Israel bombardeou a Síria em resposta a disparos de artilharia que atingiram seu território nas Colinas do Golã, como vem fazendo desde o início da guerra civil no país vizinho, em 2011. Na segunda-feira, a defesa antiaérea síria atacara aviões de guerra israelenses que sobrevoavam o Líbano, provocando uma reação imediata.
O incidente aconteceu no dia da visita do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, a Israel. Durante a guerra civil, a Rússia vendeu à Síria baterias antiaéreas de última geração. Israel pediu a Moscou que não autorizasse seu uso contra si.
Na manhã de 16 de outubro, aviões-espiões da Força Aérea de Israel fotografavam o Líbano quando foram identificados pelas baterias antiaéreas SA-5, da Síria, que dispararam um míssil. Essas batérias são absoletas e ineficientes. O míssil antiaéreo não chegou a ameaçar os aviões israelenses, mas a retaliação foi imediata.
"Quem quiser nos ferir", advertiu o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, "será ferido em resposta."
Ainda não se conhecem os resultados desse contra-ataque. Num incidente semelhante, em março, uma esquadrilha israelense disparou quatro bombas de precisão contra a bateria antiaérea de onde partiu o míssil inimigo.
A Síria declarou que o bombardeio israelense terá "sérias consequências" e o comandante do Exército do Irã advertiu Israel a não se meter na Síria, onde Teerã apoia a ditadura de Bachar Assad.
"Os russos não estão envolvidos nestas decisões que, presumimos, são tomadas no palácio presidencial em Damasco", comentou sem se identificar um alto funcionário do Ministério da Defesa de Israel. "Às vezes, essas decisões são tomadas por oficiais de baixa patente no campo de batalha."
A defesa síria ainda ainda está sob o impacto de um bombardeio, em 8 de setembro, a uma fábrica de armas próxima a Damasco que estava tentando melhorar a acurácia dos mísseis e foguetes sírios, ação atribuída a Israel. "Eles podem ter achado que seriam atacados e lançaram o míssil para se defender", especulou a fonte israelense, citada pelo jornal árabe-americano Al-Monitor.
A Rússia pediu explicações diretamente através do ministro da Defesa. "Eles sabem que nossas missões fotográficas no Líbano são para autodefesa, para coletar informações sobre o arsenal de foguetes e mísseis que se acumula diante dos nossos olhos. Explicamos que não temos a menor intenção de admitir ataques a nossos aviões", acrescentou o alto funcionário de Israel.
O ministro da Defesa israelense, Avigdor Lieberman, manifestou a preocupação com a influência do Irã na Síria. Alertou que a presença de forças iranianas perto da fronteira de Israel será motivo para ir à guerra.
Ontem, ante as ameaças do comandante militar iraniano, o primeiro-ministro Netanyahu falou pelo telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
"Não vai haver presença iraniana na nossa cerca, nem nas Colinas do Golã nem no Líbano", afirmou a fonte militar israelense. "Ou vai haver um acordo, ou será resolvido pela for. De nossa parte, deixamos claro a todas as partes envolvidas que não vamos ceder nesta questão."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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