quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Rússia reforça defesa antimísseis em Kaliningrado

A Rússia reforçou sua defesa antiaérea em Kaliningrado com mísseis terra-ar de curto alcance em resposta ao aumento da presença da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, na Polônia e nas repúblicas bálticas da antiga União Soviética, noticiou a agência russa Interfax citando como fonte a Frota do Mar Báltico.

O presidente Vladimir Putin visitou a região, um enclave russo entre a Lituânia e a Polônia, fundado por cavaleiros teutônicos (germânicos) em 1255 com o nome de Königsberg. Lá, nasceu e viveu o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804).

Em 1945, passou a se chamar Kaliningrado como uma província russa dentro da União Soviética, que na época dominava as repúblicas bálticas e a Europa Oriental depois da vitória do Exército Vermelho sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Kaliningrado é o centro nevrálgico do fortalecimento da Rússia diante da expansão da OTAN até suas fronteiras na era pós-soviética. Diante do colapso do Tratado sobre Forças Nucleares Intermediárias, assinado em 1987 pelos EUA e a URSS para acabar com os mísseis nucleares de curto e médio alcances, os dois lados vão instalar mais mísseis na região.

Putin foi inspecionar o desenvolvimento de um novo míssil teleguiado disparado de corveta que deve entrar em operação até o fim do ano.

A anexação ilegal da península da Crimeia, que pertencia à Ucrânia, pela Rússia em 2014 rebaixou as relações do Kremlin com o Ocidente ao nível mais baixo desde o degelo na Guerra Fria, promovido pelo presidente americano Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev, que negociaram o acordo de desarmamento rompido em agosto.

Câmara dos EUA abre inquérito para o impeachment de Trump

Por 232 a 196 votos, uma Câmara de Representantes dividida ao longo de linhas partidárias aprovou hoje a abertura oficial do inquérito sobre possíveis crimes capazes de justificar a abertura de um processo de impeachment do presidente Donald Trump. Todos os republicanos e dois democratas votaram contra.

Dentro de duas semanas, as audiências devem passar a ser televisionadas. A comissão parlamentar de inquérito também poderá divulgar os depoimentos realizados em sessões secretas, motivo de protestos do Partido Republicano. 

Logo depois da votação, o presidente Trump foi para o Twitter alegar que é a maior caça às bruxas da história dos Estados Unidos. A bancada republicana repudiou a decisão, alegando ser uma tentativa de mudar o resultado da eleição de 2016. 

Os deputados governistas chegaram a citar a resistência da presidente da Câmara, a deputada democrata Nancy Pelosi, em abrir o processo de impeachment. Desde o início do ano, a oposição tem maioria na Câmara dos Estados Unidos e a ala mais radical do partido pedia a abertura do processo.

Tudo mudou quando um oficial de informações revelou que Trump havia pressionado o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a investigar os negócios ucranianos de Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente Joe Biden, principal adversário de Trump nas eleições do ano que vem. 

O presidente americano segurou uma ajuda militar de 391 milhões de dólares à Ucrânia e abusou do poder, usando a política externa dos Estados Unidos para forçar um chefe de Estado estrangeiro a investigar um adversário político, numa interferência direta na eleição presidencial americana. Meu comentário:

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Eleições britânicas tentam resolver impasse em relação à Europa

O Parlamento Britânico antecipa eleições para tentar romper o impasse em torno da saída do Reino Unido da União Europeia. Será que vão resolver? Com o país e os partidos radicalmente divididos, há o risco de uma Câmara dos Comuns dividida, sem maioria absoluta para nenhum partido.

Foram apenas quatro votos a mais do que o mínimo necessário, de dois terços dos deputados. Por 438 a 20, a Câmara dos Comuns aprovou ontem a convocação de eleições gerais para 12 de dezembro. O projeto foi para a Câmara dos Lordes, mas é mera formalidade.

O objetivo do primeiro-ministro conservador Boris Johnson é conquistar um mandato popular para negociar a saída da União Europeia nos seus termos. Corre o risco de uma vitória dos adversários da Brexit, a saída britânica da União Europeia.

Cerca de 200 deputados se abstiveram, a maioria do Partido Trabalhista. Uns têm medo de uma derrota fragorosa. Outros preferiam a realização de uma segunda consulta popular, de um referendo sobre a saída ou não da União Europeia, antes de novas eleições gerais.

Serão as terceiras eleições em três anos e as primeiras realizadas em dezembro desde 1923. Dezembro é o mês da entrada do inverno no Hemisfério Norte. Faz frio, chove muito, às quatro da tarde é noite e os estudantes iniciam as férias de Natal no fim de semana anterior. O risco de abstenção é enorme, assim como a eleição de uma Câmara dividida, sem maioria absoluta para nenhum partido. Meu comentário:
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Fed reduz taxa básica de juros e indica que será último corte neste ciclo

Sob pressão do presidente Donald Trump, o Conselho da Reserva Federal (Fed), a direção do banco central dos Estados Unidos, baixou hoje a taxa básica de juros da maior economia do mundo em 0,25 ponto percentual para uma faixa de 1,5% a 1,75%.

