Apesar dos furacões violentos, a economia dos Estados Unidos teve nos últimos seis meses o período de maior crescimento em três anos, graças a um consumo forte de pessoas e empresas. De julho a setembro de 2017, o produto interno bruto avançou em ritmo de 3% ao ano, depois de registrar 3,1% no trimestre anterior, revelou hoje o Departamento do Comércio.
A maior economia do mundo cresce sem parar desde o fim da Grande Recessão, na segunda metade de 2009. Nesses oito anos, o crescimento chegou várias vezes a 3%, mas caiu para a média de 2% ao ano. Há um ano, o ritmo de expansão era de 2,3% ao ano.
O consumo pessoal se fortaleceu com o desemprego baixo, a inflação baixa e a alta dos preços das ações no mercado financeiro, todos alimentos pelos juros extremamente baixos adotados pela Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, desde dezembro de 2008.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova York, a economia americana vai avançar acima da média de 2% dos últimos anos, mas deve ficar abaixo da meta de 3% prometida pelo presidente Donald Trump.
Fora das áreas atingidas pelos superfurações Harvey e Irma, não há sinais de fraqueza na economia. Uma parcela importante do crescimento de 3% (0,73%) veio do investimento das empresas na renovação, sinal de expectativa da manutenção de um consumo forte.
O investimento em capital fixo avançou num ritmo anual de 3,9%. Como as empresas compraram novos equipamentos, isso indica aumento de produtividade, do lucro e dos salários dos trabalhadores.
Com o dólar relativamente fraco e a consolidação do crescimento da economia mundial, as exportações dos EUA cresceram no trimestre passado em ritmo de 2,3% ao ano. As despesas governamentais caíram 0,1%.
A alta na inflação reforça a expectativa de aumento nas taxas básicas de juros na reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed em dezembro. O índice de preços ao consumidor subiu de 0,3% para 1,5% ao ano do segundo para o terceiro trimestres. O núcleo da inflação, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimento, registrou alta de 0,9% para 1,3% ao ano.
A inflação está abaixo da meta informalmente perseguida pelo Fed, de 2% ao ano, Pelo estatuto do banco central americano, o Fed deve buscar um equilíbrio entre a inflação e a taxa de desemprego, hoje em 4,4%, abaixo do que era considerada pelos economistas como "a taxa natural de desemprego", 5%. Abaixo disso, os salários começariam a exercer pressão demais sobre os preços.
Como o impacto das alterações nas taxas básicas de juros levam cerca de seis meses para se refletir na economia real, os diretores do Fed podem entender que chegou a hora de aumentar os juros, antes da inflação chegar à meta.
Na última reunião de seu comitê de política monetária, em 19 e 20 de setembro, o Fed manteve a taxa básica de juros de curto prazo numa faixa de 1% a 1,25% ao ano. No auge da crise, em dezembro de 2008, a taxa caiu para uma banda de 0 a 0,25% ao ano, praticamente zero.
Sem poder baixar ainda mais os juros, o Fed recorreu à política de alívio quantitativo, comprou títulos públicos para colocar mais dinheiro em circulação no mercado. Acumula hoje um balanço de US$ 4,5 trilhões e prometeu começar a vender parte desses papéis a partir deste mês.
Essa taxa permaneceu até dezembro de 2015, quando houve um aumento de 0,5 ponto percentual. Houve um segundo aumento em 2016 e dois em 2017, o último em junho passado.
A expectativa de alta de juros fortalece o dólar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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