Com alta de 6,6% na produção industrial e nas exportações, a China, segunda maior economia do mundo, cresceu no terceiro trimestre de 2017 num ritmo de 6,8% ao ano, dentro da expectativa do mercado e do governo, noticiou o jornal americano The Wall Street Journal.
É uma boa notícia para o presidente Xi Jinping e os líderes reunidos no 19º Congresso do Partido Comunista Chinês. Ao mesmo tempo, mostra que o país ainda depende dos mecanismos tradicionais de crescimento econômico: investimento, indústria manufatureira e exportações. A esperada transição para o mercado interno e serviços vai em marcha lenta.
Em seu discurso na abertura do congresso, Xi apresentou a China como uma superpotência econômica e militar, e atribuiu o sucesso ao Partido Comunista. O que legitima hoje a ditadura do partido é o crescimento econômico acelerado.
O regime chinês segue a teoria da bicicleta: se parar de pedalar, cai. Quando a crise econômica chegar, o poder absoluto do partido será questionado.
Xi Jinping tem ambições de longo prazo, muito além dos dois mandatos de cinco anos que vêm sendo a praxe do regime comunista desde 1992, o que o obrigaria a deixar o poder supremo em 2022. Sua visão impõe o controle total do partido sobre a atividade econômica. Retoma um controle central afrouxado com as reformas de liberalização da economia da era Deng Xiaoping.
As empresas estatais estão no centro da política econômica de Xi. Para manter as altas taxas de investimento, as companhias chinesas teriam hoje dívidas de 200% do produto interno bruto, estimado em US$ 11 trilhões.
O governo anunciou um crescimento de 18,4% no lucro das estatais para US$ 1,1 trilhão. A reforma das estatais e a redução da capacidade ociosa estão adiadas. A capacidade instalada está aumentando.
Dias antes do congresso do partido, o presidente do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, previu crescimento de 7% no segundo semestre do ano. Os novos imperadores que governam a China podem fazer seus longos e sonolentos discursos e dormir tranquilamente depois. Por enquanto.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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