passado.
Deng resgatava uma proposta de 1963 do então primeiro-ministro Chu Enlai, depois depois do igualmente fracassado Grande Salto para a Frente (1958-62), a tentativa de fabricar aço em comunidades rurais. O produto industrial era de péssima qualidade e as safras agrícolas desabaram, provocando uma grande fome e com um total estimado de 30 a 55 milhões de mortes. Foi a pior fome da história.
Na luta interna do partido pós-Revolução Cultural, Deng dobrou a velha guarda maoísta alegando que os símbolos da revolução comunista, o camponês, o operário e o soldado do Exército Popular de Libertação, ainda levavam vidas miseráveis.
A abertura econômica causou o mais rápido surto de desenvolvimento econômico da história da humanidade. Sua máxima nada marxista: "Enriquecer é a glória." O povo tem o direito de enriquecer.
Para evitar a volta da Revolução Cultural, o grande fantasma da China de hoje, uma das providências de Deng foi combater o culto da personalidade. Xi flerta com o perigo.
Sob Deng, o pensamento de Mao continuou sendo a base da política do partido para justificar o poder absoluto do PC. Virou um pai da pátria cuja imagem adorna o Portão da Paz Celestial, na entrada da Cidade Proibida, o antigo Palácio Imperial de Beijim.
Mao paira acima de todos, mas suas ideias econômicas foram totalmente abandonadas em troca do capitalismo e da "economia de mercado socialista", outra ideia de Deng, que chegou a ser entrevistado pela Enciclopédia Britânica para apresentar sua definição.
Como o mercado é anterior ao sistema capitalista, o Pequeno Timoneiro explicou que assim não haveria impedimento para o surgimento de uma economia de mercado socialista, em que o Estado não seria dono dos meios de produção, mas manteria o controle geral do sistema econômico.
A combinação de abertura econômica controlada pelo Estado com um regime político ditatorial do PC, a fórmula de Deng para a ascensão chinesa, ressuscitou o autoritarismo em escala internacional, alimentado pela crise das maiores democracias capitalistas na Grande Depressão (2008-9).
É este modelo nacionalista autoritário que a China quer exportar em aliança com a Rússia de Vladimir Putin, em contraponto à ordem internacional liberal do pós-guerra dominada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus.
Quando os jovens desafiaram o regime depois da morte do ex-secretário-geral do PC Hu Yaobang, em abril de 1989, e um movimento pela liberdade e a democracia acampou na praça central da capital chinesa, Deng chamou soldados de outras províncias, que não falavam mandarim.
Centenas, talvez milhares, de pessoas foram mortas no Massacre da Praça da Paz Celestial, na noite de 3 para 4 de junho de 1989. Os ativistas sobreviventes até hoje são perseguidos. O massacre é fortemente censurado. A censura à Internet e a perseguição aos dissidentes são outras marcas da era Xi. Aumentaram muito nos últimos cinco anos.
Mais antiga civilização ainda existente na Terra, com mais de 4 mil anos de história, a China conseguiu criar uma burocracia capaz de administrar seu vasto território, mas, nas palavras do sinólogo americano Kenneth Lieberthal, nunca foi capaz de criar um sistema político capaz de administrar a luta de suas elites pelo poder.
Sob a orientação de Deng, a partir de 1992, o partido passou a eleger o secretário-geral e o presidente da República por dois mandatos de cinco anos. Jiang Zemin virou secretário-geral em substituição a Zhao Ziyang, que caiu por ser contra a repressão ao movimento pela democracia, em junho de 1989.
Jiang manteve a liderança do partido e foi eleito presidente em 1993. Governou por dez anos e foi sucedido por Hu Jintao, que transferiu o comando do partido em 2012 e do governo em 2013 para Xi Jinping. Ao se colocar acima de Jiang e Hu, Xi sugere que esta norma não se aplica a ele.
Numa época de crise mundial, com a queda no crescimento de 10% para menos de 7% ao ano, Xi Jinping reforçou o controle do regime comunista sobre a economia. Desde o declínio do marxismo como ideologia, é o crescimento econômico que legitima o poder absoluto do partido.
A China planeja reorientar sua economia do investimento e da exportação para uma economia de consumo, serviços e alta tecnologia. Há um excesso de capacidade odiosa, o risco de formação de uma bolha no mercado imobiliário e o endividamento chegou a 265% do PIB, com grande peso das empresas estatais ineficientes.
Xi reluta em aprofundar as reformas por medo do impacto político da queda do crescimento. Quando a crise econômica vier, e um dia virá, o poder absoluto do partido será questionado. Assim, o PC chinês segue a teoria da bicicleta: precisa continuar pedalando, fazendo reformas, para manter o dinamismo da economia. Se parar, cai.
Em seu discurso de quase quatro horas na abertura do congresso do PC, na semana passada, o líder máximo defendeu a luta contra a corrupção, bastante popular, dadas as fortunas acumuladas por dirigentes do partido, e o combate à poluição para melhorar a qualidade de vida. Beijim sofre com uma poluição do ar 10 a 20 vezes pior do que o limite considerado saudável pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Também prometeu reformar as estatais, continuar a modernização tecnológica das Forças Armadas e colocar a Nova China no centro das decisões internacionais com seu ambicioso projeto de recriar a Rota da Seda, uma via comercial ligando o país à Europa, seu maior mercado consumidor. São projetos para muito além de 2022.
Uma possibilidade é que Xi siga o exemplo do presidente Vladimir Putin, que presidiu a Rússia de 2000 a 2008, trocou de cargo durante um mandato com o primeiro-ministro Dimitri Medvedev e voltou à Presidência em 2012. O Medvedev de Xi Jinping estaria entre os indicados para o Comitê Permanente.
Tudo, inclusive a pretensão de ser o maior líder do partido desde Mao, depende do desempenho e da ascensão da economia. É o partido que depende da economia e não o contrário.
Com a volta de um culto da personalidade do líder supremo que não era visto desde a morte de Mao, em 1976, a dúvida é se Xi vai transferir o poder em 2022 ou governar além do segundo mandato de cinco anos que começa agora como líder do PC e em março como presidente da República.
Depois da morte de Mao, no fim da década caótica da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), o maior líder comunista chinês foi Deng Xiaoping. Mesmo sem ser presidente nem secretário-geral do partido, Deng foi o idealizador das reformas econômicas que transformaram a China na segunda maior economia do mundo, rumo ao primeiro lugar.
É uma superpotência. Xi Jinping pretende guiar a China nesta etapa final da ascensão e exercer seu poderio renovado em escala mundial. Pelas dimensões da obra de Deng, o Pequeno Timoneiro (ele era baixinho) deveria ser comparado a Mao e não Xi, que passou os últimos cinco anos consolidando o poder.
Sua campanha anticorrupção expurgou mais de 1,5 milhão de membros do partido. Numa ditadura como o regime comunista chinês, é dentro do partido que se faz política, numa luta intestina feroz. Amanhã, será anunciada a nova composição do Politburo, de 25 membros, e do Comitê Permanente do Politburo, os sete imperadores que governam a China.
Se não for indicado um sucessor, ficará a impressão de que Xi pretende manter o poder além de 2022, quebrando uma regra imposta por Deng depois do Massacre na Praça da Paz Celestial, em Beijim, o maior desafio ao poder absoluto do partido em 68 anos no poder.
Com a morte de Mao e o clima de anarquia da Revolução Cultural, quando o pai de Xi, também alto dirigente do partido, foi mandado para reeducação numa comunidade chinês, Deng viu a oportunidade para suas reformas.
Enquanto o atual líder supremo começava a vida como criador de porcos, Deng sabia que só uma ideia seria capaz de unir o partido: modernização.
Seu programa de Quatro Modernizações (agricultura, defesa, indústria e ciência e tecnologia), lançado em 13 de dezembro de 1978, marca o início da abertura econômica chinesa, das reformas econômicas que elevaram o produto interno da China de US$ 200 bilhões, em 1978, para mais de US$ 11 trilhões, no ano passado.
Deng resgatava uma proposta de 1963 do então primeiro-ministro Chu Enlai, depois depois do igualmente fracassado Grande Salto para a Frente (1958-62), a tentativa de fabricar aço em comunidades rurais. O produto industrial era de péssima qualidade e as safras agrícolas desabaram, provocando uma grande fome e com um total estimado de 30 a 55 milhões de mortes. Foi a pior fome da história.
Na luta interna do partido pós-Revolução Cultural, Deng dobrou a velha guarda maoísta alegando que os símbolos da revolução comunista, o camponês, o operário e o soldado do Exército Popular de Libertação, ainda levavam vidas miseráveis.
A abertura econômica causou o mais rápido surto de desenvolvimento econômico da história da humanidade. Sua máxima nada marxista: "Enriquecer é a glória." O povo tem o direito de enriquecer.
Para evitar a volta da Revolução Cultural, o grande fantasma da China de hoje, uma das providências de Deng foi combater o culto da personalidade. Xi flerta com o perigo.
Sob Deng, o pensamento de Mao continuou sendo a base da política do partido para justificar o poder absoluto do PC. Virou um pai da pátria cuja imagem adorna o Portão da Paz Celestial, na entrada da Cidade Proibida, o antigo Palácio Imperial de Beijim.
Mao paira acima de todos, mas suas ideias econômicas foram totalmente abandonadas em troca do capitalismo e da "economia de mercado socialista", outra ideia de Deng, que chegou a ser entrevistado pela Enciclopédia Britânica para apresentar sua definição.
Como o mercado é anterior ao sistema capitalista, o Pequeno Timoneiro explicou que assim não haveria impedimento para o surgimento de uma economia de mercado socialista, em que o Estado não seria dono dos meios de produção, mas manteria o controle geral do sistema econômico.
A combinação de abertura econômica controlada pelo Estado com um regime político ditatorial do PC, a fórmula de Deng para a ascensão chinesa, ressuscitou o autoritarismo em escala internacional, alimentado pela crise das maiores democracias capitalistas na Grande Depressão (2008-9).
É este modelo nacionalista autoritário que a China quer exportar em aliança com a Rússia de Vladimir Putin, em contraponto à ordem internacional liberal do pós-guerra dominada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus.
Quando os jovens desafiaram o regime depois da morte do ex-secretário-geral do PC Hu Yaobang, em abril de 1989, e um movimento pela liberdade e a democracia acampou na praça central da capital chinesa, Deng chamou soldados de outras províncias, que não falavam mandarim.
Centenas, talvez milhares, de pessoas foram mortas no Massacre da Praça da Paz Celestial, na noite de 3 para 4 de junho de 1989. Os ativistas sobreviventes até hoje são perseguidos. O massacre é fortemente censurado. A censura à Internet e a perseguição aos dissidentes são outras marcas da era Xi. Aumentaram muito nos últimos cinco anos.
Mais antiga civilização ainda existente na Terra, com mais de 4 mil anos de história, a China conseguiu criar uma burocracia capaz de administrar seu vasto território, mas, nas palavras do sinólogo americano Kenneth Lieberthal, nunca foi capaz de criar um sistema político capaz de administrar a luta de suas elites pelo poder.
Sob a orientação de Deng, a partir de 1992, o partido passou a eleger o secretário-geral e o presidente da República por dois mandatos de cinco anos. Jiang Zemin virou secretário-geral em substituição a Zhao Ziyang, que caiu por ser contra a repressão ao movimento pela democracia, em junho de 1989.
Jiang manteve a liderança do partido e foi eleito presidente em 1993. Governou por dez anos e foi sucedido por Hu Jintao, que transferiu o comando do partido em 2012 e do governo em 2013 para Xi Jinping. Ao se colocar acima de Jiang e Hu, Xi sugere que esta norma não se aplica a ele.
Numa época de crise mundial, com a queda no crescimento de 10% para menos de 7% ao ano, Xi Jinping reforçou o controle do regime comunista sobre a economia. Desde o declínio do marxismo como ideologia, é o crescimento econômico que legitima o poder absoluto do partido.
A China planeja reorientar sua economia do investimento e da exportação para uma economia de consumo, serviços e alta tecnologia. Há um excesso de capacidade odiosa, o risco de formação de uma bolha no mercado imobiliário e o endividamento chegou a 265% do PIB, com grande peso das empresas estatais ineficientes.
