Em uma série de mensagens furiosas pelo Twitter, o presidente Donald Trump atacou o FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, por não ter investigado o atirador de Parkland, na Flórida, e o inquérito sobre a interferência da Rússia nas eleições americanas de 2018. Trump acusou o governo Barack Obama, o Partido Democrata e Hillary Clinton pela operação russa.
Das onze da noite de sábado ao meio-dia de domingo, na mansão de clube de golfe em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente disparou 10 tuítes, alguns com obscenidades e outros com erros de gramática, noticiou o jornal The Washington Post.
Numa conferência sobre segurança internacional na semana passada na Alemanha, assessores dos EUA disseram a autoridades e especialistas estrangeiros para ignorar os tuítes do presidente. Mas eles revelam sua alma profunda.
Trump aproveitou a denúncia do procurador especial Robert Mueller contra 13 russos para reafirmar que não houve conluio de sua candidatura com o Kremlin para prejudicar a candidatura de Hillary. Não se preocupou com a ingerência de uma potência estrangeira hostil na política dos EUA.
"Se a meta da Rússia era criar a discórdia, ruptura e caos nos EUA, então, com todas aquelas audiências em comissões, investigações e ódio partidário, eles tiveram sucesso além de seus sonhos mais ambiciosos. Eles estão morrendo de rir em Moscou. Fique esperta, América!", disparou.
O presidente negou ter dito no passado que não houve interferência russa nas eleições americanas e que a "fraude" está em acusar sua campanha de cumplicidade.
Noutro tuíte, Trump alegou que "agora que [o deputado] Adam Schiff está começando a acusar o presidente Obama pela interferência russa na eleição, provavelmente esteja fazendo isso como mais uma desculpa. Finalmente ele está certo por alguma coisa. Obama era o presidente, sabia da ameaça e não fez nada. Obrigado, Adam!"
Mais impressionante ainda foi a acusação ao FBI por não ter impedido o massacre cometido pelo jovem desequilibrado Nikolas Cruz: "Muito triste que o FBI tenha perdido todos os muitos sinais enviados pelo atirador da escola na Flórida. Isto é inaceitável. Eles gastam tempo demais tentando provar o conluio da Rússia com a campanha de Trump - não houve conluio. Voltem ao básico e tornem todos nós orgulhosos."
O diretor nacional de Inteligência durante a campanha eleitoral de 2016, James Clapper, reagiu indignado na CNN: "O que vamos fazer em relação à ameaça dos russos? Ele nunca fala disso. Só fala de si mesmo."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário