Com um colapso sem precedentes num país relativamente rico e moderno, o índice de preços ao consumidor na Venezuela pode chegar a um recorde 13.000% no fim de 2018, previu o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A economia da Venezuela, o país com as maiores reservas mundiais de petróleo, deve encolher 15% neste ano. No fim de 2018, o produto interno bruto do país será a metade do que era em 2013, quando morreu o caudilho Hugo Chávez, substituído pelo ditador Nicolás Maduro.
Os preços dobram a cada duas semanas. Mais de 80% dos produtos básicos, inclusive medicamentos e alimentos, desapareceram de farmácias e supermercados. O regime chavista anunciou uma renegociação da dívida, mas é muito mais provável um calote.
A solução do governo Maduro foi criar uma criptomoeda, o petro, para substituir o bolívar forte, que perdeu 98% do valor diante do dólar em 2017 porque o governo não para de imprimir dinheiro. A base monetária cresceu 14 vezes em12 meses. Pouca gente aceita a nova nota de 100 mil bolívares por falta de troco.
No câmbio negro, um dólar vale hoje 233.531,14 bolívares, 80 vezes mais do que um ano atrás.
É o 57º caso de hiperinflação da história. A maioria estava relacionada a guerras, casos da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial (30.000% ao mês em novembro de 1923) e da Hungria pós-Segunda Guerra Mundial (41,9 quatrilhões por cento em julho de 1946).
A América Latina inventou a hiperinflação em tempos de paz, durante a crise da dívida dos anos 1980s. Na Bolívia, chegou a 60.000% ao ano em 1985. No Brasil, estava em 5.500% ao ano quando o então ministro da Fazenda e futuro presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real, em julho de 1994.
Candidato a reeleição em eleição antecipada para até 30 de abril, o ditador Maduro usa a distribuição de remédios e comida para garantir a vitória, além de ter vetado a maioria dos candidatos da oposição.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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