quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Partido aprova candidatura à reeleição do presidente da Nigéria

A comissão executiva nacional do partido Congresso de Todos os Progressistas (APC) endossou a candidatura do ex-ditador e atual presidente Muhammadu Buhari à reeleição na Nigéria, o mais rico e mais populoso país da África, noticiou hoje a agência Reuters.

Buhari, de 76 anos, ficou cinco meses afastado no ano passado para tratamento de saúde no Reino Unido, suscitando dúvidas sobre sua capacidade de governar a Nigéria. O ex-presidente Olusegun Obasanjo fez um apelo para que ele não se candidate.

As eleições presidencial e parlamentares estão marcadas para 16 de fevereiro de 2019, com posse em 29 de maio. Será a quarta eleição presidencial desde o fim da última ditadura militar, em 1999. O presidente nigeriano governa por um mandato de quatro anos, com direito a uma reeleição.

Em dezembro de 1983, Buhari liderou um golpe de Estado e governou o país como um ditador até agosto de 1985. Hoje, apresenta-se como um "democrata convertido" que não pode mudar o passado.

Muçulmano do Norte de Nigéria, a região mais pobre do país, Buhari sucedeu a Goodluck Jonathan, um cristão sulista, num revezamento adotado para manter o equilíbrio interno do país.

Uma de suas maiores promessas de campanha era derrotar a milícia extremista muçulmana Boko Haram, que acaba de sequestrar mais 110 meninas em mais um ataque a uma escola secundária, em sua campanha contra a "educação ocidental".

Durante seu governo, houve um reinício da violência política na região do Delta do Rio Níger, principal zona de produção de petróleo do país, e um fortalecimento do movimento do povo ibo pela independência de Biafra, causa de uma das maiores guerras civis da África pós-independência, de 1967 a 1970, quando um milhão de pessoas morreram, muitas de fome, no cerco ao território dominado pelos rebeldes.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

ELN anuncia trégua eleitoral na Colômbia

O Exército de Libertação Nacional tenta retomar as negociações de paz com o governo da Colômbia. Depois de romper a trégua e matar sete policiais, o grupo guerrilheiro de esquerda anunciou ontem um cessar-fogo durante as eleições parlamentares do próximo mês e propôs o reinício do diálogo.

"Quando nos aproximamos das eleições de 11 de março, mesmo que não endossemos este processo falho, em sinal de respeito aos homens e mulheres da Colômbia que irão votar, o ELN vai cessar suas operações militares ofensivas entre 9 e 13 de março", declarou o grupo em nota publicada na Internet.

Nestas eleições para a Câmara e o Senado, pela primeira vez, os ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) vão participar do processo político como Forças Alternativas Revolucionárias do Comum (FARC), depois de um acordo negociado durante quatro anos, em Cuba. O partido preserva a marca registrada do que era o maior grupo guerrilheiro de esquerda colombiano.

As negociações com as FARC são o modelo para o ELN, que tem muito menos poder de barganha. As FARC, enfraquecidas pela guerra deflagrada pelo presidente Álvaro Uribe (2002-10), tinham 8 mil homens em armas quando o governo Juan Manuel Santos o diálogo pela paz, em 2012. O ELN tem entre 1,5 e 2 mil guerrilheiros desgastados por uma guerra sem sentido.

Na declaração de cessar-fogo, o ELN pede a Santos que "marque uma data para o início da quinta rodada de negociações e envie uma delegação para o diálogo em Quito. Naquela data, todos os nossos delegados também irão à capital do Equador."

O diálogo entre o governo Santos e o ELN começou em 7 de fevereiro de 2017, em Quito. Foi suspenso pelo presidente colombiano em 29 de janeiro de 2018 depois de vários ataques da guerrilha que resultaram na morte de sete policiais. Uma unidade de guerrilha urbana do ELN reivindicou um ataque a Barranquilla em que cinco policiais morreram e 41 saíram feridos.

Justiça da Alemanha autoriza cidades a proibir veículos a diesel

O superior tribunal de justiça da Alemanha autorizou hoje os governos municipais a proibir o trânsito de veículos movidos a óleo diesel para combater a poluição e melhorar a qualidade do ar. Milhões de veículos podem sair de circulação, noticiou o jornal inglês The Guardian.

A decisão histórica revoluciona o maior mercado de automóveis da Europa. Cerca de 15 milhões de veículos são movidos a diesel na Alemanha. É um problema para a frágil coalizão liderada pela primeira-ministra conservadora Angela Merkel com o Partido Social-Democrata (SPD).

"O tribunal não impôs nenhuma proibição, mas trouxe clareza sobre a lei", declarou a ministra do Meio Ambiente, Barbara Hendricks. "As proibições podem ser evitadas. É minha meta e meu desejo que não entrem em vigor."

Em seu julgamento, o Tribunal Administrativo Federal, com sede na cidade de Leipzig, manteve a decisão de instâncias inferiores sobre o veto a veículos a diesel em Stuttgart e Düsseldorf, duas das cidades mais poluídas do país.

"É um grande dia para o ar puro na Alemanha", festejou Jürgen Resch, da Ajuda Ambiental Alemã, uma organização não governamental de proteção à natureza.

Ao criticar a decisão, o presidente da Associação da Indústria Automobilística da Alemanha, Matthias Wissmann, afirmou que "os padrões ambiciosos de qualidade do ar nas cidades alemãs podem ser atingidos sem proibições."

O excesso de óxidos de nitrogênio no ar causa uma série de problemas de saúde, de asma a derrame, matando entre 6 e 10 mil pessoas por ano na Alemanha. É um problema do óleo diesel, observou a televisão pública britânica BBC.

A norma da União Europeia é de no máximo 40 microgramas de óxidos de nitrogênio por metro cúbico de ar. Várias cidades alemãs, como Colônia, Düsseldorf, Munique e Stuttgart, várias vezes passam de 70 microgramas.

Mas o diretor da Associação de Municípios da Alemanha, Gerd Landsberg, considera difícil implantar e fiscalizar um veto a veículos a diesel com eficiência: "As prefeituras simplesmente não estão em posição de realizar em curto prazo a montanha burocrática necessária para aplicar uma proibição de dirigir" veículos a diesel.

Nem todos pensam assim. Em Hamburgo, o maior porto da Alemanha, situado no Norte do país, o senador verde Jens Kerstan promete banir o óleo diesel "em semanas" se a Câmara Municipal assim o decidir.

ONU liga Coreia do Norte a programa de armas químicas da Síria

A Coreia do Norte enviou à Síria 50 toneladas de materiais usados para construir uma fábrica para produção de armas químicas em grande escala, constatou um relatório confidencial das Nações Unidas citado pelo jornal americano The Wall Street Journal.

No fim de 2016 e 2017, relata o informe, uma companhia chinesa fez cinco viagens para a Síria a serviço da ditadura comunista de Pyongyang, transportando telhas resistentes a ácido e a altas temperaturas, válvulas e tubos de aço inoxidável.

A ONU vê nisso uma prova de que o ditador Bachar Assad está comprando tecnologia militar norte-coreana no valor de bilhões de dólares por ano, com o aval de seu aliado e maior patrono, o Irã. O relatório foi baseado em informes de serviços secretos que investigam violações às sanções impostas pelo Conselho de Segurança.

Para driblar as sanções internacionais contra seu programa de armas nucleares, o regime stalinista de Pyongyang vende tecnologia de proliferação de armas de destruição em massa. Larry Niksch, ex-pesquisador do Congresso dos EUA, estima que nos últimos 10 anos a cooperação militar com o Irã rendeu à Coreia do Norte de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões por ano.

O Centro de Pesquisas e Estudos Científicos da Síria, responsável pelo desenvolvimento de armas químicas pagou à Corporação de Comércio, Desenvolvimento e Mineração da Coreia pelos materiais através de uma série de empresas de fachada.

Durante a investigação da ONU, a China negou ter conhecimento de que uma empresa chinesa tenha feito negócios com a maior vendedora de armas da Coreia do Norte. Mas prometeu abrir inquérito sobre o caso.

Os Estados Unidos ameaçaram bombardear de novo a Síria se o regime de Assad usar armas químicas. A Sociedade Médica Sírio-Americana, uma organização de ajuda humanitária, acusou o ditador sírio de atacar pelo menos três vezes com armas químicas neste ano. O governo sírio nega.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Cesta básica custa 98 salários mínimos na Venezuela

O preço de uma cesta básica para uma família de cinco pessoas na Venezuela chegou em janeiro de 2018 a 24,4 milhões de bolívares. É um aumento de 47,9% em relação a dezembro de 2017 e de 3.829% em 12 meses, revela o relatório mensal do Centro de Documentação e Análise Social (Cendas) da Federação Venezuelana de Professores. São necessários 98 salários mínimos para comprá-la.

O salário mínimo, hoje de 248,5 mil bolívares, não é páreo para uma hiperinflação que deve chegar a 13.000% neste ano, de acordo com a previsão mais recente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Um almoço custa em média 76 mil bolívares. No câmbio negro, o dólar vale hoje 226.536,12 bolívares.

A alta nos preços é impressionante, de 146% para o café, 84% para raízes e tubérculos, 74% para peixes e frutos do mar, 61% para carnes e derivados, 50,6% para frutas e hortaliças, 45% a 49% para grãos, cereais e derivados, 32% para leite, queijos e ovos, 17% para azeite e gorduras, 12% para açúcar e sal, e 1,3% para molhos e maioneses.

Enquanto o desabastecimento atinge mais de 80% dos produtos normalmente comercializados em armazéns e supermercados, a diferença entre os preços oficiais tabelados e os preços reais é de 179.174,5%.

Neste último relatório, aumentou a escassez de 52 produtos, inclusive sabonete, cera para assoalhos, papel higiênico, faldras, toalhas sanitárias, lâminas de barbear descartáveis, leite condensado, desodorante e dos seguintes medicamentos: Atamel, Losartán Potássico, Amlopidina, aspirinas, Omeprazol, Lansoprazol, Dilantin, Gilbenclamida, Gildan, Biofit, Tamsulon, Zyloric, Tamsulossina, Heprox, Secotex, Urimax e antialérgicos; e dos anticoncepcionais Belara e Trental.

Desde a morte do caudilho Hugo Chávez, em 5 de março de 2013, e da ascensão ao poder do ditador Nicolás Maduro, a economia venezuelana encolheu de 30% a 50%. Maduro é candidato à reeleição em 22 de abril. Os principais candidatos e a aliança oposicionista foram proibidos de concorrer.

Suprema Corte recusa ação de Trump contra DACA

Em mais uma derrota na Justiça do presidente Donald Trump, a Suprema Corte dos Estados Unidos se recusou a examinar uma apelação do governo para anular uma decisão de um tribunal inferior que impede o fim do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA), criado por seu antecessor, Barack Obama.

Foi mais um duro golpe para o governo Trump, que considera a DACA inconstitucional. O programa permite a imigrantes que entraram no país ilegalmente quando eram menores de idade estudar e trabalhar nos EUA e os protege contra a ameaça de deportação.

Ao anunciar a intenção de acabar com o programa, Trump deu a data-limite de 5 de março para o Congresso aprovar uma lei para substituir a DACA.

O apelo do Departamento da Justiça é incomum porque o caso ainda não foi examinado pelo Tribunal Federal de Recursos da 9ª Região, a primeira corte revisora da decisão da primeira instância. A decisão da Suprema Corte não significa que o supremo tribunal dos EUA não julgue o caso depois da tramitação por instâncias inferiores. O TFR-9 deve tomar sua decisão em junho ou julho.

A reação da Casa Branca foi reafirmar que o programa é "claramente ilegal" e beneficia os "imigrantes ilegais em massa": "A decisão unilateral do juiz de primeira instância de reimpor um programa que o Congresso tinha explícita e repetidamente rejeitado é uma usurpação da autoridade legislativa", protestou o porta-voz adjunto, Raj Shah.

Em troca de dar uma chance de legalização para cerca de 800 mil imigrantes ilegais que entraram nos EUA quando menores, o governo Trump exige US$ 20 bilhões para erguer um muro na fronteira com o México, o fim da loteria de imigração e do direito de imigração de parentes que não pertençam à família nuclear dos imigrantes.

Cerca de 20 mil beneficiários da DACA perderam seus benefícios por não terem pedido uma renovação por dois anos de seu direito de permanência nos EUA. Eles temiam ser deportados. Outros 100 mil deixaram o país.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Partido Comunista da China torna Xi Jinping ditador vitalício

Nem o fundador da República Popular da China, Mao Tsé-tung, conseguiu tanto. O Partido Comunista vai acabar com o limite de dois mandatos de cinco anos para líder do partido e presidente da China, imposto pelo líder reformista Deng Xiaoping. Na prática, o dirigente supremo Xi Jinping se torna presidente perpétuo e ditador vitalício, um verdadeiro imperador.

Xi, de 64 anos, completa seu primeiro mandato como presidente em março. Não esperou o segundo para deixar claras suas intenções de poder absoluto. Neste domingo, a agência oficial de notícias Nova China anunciou a decisão do PC de acabar com o limite para a reeleição presidencial.

O Comitê Central do PC se reúne por três dias a partir desta segunda-feira. Deve propor a reforma constitucional, a ser aprovada na sessão anual do Congresso Nacional do Povo, o parlamento chinês, que neste ano começa em 5 de março.

A manobra permite a Xi se eternizar no poder, observou o jornal The New York Times. Deng mudou a regra do jogo de uma ditadura personalista para um governo colegiado para evitar o culto da personalidade da Era Mao (1949-76), que levou à Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).

Grande fantasma da era de reformas econômicas promovidas por Deng, que estão levando a China a se tornar na maior economia do mundo até 2030, a volta do caos da Revolução Cultural é mais uma vez uma ameaça, se o regime comunista se dilacerar em conflitos internos.

"Com certeza, Xi Jinping vai continuar", afirmou o historiador Zhang Ming, professor aposentado da Universidade do Povo, em Beijim. "Na China, ele pode fazer o que quiser. Está apenas enviando um sinal claro disso."

Xi acalenta o sonho chinês de criar uma sociedade moderna e desenvolvida, uma superpotência, e imprimir sua marca nas relações internacionais. Qualquer reforma política liberal ou democrática está adiada ou arquivada.

A Constituição consagra a "ditadura popular democrática" sob a "liderança do PC chinês e a orientação do marxismo-leninismo, do pensamento de Mao Tsé-tung, da teoria de Deng Xiaoping e do pensamento de Xi Jinping sobre socialismo com características chinesas para uma nova era".

Em seu primeiro mandato, Xi lançou uma grande campanha anticorrupção para afastar os inimigos e consolidar o poder dentro do partido e do regime comunista. Numa ditadura, a corrupção é a norma entre os dirigentes do PC. Assim, ele pôde expurgar quem quis.

"É mais um passo na ruptura contínua com as normas políticas do período das reformas", comentou Carl Minzner, professor da Faculdade de Direito da Universidade Fordham, em Nova York, e autor de um livro sobre o autoritarismo crescente de Xi.

Quais os riscos para a China e para o mundo? "Em curto prazo, todos os perigos tradicionais da centralização excessiva do poder nas mãos de uma só pessoa. A longo prazo, a questão é até onde a ruptura pode ir", acrescenta o professor Minzner.

Como seus antecessores estão velhos, Jiang Zemin com 91 anos e Hu Jintao, um típico burocrata, com 75 anos, é improvável que liderem uma contestação interna no partido.

"Xi não tem mais limites. É dono de todo o processo político", comentou a professora Susan Shirk, diretora do Centro China no Século 21, da Universidade da Califórnia em São Diego. "As políticas interna e externa da China são restritas ou agressivas como ele quiser. O risco de erros de avaliação é o maior de qualquer líder desde Mao."

Um dos maiores especialistas americanos em China, o professor Kenneth Lieberthal, da Universidade de Colúmbia, nos EUA, afirmou no livro Governando a China (1995) que há dois mil anos a sociedade chinesa criou uma burocracia capaz de administrar seu país de dimensões continentais. Mas até hoje não criou um sistema político capaz de controlar a luta pelo poder entre suas elites. Xi acaba de pegar todo o poder para si, uma receita para o fracasso.

Nos últimos anos, a China reafirmou agressivamente sua reivindicação territorial sobre 90% do Mar da China, lançou o grande projeto de infraestrutura do novo Caminho da Seda para ligar o país a seu maior mercado, a União Europeia, investiu no desenvolvimento tecnológico do Exército Popular de Libertação para acabar com a hegemonia dos EUA no Oceano Pacífico e aumentou a censura e controle interno.

São indicações sobre como a China vai agir como superpotência.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Ataque da Síria e da Rússia matou mais de 500 pessoas em Guta

Com novos bombardeios das forças áereas da Síria e da Rússia, o total de mortos depois de sete dias de ataques ao enclave rebelde de Guta Oriental passou de 500, sendo mais de 120 crianças, informou hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental de oposição com sede em Londres que monitora a guerra civil no país, noticiou a televisão pública britânica BBC.

Só hoje pelo menos 29 civis foram mortos na região, sendo 17 na principal cidade, Duma. A Rússia, que intervém militarmente no conflito desde 30 de setembro de 2015 em apoio à ditadura de Bachar Assad, nega participação direta no bombardeio a Guta Oriental, o último reduto rebelde na região de Damasco, a capital da Síria.

Em Nova York, por unanimidade, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato de 30 dias para permitir o acesso de ajuda humanitária.

Por iniciativa da Rússia, foram excluídas da trégua a organização terrorista Estado Islâmico e as três milícias jihadistas que controlam Guta Oriental: Jaish al-Islam (Exército do Islã), Faylaq al-Rahman (Legião de al-Rahman) e Hayat Tahrir al-Sham (Organização ou Comitê para a Libertação do Levante), uma aliança da qual faz parte a antiga Frente al-Nusra, braço da rede terrorista al Caeda no conflito sírio.

Esta exclusão permitiria a continuação da ofensiva da ditadura de Bachar Assad para desalojar os rebeldes de Guta Oriental, cercada por forças governistas e milícias aliadas desde 2013, quando um ataque com armas químicas matou 1.729 pessoas. Pode tornar inócua mais uma resolução da ONU.

Na propaganda oficial, as forças sírias e aliados estão "libertando" Guta Oriental do controle de "terroristas", como a ditadura de Assad chama todos os seus inimigos. Com a intervenção militar russa e o fim do Estado Islâmico, atacado também pelos Estados Unidos e aliados, o regime sírio reassumiu o controle sobre a maior parte do território do país e tenta acabar com os últimos redutos rebeldes.

Cerca de 500 mil pessoas foram mortas na guerra civil síria, que completa sete anos em março. Doze milhões, mais da metade da população, fugiram de suas casas e 5 milhões saíram do país. Daqui a 15 dias, o Conselho de Segurança da ONU deve avaliar a aplicação do cessar-fogo.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Procurador especial faz mais 32 acusações a ex-assessores de Trump

O procurador especial Robert Mueller aperta o cerco ao redor da campanha do presidente Donald Trump. Um grande júri de Alexandria, no estado da Virgínia, aceitou ontem uma denúncia com 32 acusações de fraude bancária e fraude fiscal contra Paul Manafort, ex-chefe da campanha de Trump e ex-estrategista da Casa Branca, e seu sócio Rick Gates.

No ano passado, os dois foram acusados por lavagem de dinheiro e não se registrar como agentes estrangeiros a serviço da ex-república soviética da Ucrânia. Agora, eles foram denunciados por não revelar todos os seus rendimentos ao imposto de renda e fraude bancária.

Mueller foi nomeado em maio do ano passado para investigar o Russiagate, o escândalo sobre a interferência ilegal da Rússia na campanha eleitoral nos Estados Unidos. Ele revelou uma verdadeira guerra cibernética do Kremlin contra a democracia americana, com o uso das redes sociais e outros instrumentos das novas tecnologias com grande sucesso para derrotar Hillary Clinton e eleger Trump.

Diante de perspectiva de serem condenados a longas penas de prisão, os ex-assessores podem ser tentados a fazer delações premiadas. A Justiça dos EUA só vai aceitar se entregarem superiores hierárquicos na organização criminosa.

A investigação ainda está longe do fim. É uma sombra sobre o governo Trump.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Boko Haram sequestra mais 110 meninas em escola na Nigéria

O Exército da Nigéria anunciou o resgate ontem de 76 estudantes e dos cadáveres de outras duas que estavam desaparecidas desde um ataque da milícia extremista muçulmana Boko Haram à vila da Dapchi, no estado de Yobe, próxima de Maiduguri, capital do estado de Borno, no Nordeste do país, noticiou a agência Reuters. O resgate seria desmentido dias depois.

Pelo menos 110 meninas ainda estão desaparecidas. Poucos pais puderam festejar: "Estamos celebrando sua volta para casa com músicas e orações a Deus todo-poderoso", declarou Babagana Umar, pai de uma das estudantes resgatadas. "A notícia triste é a morte de duas meninas sem explicação."

A Nigéria ainda vive sob o trauma do sequestro de 270 meninas de uma escola secundária de Chibok, em abril de 2014, pelo mesmo grupo terrorista. Algumas conseguiram fugir. Outras foram resgatadas. Cerca de 100 ainda são mantidas reféns do Boko Haram, que significa "não à educação ocidental". No mês passado, o grupo divulgou um vídeo onde uma garota dizia que não pretende voltar para casa.

Ao invadir Dapchi segunda-feira à noite com pintura de guerra em caminhonetes e picapes, algumas com ninhos de metralhadora montados na caçamba, os terroristas foram diretamente para a escola, onde chegaram atirando. No meio da confusão, professores e alunas tentaram fugir.

Cerca de 20 mil pessoas foram mortas e 2,6 milhões fugiram de casa desde que o Boko Haram aderiu à luta armada para impor a lei islâmica à região, em 2009. Em março de 2015, seu líder, Abubakar Shekau, jurou lealdade à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O Boko Haram passou a se apresentar como a Província do Estado Islâmico na África Ocidental.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Dois terços dos EUA querem leis mais duras para controle de armas

Cerca de 66% dos americanos apoiam o endurecimento das leis sobre compra e porte de armas e 31% são contra. É a maior porcentagem a favor de maior controle de armas desde 2008, indica uma pesquisa da Universidade Quinnipiac divulgada ontem, maior do que em 2013, depois do massacre na Escola Primária Sandy Hook, em Newtown, no estado de Connecticut.

Em 2008, 54% eram a favor de maior controle de armas e 40% julgavam desnecessário. Agora, 67% querem a proibição da venda de "armas de assalto", armas de guerra. Em fevereiro de 2013, 56% aprovavam a proibição de venda destas armas.

Depois do novo massacre, com 17 mortes, numa escola secundária de Parkland, na Flórida, na semana passada, há um movimento nacional liderado por jovens sobreviventes para pressionar as autoridades políticas a se livrar da influência da Associação Nacional do Rifle (NRA), o lobby dos fabricantes de armas.

Os jovens estão planejando uma marcha sobre Washington, com o apoio financeiro de celebridades como o ator de Hollywood George Clooney para exigir o fim da venda de armas de guerra e munições.

Diante da indignação da maioria, o presidente Donald Trump admitiu ser a favor da lei que proíbe o uso de um dispositivo que transformar armas semiautomáticas em automáticas. Mas esta é uma questão ligada ao massacre de 57 pessoas em Las Vegas em 1º de outubro de 2017, quando um atirador instalado num hotel atirou contra uma multidão que assistia a um concerto de música sertaneja.

Trump, que abriu o massacre recente na Flórida aos problemas mentais do assassino, também apoia o aumento da fiscalização no momento da compra de armas.

Outra pesquisa, divulgada pelo jornal The Washington Post e pela rede de televisão ABC, revelou a divisão de opinião ao longo das linhas partidárias. Cerca de 80% dos republicanos preferem detetores de metal (41%) e professores armados (38%) a leis mais duras sobre compra e porte de armas (9%).