Xi reluta em aprofundar as reformas por medo do impacto político da queda do crescimento. Quando a crise econômica vier, e um dia virá, o poder absoluto do partido será questionado. Assim, o PC chinês segue a teoria da bicicleta: precisa continuar pedalando, fazendo reformas, para manter o dinamismo da economia. Se parar, cai.
Em seu discurso de quase quatro horas na abertura do congresso do PC, na semana passada, o líder máximo defendeu a luta contra a corrupção, bastante popular, dadas as fortunas acumuladas por dirigentes do partido, e o combate à poluição para melhorar a qualidade de vida. Beijim sofre com uma poluição do ar 10 a 20 vezes pior do que o limite considerado saudável pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Também prometeu reformar as estatais, continuar a modernização tecnológica das Forças Armadas e colocar a Nova China no centro das decisões internacionais com seu ambicioso projeto de recriar a Rota da Seda, uma via comercial ligando o país à Europa, seu maior mercado consumidor. São projetos para muito além de 2022.
Uma possibilidade é que Xi siga o exemplo do presidente Vladimir Putin, que presidiu a Rússia de 2000 a 2008, trocou de cargo durante um mandato com o primeiro-ministro Dimitri Medvedev e voltou à Presidência em 2012. O Medvedev de Xi Jinping estaria entre os indicados para o Comitê Permanente.
Tudo, inclusive a pretensão de ser o maior líder do partido desde Mao, depende do desempenho e da ascensão da economia. É o partido que depende da economia e não o contrário.
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Diplomacia foi base para construir um país-continente como o Brasil
Sem poderio econômico e militar, o Brasil se tornou num país continental graças à sua diplomacia desde antes da independência. O Tratado de Madri, de 1750, deu o contorno básico do território nacional. O país manteve a unidade durante a independência e faz uma política externa pacífica orientada para o desenvolvimento, com uma "diplomacia do conhecimento" e um "poder suave".
Esta é a ideia central do livro A diplomacia na construção do Brasil: 1750-2016, do embaixador e ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) Rubens Ricupero.
"Poucos países devem à diplomacia tanto como o Brasil", afirma o autor na Introdução. "Com seus acertos e erros, a diplomacia marcou profundamente a independência, o fim do tráfico de escravos, a inserção no mundo por meio de um regime de comércio, os fluxos migratórios, voluntários ou não, que constituíram a população, a consolidação da unidade, ameaçada pela instabilidade na região platina, a industrialização e o desenvolvimento econômico."
Pelo Tratado de Tordesilhas (1494), o Brasil terminaria num meridiano de Belém a Laguna, excluindo o Rio Grande do Sul, o Mato Grosso e a Amazônia. A ocupação de fato da terra mudou esta realidade e o Brasil tomou forma no Tratado de Madri (1750).
Em debate de apresentação do livro realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, em 20 de outubro, o ex-secretário-geral do Itamaraty Marcos Azambuja considerou o trabalho histórico do Ministério das Relações Exteriores uma "diplomacia racional e equilibrada", mas fez uma série de críticas.
"Demoramos a reconhecer como legítimas as agendas ecológicas e direitos humanos", admitiu. A posição brasileira era defensiva, vendo qualquer crítica como interferência indevida em questões internas.
Como maiores erros, Azambuja citou o abandono da Liga das Nações, em 1926, porque o Brasil não foi admitido no Conselho, uma antiga aspiração anterior à ONU; e a iniciativa com a Turquia, em 2010, para tentar resolver o impasse criado pelo programa nuclear do Irã, sem considerar as potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), interessadas em manter seu monopólio das armas atômicas.
O ex-secretário-geral citou ainda "algumas canoas furadas na América Latina" e, num passado mais distante, "apoiamos a política colonial portuguesa e o voto contra o sionismo na ONU".
Azambuja manifestou receio "neste momento de desconstrução da ordem internacional, de populismo, armas nucleares, líderes carismáticos, e crise da globalização, a desconstrução de um mundo que nos deu paz estável e prosperidade."
Ao receber Rubens Ricupero, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, membro da ABL , começou agradecendo à Academia pelo "asilo cultural". O evento seria realizado no Palácio do Itamaraty, no Rio. Foi transferido por causa das críticas do embaixador Rubens Ricupero ao governo Michel Temer.
"Ricupero é merecedor do asilo cultural", observou Lafer. "Este é um livro de fôlego, de décadas de reflexão."
O ex-chanceler lembrou que no Tratado de Madri, em 1750, o brasileiro Alexandre de Gusmão, o "avô da diplomacia brasileira", teve atuação importante antes mesmo da independência.
"O Conselho de Estado do Império pediu uma diplomacia inteligente, sem vaidade; enérgica, sem arrogância; e franca, sem indiscrição. Celso Amorim fez exatamente o contrário", alfinetou Lafer, criticando o chanceler do governo Lula.
A moderna diplomacia brasileira é filha do Barão do Rio Branco, chanceler de 1902 a 1912, que resolveu os problemas de fronteiras com todos os dez países vizinhos e criou "uma diplomacia do conhecimento e da inteligência".
"Rio Branco produziu uma visão do Brasil: um país sem ambições territoriais, em paz, uma força de moderação e equilíbrio a serviço de um sistema internacional mais justo e equilibrado", resumiu o chanceler de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso.
Ricupero defendeu a "meritocracia" do Itamaraty, a elite do serviço público brasileiro, com "o concurso rigoroso e a promoção por merecimento" - e a comparou com a Operação Lava Jato, "juízes, procuradores e policiais que se chocam com tribunais superiores, com pessoas que se formaram em outro tempo. Os tribunais superiores recuam".
Ao chamar a Lava Jato de "tenentismo togado", o embaixador Ricupero fez referência à Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1922, que "arriscaram a própria vida na tentativa de mudar um sistema imutável".
O ano do centenário da independência, 1922, lembrou, tinha começado com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro, o marco do Movimento Modernista brasileiro. Em 25 de março, em Niterói, foi fundado o Partido Comunista do Brasil.
"O bicentenário era como um prazo para criar um Brasil melhor", comentou Ricupero. "Vivemos um angustiante autoquestionamento depois de acreditar que tínhamos chegado ao porto: grau de investimento, Copa do Mundo, Olimpíada. Foi uma festa para Lula, ficaram as lágrimas para a sucessora. Faltou sustentabilidade."
Assim, reconhece o autor, o livro é "uma história de 700 páginas que acaba mal. Como será o Brasil? Como vai sair desta crise? A diplomacia não se faz no vácuo."
O embaixador citou o antropólogo Gilberto Freyre, que descreveu o Itamaraty como "mais do que um Ministério do Exterior, um sistema de valores superiormente nacionais" para atender às "aspirações da cultura, da grandeza territorial e populacional" do Brasil.
Na visão de Ricupero, Rio Branco foi um pioneiro no "poder suave". Defendia a moderação e a não intervenção nos assuntos internos de outros países. O embaixador citou um exemplo: "Na fronteira com o Uruguai na Lagoa Mirim e no Rio Jaguarão, as águas eram todas do Brasil. O Barão mudou isso e dividiu as águas."
O Brasil nunca teve as ambições territoriais expressas no Destino Manifesto dos EUA, a Santa Rússia ou a grandeza napoleônica. Mas a política externa é fundamental para a afirmação de todos os países: "Não é a cereja do bolo, faz parte da massa", comparou.
"Sem diplomacia, os EUA não teriam ganho a guerra da independência", afirmou Ricupero, recordando o apoio da França, inimiga da Grã-Bretanha, a potência colonial. "A diplomacia reflete a imagem de si próprio e como os países encaram os outros. Num livro sobre política externa norte-americana, nenhuma vez se fala em direito internacional: é o poder e a consciência do poder."
Em seguida, fez um contraste com o Brasil: "Os norte-americanos se imaginam como um povo pacífico, mas cada geração teve sua guerra. Nós somos mais fracos, fazemos uma diplomacia da fraqueza, herdada de Portugal, o único povo ibérico que resistiu a Castela."
Portugal e a Inglaterra tem a aliança mais antiga entre dois países independentes, apesar da relação ter sido desigual por causa do diferencial de poder. Na Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade e da simpatia do ditador Oliveira Salazar pelo Eixo nazifascista, Portugal cedeu as ilhas dos Açores para a instalação de bases navais aliadas.
"Quando há um diferencial de poder muito grande, a arma dos fracos é o direito", notou Ricupero. "O Brasil não teve êxito na primeira guerra depois da independência, que levou à independência do Uruguai, em 1928."
A partir daí, o país passou a fazer alianças. Os futuros presidentes argentinos Bartolomeu Mitre e Domingo Sarmiento se juntaram ao Império do Brasil na guerra contra o ditador portenho Juan Manuel de Rosas, derrotado na Batalha de Monte Caseros, em 3 de fevereiro de 1852.
Na busca da esperança, o autor continuou o exame de consciência do livro: "A democracia americana gerou Donald Trump. É um retrocesso perigoso. Todas as nações passam por agonia e sofrimento. A vergonha é o ponto de partida de qualquer recuperação. O Brasil nos dói."
Esta é a ideia central do livro A diplomacia na construção do Brasil: 1750-2016, do embaixador e ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) Rubens Ricupero.
"Poucos países devem à diplomacia tanto como o Brasil", afirma o autor na Introdução. "Com seus acertos e erros, a diplomacia marcou profundamente a independência, o fim do tráfico de escravos, a inserção no mundo por meio de um regime de comércio, os fluxos migratórios, voluntários ou não, que constituíram a população, a consolidação da unidade, ameaçada pela instabilidade na região platina, a industrialização e o desenvolvimento econômico."
Pelo Tratado de Tordesilhas (1494), o Brasil terminaria num meridiano de Belém a Laguna, excluindo o Rio Grande do Sul, o Mato Grosso e a Amazônia. A ocupação de fato da terra mudou esta realidade e o Brasil tomou forma no Tratado de Madri (1750).
Em debate de apresentação do livro realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, em 20 de outubro, o ex-secretário-geral do Itamaraty Marcos Azambuja considerou o trabalho histórico do Ministério das Relações Exteriores uma "diplomacia racional e equilibrada", mas fez uma série de críticas.
"Demoramos a reconhecer como legítimas as agendas ecológicas e direitos humanos", admitiu. A posição brasileira era defensiva, vendo qualquer crítica como interferência indevida em questões internas.
Como maiores erros, Azambuja citou o abandono da Liga das Nações, em 1926, porque o Brasil não foi admitido no Conselho, uma antiga aspiração anterior à ONU; e a iniciativa com a Turquia, em 2010, para tentar resolver o impasse criado pelo programa nuclear do Irã, sem considerar as potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), interessadas em manter seu monopólio das armas atômicas.
O ex-secretário-geral citou ainda "algumas canoas furadas na América Latina" e, num passado mais distante, "apoiamos a política colonial portuguesa e o voto contra o sionismo na ONU".
Azambuja manifestou receio "neste momento de desconstrução da ordem internacional, de populismo, armas nucleares, líderes carismáticos, e crise da globalização, a desconstrução de um mundo que nos deu paz estável e prosperidade."
Ao receber Rubens Ricupero, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, membro da ABL , começou agradecendo à Academia pelo "asilo cultural". O evento seria realizado no Palácio do Itamaraty, no Rio. Foi transferido por causa das críticas do embaixador Rubens Ricupero ao governo Michel Temer.
"Ricupero é merecedor do asilo cultural", observou Lafer. "Este é um livro de fôlego, de décadas de reflexão."
O ex-chanceler lembrou que no Tratado de Madri, em 1750, o brasileiro Alexandre de Gusmão, o "avô da diplomacia brasileira", teve atuação importante antes mesmo da independência.
"O Conselho de Estado do Império pediu uma diplomacia inteligente, sem vaidade; enérgica, sem arrogância; e franca, sem indiscrição. Celso Amorim fez exatamente o contrário", alfinetou Lafer, criticando o chanceler do governo Lula.