Apesar do desemprego baixo, de aumento dos salários e de consumo pessoal em bom nível, o Fed cortou três vezes sua taxa básica desde julho, numa redução de 0,75 ponto percentual. Mas indicou que deve ser o último corte neste ciclo.

Quando o Comitê de Mercado Aberto se reuniu ontem, o Departamento do Comércio revelou que o investimento das empresas caiu 3% em 12 meses, o pior índice desde a recessão industrial de 2015 e 2016 nos EUA. O aumento do consumo pessoal se desacelerou, mas registrou alta de 2,9% num ano.

Hoje o Departamento do Comércio anunciou que o produto interno bruto americano cresceu no terceiro trimestre deste ano num ritmo anual de 1,9%. No segundo trimestre, a expansão foi de 2% ao ano.

"O PIB do terceiro trimestre reafirma a visão do Fed de que, enquanto o mercado de trabalho e o consumo continuam fortes, o investimento e as exportações permanecem fracos e continuam a representar risco de baixa para a perspectiva econômica", comentou a economista Ellen Zentner, do banco Morgan Stanley.

Trump está pressionando o Fed a baixar os juros para compensar o impacto de sua guerra comercial com a China, numa interferência sem precedentes na história recente sobre uma instituição com independência operacional.

Para o analista Brian Coulton, da agência de classificação de risco Fitch, "os danos da guerra comercial estão claramente visíveis nos números dos investimentos das empresas, que mostraram uma queda consecutiva, em dois trimestres, em ritmo de 3% ao ano, mas os indicadores do consumo estão bem melhores.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Parlamento Britânico antecipa eleições para 12 de dezembro

Por 438 a 20, com quatro votos acima do mínimo necessário, a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico aprovou hoje a antecipação das eleições gerais para 12 de dezembro. O projeto segue agora para a Câmara dos Lordes, mas é mera formalidade.

A medida foi proposta pelo primeiro-ministro Boris Johnson para obter um mandato renovado para negociar a saída da União Europeia nos seus termos. Mas há o risco de que uma vitória dos adversários da saída acabe com a Brexit.

Cerca de 200 deputados se abstiveram, a maioria do Partido Trabalhista, por temer uma derrota fragorosa e preferir realizar uma segunda consulta popular, um referendo para aprovar o acordo de saída da UE negociado por Johnson, antes das próximas eleições gerais.

Serão as primeiras eleições em dezembro desde 1923. É o mês da entrada do inverno no Hemisfério Norte. Faz frio, chove, anoitece às 16 horas e os estudantes iniciam as férias de Natal no fim de semana anterior. O risco de abstenção elevada aumenta e os conservadores se beneficiam disso.

Enquanto o Partido Conservador virou um partido radical de direita nacionalista com foco na Brexit, o Partido Trabalhista também está dividido pela questão europeia. Seu líder, Jeremy Corbyn, um radical de esquerda que promete estatizar serviços públicos privatizados, é o líder de oposição mais impopular da história recente do Reino Unido.

Johnson chegou ao poder ao ser eleito líder do Partido Conservador por seus 160 mil filiados, sem um mandato popular conquistado nas urnas em eleições gerais. Com ampla vantagem nas pesquisas de opinião, insiste em antecipar as eleições para tentar quebrar o impasse em torno da saída da UE.

Depois de expulsar 21 deputados conservadores que votaram contra a orientação do governo sobre a saída da UE, Johnson trouxe 10 rebeldes de volta para aprovar as eleições. Como o país está radicalmente dividido e fraturado pelas relações com a Europa, serão as eleições da Brexit.

Na média, as últimas pesquisas dão 36% aos conservadores, 25% aos trabalhistas, 18% aos liberais-democratas e 11% ao Partido da Brexit.

A grande preocupação do Partido Conservador é com o Partido da Brexit, o antigo Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), liderado pelo neofascista Nigel Farage, que foi o mais votado nas eleições para o Parlamento Europeu em maio deste ano, com 34% dos votos.

O Partido Liberal-Democrata, o terceiro maior do país, tem hoje apenas 19 deputados por causa do sistema eleitoral britânico, de voto distrital em turno único. Ganha o mais votado, sem necessidade de maioria, o que forçaria a realização de um segundo turno, como acontece na França. Também abre a possibilidade de ter ampla maioria no Parlamento sem ter a maioria absoluta no voto popular.

