domingo, 8 de outubro de 2017

Ditador Kim Jong Un nomeia irmã para o Politburo da Coreia do Norte

Num gesto que reforça a ditadura familiar, o líder Kim Jong Un nomeou sua irmã mais moça, Kim Yo Jong, para o Politburo, o escritório político do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, o pequeno grupo que dirige o país mais fechado do mundo. A promoção foi anunciada ontem pelo ditador numa reunião da cúpula do regime comunista, noticiou a televisão pública britânica BBC.

A família Kim governa a Coreia do Norte desde o fim da ocupação japonesa da Península Coreana com a derrota do Japão para os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 1945. O Grande Líder Kim Il Sung comandava uma guerra de guerrilhas contra o Exército Imperial do Japão.

Em 9 de agosto de 1945, quando os EUA jogaram a segunda bomba atômica, em Nagasaque, o ditador soviético Josef Stalin declarou guerra ao Japão. A União Soviética invadiu quatro ilhas do Norte do Japão e o Norte da Coreia, onde instalou os comunistas no poder.

Quando a divisão foi sacramentada com a criação da Coreia do Norte e da Coreia do Sul, em 1948, Kim Il Sung se tornou fundador, ditador e pai da pátria, cultuado até hoje como um deus. Os nomes oficiais dos dois países, República da Coreia (Sul) e República Popular Democrática da Coreia (Norte), não refletem a divisão do país. Ambos reivindicam a soberania sobre toda a Península Coreana.

Esse impasse levou à guerra em 25 de junho de 1950, quando a Coreia do Norte invadiu o Sul. Com o apoio dos EUA, que até hoje tem um mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas para reunificar a Coreia, Seul foi reconquistada. Quando os EUA, invadiram o Norte, a China interveio e empurrou os americanos de volta para baixo do paralelo 38º Norte, restabelecendo a situação anterior à guerra.

O armistício foi assinado em 27 de julho pelo Comando da ONU na Coreia, o Exército Popular da Coreia e o Exército de Voluntários da China. Mas nunca foi firmado um acordo de paz definitivo. Por isso, até hoje, a ditadura stalinista norte-coreana chama o governo de Seul de "fantoche dos EUA". É o último conflito inacabado da Guerra Fria.

Kim Il Sung governou o Norte como um ditador até sua morte, em 8 de julho de 1994, quando a URSS havia acabado e o regime começava sua chantagem atômica para barganhar ajuda em energia e alimentos para sua econômica falida. A juche (autossuficiência), a pedra fundamental da ideologia do comunismo norte-coreano, entrava em colapso.

O Grande Líder Kim Il Sung foi sucedido pelo Querido Líder Kim Jong Il, que também governou até a morte, em dezembro de 2011.

No governo do segundo Kim, por iniciativa do ex-presidente Jimmy Carter encampada pelo governo Bill Clinton, os EUA começaram a negociar o desarmamento do regime stalinista de Pionguiangue.

Essa negociação foi rompida em 2003, depois que o então presidente George W. Bush colocou a Coreia do Norte num "eixo do mal" ao lado do Iraque e do Irã - e invadiu o Iraque. A Coreia do Norte e o Irã aceleraram seus programas de armas atômicas.

Em 2006, a Coreia do Norte fez seu primeiro teste nuclear. O segundo foi em 2009. Ao assumir o poder meses depois da queda do ditador Muamar Kadafi, que negociara o fim de seus programas de destruição em massa, o atual ditador decidiu acelerar o programa nuclear e o desenvolvimento de mísseis balísticos. Desde então, houve quatro testes nucleares e só neste ano 11 testes de mísseis.

As armas atômicas são hoje a garantia de sobrevivência do regime. Kim Yo Jong foi promovida alta funcionária do partido há 3 anos. Com 30 anos, a irmã do ditador chega ao núcleo do poder no lugar de uma tia. Até agora, ela era subdiretora do Departamento de Propaganda e Agitação, responsável pela imagem pública de Kim Jong Un.

O parentesco não é garantia de sobrevivência na ditadura de Kim Jong Un. Ele é acusado de mandar matar o irmão Kim Jong Nam, assassinado com veneno no aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, e o tio Jang Song Thaek, que era considerado o segundo homem mais poderoso da Coreia do Norte até ser denunciado por traição e brutalmente executado em 2013.

Também foi promovido a membro pleno do Politburo, com direito a voto, o ministro do Exterior, Ri Yong Ho. Ele fez o pronunciamento da Coreia do Norte no mês passado na Assembleia Geral da ONU, quando chamou Donald Trump de "presidente diabólico" e o acusou de declarar guerra à Coreia do Norte.

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