A moderna diplomacia brasileira é filha do Barão do Rio Branco, chanceler de 1902 a 1912, que resolveu os problemas de fronteiras com todos os dez países vizinhos e criou "uma diplomacia do conhecimento e da inteligência".
"Rio Branco produziu uma visão do Brasil: um país sem ambições territoriais, em paz, uma força de moderação e equilíbrio a serviço de um sistema internacional mais justo e equilibrado", resumiu o chanceler de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso.
Ricupero defendeu a "meritocracia" do Itamaraty, a elite do serviço público brasileiro, com "o concurso rigoroso e a promoção por merecimento" - e a comparou com a Operação Lava Jato, "juízes, procuradores e policiais que se chocam com tribunais superiores, com pessoas que se formaram em outro tempo. Os tribunais superiores recuam".
Ao chamar a Lava Jato de "tenentismo togado", o embaixador Ricupero fez referência à Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1922, que "arriscaram a própria vida na tentativa de mudar um sistema imutável".
O ano do centenário da independência, 1922, lembrou, tinha começado com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro, o marco do Movimento Modernista brasileiro. Em 25 de março, em Niterói, foi fundado o Partido Comunista do Brasil.
"O bicentenário era como um prazo para criar um Brasil melhor", comentou Ricupero. "Vivemos um angustiante autoquestionamento depois de acreditar que tínhamos chegado ao porto: grau de investimento, Copa do Mundo, Olimpíada. Foi uma festa para Lula, ficaram as lágrimas para a sucessora. Faltou sustentabilidade."
Assim, reconhece o autor, o livro é "uma história de 700 páginas que acaba mal. Como será o Brasil? Como vai sair desta crise? A diplomacia não se faz no vácuo."
O embaixador citou o antropólogo Gilberto Freyre, que descreveu o Itamaraty como "mais do que um Ministério do Exterior, um sistema de valores superiormente nacionais" para atender às "aspirações da cultura, da grandeza territorial e populacional" do Brasil.
Na visão de Ricupero, Rio Branco foi um pioneiro no "poder suave". Defendia a moderação e a não intervenção nos assuntos internos de outros países. O embaixador citou um exemplo: "Na fronteira com o Uruguai na Lagoa Mirim e no Rio Jaguarão, as águas eram todas do Brasil. O Barão mudou isso e dividiu as águas."
O Brasil nunca teve as ambições territoriais expressas no Destino Manifesto dos EUA, a Santa Rússia ou a grandeza napoleônica. Mas a política externa é fundamental para a afirmação de todos os países: "Não é a cereja do bolo, faz parte da massa", comparou.
"Sem diplomacia, os EUA não teriam ganho a guerra da independência", afirmou Ricupero, recordando o apoio da França, inimiga da Grã-Bretanha, a potência colonial. "A diplomacia reflete a imagem de si próprio e como os países encaram os outros. Num livro sobre política externa norte-americana, nenhuma vez se fala em direito internacional: é o poder e a consciência do poder."
Em seguida, fez um contraste com o Brasil: "Os norte-americanos se imaginam como um povo pacífico, mas cada geração teve sua guerra. Nós somos mais fracos, fazemos uma diplomacia da fraqueza, herdada de Portugal, o único povo ibérico que resistiu a Castela."
Portugal e a Inglaterra tem a aliança mais antiga entre dois países independentes, apesar da relação ter sido desigual por causa do diferencial de poder. Na Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade e da simpatia do ditador Oliveira Salazar pelo Eixo nazifascista, Portugal cedeu as ilhas dos Açores para a instalação de bases navais aliadas.
"Quando há um diferencial de poder muito grande, a arma dos fracos é o direito", notou Ricupero. "O Brasil não teve êxito na primeira guerra depois da independência, que levou à independência do Uruguai, em 1928."
A partir daí, o país passou a fazer alianças. Os futuros presidentes argentinos Bartolomeu Mitre e Domingo Sarmiento se juntaram ao Império do Brasil na guerra contra o ditador portenho Juan Manuel de Rosas, derrotado na Batalha de Monte Caseros, em 3 de fevereiro de 1852.
Na busca da esperança, o autor continuou o exame de consciência do livro: "A democracia americana gerou Donald Trump. É um retrocesso perigoso. Todas as nações passam por agonia e sofrimento. A vergonha é o ponto de partida de qualquer recuperação. O Brasil nos dói."
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segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Trump bate boca com viúva grávida de soldado morto na África
A viúva rompeu o silêncio. Com apenas 24 anos, grávida, Myeshia Johnson perdeu o marido, o sargento La David Johnson, morto por terroristas ligados ao grupo Estado Islâmico em 5 de outubro no Níger. Ela disse que chorou depois de receber o telefonema do presidente Donald Trump.
O presidente não sabia nem o nome do soldado morto e falou que o marido dela sabia o que estava fazendo quando entrou para o Exército dos Estados Unidos. Agora, chamou uma viúva de uma família com a estrela de ouro, por ter um filho morto em combate, de mentirosa.
Em entrevista ao telejornal Good Morning, America, da rede de televisão ABC, Myeshia John confirmou a versão divulgada pela deputada democrata Frederica Wilson, atacada por Trump e pelo chefe da Casa Civil da Casa Branca, general John Kelly.
"Eu o ouvi tropeçando ao tentar lembrar o nome do meu marido, e isso foi o que mais me feriu", contou Myeshia.
Trump a desmentiu imediatamente pelo Twitter: "Tive uma conversa respeitosa com a viúva do sargento La David Johnson e falei o nome dele desde o começo, sem hesitação!"
Ela revelou ter recebido poucas informações sobre o que realmente aconteceu com seu marido no Níger, onde os EUA mantêm 800 soldados para ajudar o Exército do país na luta contra o terrorismo. Johnson se perdeu e seu corpo foi abandonado no campo de batalha. Só foi resgatado 48 horas depois da emboscada, quando a patrulha onde estavam os americanos foi atacada por 50 terroristas. Quatro americanos morreram.
"Não vi o que estava dentro daquela caixa", declarou a viúva, falando do caixão. "Até onde sei, poderia estar vazia."
Myeshia não falou nada durante a ligação do presidente. Ficou "muito chateada e ferida. Me fez chorar ainda mais." Ela acrescentou que "não tenho nada a dizer a ele".
Durante a campanha, Trump atacou uma família muçulmana cujo filho soldado morrera em combate.
Em entrevista à televisão pública britânica BBC, o ex-secretário da Defesa Leon Panetta deplorou o bate-boca de Trump com a jovem viúva grávida: "Isso diminui a instituição da Presidência."
O presidente não sabia nem o nome do soldado morto e falou que o marido dela sabia o que estava fazendo quando entrou para o Exército dos Estados Unidos. Agora, chamou uma viúva de uma família com a estrela de ouro, por ter um filho morto em combate, de mentirosa.
Em entrevista ao telejornal Good Morning, America, da rede de televisão ABC, Myeshia John confirmou a versão divulgada pela deputada democrata Frederica Wilson, atacada por Trump e pelo chefe da Casa Civil da Casa Branca, general John Kelly.
"Eu o ouvi tropeçando ao tentar lembrar o nome do meu marido, e isso foi o que mais me feriu", contou Myeshia.
Trump a desmentiu imediatamente pelo Twitter: "Tive uma conversa respeitosa com a viúva do sargento La David Johnson e falei o nome dele desde o começo, sem hesitação!"
Ela revelou ter recebido poucas informações sobre o que realmente aconteceu com seu marido no Níger, onde os EUA mantêm 800 soldados para ajudar o Exército do país na luta contra o terrorismo. Johnson se perdeu e seu corpo foi abandonado no campo de batalha. Só foi resgatado 48 horas depois da emboscada, quando a patrulha onde estavam os americanos foi atacada por 50 terroristas. Quatro americanos morreram.
"Não vi o que estava dentro daquela caixa", declarou a viúva, falando do caixão. "Até onde sei, poderia estar vazia."
Myeshia não falou nada durante a ligação do presidente. Ficou "muito chateada e ferida. Me fez chorar ainda mais." Ela acrescentou que "não tenho nada a dizer a ele".
Durante a campanha, Trump atacou uma família muçulmana cujo filho soldado morrera em combate.
Em entrevista à televisão pública britânica BBC, o ex-secretário da Defesa Leon Panetta deplorou o bate-boca de Trump com a jovem viúva grávida: "Isso diminui a instituição da Presidência."
domingo, 22 de outubro de 2017
Aliados do presidente Macri vencem eleições na Argentina
Sem concorrer, o presidente Mauricio Macri foi o grande vencedor das eleições legislativas de hoje na Argentina para renovar um terço do Senado e a metade da Câmara de Deputados. Ao vencer em 13 das 23 províncias argentinas e nos cinco maiores centros urbanos, o macrismo não terá maioria absoluta, mas terá a maior bancada no Congresso.
Os primeiros números divulgados já apontavam a derrota da presidente Cristina Kirchner na província de Buenos Aires para Esteban Bullrich, da aliança Cambiemos (Mudemos), liderada por Macri. Ela foi eleita para o Senado.
Com 99% das urnas apuradas, Bullrich (41,39%) leva uma vantagem de 388 mil votos sobre a ex-presidente Cristina Kirchner (37,24%), que fica com a segunda das três vagas em jogo. Sem admitir a derrota, Cristina afirmou que sua Unidade Cidadã é a maior força de oposição hoje na Argentina.
Na cidade de Buenos Aires, a deputada Elisa Carrió, do Cambiemos, lidera com 50,93% dos votos, muito à frente do candidato kirchnerista, Daniel Filmus (21,74%), e do ex-ministro da Economia Martín Lousteau (12,33%).
Na província de Santa Fé, Cambiemos tinha 38% contra 25% do kirchnerista Agustín Rossi, da Frente Justicialista. Em Córdoba, Cambiemos ganhava com 48% contra 30% para a União por Córdoba, do governador Juan Schiaretti, peronista que se refugiou no Brasil durante a última ditadura militar argentina (1976-83) e chegou a ser subdiretor da Fiat.
Em Mendoza, a província dos vinhos finos argentinos, junto à Cordilheira dos Andres, o oficialismo batia o peronismo por 45% a 25%. Na província de Entre Ríos, na chamada Mesopotâmia argentina, Cambiemos liderava com 53%. Na vizinha Corrientes, o macrismo tinha 55%.
Até mesmo na província de Santa Cruz, principal reduto do kirchnerismo, com 43% dos votos, Cambiemos superava por mais de dez pontos percentuais a Frente para a Vitória, da governadora Alicia Kirchner, irmã mais velha do falecido presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina. Os candidatos de Macri também ganharam no Chaco.
Em San Luis, o peronismo venceu com os irmãos Alberto e Adolfo Rodríguez Saá, que dominam a política da província desde a redemocratização, em 1983. Os peronistas também ganharam em Tucumán, Catamarca, Río Negro e San Juan. Em La Rioja, o ex-presidente Carlos Menem estava em segundo lugar.
Quando assumiu o poder, há pouco menos de dois meses, Macri encontrou uma economia arrasada pelo populismo econômico de Cristina Kirchner, com recessão, inflação e déficit público elevados. Ele liberou o câmbio e reduziu os subsídios a serviços públicos.
No primeiro momento, esse ajuste fiscal gerou uma inflação de 40% ao ano e uma recessão de 2,3% em 2016. Mas a economia cresce desde o terceiro trimestre ao ano passado e isso se refletiu nas urnas. A expectativa para 2017 é de um avanço de 2,45% no produto interno bruto.
Os primeiros números divulgados já apontavam a derrota da presidente Cristina Kirchner na província de Buenos Aires para Esteban Bullrich, da aliança Cambiemos (Mudemos), liderada por Macri. Ela foi eleita para o Senado.
Com 99% das urnas apuradas, Bullrich (41,39%) leva uma vantagem de 388 mil votos sobre a ex-presidente Cristina Kirchner (37,24%), que fica com a segunda das três vagas em jogo. Sem admitir a derrota, Cristina afirmou que sua Unidade Cidadã é a maior força de oposição hoje na Argentina.