Na prática, isto cria quase um bipartidarismo em que conservadores e trabalhistas se revezam no poder e os partidos menores são marginalizados. Os liberais-democratas participaram do primeiro governo David Cameron, o primeiro e único governo de coalizão no Reino Unido depois da Segunda Guerra Mundial. O desgaste no poder de um governo dominado por outros pesou para reduzir sua bancada.

Hoje, o Partido Liberal-Democrata é o partido da permanência do Reino Unido na UE. Esta bandeira lhe valeu o segundo lugar nas eleições europeias, à frente de trabalhistas, verdes e conservadores. Ficar na Europa será o tema central de sua campanha.

Em 1997, quando o governo Tony Blair foi eleito, os trabalhistas fizeram uma aliança informal com os sociais-democratas para concentrar os votos no candidato com melhores chances dos dois partidos em cada distrito eleitoral do país. Foi a maneira de derrotar os conservadores depois de 18 anos de thatcherismo.

Agora, sob a liderança radical de Corbyn, inimigo jurado do neotrabalhismo de Blair, dificilmente haverá um acordo deste natureza, a não ser que o Partido Trabalhista abrace a defesa da permanência na UE. Depois de tanta hesitação de Corbyn, é improvável.

Com o caos em torno da UE, o Partido Nacional Escocês tenta ampliar seu domínio sobre a política da Escócia para preparar um novo plebiscito sobre a independência. Se o Reino Unido sair mesmo da UE, a Escócia deve declarar a independência e se reintegrar à Europa.

Volta do peronismo renova dúvidas sobre a economia da Argentina

O peronismo volta ao poder na Argentina num momento de crise econômica e turbulência política na América Latina, com protestos violentos no Chile, no Equador, no Haiti, na Nicarágua e na Venezuela. Em princípio, o governo terá de ser mais pragmático do que ideológico. A grande dúvida é como a esquerda vai enfrentar a situação econômica.

A vitória da chapa peronista, formada por Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner, que não são parentes, era mais do que esperada desde as eleições primárias de 11 de agosto. A vantagem de apenas sete pontos percentuais ficou muito abaixo dos 15 pontos da primária.

O presidente Mauricio Macri conseguiu reduzir a dimensão da derrota. Sua aliança elegeu apenas um deputado a menor do que a coalizão vencedora, a Frente para Todos. Isso o qualifica como líder da oposição. 

Mas Macri foi o grande perdedor no último domingo. As reformas que propôs para, nas suas palavras, transformar a Argentina num país normal, fracassaram. O atual presidente entrega o país, em 10 de dezembro, em situação muito pior do que recebeu.

A inflação anual ronda os 60%, a economia recuou 3,8% em 12 meses, a taxa básica de juros está em 70% ao ano, o peso argentino caiu 80% durante o governo Macri, o desemprego passa de 10% ao ano, 35,4% dos argentinos vivem na miséria e agora ainda têm mais uma dívida de 57 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional, o FMI. Com estes números, nenhum governo se reelege em país democrático.

Alberto Fernández recebe uma das piores heranças econômicas do mundo. Em situação pior, só consigo pensar na Venezuela e no Zimbábue. Meu comentário:

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

UE prorroga o prazo para saída do Reino Unido até 31 de outubro

A União Europeia aceitou hoje uma "extensão flexível" do prazo de saída do Reino Unido do bloco europeu, que passa de 31 de outubro de 2019 para 31 de janeiro de 2020 e pode ser antecipado se o Parlamento Britânico aprovar o acordo negociado pelo primeiro-ministro conservador Boris Johnson com os sócios europeus.

Johnson sofreu mais uma derrota na Câmara dos Comuns hoje ao tentar antecipar as próximas eleições gerais britânicas para 12 de dezembro. A proposta recebeu 299 votos favoráveis. Com a abstenção da oposição trabalhista, ficou muito abaixo dos dois terços ou 434 votos necessários para aprovar a dissolução do Parlamento e convocar novas eleições.

Uma vitória eleitoral daria a Johnson o mandato para negociar o divórcio com a UE nos seus termos. Hoje, seu governo tem minoria na Câmara. Ele foi eleito líder do Partido Conservador com os votos dos filiados ao partido, cerca de 160 mil pessoas. Sonha em conquistar um mandato nas urnas.

A oposição trabalhista se nega a aceitar uma saída da UE sem acordo, uma saída dura, como queria Johnson, que chegou a dizer que sairia em 31 de outubro, preferindo cair "morto dentro de uma vala" a pedir a prorrogação do prazo.

O Partido Trabalhista, liderado pelo esquerdista radical Jeremy Corbyn, deve propor uma emenda exigindo que o Reino Unido mantenha a união aduaneira com a UE, o maior mercado, que respondeu no ano passado por 44% das exportações e 55% das exportações britânicas.

Com a união aduaneira, o Reino Unido manteria o acesso ao mercado comum europeu, mas perderia o direito de decidir suas regras. A ala mais radical dos brexiteiros quer total liberdade para fazer acordos comerciais com outros países.