Enquanto 29% dos republicanos acreditam que leis mais rigorosas poderiam ter evitado o massacre em Parkland, 59% disseram que professores armados teriam conseguido.

Lixão desaba e mata 17 pessoas em Moçambique

Pelo menos 17 pessoas morreram no desabamento de um depósito de lixo sobre cinco casas de uma favela próxima, em Maputo, a capital de Moçambique, uma antiga colônia portuguesa no Sul da África. Mais pessoas podem estar soterradas sob e montanha de lixo.

A tragédia aconteceu por volta das três horas da madrugada de segunda-feira, quando uma chuva forte caiu sobre o lixão de Hulene, deflagrando uma avalanche que enterrou cinco casas construídas irregularmente.

O Serviço Nacional de Segurança Pública teme que o número de mortos possa ser maior: "A informação que recebemos das autoridades locais é que o número de moradores daquelas casas excede o número de mortes registradas, então continuamos a trabalhar para ver se há mais mortos", declarou Leonilde Pelembe, porta-voz do serviço.

Antes do colapso, as autoridades haviam pedido aos favelados que abandonassem as casas erguidas ilegalmente numa área miserável da capital moçambicana. De acordo com a agência de notícias portuguesa Lusa, a montanha de lixo tinha a altura de um edifício de três andares.

"Este lixão deveria ter sido fechado há dez anos porque estava cheio, mas continuavam a chegar caminhões e empilhar mais lixo. A consequência está aí", declarou a líder comunitária Teresa Mangue.

Cerca de 55% da população de Moçambique, de 14 milhões de habitantes, vivem na miséria. A Câmara Municipal de Maputo vai criar um centro de acolhimento temporária para abrigar os flagelados.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Tribunal do Peru autoriza julgamento de Fujimori por assassinato

O Tribunal Penal Nacional do Peru decidiu ontem que o ex-ditador Alberto Fujimori, de 79 anos, deve ser processado pela morte de seis agricultores porque não tem imunidade, apesar da recente indulto humanitário que lhe foi dado pelo atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski.

A Justiça peruana entendeu que o perdão à sentença de 25 anos de cadeia que o ex-presidente cumpria por outros assassinatos políticos não se aplica a este caso. Fujimori e outros 23 réus foram denunciados pela ação de esquadrões da morte que massacraram seis agricultores no Caso Pativilca.

Seis camponeses foram sequestrados, presos e torturados até a morte em 29 de janeiro de 1992 pelo chamado grupo Colina, chefiado pelo chefe do serviço secreto do governo Fujimori, coronel Vladimiro Montesinos, co-réu no processo. O Ministério Público está pedindo 25 anos de prisão para Fujimori por sequestro agravado e homicídio qualificado - e a proibição de que saia do Peru.

Em 11 de janeiro, o advogado do ex-ditador, Miguel Pérez, pediu o arquivamento do processo por causa do indulto. Hoje, a Justiça do Peru decidiu o que indulto presidencial não se aplica ao Caso Pativilca.

O perdão deflagrou uma onda de protestos e manifestações de rua. Foi visto como fruto de um acordo espúrio de Kuczynski com o deputado Kenji Fujimori, filho do ex-presidente, para evitar o impeachment do atual presidente, acusado de receber propina da construtora brasileira Odebrecht.

Kuczynski derrotou a ex-deputada Keiko Fujimori na eleição presidencial de 2016 prometendo manter o ex-ditador na cadeia. Para se livrar do impeachment, alegou razões humanitárias. Fujimori saiu da cadeia para o hospital, mas o povo peruano interpretou como farsa.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos, relatores das Nações Unidas e organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos condenaram o indulto presidencial como "um tapa na cara" das vítimas da brutal ditadura de Fujimori, que governou o Peru de 1990 ao ano 2000, quando fugiu para o Japão.

Fujimori ainda é popular porque, a ferro e fogo, conseguiu vencer a hiperinflação e o grupo terrorista Sendero Luminoso.

Bombardeio do governo mata mais 250 pessoas na Síria

Pelo menos 250 pessoas morreram ontem e hoje, inclusive 50 crianças, em ataques aéreos e de artilharia da ditadura de Bachar Assad contra um reduto dos rebeldes em Guta, um cinturão verde nos arredores de Damasco, a capital da Síria, noticiou a televisão pública britânica BBC.

Seis hospitais foram bombardeados nos últimos dois dias, denunciou um porta-voz das Nações Unidas. É o pior ataque a Guta Oriental desde que a área foi alvejada com armas químicas em 21 de agosto de 2013, quando 1.729 pessoas foram mortas, sendo apenas 51 combatentes. Hoje dez cidades e vilas da região foram atacadas.

Ao mesmo tempo, o Exército da Síria entrou em Afrin, uma região invadida pelo Exército da Turquia no Norte do país para combater as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia árabe-curda de maioria curda financiada e armada pelos Estados Unidos na luta contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Com o fim do califado proclamado em junho de 2014 pelo Estado Islâmico, o regime de Assad vê uma oportunidade de acabar com a guerra civil, que completa sete anos em março. A ditadura intensificou o bombardeio para tornar inabitáveis as regiões onde ocupadas pelos rebeldes.

O regime sírio corria sério risco quando a Rússia interveio militarmente com sua poderosa Força Aérea, em 30 de setembro de 2015. Com a ajuda russa e de seu outro aliado, o Irã, e suas milícias, inclusive do grupo extremista xiita libanês Hesbolá (Partido de Deus), Assad retomou o controle de quase todo o país, com a exceção de alguns bastiões rebeldes e da área retomada do Estado Islâmico pelas FDS.

Cerca de 500 mil pessoas morreram em sete anos de guerra civil na Síria. Dos 23 milhões de habitantes, 12 milhões tiveram de sair de casa e 5 milhões fugiram do país.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Israel desmantela célula que pretendia assassinar o ministro da Defesa

O Shin Bet, serviço secreto para segurança interna de Israel, revelou ontem ter preso um grupo de militantes palestinos que planejavam matar o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, com uma bomba deixada à beira da estrada no caminho para sua casa em Nokdim, na colônia de Gush Etzio, na Cisjordânia ocupada.

A investigação descobriu que a milícia Jihad Islâmica para a Libertação da Palestina pediu ajuda a milicianos palestinos da Faixa de Gaza, mas a própria segurança pessoal do ministro desarmou a trama.

Como não conseguiram ajuda, os conspiradores tentaram fabricar uma bomba caseira, apreendida quando foram detidos.

Seis suspeitos foram identificados e presos. Os líderes da célula terrorista eram Awad Mahmoud al-Assakra, de 25 anos, e Muhammad Ali Ibrahim al-Assakra, de 32 anos, ambos da cidade de Assakra, próxima à casa de Lieberman.

É pelo menos a segunda vez em que o Shin Bet evita um atentado contra Lieberman, um imigrante soviético convertido em político de ultradireita, contra a criação de um país palestino independente, a favor da anexação da Cisjordânia ocupada.

O Shin Bet também desmantelou outra célula da Jihad Islâmica, na cidade de Belém, que pretendia realizar ataques a tiros contra colonos e tropas israelenses.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Trump ataca FBI e investigação sobre influência russa na eleição

Em uma série de mensagens furiosas pelo Twitter, o presidente Donald Trump atacou o FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, por não ter investigado o atirador de Parkland, na Flórida, e o inquérito sobre a interferência da Rússia nas eleições americanas de 2018. Trump acusou o governo Barack Obama, o Partido Democrata e Hillary Clinton pela operação russa.

Das onze da noite de sábado ao meio-dia de domingo, na mansão de clube de golfe em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente disparou 10 tuítes, alguns com obscenidades e outros com erros de gramática, noticiou o jornal The Washington Post.

Numa conferência sobre segurança internacional na semana passada na Alemanha, assessores dos EUA disseram a autoridades e especialistas estrangeiros para ignorar os tuítes do presidente. Mas eles revelam sua alma profunda.

Trump aproveitou a denúncia do procurador especial Robert Mueller contra 13 russos para reafirmar que não houve conluio de sua candidatura com o Kremlin para prejudicar a candidatura de Hillary. Não se preocupou com a ingerência de uma potência estrangeira hostil na política dos EUA.

"Se a meta da Rússia era criar a discórdia, ruptura e caos nos EUA, então, com todas aquelas audiências em comissões, investigações e ódio partidário, eles tiveram sucesso além de seus sonhos mais ambiciosos. Eles estão morrendo de rir em Moscou. Fique esperta, América!", disparou.

O presidente negou ter dito no passado que não houve interferência russa nas eleições americanas e que a "fraude" está em acusar sua campanha de cumplicidade.

Noutro tuíte, Trump alegou que "agora que [o deputado] Adam Schiff está começando a acusar o presidente Obama pela interferência russa na eleição, provavelmente esteja fazendo isso como mais uma desculpa. Finalmente ele está certo por alguma coisa. Obama era o presidente, sabia da ameaça e não fez nada. Obrigado, Adam!"

Mais impressionante ainda foi a acusação ao FBI por não ter impedido o massacre cometido pelo jovem desequilibrado Nikolas Cruz: "Muito triste que o FBI tenha perdido todos os muitos sinais enviados pelo atirador da escola na Flórida. Isto é inaceitável. Eles gastam tempo demais tentando provar o conluio da Rússia com a campanha de Trump - não houve conluio. Voltem ao básico e tornem todos nós orgulhosos."

O diretor nacional de Inteligência durante a campanha eleitoral de 2016, James Clapper, reagiu indignado na CNN: "O que vamos fazer em relação à ameaça dos russos? Ele nunca fala disso. Só fala de si mesmo."

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Três terroristas suicidas matam 19 pessoas em mercado na Nigéria

Três homens-bomba da milícia jihadista Boko Haram detonaram os explosivos que traziam junto ao corpo ontem à noite num mercado de peixe na cidade de Konduga, que fica a 35 quilômetros de Maiduguri, capital do estado de Borno, no Nordeste da Nigéria. Pelo menos 19 pessoas morreram e outras 70 saíram feridas.

"Dois terroristas atacaram o mercado de peixe Tashan Kifi",  contou Babakura Kolo, da Força-Tarefa Conjunta Civil que apoia o Exército da Nigéria na luta contra os extremistas muçulmanos. "Quatro minutos depois, um terceiro homem-bomba atacou ali perto."

Os mortos eram 19 civis e um soldados. O mercado Tashan Kifi também tem restaurantes. É um local de encontro dos moradores das redondezas.

Kolo não tem dúvida sobre a autoria do atentado: "O Boko Haram atacou Konduga várias vezes."

Pelo menos 20 mil pessoas foram mortas desde que o Boko Haram, cujo nome significa "não à educação ocidental", aderiu à luta armada para impor a lei islâmica na região. Em março de 2015, seu líder, Abubakar Shekau, jurou lealdade ao Estado Islâmico. Desde então, o grupo também se apresenta como a Província do Estado Islâmico na África Ocidental.

O Exército desmentiu a notícia de que Shekau teria fugido para Camarões. Dias atrás, os militares anunciaram que Shekau está sendo "procurado vivo ou morto" e ofereceram uma recompensa de 3 milhões de nairas, cerca de US$ 8.310 ou R$ 26.331, por informações que levem à sua morte ou captura.

Maduro pede a emigrantes que voltem para a Venezuela

Um dia depois de negar que haja uma fuga em massa de venezuelanos, em pronunciamento no Palácio de Miraflores, em Caracas, o ditador Nicolás Maduro pediu ontem aos emigrantes que voltem à Venezuela para aproveitar as "conquistas da revolução".

Maduro se dirigiu expressamente a venezuelanos que vivem no Chile e na Espanha, descrevendo a educação gratuita e a seguridade social como razões para morar na Venezuela. A educação pública gratuita é atribuída a Antonio Guzmán Blanco, em 1870, e a previdência social foi criada por Eleazar López Contreras, em 1940.

Mais de 1,4 milhão de venezuelanos deixaram o país nos últimos anos para escapar da pior crise econômica da história. Cerca de 30% estão tirando documentos para fazer o mesmo.