Na cidade de Buenos Aires, a deputada Elisa Carrió, do Cambiemos, lidera com 50,93% dos votos, muito à frente do candidato kirchnerista, Daniel Filmus (21,74%), e do ex-ministro da Economia Martín Lousteau (12,33%).
Na província de Santa Fé, Cambiemos tinha 38% contra 25% do kirchnerista Agustín Rossi, da Frente Justicialista. Em Córdoba, Cambiemos ganhava com 48% contra 30% para a União por Córdoba, do governador Juan Schiaretti, peronista que se refugiou no Brasil durante a última ditadura militar argentina (1976-83) e chegou a ser subdiretor da Fiat.
Em Mendoza, a província dos vinhos finos argentinos, junto à Cordilheira dos Andres, o oficialismo batia o peronismo por 45% a 25%. Na província de Entre Ríos, na chamada Mesopotâmia argentina, Cambiemos liderava com 53%. Na vizinha Corrientes, o macrismo tinha 55%.
Até mesmo na província de Santa Cruz, principal reduto do kirchnerismo, com 43% dos votos, Cambiemos superava por mais de dez pontos percentuais a Frente para a Vitória, da governadora Alicia Kirchner, irmã mais velha do falecido presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina. Os candidatos de Macri também ganharam no Chaco.
Em San Luis, o peronismo venceu com os irmãos Alberto e Adolfo Rodríguez Saá, que dominam a política da província desde a redemocratização, em 1983. Os peronistas também ganharam em Tucumán, Catamarca, Río Negro e San Juan. Em La Rioja, o ex-presidente Carlos Menem estava em segundo lugar.
Quando assumiu o poder, há pouco menos de dois meses, Macri encontrou uma economia arrasada pelo populismo econômico de Cristina Kirchner, com recessão, inflação e déficit público elevados. Ele liberou o câmbio e reduziu os subsídios a serviços públicos.
No primeiro momento, esse ajuste fiscal gerou uma inflação de 40% ao ano e uma recessão de 2,3% em 2016. Mas a economia cresce desde o terceiro trimestre ao ano passado e isso se refletiu nas urnas. A expectativa para 2017 é de um avanço de 2,45% no produto interno bruto.
Shinzo Abe consolida poder com ampla maioria no Japão
Mesmo perdendo sete deputados, o Partido Liberal-Democrata (PLD) conquistou uma ampla vitória nas eleições para a Câmara da Dieta, o Parlamento do Japão, elegendo 283 dos 465 deputados. Em aliança com os 29 deputados do budista Komeito (Partido do Governo Limpo), o primeiro-ministro Shinzo Abe terá a maioria de dois terços necessária para mudar a Constituição pacifista e preparar o país para se defender da ameaça nuclear da Coreia do Norte.
A recuperação da economia e o programa nuclear da Coreia do Norte foram os grandes temas da campanha. Durante o último um ano e meio, a economia japonesa, a terceira maior do mundo, cresceu em todos os trimestres graças às políticas de incentivo da abeconomia. Há mais de um década, não vivia um período de crescimento tão longo.
Com o regime comunista norte-coreano testando bombas atômicas e mísseis balísticos, Abe acredita que chegou a hora de reformar a Constituição de 1947, imposta pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), que impede o Japão de mandar suas Forças Armadas ao exterior, a não ser em missões de paz das Nações Unidas.
A primeira mudança do artigo 9 da Constituição foi em 1992, quando os militares japoneses foram autorizados a participar de missões de paz da ONU. Em 2014, o governo reinterpretou a Constituição para afirmar que as Forças de Defesa do Japão poderiam socorrer inimigos sob ataque.
Diante do desafio norte-coreano, o tabu está caindo. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, do conservador Partido da Esperança, de centro-direita, apoia a reforma constitucional: "Estamos chegando a um lugar onde podemos ter uma discussão nacional sólida."
Uma pesquisa divulgada em 19 de outubro pelo jornal Asahi Shimbun indica que a opinião pública japonesa está dividida entre os que querem e os que rejeitam a reforma constitucional para o Japão voltar a ser um país normal, capaz de projetar seu poderio militar no exterior.
Se Abe, hoje com 63 anos, ficar no cargo até novembro de 2019, será o primeiro-ministro que governou o Japão por mais tempo no pós-guerra.
A recuperação da economia e o programa nuclear da Coreia do Norte foram os grandes temas da campanha. Durante o último um ano e meio, a economia japonesa, a terceira maior do mundo, cresceu em todos os trimestres graças às políticas de incentivo da abeconomia. Há mais de um década, não vivia um período de crescimento tão longo.
Com o regime comunista norte-coreano testando bombas atômicas e mísseis balísticos, Abe acredita que chegou a hora de reformar a Constituição de 1947, imposta pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), que impede o Japão de mandar suas Forças Armadas ao exterior, a não ser em missões de paz das Nações Unidas.
A primeira mudança do artigo 9 da Constituição foi em 1992, quando os militares japoneses foram autorizados a participar de missões de paz da ONU. Em 2014, o governo reinterpretou a Constituição para afirmar que as Forças de Defesa do Japão poderiam socorrer inimigos sob ataque.
Diante do desafio norte-coreano, o tabu está caindo. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, do conservador Partido da Esperança, de centro-direita, apoia a reforma constitucional: "Estamos chegando a um lugar onde podemos ter uma discussão nacional sólida."
Uma pesquisa divulgada em 19 de outubro pelo jornal Asahi Shimbun indica que a opinião pública japonesa está dividida entre os que querem e os que rejeitam a reforma constitucional para o Japão voltar a ser um país normal, capaz de projetar seu poderio militar no exterior.
Se Abe, hoje com 63 anos, ficar no cargo até novembro de 2019, será o primeiro-ministro que governou o Japão por mais tempo no pós-guerra.
Bilionário populista e antieuropeu vai governar a República Tcheca
O partido populista de centro-direita Ação de Cidadãos Insatisfeitos (ANO) venceu as eleições parlamentares de ontem na República Tcheca com cerca de 30% dos votos. Seu líder, o bilionário Andrej Babis, apelidado de Trump tcheco, será o próximo primeiro-ministro, informou hoje o jornal Latin American Herald Tribune.
Aos 63 anos, o Trump tcheco está sob investigação por uso fraudulento de fundos da União Europeia (UE) no valor de US$ 2 milhões. Mesmo assim, seu partido subiu 11 pontos percentuais em relação às eleições de 2013 para 29,6%. Elegeu 78 dos 200 deputados da Câmara dos Deputados. Terá de fazer alianças para formar um governo de maioria.
Com fortuna feita nos setores alimentício, químico e de meios de comunicação, ele promete dirigir o país como uma empresa e reduzir drasticamente a imigração.
Em segundo lugar, ficou o partido conservador ODS (11,3%, 25 deputados), seguido pelo anarquista Piratas (10,8%, 22 deputados) e pelo estreante, ultranacionalista e antieuropeu SPD (10,6%, 22 deputados), que chegou a aparecer em segundo lugar em pesquisas de boca de urna.
Os dois partidos tradicionais de esquerda sofreram fortes perdas. O Partido Comunista da Boêmia e da Morávia (KSCM) baixou de 15% para 7,8% do eleitorado, enquanto o Partido Social-Democrata Tcheco (CSSD) desabou de 20,4% para 7,3%, caindo de maior partido político tcheco para o sexto lugar. Ambos elegeram 15 deputados cada.
Pela primeira vez, nem o ODS nem o CSSD ganhou. Será o parlamento mais fragmentado desde a independência da República Tcheca, em 1993.
Aos 63 anos, o Trump tcheco está sob investigação por uso fraudulento de fundos da União Europeia (UE) no valor de US$ 2 milhões. Mesmo assim, seu partido subiu 11 pontos percentuais em relação às eleições de 2013 para 29,6%. Elegeu 78 dos 200 deputados da Câmara dos Deputados. Terá de fazer alianças para formar um governo de maioria.
Com fortuna feita nos setores alimentício, químico e de meios de comunicação, ele promete dirigir o país como uma empresa e reduzir drasticamente a imigração.
Em segundo lugar, ficou o partido conservador ODS (11,3%, 25 deputados), seguido pelo anarquista Piratas (10,8%, 22 deputados) e pelo estreante, ultranacionalista e antieuropeu SPD (10,6%, 22 deputados), que chegou a aparecer em segundo lugar em pesquisas de boca de urna.
Os dois partidos tradicionais de esquerda sofreram fortes perdas. O Partido Comunista da Boêmia e da Morávia (KSCM) baixou de 15% para 7,8% do eleitorado, enquanto o Partido Social-Democrata Tcheco (CSSD) desabou de 20,4% para 7,3%, caindo de maior partido político tcheco para o sexto lugar. Ambos elegeram 15 deputados cada.
Pela primeira vez, nem o ODS nem o CSSD ganhou. Será o parlamento mais fragmentado desde a independência da República Tcheca, em 1993.
sábado, 21 de outubro de 2017
Governo da Espanha aprova intervenção na Catalunha
O Conselho de Ministros da Espanha aprovou hoje a suspensão da autonomia regional na Catalunha para impedir sua independência. O governador regional Carles Puigdemont, o vice-governador Oriol Junqueras e todos os secretários foram afastados.
A expectativa é de convocação de eleições regionais dentro de seis meses. Enquanto isso, o Parlament ficará aberto, mas não poderá indicar um governador nem formar um novo govern. Puigdemont ameaça declarar a independência.
A intervenção, prevista no artigo 155 da Constituição da Espanha, precisa ser confirmada pelo Senado, que deve fazer uma reunião extraordinária prevista para a próxima sexta-feira, noticiou o jornal espanhol El País. Na exposição de motivos, o governo alega a necessidade de "voltar à legalidade".
"Não era nosso desejo nem intenção aplicar o artigo 155", declarou o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy. "Fazemos porque nenhum governo, de nenhum país democrático, pode aceitar que se ignore a lei, que se viole a lei, que se mude a lei e que se faça tudo isso pretendendo impor seus critérios aos demais."
O Partido Popular (PP), de Rajoy, tem maioria no Senado e conta com o apoio do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição, e do centrista Cidadãos. O líder socialista, Pedro Sánchez, afirmou não ter "nenhuma discrepância com Rajoy sobre a integridade territorial" da Espanha.
Já o partido radical de esquerda Podemos lamentou, através de seu secretário de organização, Paulo Echenique: "Estamos em choque com o fim da democracia na Catalunha e na Espanha." Seu líder, Pablo Iglesias, atacou a monarquia espanhola: "O bloco monárquico crê mostrar autoridade, mas só revela sua incapacidade de oferecer soluções e afasta ainda mais a Catalunha da Espanha."
Com a aprovação do Senado, o governo central espanhol vai assumir o controle das finanças da Generalitat, o governo autônomo catalão, e da polícia regional, os Mossos d'Esquadra, em catalão, que ficarão sob o controle do Ministério do Interior. Se Puigdemont declarar a independência, será denunciado pelo Ministério Público por "rebelião", com pena de até 30 anos de prisão.
Rajoy nega que as medidas suspendam a autonomia regional da Catalunha. Argumenta que apenas afastou os dirigentes que estavam agindo ilegalmente ao convocar o plebiscito de 1º de outubro. Pela Constituição espanhola, todo o país deve votar em plebiscitos sobre independência.
A presidente do Parlament, deputada Carme Forcadell, considerou a aplicação do artigo 155 "um golpe de Estado" e advertiu: "Não permitiremos."
Antes da intervenção, o Tribunal Constitucional da Espanha declarou ilegal e inconstitucional a Lei do Plebiscito sobre Autonomia, abrindo o caminho para as medidas de Rajoy.
Neste momento, há uma grande manifestação em Barcelona a favor da independência. Puigdemont já chegou local e deve fazer um pronunciamento, possivelmente para declarar a independência da Catalunha. Os independentistas radicais querem manter a mobilização nas ruas para pressionar Madri a negociar.
A solução racional seria realizar eleições regionais e ver como fica a divisão de forças no Parlament, mas os movimentos sociais mais radicais, a Assembleia Nacional Catalã, Òmnium e a Candidatura da Unidade Popular (CUP) consideram qualquer recuo uma "traição".
O senador Jordi Guillot, eleito pela esquerdista Entesa Catalana, vê "uma forte inércia para o conflito": "Demasiadas vozes, cá e lá, pedem vitórias e derrotas. É evidente que o procés nunca teve força para vergar o Estado, nem para conseguir apoios internacionais.
A aposta radical seria no confronto, acrescenta: "Pode haver a tentação de que, tendo chegado onde chegamos, será melhor fazer uma declaração unilateral de independência esperando que o Estado reaja, intervindo na Generalitat, e forçar uma Maidan [referência à revolução de 2014 na Ucrânia]. Uma mobilização ampla e prolongada a que o governo central responderia com repressão. Agravar o conflito custe o que custar para gerar um descontrole a uma virulência que obrigue a União Europeia a intervir."
Para o escritor catalão Antoni Puigverd, há um "choque de dois sonhos": o da uma Espanha francesa, unitária e socialista, e o da Catalunha independente: "Ambos creem que têm uma oportunidade de ouro para ganhar. Sendo antagônicos, estes dois sonhos coincidem num ponto: quanto pior, melhor. Estão conseguindo."
A expectativa é de convocação de eleições regionais dentro de seis meses. Enquanto isso, o Parlament ficará aberto, mas não poderá indicar um governador nem formar um novo govern. Puigdemont ameaça declarar a independência.
A intervenção, prevista no artigo 155 da Constituição da Espanha, precisa ser confirmada pelo Senado, que deve fazer uma reunião extraordinária prevista para a próxima sexta-feira, noticiou o jornal espanhol El País. Na exposição de motivos, o governo alega a necessidade de "voltar à legalidade".
"Não era nosso desejo nem intenção aplicar o artigo 155", declarou o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy. "Fazemos porque nenhum governo, de nenhum país democrático, pode aceitar que se ignore a lei, que se viole a lei, que se mude a lei e que se faça tudo isso pretendendo impor seus critérios aos demais."
O Partido Popular (PP), de Rajoy, tem maioria no Senado e conta com o apoio do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição, e do centrista Cidadãos. O líder socialista, Pedro Sánchez, afirmou não ter "nenhuma discrepância com Rajoy sobre a integridade territorial" da Espanha.
Já o partido radical de esquerda Podemos lamentou, através de seu secretário de organização, Paulo Echenique: "Estamos em choque com o fim da democracia na Catalunha e na Espanha." Seu líder, Pablo Iglesias, atacou a monarquia espanhola: "O bloco monárquico crê mostrar autoridade, mas só revela sua incapacidade de oferecer soluções e afasta ainda mais a Catalunha da Espanha."
Com a aprovação do Senado, o governo central espanhol vai assumir o controle das finanças da Generalitat, o governo autônomo catalão, e da polícia regional, os Mossos d'Esquadra, em catalão, que ficarão sob o controle do Ministério do Interior. Se Puigdemont declarar a independência, será denunciado pelo Ministério Público por "rebelião", com pena de até 30 anos de prisão.
Rajoy nega que as medidas suspendam a autonomia regional da Catalunha. Argumenta que apenas afastou os dirigentes que estavam agindo ilegalmente ao convocar o plebiscito de 1º de outubro. Pela Constituição espanhola, todo o país deve votar em plebiscitos sobre independência.
A presidente do Parlament, deputada Carme Forcadell, considerou a aplicação do artigo 155 "um golpe de Estado" e advertiu: "Não permitiremos."
Antes da intervenção, o Tribunal Constitucional da Espanha declarou ilegal e inconstitucional a Lei do Plebiscito sobre Autonomia, abrindo o caminho para as medidas de Rajoy.
Neste momento, há uma grande manifestação em Barcelona a favor da independência. Puigdemont já chegou local e deve fazer um pronunciamento, possivelmente para declarar a independência da Catalunha. Os independentistas radicais querem manter a mobilização nas ruas para pressionar Madri a negociar.
A solução racional seria realizar eleições regionais e ver como fica a divisão de forças no Parlament, mas os movimentos sociais mais radicais, a Assembleia Nacional Catalã, Òmnium e a Candidatura da Unidade Popular (CUP) consideram qualquer recuo uma "traição".
O senador Jordi Guillot, eleito pela esquerdista Entesa Catalana, vê "uma forte inércia para o conflito": "Demasiadas vozes, cá e lá, pedem vitórias e derrotas. É evidente que o procés nunca teve força para vergar o Estado, nem para conseguir apoios internacionais.
A aposta radical seria no confronto, acrescenta: "Pode haver a tentação de que, tendo chegado onde chegamos, será melhor fazer uma declaração unilateral de independência esperando que o Estado reaja, intervindo na Generalitat, e forçar uma Maidan [referência à revolução de 2014 na Ucrânia]. Uma mobilização ampla e prolongada a que o governo central responderia com repressão. Agravar o conflito custe o que custar para gerar um descontrole a uma virulência que obrigue a União Europeia a intervir."
Para o escritor catalão Antoni Puigverd, há um "choque de dois sonhos": o da uma Espanha francesa, unitária e socialista, e o da Catalunha independente: "Ambos creem que têm uma oportunidade de ouro para ganhar. Sendo antagônicos, estes dois sonhos coincidem num ponto: quanto pior, melhor. Estão conseguindo."
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sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Chefe da Casa Civil da Casa Branca mentiu sobre deputada
Um dos adultos encarregados de pôr um mínimo de ordem no caótico governo Donald Trump foi pego mentindo sobre a deputada que revelou a insensibilidade do presidente dos Estados Unidos ao dar condolências à viúva grávida de um militar morto por terroristas no Níger, na África Ocidental. O chefe da Casa Civil da Casa Branca, general John Kelly, mentiu para atacar a deputada federal Frederica Wilson.
Trump levou 12 dias para encontrar em contato com as famílias dos quatro soldados mortos kem 4 de outubro na África, numa emboscada de terroristas ligados ao grupo Estado Islâmico. Teria dito à viúva: "Seu marido sabia o que estava assinando, mas entendo que dói de qualquer maneira." O presidente nem citou o nome do sargento La David Johnson, indignou-se a mãe dele. A viúva chorou ao desligar o telefone.
A deputada federal democrata Frederica Wilson deu publicidade à indignação da família e logo se tornou alvo das retaliações da Casa Branca. O general Kelly afirmou que, ao participar da inauguração da nova sede do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, em Miami, em 2015, Frederica Wilson teria alegado que ela conseguira os US$ 20 milhões para a obra.
Kelly apresentou Wilson como uma política cínica e oportunista, em busca da notoriedade fácil. Mas um vídeo divulgado pelo jornal The Sun Sentinel, da Flórida, derrubou a versão do general, dando razão à deputada.
Em seu discurso de nove minutos, ela nunca reivindicou para si a obtenção do dinheiro, admitindo ter sido aprovado antes de ser eleita para a Câmara dos Representantes.
Wilson fez, sim, com outros deputados, o projeto para dar ao edifício o nome de dois agentes do FBI, Benjamin Grogan e Jerry Dove, mortos em troca de tiros com assaltantes de bancos em 1986, reportou o jornal Miami Herald.
Hoje a deputada reagiu e levou o caso para a questão racial: "A Casa Branca está cheia de supremacistas brancos", disparou. "Tenho pena dele por achar que precisa mentir sobre mim, que não sou sua inimiga. Não posso nem imaginar por que ele inventou uma mentira dessas. É totalmente insano. Estou pasmada porque era tão fácil de descobrir."
Frederica Wilson era amiga da família. Conhecia La David Johnson desde o ensino fundamental, quando ele entrou para um programa de tutoria criado por ela. A deputada estava com a família dentro da limusine esperando o caixão com o corpo do sargento na pista do aeroporto quando o presidente ligou. Ela ouviu a conversa pelo viva-voz do rádio do carro.
Mais um bate-boca gerado pelo governo Trump suscitou dúvidas sobre o que realmente aconteceu no Níger em 4 de outubro. Aparentemente, os soldados americanos acompanhavam uma patrulha do Exército local perto da fronteira como Mali quando foram surpreendidos por 50 jihadistas. Não tinham homens nem poder de fogo para resistir.
A primeira questão é: que informações de inteligência esses militares tinham para se arriscar andar sem proteção especial numa fronteira de alto risco? O que eles estavam fazendo lá? Quem os mandou para essa missão? Houve negligência?
Os democratas comparam com o ataque terrorista ao consulado dos EUA em Bengázi, na Líbia, em 11 de setembro de 2012, quando morreram o embaixador e outros três americanos. A na época oposição republicana explorou o episódio, mais ainda porque Hillary Clinton era a secretária de Estado, no primeiro governo Barack Obama.
Pior para o governo Trump é a revelação de que o sargento Johnson foi abandonado no campo de batalha. Seu corpo foi resgatado 48 horas depois. A deputada chegou a cogitar que tenha ficado vivo agonizando durante horas. Isso quebra uma regra fundamental das Forças Armadas dos EUA: nenhum soldado pode ser deixado para trás. Johnson era o único negro do grupo.
Trump levou 12 dias para encontrar em contato com as famílias dos quatro soldados mortos kem 4 de outubro na África, numa emboscada de terroristas ligados ao grupo Estado Islâmico. Teria dito à viúva: "Seu marido sabia o que estava assinando, mas entendo que dói de qualquer maneira." O presidente nem citou o nome do sargento La David Johnson, indignou-se a mãe dele. A viúva chorou ao desligar o telefone.
A deputada federal democrata Frederica Wilson deu publicidade à indignação da família e logo se tornou alvo das retaliações da Casa Branca. O general Kelly afirmou que, ao participar da inauguração da nova sede do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, em Miami, em 2015, Frederica Wilson teria alegado que ela conseguira os US$ 20 milhões para a obra.
Kelly apresentou Wilson como uma política cínica e oportunista, em busca da notoriedade fácil. Mas um vídeo divulgado pelo jornal The Sun Sentinel, da Flórida, derrubou a versão do general, dando razão à deputada.
Em seu discurso de nove minutos, ela nunca reivindicou para si a obtenção do dinheiro, admitindo ter sido aprovado antes de ser eleita para a Câmara dos Representantes.
Wilson fez, sim, com outros deputados, o projeto para dar ao edifício o nome de dois agentes do FBI, Benjamin Grogan e Jerry Dove, mortos em troca de tiros com assaltantes de bancos em 1986, reportou o jornal Miami Herald.
Hoje a deputada reagiu e levou o caso para a questão racial: "A Casa Branca está cheia de supremacistas brancos", disparou. "Tenho pena dele por achar que precisa mentir sobre mim, que não sou sua inimiga. Não posso nem imaginar por que ele inventou uma mentira dessas. É totalmente insano. Estou pasmada porque era tão fácil de descobrir."
Frederica Wilson era amiga da família. Conhecia La David Johnson desde o ensino fundamental, quando ele entrou para um programa de tutoria criado por ela. A deputada estava com a família dentro da limusine esperando o caixão com o corpo do sargento na pista do aeroporto quando o presidente ligou. Ela ouviu a conversa pelo viva-voz do rádio do carro.
Mais um bate-boca gerado pelo governo Trump suscitou dúvidas sobre o que realmente aconteceu no Níger em 4 de outubro. Aparentemente, os soldados americanos acompanhavam uma patrulha do Exército local perto da fronteira como Mali quando foram surpreendidos por 50 jihadistas. Não tinham homens nem poder de fogo para resistir.
A primeira questão é: que informações de inteligência esses militares tinham para se arriscar andar sem proteção especial numa fronteira de alto risco? O que eles estavam fazendo lá? Quem os mandou para essa missão? Houve negligência?
Os democratas comparam com o ataque terrorista ao consulado dos EUA em Bengázi, na Líbia, em 11 de setembro de 2012, quando morreram o embaixador e outros três americanos. A na época oposição republicana explorou o episódio, mais ainda porque Hillary Clinton era a secretária de Estado, no primeiro governo Barack Obama.
Pior para o governo Trump é a revelação de que o sargento Johnson foi abandonado no campo de batalha. Seu corpo foi resgatado 48 horas depois. A deputada chegou a cogitar que tenha ficado vivo agonizando durante horas. Isso quebra uma regra fundamental das Forças Armadas dos EUA: nenhum soldado pode ser deixado para trás. Johnson era o único negro do grupo.
Dois ataques a mesquitas deixam 59 mortos no Afeganistão
Um terrorista suicida se detonou hoje numa mesquita xiita de Cabul, a capital do Afeganistão. Pelo menos 39 pessoas morreram e 41 saíram feridas. O total de mortos pode aumentar, previu um porta-voz do Ministério da Saúde. Outras 20 foram mortas num ataque a uma mesquita sunita na província de Ghor, informou a televisão pública britânica BBC.
A mesquita Imã Zaman estava cheia de fiéis nesta sexta-feira, a folga religiosa semanal dos muçulmanos, o dia de ir à mesquita. Esses novos ataques revoltaram a população xiita, que se sente desprotegida diante dos grupos terroristas sunitas.
Como o ataque em Cabul foi de sunitas contra xiitas, a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante é suspeita. Em agosto, pelo menos 40 pessoas foram mortas num ataque atribuída ao Estado Islâmico contra uma mesquita xiita.
Nos últimos anos, o Estado Islâmico tenta se infiltrar no Afeganistão. Com a perda dos territórios no Iraque e na Síria, deve intensificar os esforços para estender seus tentáculos.
A mesquita Imã Zaman estava cheia de fiéis nesta sexta-feira, a folga religiosa semanal dos muçulmanos, o dia de ir à mesquita. Esses novos ataques revoltaram a população xiita, que se sente desprotegida diante dos grupos terroristas sunitas.
Como o ataque em Cabul foi de sunitas contra xiitas, a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante é suspeita. Em agosto, pelo menos 40 pessoas foram mortas num ataque atribuída ao Estado Islâmico contra uma mesquita xiita.
Nos últimos anos, o Estado Islâmico tenta se infiltrar no Afeganistão. Com a perda dos territórios no Iraque e na Síria, deve intensificar os esforços para estender seus tentáculos.
Emissões de gás carbônico estacionam pelo terceiro ano seguido
As emissões de gás carbônico, o maior responsável pelo aquecimento global, praticamente não sobem desde 2013, concluiu a avaliação anual das emissões de gases de efeito estufa do Centro de Pesquisas Conjuntas da União Europeia e da Agência de Avaliação Ambiental da Holanda.
O relatório atualiza os dados do constante monitoramento dos três principais gases de efeito estufa: o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso ou monóxido de dinitrogênio.
A China, os Estados Unidos, a Rússia e o Japão reduziram seus emissões de 2015 para 2016, enquanto a União Europeia mantiveram o mesmo nível e na Índia continuam aumentando. Não há dados sobre o metano e o óxido nitroso desde 2012.
O metano é gerado pela produção agrícola, de gás e carvão, assim como do tratamento do lixo. O óxido nitroso está ligado ao uso de fertilizantes na agricultura e à produção industrial. O maior vilão é o gás carbônico produzido pela queima de combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural.
Em 2016, as emissões da UE registraram queda de 20,8% em relação a 1990 e 17,9% em comparação com 2005.
O relatório atualiza os dados do constante monitoramento dos três principais gases de efeito estufa: o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso ou monóxido de dinitrogênio.
A China, os Estados Unidos, a Rússia e o Japão reduziram seus emissões de 2015 para 2016, enquanto a União Europeia mantiveram o mesmo nível e na Índia continuam aumentando. Não há dados sobre o metano e o óxido nitroso desde 2012.
O metano é gerado pela produção agrícola, de gás e carvão, assim como do tratamento do lixo. O óxido nitroso está ligado ao uso de fertilizantes na agricultura e à produção industrial. O maior vilão é o gás carbônico produzido pela queima de combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural.
Em 2016, as emissões da UE registraram queda de 20,8% em relação a 1990 e 17,9% em comparação com 2005.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Israel volta a bombardear a Síria
Israel bombardeou a Síria em resposta a disparos de artilharia que atingiram seu território nas Colinas do Golã, como vem fazendo desde o início da guerra civil no país vizinho, em 2011. Na segunda-feira, a defesa antiaérea síria atacara aviões de guerra israelenses que sobrevoavam o Líbano, provocando uma reação imediata.
O incidente aconteceu no dia da visita do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, a Israel. Durante a guerra civil, a Rússia vendeu à Síria baterias antiaéreas de última geração. Israel pediu a Moscou que não autorizasse seu uso contra si.
Na manhã de 16 de outubro, aviões-espiões da Força Aérea de Israel fotografavam o Líbano quando foram identificados pelas baterias antiaéreas SA-5, da Síria, que dispararam um míssil. Essas batérias são absoletas e ineficientes. O míssil antiaéreo não chegou a ameaçar os aviões israelenses, mas a retaliação foi imediata.
"Quem quiser nos ferir", advertiu o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, "será ferido em resposta."
Ainda não se conhecem os resultados desse contra-ataque. Num incidente semelhante, em março, uma esquadrilha israelense disparou quatro bombas de precisão contra a bateria antiaérea de onde partiu o míssil inimigo.
A Síria declarou que o bombardeio israelense terá "sérias consequências" e o comandante do Exército do Irã advertiu Israel a não se meter na Síria, onde Teerã apoia a ditadura de Bachar Assad.
"Os russos não estão envolvidos nestas decisões que, presumimos, são tomadas no palácio presidencial em Damasco", comentou sem se identificar um alto funcionário do Ministério da Defesa de Israel. "Às vezes, essas decisões são tomadas por oficiais de baixa patente no campo de batalha."
A defesa síria ainda ainda está sob o impacto de um bombardeio, em 8 de setembro, a uma fábrica de armas próxima a Damasco que estava tentando melhorar a acurácia dos mísseis e foguetes sírios, ação atribuída a Israel. "Eles podem ter achado que seriam atacados e lançaram o míssil para se defender", especulou a fonte israelense, citada pelo jornal árabe-americano Al-Monitor.
A Rússia pediu explicações diretamente através do ministro da Defesa. "Eles sabem que nossas missões fotográficas no Líbano são para autodefesa, para coletar informações sobre o arsenal de foguetes e mísseis que se acumula diante dos nossos olhos. Explicamos que não temos a menor intenção de admitir ataques a nossos aviões", acrescentou o alto funcionário de Israel.
O ministro da Defesa israelense, Avigdor Lieberman, manifestou a preocupação com a influência do Irã na Síria. Alertou que a presença de forças iranianas perto da fronteira de Israel será motivo para ir à guerra.
Ontem, ante as ameaças do comandante militar iraniano, o primeiro-ministro Netanyahu falou pelo telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
"Não vai haver presença iraniana na nossa cerca, nem nas Colinas do Golã nem no Líbano", afirmou a fonte militar israelense. "Ou vai haver um acordo, ou será resolvido pela for. De nossa parte, deixamos claro a todas as partes envolvidas que não vamos ceder nesta questão."
O incidente aconteceu no dia da visita do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, a Israel. Durante a guerra civil, a Rússia vendeu à Síria baterias antiaéreas de última geração. Israel pediu a Moscou que não autorizasse seu uso contra si.
Na manhã de 16 de outubro, aviões-espiões da Força Aérea de Israel fotografavam o Líbano quando foram identificados pelas baterias antiaéreas SA-5, da Síria, que dispararam um míssil. Essas batérias são absoletas e ineficientes. O míssil antiaéreo não chegou a ameaçar os aviões israelenses, mas a retaliação foi imediata.
"Quem quiser nos ferir", advertiu o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, "será ferido em resposta."
Ainda não se conhecem os resultados desse contra-ataque. Num incidente semelhante, em março, uma esquadrilha israelense disparou quatro bombas de precisão contra a bateria antiaérea de onde partiu o míssil inimigo.
A Síria declarou que o bombardeio israelense terá "sérias consequências" e o comandante do Exército do Irã advertiu Israel a não se meter na Síria, onde Teerã apoia a ditadura de Bachar Assad.
"Os russos não estão envolvidos nestas decisões que, presumimos, são tomadas no palácio presidencial em Damasco", comentou sem se identificar um alto funcionário do Ministério da Defesa de Israel. "Às vezes, essas decisões são tomadas por oficiais de baixa patente no campo de batalha."
A defesa síria ainda ainda está sob o impacto de um bombardeio, em 8 de setembro, a uma fábrica de armas próxima a Damasco que estava tentando melhorar a acurácia dos mísseis e foguetes sírios, ação atribuída a Israel. "Eles podem ter achado que seriam atacados e lançaram o míssil para se defender", especulou a fonte israelense, citada pelo jornal árabe-americano Al-Monitor.
A Rússia pediu explicações diretamente através do ministro da Defesa. "Eles sabem que nossas missões fotográficas no Líbano são para autodefesa, para coletar informações sobre o arsenal de foguetes e mísseis que se acumula diante dos nossos olhos. Explicamos que não temos a menor intenção de admitir ataques a nossos aviões", acrescentou o alto funcionário de Israel.
O ministro da Defesa israelense, Avigdor Lieberman, manifestou a preocupação com a influência do Irã na Síria. Alertou que a presença de forças iranianas perto da fronteira de Israel será motivo para ir à guerra.
Ontem, ante as ameaças do comandante militar iraniano, o primeiro-ministro Netanyahu falou pelo telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
"Não vai haver presença iraniana na nossa cerca, nem nas Colinas do Golã nem no Líbano", afirmou a fonte militar israelense. "Ou vai haver um acordo, ou será resolvido pela for. De nossa parte, deixamos claro a todas as partes envolvidas que não vamos ceder nesta questão."
Talebã matam 43 soldados em ataque a base militar no Afeganistão
Em ataque na madrugada de hoje com carros-bomba, a milícia extremista muçulmana dos Talebã (Estudantes) destruiu uma pequena base do Exército do Afeganistão no distrito de Maywand, na província de Kandahar, matando 43 soldados, dois dias depois de ataques contra postos policiais que deixaram 40 mortos em Ghazni e Paktia.
A Milícia dos Talebã mostra força no momento em que um reforço de 3 mil soldados dos Estados Unidos começa a ser enviado ao Afeganistão. O quartel de Maywand foi arrasado com uma nova tática: jogar veículos capturados das forças de segurança carregados de explosivos.
"O quartel foi totalmente destruído", admitiu o general Dawlat Waziri, porta-voz do Exército afegão. "Quando o combate começou, eles detonaram um carro-bomba perto da base, então o combate continuou por um tempo e eles detonaram outro carro-bomba. Também tinham Humvees carregados de explosivos."
Eram 2h30 quando a ação começou. A primeira explosão provocou um incêndio. "A explosão foi tão forte que quebrou nossas portas e janelas. Pensamos que fosse um terremoto ou um bombardeio aéreo", contou o comerciante Abdul Rahim Maiwandwal, que vive a poucos quilômetros de distância.
"Depois da explosão, ouvimos tiros e então mais explosões", acrescentou. "Quando saí para trabalhar de manhã, vi a base totalmente destruída e queimada." Dos 60 soldados, 43 morreram, nove saíram feridos e seis estão desaparecidos. Só dois ficaram ilesos.
Tanto na terça-feira quanto hoje, os talebãs usaram Humvees, os superjipes militares dos EUA, capturados do Exército do Afeganistão. Os jihadistas sempre se camuflaram como membros das forças de segurança, quando não se infiltraram no Exército e na polícia. O uso de veículos militares facilita o acesso aos alvos.
O subchefe da polícia da província de Kunduz, Safar Mohamed, estima que a milícia extremista capturou cerca de 20 Humvees e 60 a 70 picapes Ranger só em Kunduz. Na província de Helmande, onde os talebã são bastante ativos, uns 100 veículos foram capturados das forças de segurança afegãs. Na ação de hoje, levaram mais sete veículos.
A Milícia dos Talebã mostra força no momento em que um reforço de 3 mil soldados dos Estados Unidos começa a ser enviado ao Afeganistão. O quartel de Maywand foi arrasado com uma nova tática: jogar veículos capturados das forças de segurança carregados de explosivos.
"O quartel foi totalmente destruído", admitiu o general Dawlat Waziri, porta-voz do Exército afegão. "Quando o combate começou, eles detonaram um carro-bomba perto da base, então o combate continuou por um tempo e eles detonaram outro carro-bomba. Também tinham Humvees carregados de explosivos."
Eram 2h30 quando a ação começou. A primeira explosão provocou um incêndio. "A explosão foi tão forte que quebrou nossas portas e janelas. Pensamos que fosse um terremoto ou um bombardeio aéreo", contou o comerciante Abdul Rahim Maiwandwal, que vive a poucos quilômetros de distância.
"Depois da explosão, ouvimos tiros e então mais explosões", acrescentou. "Quando saí para trabalhar de manhã, vi a base totalmente destruída e queimada." Dos 60 soldados, 43 morreram, nove saíram feridos e seis estão desaparecidos. Só dois ficaram ilesos.
Tanto na terça-feira quanto hoje, os talebãs usaram Humvees, os superjipes militares dos EUA, capturados do Exército do Afeganistão. Os jihadistas sempre se camuflaram como membros das forças de segurança, quando não se infiltraram no Exército e na polícia. O uso de veículos militares facilita o acesso aos alvos.
O subchefe da polícia da província de Kunduz, Safar Mohamed, estima que a milícia extremista capturou cerca de 20 Humvees e 60 a 70 picapes Ranger só em Kunduz. Na província de Helmande, onde os talebã são bastante ativos, uns 100 veículos foram capturados das forças de segurança afegãs. Na ação de hoje, levaram mais sete veículos.
Poluição causou 9 milhões de mortes em 2015
A poluição foi responsável por 9 milhões de mortes em 2015, 16% do total. Cerca de 92% dessas mortes ocorreram em países de renda baixa ou média, como a China, a Índia, o Paquistão, Bangladesh, o Quênia e Madagascar, revelou um novo estudo publicado hoje na revista médica britânica The Lancet.
O prejuízo anual com a poluição é estimado em US$ 4,6 trilhões, equivalente a 6,2% do produto mundial bruto. A poluição do ar matou 6,5 milhões, enquanto a água poluída causou 1,8 milhão de mortes e a contaminação nos locais de trabalho, outras 800 mil mortes.
A maioria das mortes aconteceu na Índia (2,5 milhões) e na China (1,8 milhão), dois países com mais de um bilhão de habitantes e em crescimento acelerado. Os autores alegam que a poluição não é consequência inevitável do desenvolvimento. Basta aplicar as normas e leis dos países ricos para proteger suas populações.
Muitas dessas mortes foram causadas por doenças do coração, acidentes vasculares cerebrais, câncer de pulmão e enfizema pulmonar, tornando a contaminação ambiental um dos maiores fatores de risco para a morte prematura.
Como os países com mais mortes são pobres ou de renda média e a poluição afeta desproporcionalmente os mais pobres, em muitos casos, o problema é negligenciado, geralmente em nome de interesses econômicos. Agora mesmo, nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, o governo Donald Trump declarou "o fim da guerra ao carvão".
A Comissão sobre Saúde e Poluição da Lancet é um projeto de dois anos envolvendo mais de 40 cientistas das áreas de saúde e meio ambiente. Com base nos dados da pesquisa Peso Global da Doença, faz estimativas do impacto da poluição, seus custos econômicos e as dimensões da contaminação ambiental em escala global.
O prejuízo anual com a poluição é estimado em US$ 4,6 trilhões, equivalente a 6,2% do produto mundial bruto. A poluição do ar matou 6,5 milhões, enquanto a água poluída causou 1,8 milhão de mortes e a contaminação nos locais de trabalho, outras 800 mil mortes.
A maioria das mortes aconteceu na Índia (2,5 milhões) e na China (1,8 milhão), dois países com mais de um bilhão de habitantes e em crescimento acelerado. Os autores alegam que a poluição não é consequência inevitável do desenvolvimento. Basta aplicar as normas e leis dos países ricos para proteger suas populações.
Muitas dessas mortes foram causadas por doenças do coração, acidentes vasculares cerebrais, câncer de pulmão e enfizema pulmonar, tornando a contaminação ambiental um dos maiores fatores de risco para a morte prematura.
Como os países com mais mortes são pobres ou de renda média e a poluição afeta desproporcionalmente os mais pobres, em muitos casos, o problema é negligenciado, geralmente em nome de interesses econômicos. Agora mesmo, nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, o governo Donald Trump declarou "o fim da guerra ao carvão".
A Comissão sobre Saúde e Poluição da Lancet é um projeto de dois anos envolvendo mais de 40 cientistas das áreas de saúde e meio ambiente. Com base nos dados da pesquisa Peso Global da Doença, faz estimativas do impacto da poluição, seus custos econômicos e as dimensões da contaminação ambiental em escala global.
Espanha deve intervir na Catalunha no sábado
Diante da resposta do governador regional Carles Puigdemont, que se negou a retirar a declaração de independência da Catalunha, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, convocou para sábado uma reunião do Conselho de Ministros para aprovar a intervenção de Madri, suspendendo a autonomia da região, noticia o jornal espanhol El País.
Se Rajoy recorrer ao artigo 155 da Constituição da Espanha de 1978, nunca usado antes, "se não houver diálogo e houver repressão", Puigdemont ameaça colocar em marcha imediatamente o processo de separação, submetendo a declaração de independência à votação do Parlament da Generalitat, informa o jornal La Vanguardia, de Barcelona
Na carta enviada hoje ao primeiro-ministro, o governador catalão insiste na necessidade de negociação e diálogo, mas denuncia a repressão do governo central ao movimento pela independência. Também deixa claro que o único resultado aceitável para ele é a independência da Catalunha, totalmente rejeitada por Rajoy, a imensa maioria dos espanhóis e até por mais da metade dos catalães.
Depois da aprovação no Conselho de Ministros, a intervenção terá de ser ratificada pelo Senado, onde o Partido Popular (PP), de Rajoy, tem maioria. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição, também é contra a independência catalã.
Em caso de intervenção, o governo espanhol vai assumir o controle da polícia local, os Mossos d'Esquadra, e das finanças do govern da Generalitat de Catalunha. Depois, convocaria eleições antecipadas para o Parlament, o parlamento regional.
O Ministério Público pediu hoje ao governo catalão que afaste Josep Lluís Trapero da chefia dos Mossos d'Esquadra. Ele é investigado por insurreição junto com dois líderes de grupos ativistas pela independência, Jordi Cuixart e Jordi Sánchez. Trapero não foi preso, mas está proibido de sair da Espanha. Terá de entregar o passaporte e se apresentar a cada 15 dias numa delegação de polícia.
A linha dura de Madri acaba fortalecendo o movimento independentista. Mas o sonho da independência não garante um futuro melhor. Mais de 700 empresas saíram da Catalunha desde o plebiscito de 1º de outubro. Nas ruas de Barcelona, a cidade com maior movimento turístico na Espanha, com 8 milhões de visitas por ano, as vendas do comércio caíram 20%.
Durante reunião de cúpula da União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, apoiaram o governo e a unidade nacional da Espanha.
Se Rajoy recorrer ao artigo 155 da Constituição da Espanha de 1978, nunca usado antes, "se não houver diálogo e houver repressão", Puigdemont ameaça colocar em marcha imediatamente o processo de separação, submetendo a declaração de independência à votação do Parlament da Generalitat, informa o jornal La Vanguardia, de Barcelona
Na carta enviada hoje ao primeiro-ministro, o governador catalão insiste na necessidade de negociação e diálogo, mas denuncia a repressão do governo central ao movimento pela independência. Também deixa claro que o único resultado aceitável para ele é a independência da Catalunha, totalmente rejeitada por Rajoy, a imensa maioria dos espanhóis e até por mais da metade dos catalães.
Depois da aprovação no Conselho de Ministros, a intervenção terá de ser ratificada pelo Senado, onde o Partido Popular (PP), de Rajoy, tem maioria. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição, também é contra a independência catalã.
Em caso de intervenção, o governo espanhol vai assumir o controle da polícia local, os Mossos d'Esquadra, e das finanças do govern da Generalitat de Catalunha. Depois, convocaria eleições antecipadas para o Parlament, o parlamento regional.
O Ministério Público pediu hoje ao governo catalão que afaste Josep Lluís Trapero da chefia dos Mossos d'Esquadra. Ele é investigado por insurreição junto com dois líderes de grupos ativistas pela independência, Jordi Cuixart e Jordi Sánchez. Trapero não foi preso, mas está proibido de sair da Espanha. Terá de entregar o passaporte e se apresentar a cada 15 dias numa delegação de polícia.
A linha dura de Madri acaba fortalecendo o movimento independentista. Mas o sonho da independência não garante um futuro melhor. Mais de 700 empresas saíram da Catalunha desde o plebiscito de 1º de outubro. Nas ruas de Barcelona, a cidade com maior movimento turístico na Espanha, com 8 milhões de visitas por ano, as vendas do comércio caíram 20%.
Durante reunião de cúpula da União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, apoiaram o governo e a unidade nacional da Espanha.
China cresce em ritmo de 6,8% ao ano
Com alta de 6,6% na produção industrial e nas exportações, a China, segunda maior economia do mundo, cresceu no terceiro trimestre de 2017 num ritmo de 6,8% ao ano, dentro da expectativa do mercado e do governo, noticiou o jornal americano The Wall Street Journal.
É uma boa notícia para o presidente Xi Jinping e os líderes reunidos no 19º Congresso do Partido Comunista Chinês. Ao mesmo tempo, mostra que o país ainda depende dos mecanismos tradicionais de crescimento econômico: investimento, indústria manufatureira e exportações. A esperada transição para o mercado interno e serviços vai em marcha lenta.
Em seu discurso na abertura do congresso, Xi apresentou a China como uma superpotência econômica e militar, e atribuiu o sucesso ao Partido Comunista. O que legitima hoje a ditadura do partido é o crescimento econômico acelerado.
O regime chinês segue a teoria da bicicleta: se parar de pedalar, cai. Quando a crise econômica chegar, o poder absoluto do partido será questionado.
Xi Jinping tem ambições de longo prazo, muito além dos dois mandatos de cinco anos que vêm sendo a praxe do regime comunista desde 1992, o que o obrigaria a deixar o poder supremo em 2022. Sua visão impõe o controle total do partido sobre a atividade econômica. Retoma um controle central afrouxado com as reformas de liberalização da economia da era Deng Xiaoping.
As empresas estatais estão no centro da política econômica de Xi. Para manter as altas taxas de investimento, as companhias chinesas teriam hoje dívidas de 200% do produto interno bruto, estimado em US$ 11 trilhões.
O governo anunciou um crescimento de 18,4% no lucro das estatais para US$ 1,1 trilhão. A reforma das estatais e a redução da capacidade ociosa estão adiadas. A capacidade instalada está aumentando.
Dias antes do congresso do partido, o presidente do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, previu crescimento de 7% no segundo semestre do ano. Os novos imperadores que governam a China podem fazer seus longos e sonolentos discursos e dormir tranquilamente depois. Por enquanto.
É uma boa notícia para o presidente Xi Jinping e os líderes reunidos no 19º Congresso do Partido Comunista Chinês. Ao mesmo tempo, mostra que o país ainda depende dos mecanismos tradicionais de crescimento econômico: investimento, indústria manufatureira e exportações. A esperada transição para o mercado interno e serviços vai em marcha lenta.
Em seu discurso na abertura do congresso, Xi apresentou a China como uma superpotência econômica e militar, e atribuiu o sucesso ao Partido Comunista. O que legitima hoje a ditadura do partido é o crescimento econômico acelerado.
O regime chinês segue a teoria da bicicleta: se parar de pedalar, cai. Quando a crise econômica chegar, o poder absoluto do partido será questionado.
Xi Jinping tem ambições de longo prazo, muito além dos dois mandatos de cinco anos que vêm sendo a praxe do regime comunista desde 1992, o que o obrigaria a deixar o poder supremo em 2022. Sua visão impõe o controle total do partido sobre a atividade econômica. Retoma um controle central afrouxado com as reformas de liberalização da economia da era Deng Xiaoping.
