A juíza espanhola Carmen Lamela decretou hoje a prisão preventiva e sem fiança dos líderes da Assembleia Nacional Catalã (ANC), Jordi Sánchez, e da Òmnium, Jordi Cuixart, as principais organizações por trás do movimento pela independência da região, noticiou o jornal La Vanguardia, de Barcelona.
Eles são acusados de sedição por incitar as massas a boicotar a operação para impedir a realização do plebiscito sobre a independência em 1º de outubro, crime continuado e obstrução de justiça. O chefe da polícia autônoma los Mossos d'Esquadra, Josep Lluís Trapero, recebeu apenas medidas cautelares.
Ao justificar sua decisão, a juíza responsabilizou os dois pelas concentrações de populares em 20 e 21 de setembro em determinados pontos de Barcelona para evitar a ação da Guarda Civil da Espanha, que pretendia realizar várias prisões, buscas e apreensões.
"Uma multidão se concentrou diante dos prédios a serem revistados" a pedido de várias associações soberanistas, "sendo as mais destacadas por sua capacidade de mobilização as realizadas pelos líderes das organizações independentistas ANC e Òmnium", acrescentou Lamela.
Mais de 40 mil pessoas convocadas pelas redes sociais se reuniram diante do Departamento de Economia da Generalitat da Catalunha, para protestar contra a prisão de 11 altos funcionários supostamente responsáveis pela logística do plebiscito. Alguns manifestantes furaram pneus e depredaram veículos "para parar a Guarda Civil", reportou o jornal El País, de Madri.
"A finalidade imediata das pessoas que protagonizaram os atos de 20 e 21 de setembro estava orientada a impedir que funcionários da Justiça e e as Forças e Corpos de Segurança pudessem desenvolver suas funções de cumprimento da lei e das resoluções ditadas por uma autoridade no seio do procedimento judicial", escreveu a juíza.
Cuixart e Sánchez ficaram o dia inteiro à frente do protesto e quiseram "negociar" a liberdade dos suspeitos: "Tentaram negociar durante pelo menos cinco vezes com as forças de segurança, propondo diferente opções que convinham exclusivamente a seus fins políticos, mas nunca aceitaram as opções que os especialistas em segurança cidadã propunham para evitar ou diminuir os riscos."
A secretária da 13ª Vara de Instrução de Barcelona teve de deixar o Departamento de Economia da Generalitat por um terraço e se misturar ao público que saía de um teatro próximo, enquanto manifestantes mais exaltados depredavam três veículos da Guarda Civil, num prejuízo estimado em 135 mil euros.
Na parte relativa à "continuidade delitiva", a juíza argumenta que os dois "vêm operando dentro de um grupo organizado de pessoas, levando a cabo de forma contínua e reiterada atividades de colaboração ativa e necessária em relação com a atuação de pessoas, organizações e movimentos dirigida a lograr fora das vias legais a independência da Catalunha do resto da Espanha, num processo que ainda se encontra em marcha.""
Por fim, Carmen Lamela considera alta a possibilidade de que os acusados tentam "ocultar, alterar ou destruir provas".
O Código Penal da Espanha pune com até 15 anos de prisão quem "se organizar publicamente e em tumulto" para "impedir pela força ou fora das vias legais a aplicação das leis, ou para impedir qualquer autoridade, corporação oficial ou funcionário público, no exercício legítimo de suas funções ou em cumprimento de acordos, ou de resoluções administrativas ou judiciais".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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