Com o dólar a 236.201,87 bolívares no câmbio negro e o salário mínimo a 248.510 bolívares, o aluguel de um apartamento em Caracas custa de US$ 120 a US$ 1,2 mil, de 114 a 1.140 salários mínimos, noticia hoje o jornal El Nacional.

Por falta de matérias-primas, a produção de medicamentos caiu ao menos 60% nos últimos quatro anos, afirmou o presidente da Câmara da Indústria Farmacêutica, Tito López: "Se não contarmos com moeda estrangeira para comprar insumos, evidentemente a produção vai diminuir. Atualmente as fábricas operam entre 30% e 40% [da capacidade instalada] e neste momento têm estoques [de insumos] para dois meses."

Um dado impressionante: 98% dos insumos são importados.

Na madrugada de sexta-feira, seis bebês que estavam numa unidade de terapia intensiva neonatal morreram por falta de energia elétrica por mais de 24 horas num hospital de cidade de San Félix, no estado de Bolívar, denunciou o deputado oposicionista José Manuel Olivares.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Procurador denuncia russos por ingerência em eleição nos EUA

O procurador especial Robert Mueller denunciou hoje 13 cidadãos e três empresas da Rússia por interferência nas eleições de 2016 nos Estados Unidos. Eles são acusados de criar perfis falsos na Internet e de roubar as identidades de cidadãos americanos para manipular a opinião pública, noticiou o boletim de notícias The Hill.

"Esta denúncia serve de lembrança de que as pessoas nem sempre são o que parecem ser na Internet", advertiu o subprocurador-geral Rod Rosenstein ao anunciar a decisão do procurador especial. "A denúncia alega que conspiradores russos querem promover a discórdia nos EUA e minar a confiança do público na democracia."

O principal acusado é Yevguêni Prigojin, um bilionário próximo do presidente Vladimir Putin. Suas empresas Concord Management and Consulting e Concord Catering foram usadas para financiar a operação, que movimentou US$ 1,25 milhões.

Alexandra Krilova, Anna Bogacheva e Mavia Bovda tinham vistos de turista viajando por "razões pessoais". Krilova e Bogacheva estiveram em Nevada, Califórnia, Novo México, Colorado, Illinois, Michigan, Louisiana, Texas e Nova York.

Em 2014, a Agência de Pesquisas na Internet, um braço de espionagem eletrônica do governo russo com sede em São Petersburgo, iniciou as ações de sabotagem às eleições dos EUA.  Só com propaganda no Facebook, gastou US$ 100 mil, atingindo 126 milhões de americanos. No Twitter, foram identificados cerca de 3,8 mil perfis falsos e 50 mil robôs ligados à operação russa.

Ao invés de fazer uma declaração sobre a guerra cibernética deflagrada pela Rússia contra as democracias ocidentais, o presidente Donald Trump declarou no Twitter que a denúncia exime sua campanha das suspeitas de conluio com o Kremlin para prejudicar a candidatura de Hillary Clinton.

"A Rússia começou sua campanha contra os EUA em 2014, muito antes que eu anunciasse que concorreria à Presidência", escreveu o presidente no seu meio de comunicação favorito. "O resultado da eleição não foi afetado. A campanha de Trump não fez nada de errado - não houve conluio."

Não é exatamente o que diz a denúncia: "As operações dos acusados incluíram o apoio à campanha presidencial do então candidato Donald Trump e a depreciação de Hillary Clinton. Os acusados fizeram várias despesas para realizar estas atividades, inclusive a compra de espaço publicitário nas redes sociais em nome de pessoas e entidades dos EUA."

Mueller não acusou a campanha de Trump. A denúncia afirma que alguns denunciados, enquanto se passavam por cidadãos americanos, se comunicaram com "indivíduos associados à campanha de Trump e outros ativistas para coordenar ações políticas" sem que os americanos soubessem que estavam sendo manipulados por russos.

Os russos se concentraram em estados decisivos, onde tanto Hillary quanto Trump tinham chance de ganhar, como a Flórida, a Virgínia e o Colorado. Uma das jogadas foi tentar convencer minorias a não votar ou não votar nos grandes partidos, preferindo candidatos alternativos sem chance real. Também divulgaram notícias falsas sobre supostas fraudes eleitorais que teriam sido cometidas pelos democratas.

A Casa Branca festejou a denúncia por não envolver americanos, mas a investigação do procurador especial está longe do fim. O argumento de Trump de que se trata de uma notícia falsa, de uma vingança da oposição insatisfeita com a derrota de Hillary desabou hoje.

Cuba protesta contra exclusão da Venezuela da Cúpula das Américas

A ditadura comunista de Cuba repudiou ontem a decisão do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, de desconvidar a Venezuela para a reunião de Cúpula das Américas, marcada para 13 e 14 de abril em Lima, e reafirmou seu apoio "inquebrantável" à ditadura de Nicolás Maduro, seu maior aliado político.

Em nota publicada nos jornais oficiais Granma e Juventud Rebelde, o Ministério do Exterior cubano rejeitou "energicamente" a decisão do Grupo de Lima de exigir do regime chavista um novo calendário eleitoral e não reconhecer a eleição presidencial antecipada para 22 de abril, considerando-a "uma intromissão inaceitável nos assuntos internos" da Venezuela.

Na visão da ditadura cubana, a declaração dos países do Grupo de Lima fere "os propósitos e os princípios da Carta das Nações Unidas". Para o regime castrista, é "insólito e incrível" que se use como "pretexto" uma suposta ruptura da ordem democrática quando o país "acaba de convocar eleição presidencial, como se reclamava antes".

Cuba ignora que a eleição foi antecipada e que os principais candidatos e a principal aliança oposicionistas estão vetados pela ditadura de Maduro. O resto do continente, com a exceção da Bolívia de Evo Morales e da Nicarágua de Daniel Ortega, não.

A fuga em massa de venezuelanos para o Brasil e a Colômbia indica que o regime chavista está em fase terminal, mas sua agonia pode se prolongar até que algum militar dê um basta à insanidade coletiva do governo Maduro.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

EUA são o país rico mais perigoso para crianças e jovens

O massacre em Parkland, na Flórida, ontem foi o 18º oitavo ataque a tiros dentro de uma escola em 2018 e o terceiro pior da história dos Estados Unidos, com 17 mortes. O atirador, Nikolas Cruz, foi apresentado hoje à Justiça e confessou a culpa. Ele tem contato com grupos supremacistas brancos e havia sido expulso da escola por mau comportamento. Mas não é surpresa. É uma tragédia anunciada que se repete.

Nikolas Cruz, de 19 anos, chegou de Uber às 14h19 de ontem (17h19 em Brasília). Entrou na Escola Secundária Marjory Stoneman Douglas, pegou um fuzil de guerra AR-15 e "passou a atirar em estudantes, nos corredores, em salas de aula e no pátio da escola", descreve o relatório da polícia sobre a prisão.

Depois de metralhar estudantes em cinco salas de aula de dois andares, Cruz deixou o rifle, o colete a prova da bala e a munição no terceiro andar e fugiu misturando-se à multidão que tentava sair da escola desesperadamente.

O atirador foi até uma loja do Walmart, onde comprou uma bebida na lanchonete Subway. Também esteve numa loja do McDonald's antes de ser preso sem resistir numa rua residencial às 15h41 (18h41 em Brasília).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o índice de mortalidade de menores de idade nos EUA é o maior entre os países ricos num declínio relativo que começou nos anos 1960s.

Naquela década, a mortalidade infantil (de bebês de menos de um ano) e a mortalidade infanto-juvenil (entre 1 e 19 anos de idade) combinadas deixavam os EUA em 14º lugar entre 20 países ricos. O país ficou na mesma posição nos anos 1970s, mas caiu para o 19º lugar nos anos 1980s e para o último nos anos 1990s e no século 21.

Se os índices de mortalidade dos EUA fossem iguais aos de outros países ricos, 622,7 mil mortes de menores teriam sido evitadas nos 50 anos de 1961 a 2010.

"Cuidar das crianças é a principal responsabilidade moral da nossa sociedade", declarou o médico-residente Ashish Thakrar, do Hospital John Hopkins, em Baltimore, um dos autores da pesquisa baseada nos dados da OMS, publicada na revista acadêmica Health Affairs. "Os EUA gastam com saúde por criança mais do que todos os outros países, mas o resultado continua pobre."

Para jovens de 15 a 19 anos, a principal causa de mortes nos EUA é acidente de trânsito, duas vezes mais fatais do que em 19 países ricos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A segunda principal causa de mortes dos adolescentes americanos é tiro com armas de fogo. O risco de morrer baleado é 82 vezes maior nos EUA do que nos países ricos da OCDE.

"Nós não levantamos as mãos para o ar em rendição porque uma doença parece ser incurável", disse em editorial a Health Affairs. "Trabalhamos contínua e incrementalmente para reduzir o impacto. É nosso trabalho."

O FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal americana, recebeu em setembro do ano passado uma denúncia de que Cruz havia divulgado um vídeo no YouTube avisando que seria um "atirador profissional em escolas".

Na CNN, uma mãe que perdeu uma filha de 14 anos dá um depoimento aos berros, exigindo que o presidente Donald Trump faça alguma coisa, aja para combater a epidemia de massacres a tiros nos EUA.

Trump prometeu proteger todas as crianças americanas. Na prática, rezou pelas vítimas. O Partido Republicano é refém da Associação Nacional do Rifle, o lobby das armas, que financia campanhas e se recusa a aceitar qualquer restrição ao direito de comprar e portar armas.

O atirador de Parkland pôde comprar armas porque não tinha antecedentes criminais. Tem um desequilíbrio mental, mas isso não o impediu de comprar um fuzil de guerra e grande quantidade de munição. Na Flórida, comprar um AR-15 é mais fácil do que comprar um revólver, informou o jornal The New York Times.

Diante de tragédias anunciadas semelhantes, o então presidente Barack Obama reclamava que há pessoas que não podem entrar num avião nos EUA porque estão na lista de suspeitos de terrorismo, mas podem comprar armas.

Cyril Ramaphosa é eleito e empossado presidente da África do Sul

Em votação simbólica boicotada pela oposição na Assembleia Nacional, o Congresso Nacional Africano (CNA) elegeu hoje seu líder, Cyril Ramaphosa, como novo presidente da África do Sul em substituição a Jacob Zuma, que renunciou ontem sob a pressão de centenas de acusações de corrupção.

A alta cúpula do CNA exigiu a renúncia de Zuma na terça-feira, depois de uma reunião de 13 horas, ameaçando destituí-lo através de um voto de desconfiança do Parlamento, que elege o presidente sul-africano.

Zuma, um militante contra a ditadura de minoria branca e o regime segregacionista do apartheid, esteve preso com Nelson Mandela na prisão da ilha de Robben. Ele começou a cair em desgraça antes de virar líder do partido.

Um processo por corrupção na compra de armas quando ele era vice-presidente foi anulado por erros de procedimento da polícia em operações de busca e apreensão em escritórios de Zuma. Assim, pôde governar o segundo país mais rico da África por nove anos.

As oposições boicotaram a eleição de Ramaphosa. Queriam a dissolução da Assembleia Nacional e a antecipação das eleições gerais previstas para 2019.

Os desafios do novo presidente são promover uma campanha anticorrupção profunda dentro do seu próprio partido e retomar a luta pelo fim das consequências sociais do apartheid. Zuma sobreviveu a oito moções de desconfiança por causa de suas ligações com a militância do CNA.

Ramaphosa precisa mostrar que o partido de Mandela ainda é uma força para promover a emancipação da maioria negra e não virou mais um movimento de libertação nacional convertido em partido único, com monopólio do poder como em tantos outros países africanos.

Exército da Nigéria procura líder do Boko Haram "vivo ou morto"

O Exército da Nigéria anunciou ontem que o líder da milícia extremista muçulmana Boko Haram, Abubakar Shekau, está sendo "procurado vivo ou morto", com recompensa de 3 milhões de nairas (US$ 8.150 ou R$ 26.331). A declaração foi feita pelo comandante do teatro de operações da Operação Lafiya Dole, general Rogers Nicholas, em entrevista coletiva em Maiduguri, capital do estado de Borno.

