quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Japonês naturalizado britânico ganha Prêmio Nobel de Literatura

O escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2017 porque, "em seus romances de grande força emocional, revelou o abismo sob nossa noção ilusória de conexão com o mundo", anunciou hoje em Estocolmo a Academia Real da Suécia.

"Se você misturar Jane Austen e Franz Kafka, adicionar um pouco de Marcel Proust e então misturar, mas não muito, pode-se ter uma ideia do trabalho de Ishiguro", declarou a secretária da academia, Sara Danius.

Ishiguro nasceu em Nagasaque, a segunda cidade e última cidade atacada por uma bomba atômica, em 8 de novembro de 1954. Aos cinco anos, mudou-se com a família para o Reino Unido. Só voltaria ao Japão como adulto.

O segundo de seus sete romances, Vestígios do Dia, ganhou o Booker Prize, o maior prêmio literário britânico em 1989 e virou filme de sucesso com Anthony Hopkins como protagonista.

Não me Abandone Jamais, de 2005, também foi para o cinema. Conta a história de três clones criados para fornecer órgãos para transplantes que sofrem com as angústias de seres humanos como abandono.

Seu último romance, O Gigante Enterrado, passado na Inglaterra medieval, trata de traumas, memória e esquecimento: "Toda a sociedade tem algo enterrado na memória graças à ação da força bruta", explicou.

"No meu romance", acrescentou, "questiono se essas lembranças não estão de fato enterradas e se, ao ressurgirem, não podem gerar um novo ciclo de violência. Isso leva a um novo dilema, se é melhor provocar um novo conflito ou manter essa memória enterrada e esquecida."

Ele também publicou um livro de contos e escreveu roteiros para o cinema e a televisão.

Ao receber a notícia, Ishiguro comentou que "o mundo está num momento muito incerto e espero que os prêmios Nobel sejam uma força positiva. Vou ficar muito emocionado se puder contribuir para uma atmosfera positiva nestes tempos bastante incertos."

No ano passado, o Nobel de Literatura premiou o roqueiro Bob Dylan, considerado o maior poeta da história do rock, provocando reações negativas de quem acredita que a homenagem deveria estar reservada para escritores de livros. Neste ano, reconcilia-se com a literatura clássica.

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