Outros deputados devem propor que o texto final do acordo seja submetido a uma segunda consulta popular, a um referendo. A alternativa seria a permanência do país na UE.

Os partidários da saída afirmam que seria uma traição da vontade popular manifestada no plebiscito de 23 de junho de 2016. Mas a realidade é que a maioria dos eleitores não sabia exatamente em que estava votando.

Além das promessas genéricas de retomar o controle das leis, das fronteiras, da imigração e do comércio internacional, havia o compromisso de investir 350 milhões de libras, quase R$ 1,8 bilhão, a mais por semana no Serviço Nacional de Saúde, uma grande mentira.

Direita pode vencer Frente Ampla no Uruguai

Além da Argentina, o Uruguai realizou eleições presidenciais no último domingo. E pode fazer o contrário do que fez o país vizinho, que trocou o presidente direitista Mauricio Macri pelo esquerdista Alberto Fernáncez. Depois de 15 anos de governos da esquerdista Frente Ampla, o Uruguai pode dar uma guinada à direita no segundo turno, em 24 de novembro.

O candidato da esquerda, Daniel Martínez, obteve 39,17% dos votos ontem no primeiro turno, contra 28,59% para Luis Alberto Lacalle Pou, do Partido Nacional (blanco). Mas o terceiro colocado, Ernesto Talvi (12,32%), do Partido Colorado, e o quarto, Guido Manini Ríos (10,88%), do Cabildo Aberto, anunciaram o apoio a Lacalle Pou no segundo turno.

Desde 1999, um candidato da Frente Ampla não tinha uma votação tão fraca no primeiro turno. Será um segundo turno difícil para Martínez contra Lacalle Pou, filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-95). Em 2014, Lacalle Pou perdeu para o atual presidente, Tabaré Vázquez.

A estagnação econômica com as crises no Brasil e na Argentina e um aumento da criminalidade abalaram o prestígio da Frente Ampla. A situação hoje é mais favorável à oposição.

Líder do Estado Islâmico sonhava em criar um império do terror

Os Estados Unidos anunciaram ontem a morte do líder da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que pretendia criar um império do terror e submeter o mundo inteiro à sua visão extremista e medieval do islamismo, onde mulheres eram escravizadas sexualmente e homossexuais executados brutalmente.

Depois de cinco meses de coleta de informações, um comando de elite de operações especiais das Forças Armadas dos Estados Unidos chegou sábado à noite de helicóptero à casa onde Abu Baker al-Baghdadi, de 48 anos, estava escondido, na província de Idlibe, no Noroeste da Síria.

De acordo com a versão do presidente Donald Trump, que assistiu à operação na sala de comando da Casa Branca, acuado, Al-Baghdadi tentou fugir, mas entrou num túnel sem saída. Encurralado por soldados e cães dos Estados Unidos, detonou explosivos que trazia junto ao corpo, suicidando-se e matando três crianças que seria seus filhos.

Ao contrário do presidente Barack Obama, que nunca revelou as imagens da operação que matou o líder da rede terrorista Al Caeda, Ossama ben Laden, em Abotabade, no Paquistão, em 2 de maio de 2011, Trump quer divulgar as cenas do ataque ao líder do Estado Islâmico para mostrar seu destino a milhares de seguidores de sua ideologia assassina: “Ele morreu como um cão, como um covarde, gritando, gemendo e chorando”, descreveu o presidente americano.

As informações decisivas para a caçada de Baghdadi seriam de um dissidente do Estado Islâmico que se aliou às Forças Democráticas Sírias, uma milícia árabe-curda que fez a operação terrestre na guerra dos Estados Unidos e aliados contra a organização terrorista, mas foi traída por Trump. Meu comentário:

domingo, 27 de outubro de 2019

EUA anunciam a morte do líder do Estado Islâmico

O líder supremo da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Abu Baker al-Baghdadi, o Califa Ibrahim de um califado que ele proclamou em 29 de junho de 2014, foi morto aos 48 anos durante a noite de ontem, na Síria, numa operação especial de um comando de elite das Forças Armadas dos Estados Unidos, anunciou neste domingo o presidente Donald Trump.

De acordo com a versão americana, quando as tropas de elite dos EUA chegaram em helicópteros, Al-Baghdadi teria tentado fugir, mas entrou num túnel sem saída. Cercado, detonou explosivos que trazia junto ao corpo matando também três crianças que o acompanhavam, afirmou Trump.

No seu momento de maior expansão, em 2014, o Estado Islâmico controlava uma área do tamanho do Reino Unido onde viviam 10 milhões de pessoas. Ao proclamar a fundação do califado, Al-Baghdadi se outorgou uma jurisdição universal, não só sobre todos os muçulmanos, como sobre toda a humanidade, a ser convertida à sua versão do islamismo.

Em 5 de agosto de 2014, diante do genocídio do povo yazidi no Iraque e da degola de reféns americanos, o presidente Barack Obama declarou guerra ao grupo terrorista e iniciou uma guerra área com aliados como o Reino Unido e a França.

Os agentes de inteligência encontraram o veterano jihadista e ex-acadêmico, radicalizado ainda mais numa prisão americana no Iraque na província de Idlibe, no Noroeste da Síria, uma área próxima à fronteira da Turquia.

As informações decisivas para localizá-lo seriam de um dissidente do Estado Islâmico que se aliou às Forças Democráticas Sírias (FDS), a milícia árabe-curda que fez a operação terrestre para a aliança liderada pelos EUA na guerra contra o Estado Islâmico e foi traída por Trump. Esta fase de coleta de informações com a colaboração dos curdos durou cinco meses.

O Estado Islâmico é resultado da revolta sunita depois da queda de Saddam Hussein na invasão americana ao Iraque de 2003, que permitiu em 2004 a infiltração no país da rede terrorista Al Caeda, liderada por Ossama ben Laden. Em 2006. Al Caeda no Iraque virou Estado Islâmico do Iraque,

Com a guerra civil na Síria, o Estado Islâmico do Iraque se transformou em 8 de abril de 2013 no Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Al Baghdadi rejeitou as ordens do sucessor de Ben Laden, o médico egícpio Ayman al-Zawahiri, de lutar num país só. Rompeu com Al Caeda.

Depois de tomar o Nordeste da Síria, a grande vitória militar dos jihadistas foi a tomada de Mossul, no Iraque, em 10 de junho de 2014, depois de horas de combate, com a deserção dos soldados do Exército do Iraque, que abandonaram equipamentos militares americanos.

A morte de Al-Baghdadi não significa o fim do Estado Islâmico, assim como Al Caeda sobreviveu à morte do xeique Ossama ben Laden. Suas ideias políticas estão infiltradas nos movimentos extremistas muçulmanos do Oriente Médio.

Alberto Fernández é eleito presidente da Argentina no primeiro turno

Com 98% das urnas apuradas, a chapa peronista da Frente para Todos, formada pelo ex-ministro Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner, ganhou a eleição presidencial deste domingo na Argentina com 48,1% contra 40,38% para o atual presidente, Mauricio Macri e a coalizão Juntos pela Mudança, noticiaram os jornais argentinos Clarín e La Nación.

A margem da vitória ficou bem abaixo dos 49,5% a 33% registrados em 11 de agosto nas eleições primárias abertas, simultâneas a obrigatórias (PASO), que davam poucas esperanças de reeleição de Macri. Pela singular lei eleitoral argentina, ganha no primeiro turno quem obtiver mais de 45% dos votos ou mais de 40% e uma vantagem de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.

Axel Kicillof, ex-ministro da Economia de Cristina Kirchner, venceu a eleição para governador da província de Buenos Aires com 52,07% dos votos contra 38,63% para a governadora María Eugenia Vidal, uma das estrelas do macrismo.

A grande vitória do macrismo foi para a Prefeitura de Buenos Aires, onde Horacio Rodríguez Larreta obteve uma ampla vitória de 55% a 35,46% sobre o peronista Matías Lammens. Sua grande derrota foi na Grande Buenos Aires, na região metropolitana da capital argentina, onde Fernández tirou quase toda sua vantagem.

Com o fracasso de suas propostas políticas liberais, Macri entrega a Argentina em situação pior do que recebeu, com inflação de 60% ao ano, queda no produto interno bruto de 3,8% em 12 meses, desvalorização do peso em 50% neste ano, uma dívida de US$ 57 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e 35,4% dos argentinos vivendo na miséria, 15 milhões a mais do que no ano passado.

A expectativa agora se volta para a reação do mercado. Há uma possibilidade de que amanhã seja feriado bancário para evitar a especulação financeiras em cima dos resultados. Fernández tem fama de ser mais pragmático do que Cristina.

Uma das questões é se Fernández vai conseguir se descolar da liderança da Cristina, se vai usar a cadeira presidencial na Casa Rosada para assumir o controle do peronista.

A história política do país registra várias traições do gênero, inclusive de Néstor Kirchner a Eduardo Duhalde, o presidente interino que bancou a candidatura do marido da Cristina pela ala esquerdista do peronismo, em 2003.

Outra é o que o governo Fernández vai propor para renegociar a dívida sem trair sua promessa de campanha de não infligir mais sacrifícios ao povo argentino nem alienar seu eleitores.

Nos discurso da vitória, Cristina saudou a reeleição de Evo Morales na Bolívia e Fernández pediu "Lula livre", descrevendo-o como um preso político.