A objetivo da ação militar é acabar com a insurgência jihadista no Nordeste da Nigéria: "Ainda estamos procurando-o. Onde ele estiver, o queremos vivo ou morto", afirmou o general, fazendo um apelo aos rebeldes para que "se entreguem antes que seja tarde demais".

Quem se entregar poderá passar por um programa de reabilitação do governo federal da Nigéria.

Cerca de 20 mil pessoas foram mortas desde que o Boko Haram aderiu à luta armada para impor a lei islâmica na região, em 2009.

Em março de 2015, Shekau jurou lealdade à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O Boko Haram (repúdio à educação ocidental) passou a se chamar Província do Estado Islâmico na África Ocidental.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Jacob Zuma renuncia à Presidência da África do Sul

Sob pressão do Congresso Nacional Africano, diante de mais de 700 acusações de corrupção, Jacob Zuma renunciou hoje à Presidência da África do Sul. Ele será substituído pelo vice-presidente Cyril Ramaphosa, novo líder do partido, que deve ser eleito presidente amanhã pela Assembleia Nacional.

"Nenhuma vida deve ser perdida em meu nome. Tomei a decisão de renunciar com efeito imediato, embora discorde da liderança da minha organização", declarou Zuma. Sem pedir perdão pelos crimes cometidos, ele reafirmou que se considera inocente.

Durante seus nove anos no poder, a África do Sul cresceu em média 1,5%. No fim do ano passado, o índice de desemprego estava em 26%.

"Não estamos celebrando", comentou o subsecretário-geral do CNA, Jessie Duarte. "Temos de ter respeito por nosso camarada e poupá-lo da humilhação de um voto de desconfiança no Parlamento."

A renúncia poupou o CNA de revelar sua divisão na Assembleia Nacional e de necessitar de votos da oposição para afastar um presidente corrupto que sustentou durante nove anos, apesar de todos os escândalos. A Aliança Democrática, de oposição, quer saber por que o CNA demorou tanto tempo a se livrar de Zuma.

Como o regime sul-africano é parlamentarista, é a Assembleia Nacional que elege o presidente. Na prática, o CNA trocou seu líder. Hoje, o partido do governo tem uma ampla maioria de 249 dos 400 deputados sul-africanos. A AD tem 89 cadeiras e os Combatentes pela Liberdade Econômica, 25.

Durante a luta contra a ditadura da minoria branca e o regime segregacionista do apartheid, Ramaphosa era líder sindical, secretário-geral do Congresso dos Sindicatos da África do Sul (Cosatu). Chegou a ser cotado para vice de Nelson Mandela, o grande herói da maioria negra, mas foi preterido por Thabo Mbeki.

Antes de voltar à política como vice-presidente na chapa de Zuma, Ramaphosa se tornou um dos empresários negros mais ricos da África do Sul. Ele promete moralizar o governo e resgatar a integridade das instituições.

Ao depor Zuma, o CNA renova seu compromisso histórico com a democracia. Estava parecendo os movimentos que lutaram pela libertação de outros países africanos e os transformaram em ditaduras de partido único.

O CNA, um movimento de libertação nacional, mantém o monopólio de poder na África do Sul pós-apartheid. Mas terá de renová-lo nas urnas nas eleições gerais de 2019. A corrupção e o fantasma de Zuma vão pesar nas urnas.

Inflação supera expectativa e aponta para alta de juros nos EUA

Pelo segundo mês consecutivo, o índice de preços ao consumidor ficou acima do esperado nos Estados Unidos, aumentando a expectativa de alta nas taxas básicas de juros da maior economia do mundo. 

O índice pleno subiu 0,5% em janeiro ficou em 2,1% ao ano, quando os economistas esperavam 1,9%. O núcleo do índice, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimentos, ficou em 1,8%.

Depois do anúncio, o rendimento dos títulos de dez anos da dívida pública do governo americano subiu para 2,89% ao ano e o dólar teve uma pequena alta. O Conselho da Reserva Federal (Fed), o bano central dos EUA, persegue uma meta informal de inflação de 2% ao ano.


Um aumento médio de 2,9% ao ano nos salários, a taxa de desemprego de 4,1% e a expectativa de uma alta mais forte nas taxas de juros foram as principais causas da forte queda nas bolsas de valores, que tiveram na semana passada a maior perda em dois anos.

O mercado espera agora pelo menos três altas nas taxas de juros neste ano pelo Fed. A primeira deve vir na próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto, em março. Há 20% de chance de quatro altas. O último aumento, em 13 de dezembro de 2017, elevou a taxa básica em 0,25 ponto percentual para uma faixa de 1,25% a 1,5% ao ano.

Até o final do ano, deve estar acima de 2% ao ano, num processo de normalização depois que o Fed praticamente zerou sua taxa básica, em dezembro de 2008, para combater a crise deflagrada pela falência do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro daquele ano.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

CNA exige a renúncia do presidente da África do Sul

O Congresso Nacional Africano (CNA) está exigindo a renúncia imediata do presidente Jacob Zuma, investigado em centenas de casos de corrupção. Até agora, ele resiste. Se não renunciar até amanhã, o maior partido da África do Sul pode ser obrigado a recorrer à Assembleia Nacional e ao apoio da oposição para derrubar Zuma, o que pode ocorrer na quinta-feira.

Aos enviados do partido, o presidente pediu mais três a seis meses. O partido rejeitou, alegando a necessidade de restaurar a integridade do governo sul-africano. Zuma pode ser afastado através de um voto de desconfiança no Parlamento, admitiu o secretário-geral do CNA, Ace Magashule.

Em realidade, o regime político da África do Sul é parlamentarista. É a Assembleia Nacional que elege o presidente. O CNA ainda reluta porque o afastamento de Zuma no Parlamento deixaria evidente a divisão do partido e a falta de disciplina interna. Basta maioria simples, mas isso pode exigir votos da oposição.

O destino de Zuma está selado desde que uma de suas mulheres perdeu, em dezembro do ano passado, a disputa pela liderança do partido para o vice-presidente Cyril Ramaphosa, que denunciou a "captura da máquina do Estado" pelos amigos do presidente.

Hoje de manhã, depois de 13 horas de reunião, o CNA decidiu encerrar o reinado de nove anos do arquicorrupto Zuma. Só de obras de sua mansão privada, a Suprema Corte da África do Sul exigiu a devolução de US$ 23 milhões (R$ 76 milhões) aos cofres públicos.

Quando derrubou o então presidente Thabo Mbeki da liderança do partido e da Presidência, Zuma se beneficiou de um erro de investigação da polícia federal sul-africana. Um processo sobre um negócio suspeito de compra de armas foi anulado por erros de procedimento em operações de busca e apreensão em escritórios do então vice-presidente.

Para o líder da organização Liderança Empresarial da África do Sul, Bonang Mohale, a recusa em renunciar mostra que Zuma é "movido por nada mais do que avareza, miopia e um egoísmo sem limites".

Ramaphosa era presidente do Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu), a central sindical aliada ao CNA na luta contra o apartheid, o regime segregacionista da minoria branca. Quando os negros chegaram ao poder, em 1994, ele foi cotado para vice-presidente de Nelson Mandela, mas acabou preterido por Mbeki.

Nos anos em que esteve fora da política, o novo líder sul-africano enriqueceu no setor privado. Depois do Massacre de Marikana, em 16 de agosto de 2012, quando 34 mineiros foram metralhados e mortos e 78 saíram feridos. Foi a pior matança na África do Sul desde o Massacre de Sharpeville,com 69 mortes,  em 1960. Ramaphosa foi acusado de acobertar os responsáveis pela tragédia.

Primeiro-ministro de Israel é indiciado por corrupção

Depois de dois anos de investigações, a Polícia de Israel concluiu haver indícios suficientes para pedir ao Ministério Público que denuncie o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por corrupção passiva e quebra de confiança em dois escândalos de corrupção diferentes.

No chamado Caso 1000, Netanyahu e sua mulher, Sarah, são acusados de aceitar presentes indevidos de bilionários, inclusive de 400 a 600 mil shekels, a moeda israelense, em charutos e champanhe do produtor de Hollywood Arnon Milchan. Seria algo entre US$ 100 mil e US$ 150 mil (R$ 330 a R$ 494 mil).

O chamado Caso 2000 envolve um possível acordo com o dono do jornal Yedioth Ahronoth, Arnon Mozes, para enfraquecer um jornal rival, Israel Hayom, financiado pelo bilionário americano Sheldon Adelson, em troca de uma cobertura mais favorável ao primeiro-ministro.

Milchan e Mozes foram indiciados por corrupção ativa, por subornar o casal Netanyahu. Bibi e Sarah falavam de "cor de rosa" e "folhas" para encomendar mais brindes a Milchan. Em troca, o primeiro-ministro israelense admitiu ter pedido ao então secretário de Estado americano, John Kerry, a renovação do visto de Milchan nos Estados Unidos.

Netanyahu alegou que tinha feito pedidos semelhantes por outras pessoas e que Milchan é um de seus "melhores amigos", por isso lhe daria tantos presentes. O bilionário australiano James Packer também deu generosos presentes a Netanyahu.

Os inquéritos foram entregues ontem ao Ministério Público. Serão examinados pelo procurador-geral, Avichai Mandelblit, o único com competência para denunciar um chefe de governo.

A polícia negou que o procurador-geral tenha tentado evitar a publicação das conclusões dos inquéritos: "Há uma cooperação estreita entre o comissário de polícia, o chefe das unidades de investigação, a Procudoria Estatal e o procurador-geral, como sempre."

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Trump quer eliminar 22 agências e programas do governo dos EUA

A proposta orçamentária do presidente Donald Trump para o ano fiscal de 2019, de US$ 4,4 trilhões, prevê cortes significativos em agências e projetos do governo federal dos Estados Unidos. A meta é reduzir o déficit público federal em US$ 3 trilhões nos próximos dez anos.

Depois dos grandes cortes de impostos para empresas e magnatas, várias agências programas e institutos vão perder as verbas públicas federais, adverte o boletim de notícias The Hill. Aqui vai a lista do que Trump quer acabar:

1. Programa Internacional McGovern-Dole de Alimentos para a Educação: dá assistência financeira e alimentos para campanhas de alimentação escolar em países menos desenvolvidos.

2. Serviço de Economia Rural e Cooperação: dá empréstimos e ajuda financeira para aumentar as oportunidades de pequenos agricultores.

3. Administração do Desenvolvimento Econômico: dá ajuda federal a projetos comunitários de desenvolvimento local.

4. Parceria para Expansão Manufatureira: subsidia serviços de consultoria e assessoria para pequenas e médias empresas industriais.

5. Centros de Ensino Comunitário do Século 21: ajuda comunidades a estabelecer e expandir centros que oferecem atividades antes e depois da escola e cursos de verão.

6. Programas de Preparação para Entrar na Universidade: distribui bolsas de estudo para ajudar estudantes de baixa renda a fazer cursos superiores.

7. Agência para Pesquisa e Qualidade do Atendimento de Saúde: monitora a qualidade dos serviços de saúde.

8. Agência de Projetos Avançados de Pesquisa: apoia projetos de pesquisa do Departamento de Energia. Trump está suprimindo todo o apoio a energias não renováveis.

9. Fundo Nacional de Refúgio da Vida Selvagem: compensa comunidades pela perda de arrecadação tributária quando o governo federal toma conta de terras. Trump quer reduzir a área de parques nacionais.

10. Iniciativa de Mudança do Clima Global: reflete a decisão de Trump de se retirar do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima.

11. Setor de Educação da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço): dá bolsas de estudo e pesquisa a faculdades, universidades, museus e centros de pesquisa científica. O dinheiro será aplicado na própria NASA.

12. Conselho de Segurança Química: investiga acidentes na indústria química.

13. Corporação para Serviço Nacional e Comunitário: financia oportunidades de trabalho, promove o voluntariado e ajuda voluntários e organizações não governamentais.

14. Corporação para Telecomunicação Pública: financia emissoras de rádio e televisão a TV PBS e a National Public Radio (NPR).

15. Instituto de Serviços de Museus e Livrarias: financia museus e livrarias em todo o país.

16. Corporação de Serviços Legais: um serviço não lucrativo que oferece assistência jurídica a indivíduos de baixa renda, uma defensoria pública.

17. Dotação Nacional para as Artes: financia artistas e projetos.

18. Dotação Nacional para Humanidades: financia pesquisa na área de ciências humanas.

19. Corporação de Reinvestimento no Bairro: financia projetos de desenvolvimento comunitário em todo o país.

20. Comissão Denali, Autoridade Regional do Delta e Comissão Regional da Fronteira Norte: financiam investimentos na infraestrutura e economia regional das áreas citadas.

21. Agência de Desenvolvimento e Comércio dos EUA: fornece bens e serviços para projetos estrangeiros.

22. Centro Internacional Woodrow Wilson para Pesquisadores: uma instituição de pesquisa na área de relações internacionais e política externa.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Cruz Vermelha nega ter negociado libertação de reféns do Boko Haram

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha negou ter participado de negociações para libertar três professores universitários e dez mulheres que estavam em poder da milícia terrorista Boko Haram no Nordeste da Nigéria, informou hoje o jornal nigeriano The Daily Post.

As mulheres foram sequestradas em junho e os professores da Universidade da Maiduguri em novembro do ano passado, nos dois casos no estado de Borno. A Cruz Vermelha afirma que foi chamada apenas para transportar os reféns libertados.

"Estamos muito felizes que estas pessoas tenham sido libertadas e possam rever suas famílias", declarou o subdiretor regional da Cruz Vermelha para a África, Patrick Youssef. "A Cruz Vermelha Internacional não se envolveu em qualquer negociação que tenha levado à entrega dessas 13 pessoas. A oposição armada entregou as 13 pessoas a representantes da Cruz Vermelha, que os transportaram até autoridades nigerianas."

Em outubro de 2016 e maio de 2017, a Cruz Vermelha recebeu e transportou meninas sequestradas numa escola em Chibok, entregando-as as forças de segurança da Nigéria.

"Há muitas pessoas desaparecidas ou detidas contra a sua vontade por causa do conflito", acrescentou o diretor da Cruz Vermelha. Isto cria um sofrimento e um trauma indescritíveis, inclusive para muitas famílias [de países] da orla do Lago Chade [Nigéria, Níger, Chade e Camarões], que precisam viver com uma angústia e uma incerteza diárias de não saber o destino e a localização de suas pessoas amadas. Espero que possam voltar para suas famílias em breve."

Cerca de 20 mil pessoas foram mortas na região desde 2009, quando o grupo extremista muçulmano Boko Haram, que significa "não à educação ocidental", aderiu à luta armada para impor a lei islâmica no Nordeste da Nigéria.

Em março de 2015, seu líder, Abubakar Shekau, jurou lealdade à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante e passou a se chamar Província do Estado Islâmico na África Ocidental.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Israel faz grande ataque aéreo na Síria após infiltração de drone iraniano

A Força Aérea de Israel lançou hoje uma segunda onda de ataque contra 12 alvos sírios e iranianos dentro do território da Síria depois da infiltração de um drone do Irã penetrou no espaço aéreo israelense. Um caça-bombardeiro F-16 de Israel foi abatido. O Irã advertiu que "a era dos ataques israelenses acabou."

O governo de Israel chamou a infiltração de aeronaves não tripuladas "uma violação regular e séria da soberania israelense" e responsabilizou o Irã. Em resposta, a aviação israelense "alvejou o sistema de defesa antiaérea síria e alvos iranianos na Síria. Doze alvos, inclusive três baterias antiaéreas e quatro alvos iranianos que fazem parte do aparato militar do Irã na Síria, foram atacados."

Durante os bombardeios aéreos, 15 a 20 mísseis antiaéreos foram disparados. Um avião israelense caiu. Os dois pilotos ejetaram os acentos. Um está gravemente ferido.

"Os sírios e iranianos estão brincando com fogo", declarou o coronel Jonathan Conricus, porta-voz militar de Israel. "Vamos cobrar um preço alto", mas "não temos interesse em escalar a situação".

Ditadura de Maduro é reprovada por 75% dos venezuelanos

O governo ditadorial de Nicolás Maduro, que tenta a reeleição em 22 de abril, é considerado ruim ou péssimo por 75% dos eleitores da Venezuela, indica uma pesquisa do Instituto Venezuelano de Análise de Dados (IVAD), citada pela Agência France Presse (AFP).

Das 1,2 mil pessoas ouvidas de 25 de janeiro a 5 de fevereiro, 58,4% descreveram o governo Maduro como péssimo, 16,6% como "mau" e 4,3% de regular a mau. Só 0,9% apontaram a ditadura como "excelente", 8,4% como "boa" e 10,2% de "regular para boa".

Um total de 77% entendem que a Venezuela precisa de um novo governo, 16% não veem necessidade e 7% não opinaram.

A popularidade de Maduro foi arrasada pela pior crise econômica da história da Venezuela, país com as maiores reservas mundiais de petróleo. O produto interno bruto caiu pela metade desde que Maduro sucedeu ao falecido caudilho Hugo Chávez, em 2013.

Para este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê hiperinflação de 13.000%. O desabastecimento de alimentos e medicamentos é generalizado.

A maioria dos entrevistados citou como o pior problema venezuelano a falta de comida e remédios (56,4%), seguida pela insegurança pública (44,9%) e o alto custo de vida (43,8%).

Neste ambiente de colapso econômico, 31,5% disseram estar muito dispostos a votar, enquanto 31,7% estão dispostos, 16,1% têm pouco interesse, 10,2% nenhum interesse e 10,6% são indiferentes.

Na pesquisa específica sobre a eleição presidencial de 22 de abril, 17,6% anunciaram a intenção de votar em Maduro e 23,6% no candidato oposicionista Henri Falcón, um chavista dissidente, ex-governador do estado de Lara.

O Conselho Nacional Eleitoral e a Assembleia Nacional Constituinte, subservientes a Maduro, vetaram a participação da aliança oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD) e dos principais líderes da oposição, como o ex-governador e ex-candidato a presidente Henrique Capriles e o ex-prefeito Leopoldo López.

Coreia do Norte convida líder da Coreia do Sul a visitar Pyongyang

Em outro gesto de aproximação do regime mais fechado do mundo, a irmã do ditador da Coreia do Norte, Kim Yo Jong, convidou o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae In, a visitar Pyongyang, informou a Casa Azul, sede do governo sul-coreano. Não há data prevista para a viagem.

As duas Coreias, última fronteira da Guerra Fria, vivem um momento de degelo desde que o ditador norte-coreano, Kim Jong Un, manifestou, no discurso de Ano Novo, o interesse em restabelecer o diálogo com o Sul e de enviar atletas para a Olimpíada de Inverno de Pyeongchang.

Isso deu à Coreia do Sul a garantia de que os Jogos Olímpicos não serão atacados e de que não haveria testes nucleares ao norte do paralelo 38º Norte. A olimpíada foi aberta ontem e as duas delegações coreanas desfilaram juntas sob uma bandeira branca com o mapa do país unificado em azul.

O envio de uma delegação de alto nível e o convite indicam a intenção de investir num diálogo Norte-Sul que tenta isolar os Estados Unidos de Donald Trump. Os EUA e a Coreia do Sul adiaram para abril manobras militares conjuntas que coincidiriam com os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

A Coreia foi ocupada pelo Japão de 1910 a 1945. Quando os EUA bombardearam Nagasaki com a segunda bomba atômica, em 9 de agosto de 1945, o ditador soviético Josef Stalin declarou guerra ao Japão, ocupou algumas ilhas e o Norte da Península Coreana, enquanto os EUA ficaram com o Sul.

Em 1948, nasceram oficialmente a República Popular Democrática da Coreia (Norte) e a República da Coreia (Sul). Como ambas reivindicam a soberania sobre toda a península, em 25 de junho de 1950 estourou a Guerra da Coreia, que durou três anos e deixou milhões de mortos.

Até hoje, os dois países estão tecnicamente em guerra. O regime comunista do Norte costumava ignorar os governos da Coreia do Sul e do Japão, chamando-os de fantoche dos EUA.

Para garantir sua sobrevivência, a ditadura stalinista de Pyongyang desenvolveu armas nucleares e mísseis, a última garantia para Kim Jong Un. Ele assumiu poucos meses depois da queda e morte do ditador líbio Muamar Kadafi, que abrira mão de suas armas de destruição em massa e se aproximara do Ocidente na guerra contra o terrorismo dos jihadistas.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

França gasta 295 bilhões de euros para manter "autonomia estratégica"

Depois de uma década de restrições orçamentárias, a Lei de Programação Militar apresentada ontem ao Conselho de Ministros da França prevê investimentos de 295 bilhões de euros (R$ 1,180 trilhão) nos próximos sete anos para modernizar as Forças Armadas e reforçar a capacidade nuclear com um novo submarino e mísseis aerotransportados. 

Mais 6 mil militares serão recrutados, a metade até 2023. O orçamento militar francês deve chegar a 2% do produto interno bruto até 2025, de acordo com a exigência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, noticiou o jornal Le Monde.

Os objetivos são a "regeneração" ou modernização tecnológica das Forças Armadas e a "preparação para o futuro". A França quer manter sua "autonomia estratégica". Isso significa ter seu próprio mecanismo de dissuasão nuclear, suas próprias armas atômicas, sem depender dos EUA e da OTAN para sua defesa.

Além da instabilidade crescente na era Donald Trump, da agressividade crescente da Rússia e da ascensão da China, a França foi profundamente abalada pelos atentados terroristas de 2015, o que levou o presidente Emmanuel Macron a propor esta profunda reforma.

As despesas com salários, condições de vida e de trabalho dos militares franceses vão crescer 14% de 2019 a 2023. O Exército francês precisa de novos tanques e blindados. A metade dos veículos do Projeto Scorpion (Sinergia de Contato Reforçada pela Polivalência e a Infovalorização), que visa a equipar carros de combate com a última tecnologia da informação para aumentar a interoperacionalidade das Forças Armadas, será entregue até 2025.

Cerca de 17 bilhões de euros (R$ 68 bilhões) serão destinados à inovação para preservar a "superioridade operacional no futuro". Os centros de pesquisa da indústria vão se beneficiar com o investimento público.

A guerra cibernética também é uma preocupação, da suposta ingerência da Rússia em eleições presidenciais a ataques de vírus como WannaCry.

A Marinha vai ganhar quatro novos submarinos de ataque Barracuda e três fragatas. A Força Aérea vai receber os 12 primeiros aviões de reabastecimento aéreo em 2023, dois anos antes do previsto anteriormente.

Para manter a "autonomia estratégica", o investimento nas armas atômicas será de 37 bilhões de euros (R$ 148 bilhões) até 2025. As prioridades são um submarino lançador de mísseis nucleares com motores de terceira geração e o desenvolvimento de um novo míssil nuclear aerotransportado.

As bases militares francesas no exterior serão reforçadas e abertas a cooperação com outros países europeus e os governos locais. Os serviços de informações terão um orçamento de 6 bilhões de euros (R$ 24 bilhões).

A França vai lançar dois novos satélites militar (Ceres e Musis), comprar oito aviões-espiões rápidos, em vez dos dois anteriormente previstos, adquirir um novo navio-espião e drones Reaper, os mais poderosos dos EUA.

Em futuro breve, será necessário substituir o porta-aviões Charles de Gaulle, desenvolver o sistema de combate aéreo do futuro e o tanque do futuro, que a França pretende criar em parceria com seus aliados europeus.

A Assembleia Nacional da França, amplamente dominada pelo partido A República em Marcha, do presidente Macron, começa a examinar o projeto da Lei de Programação Militar a partir de 12 de março.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Venezuela convoca eleição presidencial para 22 de abril

Depois de mais um fracasso no diálogo com a oposição, a ditadura de Nicolás Maduro marcou ontem para 22 de abril a eleição presidencial deste ano na Venezuela. Com a principal aliança oposicionista e os principais líderes da oposição proibidos de participar, a expectativa é de reeleição do ditador, apesar do colapso da economia do país.

A maioria dos países da América Latina, os Estados Unidos e a União Europeia já avisaram que não vão reconhecer o resultado da farsa eleitoral de Maduro, um dos piores governantes do mundo hoje, que levou ao colapso uma economia moderna e relativamente rica por ter as maiores reservas mundiais de petróleo.

O Conselho Nacional Eleitoral marcou a data cinco dias depois que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) anunciou a candidatura de Maduro, que adotou um tom triunfalista num comício: "O povo já decidiu. Nicolás Maduro será o presidente da República de 1919 a 2025", proclamou o ditador.

Hoje o Parlamento Europeu defendeu o aumento das sanções econômicas contra a ditadura venezuelana. O Chile abandonou a posição de observador no diálogo entre governo e oposição realizado na República Dominica. E a procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu inquérito sobre crimes cometidos durante a repressão às manifestações realizadas de abril a junho de 2017, em que 125 pessoas foram mortas.

Entre as manobras recentes, o regime chavista vetou a participação da aliança oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD) e dos principais líderes da oposição, o ex-candidato a presidente Henrique Capriles e o ex-prefeito Leopoldo López. López está preso e condenado sob a acusação de incitar à violência durante as manifestações de protesto de fevereiro de 2014, quando pelo menos 43 pessoas foram mortas.

Maduro está no poder desde a morte de seu padrinho político Hugo Chávez, em 5 de março de 2013. Começou a governar meses antes, com o afastamento do caudilho por causa de um câncer. Eleito presidente em abril daquele ano, o ex-sindicalista e ex-motorista de ônibus preside a um dos maiores colapsos econômicos da história moderna.

Em cinco anos, o produto interno bruto da Venezuela caiu à metade. A inflação deve chegar a 13.000% neste ano. O desabastecimento de produtos básicos, especialmente alimentos e medicamentos, passa de 80%. Os venezuelanos passam fome. Estão emagrecendo por falta de comida.

Com a deterioração da economia, a oposição obteve sua primeira vitória eleitoral desde a ascensão de Chávez ao poder, em 1998. Em dezembro de 2015, conquistou uma maioria de dois terços na Assembleia Nacional, o que lhe permitiria alterar a Constituição.

O regime reagiu impugnando as eleições de alguns deputados, com o apoio do Poder Judiciário, totalmente subserviente ao Executivo. Quando o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ,tentou cassar os poderes do parlamento, em abril do ano passado, a oposição saiu às ruas numa onda de protestos.

A saída do regime foi convocar uma Assembleia Nacional Constituinte eleita em bases territoriais, um deputado por cidade e dois por capital estadual, além de uma parte eleita por entidades pelegas ligadas ao regime. Ao dar todo o poder à Constituinte, anulando a Assembleia Nacional eleita democraticamente, o regime chavista virou uma ditadura escancarada.

Sob a orientação da ditadura comunista de Cuba, Maduro endurece o regime, mas mantém os controles de preços e do câmbio que levaram à ruína econômica da Venezuela. O dólar está sendo cotado hoje no câmbio negro a 235.402,45 bolívares e mais de 241 mil em Cúcuta, cidade colombiana situada junto à fronteira entre os dois países, informou o boletim de notícias Dolar Today.

A cada dia, mais venezuelanos emigram para a Colômbia e para o Brasil, entrando pelo estado de Roraima, que enfrenta dificuldades para lidar com a onda de refugiados.

É difícil imaginar o fim da crise terminal da Venezuela sem derramamento de sangue. Como as Forças Armadas são a base de sustentação do regime, só uma divisão interna e uma revolta armada parecem capaz de mudar a situação.

Ao matar o piloto rebelde Óscar Pérez, que no ano passado havia atacado de helicóptero o Ministério do Interior e o TSJ, Maduro e sua gangue deixaram claro que não vão tolerar nenhuma dissidência. Sabem que só a força armada pode derrubá-los e que, com a oposição desarmada, a rebelião terá de nascer dentro do regime.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Israel volta a bombardear alvos militar na Síria perto de Damasco

A Força Aérea de Israel atacou na madrugada de hoje alvos militares hoje perto de Damasco, a capital síria, especialmente um centro de desenvolvimento de armas químicas próxima a Jamraia. O Exército da Síria declarou que sua defesa antiaérea neutralizou o bombardeio, mas fontes independentes indicam que a fábrica foi atingida, noticiou o jornal The Times of Israel.

"Nesta manhã, aviões de guerra de Israel dispararam vários mísseis do espaço aéreo do Líbano contra uma de nossas posições militares na zona rural de Damasco", afirmou o Exército em nota difundida pela mídia oficial da ditadura de Bachar Assad. "Nossos sistemas de defesa antiaérea bloquearam e destruíram a maioria deles."

Desde o início da guerra civil na Síria, em março de 2011, Israel bombardeou o país vizinho mais de cem vezes, destruindo, por exemplo, carregamentos de armas do Irã destinadas à milícia extremista xiita libanesa (Hesbolá), que luta ao lado do regime de Assad.

Jamraia fica a pouco mais de 10 quilômetros. É sede de várias instalações militares sírias, inclusive do Centro de Pesquisas e Estudos Científicos da Síria, acusado pelos Estados Unidos e a França de ser parte da produção de armas químicas. Israel havia atacado o centro em Jamraia em maio de 2013 e outra de suas instalações no Oeste do país em setembro do ano passado.

O governo israelense adota uma política de intervenção limitada no conflito sírio. Responde a todos os ataques deliberados ou acidentais contra o território de Israel e ataca comboio e fábricas de armas que possam ameaçar sua segurança.

Para evitar uma retaliação dos EUA depois de atacar a cidade de Guta com gás sarin, em 21 de setembro de 2013, matando pelo menos 1.421 pessoas, Assad aceitou uma proposta da Rússia. Prometeu entregar todas as armas químicas e parar de fabricá-las. Evitou a resposta de Obama, mas conservou parte de seu arsenal químico, que voltou a ser usado nos últimos dias na mesma Guta.

Déficit comercial EUA-China chegou a recorde de US$ 375 bilhões

Durante a campanha eleitoral, o presidente Donald Trump acusou a China de comércio desleal. Em seu primeiro ano de governo, o déficit dos Estados Unidos no comércio bilateral aumentou de US$ 347 bilhões para um recorde de US$ 375,2 bilhões, revelou ontem o Departamento do Comércio.

O déficit comercial global dos EUA aumentou 12,1% em 2017 para US$ 566 bilhões. Foi o maior desde 2008. Com a recuperação econômica e o aumento do poder aquisitivo, crescem as importações. Apesar das promessas, Trump não conseguiu renegociar acordos comerciais significativos nem reindustrializar o país.

A queda do dólar no ano passado tornou os produtos americanos mais baratos no exterior. As exportações aumentaram, mas não o suficiente para neutralizar o consumo de importados. Em dezembro de 2017, os EUA exportaram US$ 203,35 bilhões e importaram US$ 256,46 bilhões. O saldo negativo foi de US$ 53,11 bilhões.

Em sintonia com o pensamento de Trump, o secretário do Comércio, Wilber Ross, declarou que o governo vai reduzir o déficit comercial aplicando as regras do comércio, renegociando acordos existentes e novos acordos.

Ross citou a decisão recente do governo de impor sobretaxas às importações de painéis solares e máquinas de lavar e as renegociações em andamento com o México, o Canadá e a Coreia do Sul. "Um esforço extenuante está em andamento, mas não faz sentido estabelecer um prazo fatal", disse o secretário.

Quando Trump era candidato, em setembro de 2016, seus assessores econômicos Peter Navarro e Wilbur Ross afirmaram que a eliminação do déficit comercial de US$ 500 bilhões geraria uma arrecadação de impostos capaz de neutralizar o custo dos cortes de impostos.

Navarro, hoje diretor do Conselho Nacional de Comércio da Casa Branca, prometeu acabar com o déficit "num ano ou dois".

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

FMI prevê hiperinflação de 13.000% neste ano na Venezuela

Com um colapso sem precedentes num país relativamente rico e moderno, o índice de preços ao consumidor na Venezuela pode chegar a um recorde 13.000% no fim de 2018, previu o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A economia da Venezuela, o país com as maiores reservas mundiais de petróleo, deve encolher 15% neste ano. No fim de 2018, o produto interno bruto do país será a metade do que era em 2013, quando morreu o caudilho Hugo Chávez, substituído pelo ditador Nicolás Maduro.

Os preços dobram a cada duas semanas. Mais de 80% dos produtos básicos, inclusive medicamentos e alimentos, desapareceram de farmácias e supermercados. O regime chavista anunciou uma renegociação da dívida, mas é muito mais provável um calote.

A solução do governo Maduro foi criar uma criptomoeda, o petro, para substituir o bolívar forte, que perdeu 98% do valor diante do dólar em 2017 porque o governo não para de imprimir dinheiro. A base monetária cresceu 14 vezes em12 meses. Pouca gente aceita a nova nota de 100 mil bolívares por falta de troco.

No câmbio negro, um dólar vale hoje 233.531,14 bolívares, 80 vezes mais do que um ano atrás.

É o 57º caso de hiperinflação da história. A maioria estava relacionada a guerras, casos da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial (30.000% ao mês em novembro de 1923) e da Hungria pós-Segunda Guerra Mundial (41,9 quatrilhões por cento em julho de 1946).

A América Latina inventou a hiperinflação em tempos de paz, durante a crise da dívida dos anos 1980s. Na Bolívia, chegou a 60.000% ao ano em 1985. No Brasil, estava em 5.500% ao ano quando o então ministro da Fazenda e futuro presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real, em julho de 1994.

Candidato a reeleição em eleição antecipada para até 30 de abril, o ditador Maduro usa a distribuição de remédios e comida para garantir a vitória, além de ter vetado a maioria dos candidatos da oposição.

Justiça britânica mantém ordem de prisão de Julian Assange

A Justiça do Reino Unido decidiu nesta terça-feira manter o mandado de prisão contra Julian Assange, fundador do sítio WikiLeaks, especializado em vazar documentos secretos de governos e empresas, por violar os termos da liberdade condicional. Ele está refugiado há mais de cinco anos e meio na Embaixada do Equador em Londres e o governo equatoriano o pressiona a sair, informou o jornal inglês The Guardian.

Assange era alvo de um mandado de prisão europeu a pedido da Suécia, que queria interrogá-lo por crimes sexuais. Em 26 de janeiro, seus advogados pediram à Justiça britânica o relaxamento do mandado sob a alegação de que a Procuradoria da Suécia desistiu de interrogá-lo.

A defesa argumentou que "ele passou cinco anos em condições que, sob qualquer visão, são similares à prisão, sem acesso a tratamento médico adequado ou à luz do sol, em circunstâncias em que sua saúde física e psicológica se deteriorou, e corre sério perigo."

Em sua decisão, a juíza distrital Emma Arbuthnot reconheceu que Assange tem "um problema dentário terrível, ombro congelado e depressão". Mas a Procuradoria da Coroa contra-argumentou que "Assange foi solto em liberdade condicional mediante pagamento de fiança; tinha a obrigação de se render à custódia do tribunal e falhou ao não se entregar na hora marcada para fazer isso."

O ciberpirata australiano teme ser extraditado para os Estados Unidos, onde pode ser condenado à prisão perpétua com base numa denúncia secreta por divulgar documentos secretos do governo americano.

Durante esses anos de asilo político, Assange perdeu sua áurea de libertário e combatente pela liberdade contra governos e empresas poderosas. Associou-se à Rússia para atacar a candidatura de Hillary Clinton à Presidência dos EUA, beneficiando Donald Trump, que elogiou o WikiLeaks durante a campanha.

Em dezembro do ano passado, a Fundação pela Liberdade de Imprensa decidiu por unanimidade parou de arrecadar dinheiro para o WikiLeaks, como fazia desde Assange se asilou na embaixada.

