quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Espanha deve intervir na Catalunha no sábado

Diante da resposta do governador regional Carles Puigdemont, que se negou a retirar a declaração de independência da Catalunha, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, convocou para sábado uma reunião do Conselho de Ministros para aprovar a intervenção de Madri, suspendendo a autonomia da região, noticia o jornal espanhol El País.

Se Rajoy recorrer ao artigo 155 da Constituição da Espanha de 1978, nunca usado antes, "se não houver diálogo e houver repressão", Puigdemont ameaça colocar em marcha imediatamente o processo de separação, submetendo a declaração de independência à votação do Parlament da Generalitat, informa o jornal La Vanguardia, de Barcelona

Na carta enviada hoje ao primeiro-ministro, o governador catalão insiste na necessidade de negociação e diálogo, mas denuncia a repressão do governo central ao movimento pela independência. Também deixa claro que o único resultado aceitável para ele é a independência da Catalunha, totalmente rejeitada por Rajoy, a imensa maioria dos espanhóis e até por mais da metade dos catalães.

Depois da aprovação no Conselho de Ministros, a intervenção terá de ser ratificada pelo Senado, onde o Partido Popular (PP), de Rajoy, tem maioria. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o maior da oposição, também é contra a independência catalã.

Em caso de intervenção, o governo espanhol vai assumir o controle da polícia local, os Mossos d'Esquadra, e das finanças do govern da Generalitat de Catalunha. Depois, convocaria eleições antecipadas para o Parlament, o parlamento regional.

O Ministério Público pediu hoje ao governo catalão que afaste Josep Lluís Trapero da chefia dos Mossos d'Esquadra. Ele é investigado por insurreição junto com dois líderes de grupos ativistas pela independência, Jordi Cuixart e Jordi Sánchez. Trapero não foi preso, mas está proibido de sair da Espanha. Terá de entregar o passaporte e se apresentar a cada 15 dias numa delegação de polícia.

A linha dura de Madri acaba fortalecendo o movimento independentista. Mas o sonho da independência não garante um futuro melhor. Mais de 700 empresas saíram da Catalunha desde o plebiscito de 1º de outubro. Nas ruas de Barcelona, a cidade com maior movimento turístico na Espanha, com 8 milhões de visitas por ano, as vendas do comércio caíram 20%.

Durante reunião de cúpula da União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, apoiaram o governo e a unidade nacional da Espanha.

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