O governo do Iraque anunciou hoje a libertação da última cidade importante do país que ainda estava em poder da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Durante visita oficial a Paris, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, descreveu a "libertação" de Hawija como "uma vitória não apenas do Iraque, mas do mundo inteiro".
A coalizão liderada pelos Estados Unidos descreveu a vitória como "rápida e decisiva". De acordo com a inteligência curda, os comandantes do Estado Islâmico estão orientando seus milicianos a abandonar as armas e tentar fugir com suas famílias.
Ainda há combates na periferia de Hawija, mas a presença do Estado Islâmico no Iraque se limita a algumas posições no deserto e a cidade de Kaim, na fronteira com a Síria. Pouco mais de três anos depois da proclamação do califado, o poder da milícia se esvai na poeira do deserto.
O Exército do Iraque, destruído pela invasão americana de 2003 e mal reconstruído desde então, reimpõe seu controle sobre áreas do Norte do país ocupadas pelo Estado Islâmico em junho de 2014, quando os soldados iraquianos abandonaram armas de última geração fabricadas nos EUA e fugiram, numa desmoralização total.
Muitos milicianos do Estado Islâmico eram militares das Forças Armadas do ditador Saddam Hussein, derrubado pelos EUA em 2003.
Na Síria, o Estado Islâmico ainda domina uma grande região da fronteira com o Iraque no vale do Rio Eufrates, onde enquanto as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança árabe-curda financiada, armada e treinada pelos EUA, travam a Batalha de Rakka, a capital do califado, com o apoio de uma coalizão aérea de 68 países liderada pelos americanos.
Com a maior parte de Rakka tomada pelas FDS e o Exército da Síria e aliados, inclusive a milícia jihadista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), pressionando pelo outro lado, o moral dos milicianos do Estado Islâmico em Hawija, no Iraque, entrou em colapso.
Pelo menos 600 milicianos do Estado Islâmico se renderam às forças curdas em Dibis, na província de Kirkuk. Outros 400 a 500 suspeitos estão sendo interrogados. Antes do início da Batalha de Hawija, em 21 de setembro, havia entre 2 e 3 mil homens do Estado Islâmico na região.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário