Em votação simbólica boicotada pela oposição na Assembleia Nacional, o Congresso Nacional Africano (CNA) elegeu hoje seu líder, Cyril Ramaphosa, como novo presidente da África do Sul em substituição a Jacob Zuma, que renunciou ontem sob a pressão de centenas de acusações de corrupção.
A alta cúpula do CNA exigiu a renúncia de Zuma na terça-feira, depois de uma reunião de 13 horas, ameaçando destituí-lo através de um voto de desconfiança do Parlamento, que elege o presidente sul-africano.
Zuma, um militante contra a ditadura de minoria branca e o regime segregacionista do apartheid, esteve preso com Nelson Mandela na prisão da ilha de Robben. Ele começou a cair em desgraça antes de virar líder do partido.
Um processo por corrupção na compra de armas quando ele era vice-presidente foi anulado por erros de procedimento da polícia em operações de busca e apreensão em escritórios de Zuma. Assim, pôde governar o segundo país mais rico da África por nove anos.
As oposições boicotaram a eleição de Ramaphosa. Queriam a dissolução da Assembleia Nacional e a antecipação das eleições gerais previstas para 2019.
Os desafios do novo presidente são promover uma campanha anticorrupção profunda dentro do seu próprio partido e retomar a luta pelo fim das consequências sociais do apartheid. Zuma sobreviveu a oito moções de desconfiança por causa de suas ligações com a militância do CNA.
Ramaphosa precisa mostrar que o partido de Mandela ainda é uma força para promover a emancipação da maioria negra e não virou mais um movimento de libertação nacional convertido em partido único, com monopólio do poder como em tantos outros países africanos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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