O governador regional da Catalunha, Carles Puigdemont, proclamou hoje que a região "conquistou o direito de ter um Estado independente". Ele deve declarar a independência nos próximos dias.
Apesar da repressão do governo central da Espanha, 90% dos eleitores votaram a favor da separação. Mas a participação de apenas 42,3% do eleitorado mina a legitimidade da consulta popular.
Pelos dados do governo catalão, 2,26 milhões de pessoas votaram e 2,02 milhões disseram disseram sim à independência da Catalunha. Como o eleitorado total da região é de cerca de 5,34 milhões de pessoas, um pouco menos de 38% aprovaram a independência.
"Neste dia de esperança e sofrimento, os cidadãos catalães conquistaram o direito de ter um Estado independente sob a forma de uma república", declarou Puigdemont em pronunciamento na televisão. "Somos cidadãos europeus e sofremos atentados a nossos direitos e nossas liberdades", acrescentou, pedindo uma resposta rápida da União Europeia.
Ao todo, 844 pessoas saíram feridas de confrontos com a polícia de choque, orientada pelo governo central de Madri a usar a força para impedir a realização do referendo, denunciou o governo catalão. No fim do dia, o primeiro-ministro conservador espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que o plebiscito foi uma farsa e não aconteceu.
"Fizemos o que tínhamos de fazer, agindo de acordo com a lei e somente com a lei", justificou-se Rajoy. O partido radical de esquerda Podemos pediu a queda do primeiro-ministro e convocou o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) a apoiar um voto de censura contra o governo minoritário de Rajoy
A UE apoiou o governo espanhol para não estimular movimentos pela independência e não se manifestou oficialmente sobre a violência policial, deplorada pelos primeiros-ministros da Bélgica, Charles Michel, e da Eslovênia, Miro Cerar. O eurodeputado e ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt condenou os dois lados, pediu o fim da violência e a retomada do diálogo na Espanha.
Quando as negociações políticas forem retomadas, o governo central pode oferecer uma reforma do estatuto de autonomia, dando, por exemplo, autonomia fiscal para a Catalunha, a região mais rica da Espanha.
Com 16% da população, a Catalunha é responsável por 19% do produto interno bruto da Espanha. Durante a crise econômica, os catalães protestaram contra a austeridade fiscal imposta por Madri, alegando que sua situação fiscal é diferente do resto da Espanha.
Pela Constituição do país, toda a população deve votar em plebiscitos sobre independência e não apenas a região interessada.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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