Amanhã, Fernández toma o café da manhã com Macri para discutir a transição, especialmente como evitar o agravamento da crise econômica. Cristina não ajudou muito. Há pouco a vice-presidente eleita declarou que os presidentes governam do primeiro ao último dia. Tenta assim se eximir de responsabilidade por uma provável reação negativa do mercado com a volta do kirchnerismo ao poder. Na prática, sabota a transição.

Para evitar a especulação, o Banco Central da República Argentina limitou temporariamente em US$ 200 por mês a quantidade de dólares que se pode comprar legalmente.

sábado, 26 de outubro de 2019

Johnson quer convocar eleições na segunda-feira

O primeiro-ministro conservador Boris Johnson quer convocar nesta segunda-feira eleições antecipadas para 12 de dezembro no Reino Unido. O problema é que precisa de dois terços dos votos da Câmara dos Comuns e o governo não tem maioria.

A oposição trabalhista só aceitar antecipar eleições depois que a União Europeia aceitar um adiamento da  Brexit, a saída britânica do bloco europeu.

Em princípio, a UE aceita a prorrogação, mas só vai tomar a decisão em 28 ou 29 de outubro. Isto inviabiliza a intenção do primeiro-ministro de antecipar as eleições gerais no Reino Unido.

Johnson espera receber um mandato para negociar a saída britânica da UE nos seus termos.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Iraque e Líbano se rebelam contra sectarismo religioso

Além da estagnação econômica, da miséria e do desemprego, as manifestações de protestos das últimas semanas em países árabes querem mudar sistemas constitucionais que institucionalizam o sectarismo religioso.

No Iraque, as manifestações de massa das últimas semanas partiram principalmente da classe operária num país onde um quarto da população vive na miséria. No Líbano, os protestos começaram pela classe média alta. No centro de Beirute na semana passada, havia mulheres com óculos e roupas de grife. 

Apesar deste contraste evidente, há algo em comum além da questão econômica. O Iraque e o Líbano enfrentam a paralisia, a corrupção e a incompetência de sistemas políticos que dividem o poder entre os principais grupos étnico-religiosos, observa um artigo de Anchal Vohra na revista Foreign Policy.

Os protestos no Líbano começaram em dezembro do ano passado. Com a paralisia do sistema político, o país estava sem governo enquanto as condições de vida da população pioravam. Faltam empregos, faltam 100 milhões de empregos nos países árabes, os cortes de energia elétrica são frequentes e a dívida pública chegou a 150% do produto interno bruto. Proporcionalmente, é a terceira maior do mundo. O Líbano está falido.

Desde que tomou posse, o atual primeiro-ministro, o sunita Saad Hariri, tentou cortar gastos, mas recuou diante de greves. Quando o governo anunciou a cobrança de impostos pelo uso do WhatsApp, uma multidão de até 1 milhão de pessoas, um sexto da população total do Líbano, saiu às ruas.Meu comentário:

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Ditadura de Daniel Ortega sufoca imprensa livre na Nicarágua

Sob pressão de um ano e meio de protestos populares, o ditador Daniel Ortega Saavedra tenta calar a imprensa livre e independente, ignorando as lições de história da Nicarágua. Naquele país, o oprimido de ontem é o opressor de hoje.

Quarenta anos depois da queda do ditador Anastasio Somoza Debayle, o atual ditador, Daniel Ortega, eleito pelo voto popular, é chamado nas ruas de o novo Somoza. 

Em dezembro do ano passado, a alta comissária das Nações Unidas para direitos humanos, a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, denunciou o governo Ortega, exigindo “a suspensão imediata de perseguição a defensores dos direitos humanos, organizações da sociedade civil, jornalistas e empresas jornalísticas”. 

Ortega foi chefe da junta de governo depois da vitória da Revolução Sandinista, em 1979. Em 1984, foi eleito presidente em eleição boicotada pela oposição. Em 1990, perdeu para Violeta Chamorro, viúva do jornalista Pedro Joaquín Chamorro, assassinado pela ditadura somozista. 

Desde que voltou ao poder democraticamente, em 2007, Ortega se tornou cada vez mais autoritário, especialmente nos últimos dois anos.Meu comentário:

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Evo Morales, acusado de fraude, denuncia tentativa de golpe na Bolívia

Sob suspeita de fraude, depois de violar a Constituição para concorrer à terceira reeleição, o presidente Evo Morales denuncia uma ameaça de golpe e decreta estado de emergência na Bolívia.

No domingo à noite, com 83% das urnas apuradas, os resultados preliminares indicavam que seria necessário um segundo turno, previsto para 15 de dezembro. Morales tinha 45% dos votos válidos contra 38% do ex-presidente Carlos Mesa, derrubado em 2005 por uma onda de protestos liderada por Morales, na época um líder indígena e sindical. 

