A Justiça da França condenou hoje à revelia a três anos de prisão o vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodorin Obiang, filho do ditador Teodoro Obiang, no poder há 38 anos. No fim de um processo que revelou seus hábitos milionários, ele também foi multado em 30 milhões de euros (R$ 113 milhões).
Teodorin Obiang, de 48 anos, foi condenado por corrupção, desfalque dos cofres públicos, lavagem de dinheiro e abuso de confiança. O filhote de ditador foi acusado de gastar mais de mil vezes o seu salário nominal anual numa mansão de seis andares na Avenida Foch, um dos endereços mais caros de Paris, uma frota de carros de luxo e obras de arte.
Na defesa, seus advogados alegaram que a França estava "interferindo nos negócios internos de um país soberano" e recorreram ao Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, na Holanda. A mansão seria parte da Embaixada da Guiné Equatorial. Assim, estaria protegida pela imunidade diplomática, garantida pela Convenção de Viena.
"Há um pequeno cinema, um spa e uma boate", constatou a investigação. De acordo com a Procuradoria da França, "é um pouco estranho encontrar estas coisas dentro de uma embaixada".
As fortunas das famílias de outros dois ditadores africanos estão sob investigação na França, do falecido Omar Bongo, do Gabão, e de Denis Sassou-Nguesso.
Os Obiang são conhecidos do Brasil. Com a maior renda per capita da África por causa do petróleo (US$ 20 mil), o pai mantém a maioria da população em condições miseráveis, enquanto o filho e provável herdeiro do trono leva uma vida de playboy internacional.
Em 2015, a família alugou vários andares do Copacabana Palace Hotel para hospedar sua comitiva e assistir ao carnaval da escola de samba Beija-Flor, agraciada com uma ajuda de R$ 10 milhões depois de negócios suspeitos de um dos "ditadores mais cruéis do mundo", nas palavras do jornal O Globo, com empreiteiras brasileiras, intermediados pelo governo Lula.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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