As empresas estatais estão no centro da política econômica de Xi. Para manter as altas taxas de investimento, as companhias chinesas teriam hoje dívidas de 200% do produto interno bruto, estimado em US$ 11 trilhões.
O governo anunciou um crescimento de 18,4% no lucro das estatais para US$ 1,1 trilhão. A reforma das estatais e a redução da capacidade ociosa estão adiadas. A capacidade instalada está aumentando.
Dias antes do congresso do partido, o presidente do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, previu crescimento de 7% no segundo semestre do ano. Os novos imperadores que governam a China podem fazer seus longos e sonolentos discursos e dormir tranquilamente depois. Por enquanto.
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Puigdemont reafirma independência se Espanha intervier na Catalunha
Se o governo da Espanha rejeitar sua proposta de diálogo e intervier na Catalunha, o governador regional Carles Puigdemont vai colocar em marcha o processo unilateral de independência, noticiou o jornal catalão La Vanguardia, de Barcelona.
Puigdemont tem até as 10h de hoje (6h em Brasília) para responder oficialmente ao ultimato do governo central espanhol e esclarecer se declarou ou não unilateralmente a independência da Catalunha.
Tanto o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy quanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição, relutam em aplicar o artigo 115 da Constituição da Espanha para suspender a autonomia regional da Catalunha, informou o jornal espanhol El País. Querem eleições antecipada na Catalunha.
Há dois dias, o Tribunal Constitucional considerou ilegal o plebiscito de 1º de outubro, base do movimento separatista para proclamar a independência. Puigdemont declarou a independência ao apresentar o resultado do plebiscito ao Parlament, em 10 de outubro. Logo em seguida, suspendeu seus efeitos para negociar com a Espanha.
Na segunda-feira, em carta ao primeiro-ministro espanhol, Puigdemont pediu dois meses para negociar a independência. Mas é uma negociação em que só aceita um resultado: a independência. Rajoy pode aceitar uma reforma do Estatuto de Autonomia da Catalunha, mas rejeita uma independência total.
Puigdemont tem até as 10h de hoje (6h em Brasília) para responder oficialmente ao ultimato do governo central espanhol e esclarecer se declarou ou não unilateralmente a independência da Catalunha.
Tanto o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy quanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição, relutam em aplicar o artigo 115 da Constituição da Espanha para suspender a autonomia regional da Catalunha, informou o jornal espanhol El País. Querem eleições antecipada na Catalunha.
Há dois dias, o Tribunal Constitucional considerou ilegal o plebiscito de 1º de outubro, base do movimento separatista para proclamar a independência. Puigdemont declarou a independência ao apresentar o resultado do plebiscito ao Parlament, em 10 de outubro. Logo em seguida, suspendeu seus efeitos para negociar com a Espanha.
Na segunda-feira, em carta ao primeiro-ministro espanhol, Puigdemont pediu dois meses para negociar a independência. Mas é uma negociação em que só aceita um resultado: a independência. Rajoy pode aceitar uma reforma do Estatuto de Autonomia da Catalunha, mas rejeita uma independência total.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Congresso do Partido Comunista da China consagra Xi Jinping
O 19º Congresso do Partido Comunista Chinês começa hoje em Beijim suscitando duas questões: o líder Xi Jinping é o mais poderoso dirigente chinês desde Mao Tsé-tung, o fundador da República Popular da China, ou Deng Xiaoping, o arquiteto das reformas que transformaram o país na segunda maior potência mundial, rumo ao primeiro lugar?
O todo-poderoso Xi Jinping vai deixar a chefia do partido e do governo em 2022, mantendo uma regra em vigor desde 1992, depois do Massacre na Praça da Paz Celestial, em 1989, ou pretende ficar indefinidamente no cargo como um novo imperador?
No discurso de abertura do congresso do partido mais importante deste século, durante quase quatro horas, Xi exaltou o combate à corrupção, no plano interno, e o aumento do poderio econômico e militar do país, no plano internacional. Anunciou uma "nova era" para as relações com o mundo. E defendeu a realização do "sonho chinês", expressão que pretende transformar em marca de seu governo.
Xi Jinping falou pela primeira vez no "sonho chinês" durante visita ao Museu Nacional, em Beijim, em novembro de 2012, logo depois de ser escolhido secretário-geral do PC. Ele declarou que "os jovens devem ousar e sonhar, trabalhar assiduamente para realizar seus sonhos e contribuir para revitalizar da nação".
Os teóricos do partido definiram o "sonho chinês" como prosperidade, esforço coletivo, socialismo e glória nacional. É o nacionalismo chinês da era Xi.
Em cinco anos, o homem-forte da China apelou para o nacionalismo, centralizou poderes, combateu inimigos políticos dentro do partido e do governo com sua campanha anticorrupção, aumentou a repressão aos dissidentes e a censura na Internet, e o controle do Estado sobre a economia.
Sua visão de mundo tem o poder absoluto do partido como centro, como guia da economia, da sociedade e até do comportamento individual. A meta é garantir o papel do PC como pai, fiador e protetor perpétuo da Nova China.
O maior projeto internacional é recriar a Rota da Seda como uma via de comércio ligando a China a seu maior mercado, a União Europeia, criando oportunidades de desenvolvimento ao longo do caminho, inclusive no Grande Oriente Médio, uma das regiões mais conturbadas da Terra, numa diplomacia econômica.
Ao discursar para empresários no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no início do ano, Xi apresentou-se como defensor do livre comércio e da abertura econômico, no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adota políticas protecionistas.
O recuo internacional e a incompetência de Trump tornam Xi no homem mais poderoso do mundo, como observou o revista inglesa The Economist.
Durante o 19º congresso do PC chinês, não se espera nada muito espetacular. Não se espera uma discussão sobre os problemas do país, o elevado endividamento das empresas, o excesso de capacidade instalada, a poluição, a falta de habitação, a educação e o aumento na desigualdade social. A expectativa é de consolidação do poder de Xi.
Num regime ditatorial como o chinês, as mudanças e alianças são negociadas em encontros secretos a portas fechadas. Mas as posições ideológicas se cristalizam nos congressos. Em 1982, Deng anunciava uma nova era de prosperidade com sua "economia de mercado socialista".
O congresso do partido é realizado a cada cinco anos para escolher os novos dirigentes chineses. De início, os 2.287 delegados vão eleger os 370 membros plenos e substitutos do Comitê Central do PC. Em sua primeira reunião, o novo Comitê Central vai eleger os 25 membros do Politburo, o birô político do partido.
Por fim, o Politburo deve eleger seu Comitê Permanente, os sete imperadores que governam a China, o núcleo central do poder, que vai confirmar Xi Jinping como dirigente supremo do partido e do país.
Como Xi está no fim do primeiro mandato, a seguir a praxe adotada depois do Massacre na Praça da Paz Celestial pelo líder Deng Xiaoping de que cada líder do partido e presidente da República cumpre dois mandatos de cinco anos, seu sucessor deveria ser indicado.
Quem sobe e desce no Comitê Permanente é o maior indicador da luta interna pelo poder no regime comunista. Uma questão importante é se o primeiro-ministro Li Keqiang será mantido no cargo e no Comitê Permanente. Chefe de governo, ele é encarregado principalmente da administração econômica. É considerado mais liberal do que Xi.
Outro nome a observar é o czar anticorrupção Wang Qishan. Aos 69 anos, já passou de idade de 68 anos, estabelecida por Deng Xiaoping como limite de idades para dirigentes do partido e do governo, de modo a passar a poder às novas gerações.
Se Wang for mantido no Comitê Permanente, será um sinal de que esta regra informal está quebrada. Xi, hoje com 64, poderia ir além do fim dos atuais mandatos como líder do partido, em outubro de 2022, e presidente da República, em março de 2023.
O todo-poderoso Xi Jinping vai deixar a chefia do partido e do governo em 2022, mantendo uma regra em vigor desde 1992, depois do Massacre na Praça da Paz Celestial, em 1989, ou pretende ficar indefinidamente no cargo como um novo imperador?
No discurso de abertura do congresso do partido mais importante deste século, durante quase quatro horas, Xi exaltou o combate à corrupção, no plano interno, e o aumento do poderio econômico e militar do país, no plano internacional. Anunciou uma "nova era" para as relações com o mundo. E defendeu a realização do "sonho chinês", expressão que pretende transformar em marca de seu governo.
Xi Jinping falou pela primeira vez no "sonho chinês" durante visita ao Museu Nacional, em Beijim, em novembro de 2012, logo depois de ser escolhido secretário-geral do PC. Ele declarou que "os jovens devem ousar e sonhar, trabalhar assiduamente para realizar seus sonhos e contribuir para revitalizar da nação".
Os teóricos do partido definiram o "sonho chinês" como prosperidade, esforço coletivo, socialismo e glória nacional. É o nacionalismo chinês da era Xi.
Em cinco anos, o homem-forte da China apelou para o nacionalismo, centralizou poderes, combateu inimigos políticos dentro do partido e do governo com sua campanha anticorrupção, aumentou a repressão aos dissidentes e a censura na Internet, e o controle do Estado sobre a economia.
Sua visão de mundo tem o poder absoluto do partido como centro, como guia da economia, da sociedade e até do comportamento individual. A meta é garantir o papel do PC como pai, fiador e protetor perpétuo da Nova China.
O maior projeto internacional é recriar a Rota da Seda como uma via de comércio ligando a China a seu maior mercado, a União Europeia, criando oportunidades de desenvolvimento ao longo do caminho, inclusive no Grande Oriente Médio, uma das regiões mais conturbadas da Terra, numa diplomacia econômica.
Ao discursar para empresários no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no início do ano, Xi apresentou-se como defensor do livre comércio e da abertura econômico, no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adota políticas protecionistas.
O recuo internacional e a incompetência de Trump tornam Xi no homem mais poderoso do mundo, como observou o revista inglesa The Economist.
Durante o 19º congresso do PC chinês, não se espera nada muito espetacular. Não se espera uma discussão sobre os problemas do país, o elevado endividamento das empresas, o excesso de capacidade instalada, a poluição, a falta de habitação, a educação e o aumento na desigualdade social. A expectativa é de consolidação do poder de Xi.
Num regime ditatorial como o chinês, as mudanças e alianças são negociadas em encontros secretos a portas fechadas. Mas as posições ideológicas se cristalizam nos congressos. Em 1982, Deng anunciava uma nova era de prosperidade com sua "economia de mercado socialista".
O congresso do partido é realizado a cada cinco anos para escolher os novos dirigentes chineses. De início, os 2.287 delegados vão eleger os 370 membros plenos e substitutos do Comitê Central do PC. Em sua primeira reunião, o novo Comitê Central vai eleger os 25 membros do Politburo, o birô político do partido.
Por fim, o Politburo deve eleger seu Comitê Permanente, os sete imperadores que governam a China, o núcleo central do poder, que vai confirmar Xi Jinping como dirigente supremo do partido e do país.
Como Xi está no fim do primeiro mandato, a seguir a praxe adotada depois do Massacre na Praça da Paz Celestial pelo líder Deng Xiaoping de que cada líder do partido e presidente da República cumpre dois mandatos de cinco anos, seu sucessor deveria ser indicado.
Quem sobe e desce no Comitê Permanente é o maior indicador da luta interna pelo poder no regime comunista. Uma questão importante é se o primeiro-ministro Li Keqiang será mantido no cargo e no Comitê Permanente. Chefe de governo, ele é encarregado principalmente da administração econômica. É considerado mais liberal do que Xi.
Outro nome a observar é o czar anticorrupção Wang Qishan. Aos 69 anos, já passou de idade de 68 anos, estabelecida por Deng Xiaoping como limite de idades para dirigentes do partido e do governo, de modo a passar a poder às novas gerações.
Se Wang for mantido no Comitê Permanente, será um sinal de que esta regra informal está quebrada. Xi, hoje com 64, poderia ir além do fim dos atuais mandatos como líder do partido, em outubro de 2022, e presidente da República, em março de 2023.
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