Pela lei boliviana, vence no primeiro turno quem conseguir mais da metade dos votos válidos ou 40% dos votos e uma vantagem de pelo menos dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.


Mas, no fim da noite de domingo, o Tribunal Supremo Eleitoral suspendeu a apuração preliminar. Na segunda-feira, quando a contagem manual voto a voto mostrava os dois candidatos com 42% dos votos e uma pequena vantagem para Mesa, a Justiça parou com a apuração voto a voto, retomou a apuração preliminar e anunciou a vitória do atual presidente com 46,86% dos votos válidos contra 36,73% com 95% das urnas apuradas. 


Imediatamente, Mesa rejeitou o resultado oficial e convocou a população boliviana à “resistência democrática”. Manifestantes oposicionistas saíram às ruas para denunciar uma fraude eleitoral. Meu comentário:

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Parlamento Britânico aprova Brexit em primeira votação mas adia saída da UE

A Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico aprovou hoje, em primeira votação, o acordo negociado pelo primeiro-ministro Boris Johnson para retirar o Reino Unido da União Europeia, mas rejeitou a saída em 31 de outubro, que exigiria uma segunda votação até 25 de outubro.

Em mais um dia dramático no Palácio de Westminster, por 329 a 299 votos, os deputados aprovaram pela primeira vez um acordo para o divórcio da União Europeia. Por coincidência, o resultado de 52% a 48% foi o mesmo do plebiscito que aprovou a Brexit em 23 de junho de 2016.

Dezenove deputados da oposição trabalhista aprovaram a proposta. Foram decisivos para a vitória do primeiro-ministro conservador Boris Johnson. 

Mas a Câmara dos Comuns rejeitou a tentativa de Johnson de aprovar em três dias a legislação necessária para uma saída no Dia das Bruxas, obrigando o governo a pedir uma extensão de três meses aos sócios europeus. A maioria dos deputados britânicos entende que o acordo de 110 páginas exige mais tempo para ser examinado. Meu comentário:

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Justin Trudeau é reeleito no Canadá sem maioria absoluta

O Partido Liberal, do primeiro-ministro Justin Trudeau, venceu hoje as eleições gerais no Canadá, mas não deve ter maioria absoluta no Parlamento, de acordo com duas pesquisas de boca de urna de televisões canadenses. Vai depender de outros partidos para aprovar seus projetos.

Pelos resultados preliminares, os liberais terão 144 deputados no Parlamento. A maioria absoluta é 170. Antes da dissolução do Parlamento, há 40 dias, havia 177 deputados liberais. O Partido Conservador, liderado por Andrew Scheer, deve conquistar pelo menos 96 cadeiras.

A reeleição de Justin Trudeau foi ameaçada por dois escândalos: a pressão sobre o procurador-geral num caso envolvendo a empresa de engenharia SNC-Lavalin e a divulgação de fotos do tempo da faculdade em que o jovem estudante aparece com a cara pintada de preto, o que é considerado racista.

Justin alegou que estava fantasiado de Aladim numa festa que tinha como tema as Mil e Uma Noites, um clássico da literatura árabe, e que não sabia do caráter racista.

Para recuperar o prestígio, Justin Trudeau prometeu leis mais duras de controle de armas, cortes de impostos e aumenta da proteção ambiental. Como o Partido Conservador acenou com o fim de um imposto sobre emissões de gases carbônicos, Trudeau o acusou a oposição querer adotar uma política de "não fazer nada" em relação ao aquecimento global. Na Austrália, a direita ganhou com esta proposta.

O pai de Justin, Pierre Elliot Trudeau, foi um dos chefes de governo mais importantes da história do Canadá. Sob sua liderança, os liberais ganharam quatro eleições (1968,1972, 1974 e 1980). Na segunda, em 1972, ficaram em minoria no Parlamento. Depois de um governo curto, ele voltou a governar com maioria absoluta.

Justiça Eleitoral anuncia reeleição de Evo Morales na Bolívia

Com 95% dos votos apurados, o Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia anunciou há pouco a reeleição do presidente Evo Morales para um quarto mandato consecutivo. Morales tem 46,86% dos votos válidos contra 36,73% para o ex-presidente Carlos Mesa, que denuncia fraude e não reconhece o resultado oficial, noticiou o jornal boliviano La Razón.

Pela lei boliviana, um candidato vence a eleição presidencial no primeiro turno se tiver mais da metade dos votos ou mais de 40% e uma vantagem de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.

Ontem, durante uma apuração preliminar, tudo apontava para um segundo turno. Com 83% dos votos apurados, Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS) liderava com 45,28%, enquanto Mesa, da Comunidade Cidadã, tinha 38,16%. Isso forçaria a realização de um segundo turno em 15 de dezembro.