No Equador, o atual presidente, Lenín Moreno, eleito em abril de 2017, rompeu com seu padrinho político e antecessor Rafael Correa, chavista e antiamericano. Está pressionando Assange a deixar a embaixada em Londres.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Bolsa de Nova York sofre maior queda em pontos num dia

Na pior queda em pontos num dia, o Índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais ações da Bolsa de Nova York, chegou a registrar baixa do mais de 1.500 pontos e terminou o dia com perdas de 1.175 pontos (4,6%). O índice amplo Standard & Poor's 500 caiu 4,1% e a bolsa Nasdaq, da empresas de alta tecnologia, recuou 3,8%.

Percentualmente, foi a maior queda do Dow Jones desde 8 de agosto de 2011 (5,6%), durante a crise da Zona do Euro, por medo de contágio da Espanha e da Itália. Também foi menos do que em 29 de setembro de 2008 (7%), no auge da crise deflagrada pela falência do bando de investimentos Lehman Brothers duas semanas antes.

O recorde negativo foi uma queda de 22,61% na Segunda-Feira Negra, 19 de outubro de 1987. No colapso da Bolsa de Nova York que deu início à Grande Depressão (1929-39), as perdas foram de 11% em 24 de outubro de 1929, 12,82% no dia 28 e 11,73% no dia 29 do mesmo mês.

Ao redor do mundo, as bolsas praticamente zeraram os ganhos deste ano. O Índice Dow Jones está em queda de 1,5% no ano e 8,5% abaixo do recorde de 26 de janeiro, perto dos 10%, que caracterizam o que os economistas chamam de uma "correção" nos preços das ações.

"É a primeira vez em algum tempo em que eu diria que o sentimento é de pânico para vender", comentou Tim Anderson, diretor-executivo da corretora TJM Investments, citado pelo jornal The Wall Street Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova York. As ações dos setores bancário, de energia e de alta tecnologia tiveram grandes perdas.

O índice dos grandes bancos perdeu 4,9% e o S&P 500 do setor de energia, 4,4%. O petróleo do tipo West Texas Intermediate, padrão do mercado americano, caiu 2% para US$ 64,15 por barril de 159 litros.

As dez maiores baixas foram da Chevron (-13,65%), DowDuPont (-10,27%), Exxon Mobil (-9,76%), Pfizer (-9,57%), UnitedHealth (-9,43%), Home Depot (-9,6%), Johnson & Johnson (-8,97%), 3M (-8,92%), Intel (-9,53%) e Caterpillar (-8,04%).

Outros analistas atribuíram a forte baixa à negociação feita por algoritmos: "O interessante na ação de hoje foi causado provavelmente por modelos de computador que precisam equilibrar os riscos, observou Youssef Abbasi, estrategista do mercado global da corretora Jones Trading.

Quando o índice S&P 500 caiu abaixo dos 2.700 pontos, a venda se acelerou, notou Abbasi: "Aquilo inerentemente deu o tom de vender. Voltar a ficar em zero no ano criou um ponto de inflexão." Em determinado momento, o Dow Jones perdeu 800 pontos em 10 minutos, acumulando uma queda de quase 1.600 pontos no dia.

O entusiasmo por ações levou os investidores a investir US$ 102 bilhões em fundos de investimentos. Desde que o relatório de emprego de janeiro, divulgado na sexta-feira, revelou um ritmo forte de contratações e uma alta média dos salários em 2,9% em um ano, há uma expectativa de alta da inflação e aumentos nas taxas básicas de juros pelo Conselho da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA.

A reforma fiscal do governo Donald Trump também pesou negativamente. Com a expectativa de alta de US$ 1,5 trilhão na dívida pública dos EUA em dez anos, os juros dos títulos da dívida pública do Tesouro americano subiram e passaram a concorrer com o investimento em ações. Os juros estão no nível mais alto em quatro anos.

Sempre pronto a assumir a responsabilidade por qualquer sucesso, Trump não se manifestou sobre a forte queda no valor das empresas com ações negociadas em bolsa. O porta-voz Raj Shah, citado pelo jornal inglês Financial Times, declarou que "os mercados flutuam em curto prazo, penso que todos sabemos disso. Mas os fundamentos desta economia são muito fortes."

Apesar do caos dos últimos dias, alguns economistas entendem que "este é um recuo saudável", como Jason Draho, chefe de alocação tática de ativos na América do setor de gerenciamento de fortunas do banco suíço UBS. Seria uma pausa depois de um longo período de alta no mercado. Cria uma oportunidade para comprar ações de empresas promissoras que caíram com a venda generalizada.

Em São Paulo, o índice Bovespa recuou 2,6% e o dólar subiu para R$ 3,25.

Pastor evangélico vence primeiro turno na Costa Rica

Com uma campanha contra o casamento gay, o pastor evangélico Fabricio Alvarado obteve 24,8% dos votos e ficou em primeiro lugar na eleição presidencial da Costa Rica, um dos países mais democráticos da América Latina. O segundo turno será disputado em 1º de abril.

A apuração ainda não terminou. Em segundo lugar, com 21,8%, está Carlos Alvarado, do partido centrista Ação Cidadã, hoje no poder com o presidente Luis Guillermo Solís. Ele não é parente do pastor. Em terceiro, vem o ex-deputado Antonio Álvarez, do Partido Libertação Nacional, social-democrata, o mais tradicional do país, com 18,5%, informa o jornal local La Nación.

Ao todo, 13 candidatos disputaram a eleição. O índice de abstenção foi de 34%. Também foram eleitos 57 deputados da Assembleia Legislativa, o parlamento unicameral costa-riquenho. O jornal La República prevê dificuldades para o futuro presidente com um parlamento fragmentado entre vários partidos.

O casamento de homossexuais virou um tema central da campanha depois que a Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em São José, a capital da Costa Rica, conclamou os países da América Latina a reconhecê-lo. A CIDH é ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA).

Um dos países líderes em proteção ambiental e energias renováveis, a Costa Rica lucra com o turismo ecológico. Uma das maiores preocupações do eleitorado é o aumento da violência relacionada ao tráfico de drogas.

Equador acaba com reeleição presidencial sem limites

Num plebiscito para encerrar a carreira política do ex-presidente Rafael Correa, 64% dos votantes aprovaram ontem em referendo uma proposta para acabar com a reeleição indefinida do presidente do Equador, noticiou o jornal equatoriano El Comercio

A "morte civil" dos condenados por corrupção, que não poderão mais exercer funções públicas, teve o apoio de 74%, um pouco mais do que o fim da prescrição dos crimes sexuais contra crianças, aprovado por 73,73%.

O Conselho Nacional Eleitoral, que ainda deve divulgar o resultado oficial, anunciou a participação de 82% do eleitorado nos sete plebiscitos. Na prática, a consulta popular enterra a versão equatoriana do "socialismo do século 21" pregado pelo finado caudilho venezuelano Hugo Chávez.

Eleito com o apoio de Correa, o presidente Lenín Moreno rompeu com o padrinho e festejou o resultado: "Hoje é o tempo dos jovens líderes. Partidos políticos: renovem-se! O povo disse sim. Os políticos que ansiavam se eternizar no poder não voltarão nunca mais. O Equador disse sim", escreveu ele no Twitter.

O ex-presidente Correa, que se mudou para a Bélgica, depôs nesta segunda-feira em Quito num processo sobre negócios com a Petrochina para venda de petróleo à China e à Tailândia.

A ruptura entre Moreno e Correa foi marcada pela prisão e condenação do ex-vice-presidente Jorge Glas num escândalo de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Império Maia era muito maior do que se pensava

Com uma nova técnica de aerofotografia a lêiser, arqueólogos descobriram as ruínas de mais de 60 mil construções escondidas sob a densa floresta tropical úmida das terras baixas do Norte da Guatemala e concluíram que a civilização maia era muito maior do que imaginava. Em vez de 5 milhões de pessoas, estima-se que a população fosse de 10 a 15 milhões.

Essa concentração populacional exigiu uma exploração intensiva da terra para produzir alimentos, levando a uma catástrofe ecológica e à decadência antes da chegada dos colonizadores espanhóis.

Ao lado dos astecas, no México, e dos incas, no Peru e no Equador, os maias foram uma das três grandes civilizações pré-colombianas. O Império Maia atingiu o apogeu no período maia clássico (200-900) e depois entrou em declínio.

As 60 mil construções incluem palácios, templos, pirâmides, casas, estradas e grandes plantações. Com a técnica conhecida como LiDAR (Light Detection and Ranging), revelou-se uma civilização mais complexa e interligada do que se supunha. Toda a Reserva da Biosfera Maia, no estado de Petén, na Guatemala, foi mapeada.

"Este mundo que foi perdido para a selva, de repente é revelado", comentou o engenheiro Albert Yu-Min Lin, explorador da National Geographic Society, dos Estados Unidos, citado pelo jornal The New York Times. "E o que se pensava ser uma civilização amplamente estudada e compreendida de repente está cheia de novidades."

O projeto foi iniciado por Pacunam, uma organização não lucrativa, com o auxílio do Centro Nacional de Mapeamento Aéreo por Lêiser, da Universidade de Houston, no Texas. Na primeira fase do projeto, foram investidos US$ 600 mil.

Além de descoberta e restauração de um tesouro arqueológico, o projeto visa a proteger a floresta tropical, impedir o desmatamento, atrair turistas e pesquisadores, combater a mudança do clima,  a exploração ilegal de madeira e o contrabando na fronteira.

A mesma técnica foi usada para descobrir construções ao redor do templo de Angkor, centro do Império Khmer, hoje no Camboja.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Rebeldes ligados a Al Caeda derrubam avião da Rússia na Síria

A Rússia perdeu hoje seu primeiro avião de combate desde que entrou guerra civil da Síria, em 30 de setembro de 2015, em apoio à ditadura de Bachar Assad. O Comitê pela Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham), formado pela fusão de vários grupos jihadistas, inclusive a antiga Frente al-Nusra, braço armado da rede terrorista al Caeda no conflito sírio, disparou um míssil antiaéreo que abateu o Sukhoi-25. O piloto saltou de paraquedas, mas foi morto em terra pelos rebeldes.

O apoio russo foi decisivo para que o regime sírio passasse a ganhar a guerra e retomasse a maior parte do território do país, mas há bolsões de resistência, além da área dominada pela milícia árabe-curda que combate a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante com o apoio dos Estados Unidos.

A cidade de Sarakebe, na província de Idlibe, está há dias sob intenso bombardeio das forças aéreas da Rússia e da Síria, numa tentativa de reassumir o controle total sobre a estrada Damasco-Alepo. A organização de defesa civil Capacetes Brancos registrou pelo menos 25 ataques aéreos na região.

Um bombardeio matou pelo menos 16 pessoas num mercado público. O hospital da cidade também foi atacado, um crime de guerra cometido sistematicamente pela ditadura de Assad e seus aliados russos.

"O comandante do Batalhão de Defesa Aérea do HTS conseguiu derrubar um avião militar com um sistema portátil de defesa antiaérea nos céus de Sarakebe, no interior da província de Idlibe, no fim da tarde de hoje", declarou o grupo em comunicado. Depois que o Su-25 foi abatido, a Rússia intensificou o bombardeio e anunciou ter matado mais de 30 jihadistas

Em Moscou, o Ministério da Defesa e a agência de notícias Interfax confirmaram a notícia. Os mísseis antiaéreos portáteis foram decisivos para a vitória dos rebeldes muçulmanos que derrotaram a invasão soviética no Afeganistão.

Hoje a porta-voz do Departamento de Estado americano, Heather Nauert, afirmou em Washington que os EUA não forneceram este tipo de mísseis aos rebeldes jihadistas na Síria. Desde o governo Obama, os EUA temem que essas armas caiam em mãos de extremistas muçulmanos.

O abate do avião gera uma tensão entre a Rússia e a Turquia, que estaria supervisionando o cessar-fogo de grupos jihadistas dentro das negociações de paz lideradas pelo governo russo realizadas em Astana, a capital da ex-república soviética do Casaquistão.