Naquela altura da contagem, ao TSE suspendeu a contagem rápida. Quando começaram protestos de rua, a apuração foi suspensa em três departamentos (Laz Paz, Chuquisaca e Oruro).

Hoje, a contagem manual voto a voto dava uma ligeira vantagem a Mesa, com ambos um pouco acima de 42% dos votos válidos. Sem maiores explicações, o TSE voltou à contagem rápida e às 21h30 anunciou a vitória de Morales, alimentando as suspeitas de fraude.

A missão observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos (OEA), manifestou "sua profunda preocupação e surpresa com a mudança drástica e difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares".

Os observadores pediram calma à população depois de atos de violência de partidários dos dois principais candidatos. Revoltado, Mesa declarou que o eleitorado não vai aceitar o resultado e prometeu uma "resistência democrática".

Revoltas populares contra desigualdade atingem quatro continentes

Uma onda de manifestações de protestos que por fundo o aumento da desigualdade de renda, a miséria e o desemprego, abala governos em quatro continentes. É mais um reflexo da Grande Recessão mundial de 2008 e 2009.

Talvez a situação mais grave no momento seja no Chile, onde pelo menos 11 pessoas morreram, mais de 150 saíram feridas e mil e 500 foram presas desde sexta-feira, quando começou uma violenta onda de protestos contra um aumento de 17 centavos de real no preço do metrô. 

Pela primeira vez desde o fim da ditadura do general Augusto Pinochet, em 1990, o Exército está nas ruas. Sob intensa pressão popular, o presidente conservador Sebastián Piñera cancelou o aumento, decretou estado de emergência e toque de recolher noturno na região metropolitana de Santiago e em mais de dez outras cidades. 

Também houve protestos recentemente no Equador, no Peru, na Nicarágua, na América Central, no Egito, no Iraque, no Líbano, na Catalunha e em Hong Kong. Meu comentário:

Protestos contra aumento do metrô causam dez mortes no Chile

Depois de três dias de protestos violentos e saques, com dez mortes num ataque a supermercado a uma fábrica, o presidente Sebastián Piñera suspendeu um aumento nas passagens do metrô e decretou estado de emergência e toque de recolher noturno na região metropolitana de Santiago do Chile e em outras quatro cidades. Mais de 150 pessoas foram feridas e 1,5 mil foram presas.

"Estamos em guerra contra um inimigo poderoso e implacável, que não respeita nada nem ninguém e que está disposto a usar a violência e a delinquência sem nenhum limite, que está disposto a queimar nossos hospitais, o metrô, os supermercados, com o único objetivo de infligir o maior dano posssível", declarou presidente conservador chileno.

Piñera acusou grupos infiltrados nas manifestações para promover a violência de "estarem em guerra contra todos os chilenos que querem viver na democracia": "Estamos conscientes de que têm um grau de organização e logística que é próprio do crime organizado."

O presidente prometeu um "enorme esforço" para fazer desta segunda-feira um dia normal e pediu "a todos os compatriotas que nos unamos nesta batalha que não podemos perder. Não vamos permitir que os violentos e delinquentes se sintam donos do nosso país."

Diante da vitória com a revogação do aumento nas passagens do metrô de Santiago, os manifestantes exigem agora políticas sociais de combate à miséria.

Manifestantes atiram coquetéis Molotov em Hong Kong

Pela  20ª semana seguida, milhares de manifestantes do movimento pela democracia protestaram contra a crescente interferência do regime comunista chinês em Hong Kong, que tem status de região administrativa especial dentro da República Popular da China.

O protesto começou pacificamente, mas degenerou em violência, com depredação de lojas, bancos e estações. A polícia usou gás lacrimogênio contra a manifestação, não autorizada. Os manifestantes reagiram com coquetéis Molotov.

Outro sinal de uma escalada na violência foi o uso de um robô para desarmar uma bomba de fabricação caseira. Há uma semana, a polícia anunciou que uma bomba caseira havia sido explodida pelos manifestantes usando um telefone celular como detonador. Ninguém foi ferido.

A manifestação começou num bairro comercial da ponta sul da Península de Kowloon e seguiu pela avenida do porto de Vitória aos gritos de "Glória a Hong Kong!" Algumas estações de metrô na rota da marcha de protesto foram fechadas. Filias de bancos e empresas chinesas foram atacadas.

A Frente dos Direitos Humanos e Civis, organizadora de grandes marchas pacíficas no verão de que participaram até 2 milhões de pessoas, pediu autorização para a manifestação de hoje. A polícia negou, alegando que protestos anteriores degeneraram em vandalismo e violência.

Os protestos começaram contra um projeto de lei para autorizar a extradição de residentes no território para responder a processos criminais na China. Evoluíram para exigir a renúncia da governadora Carrie Lam, vista como subserviente a Beijim, e eleições diretas para governador e para o Conselho de Legislativo, o parlamento do território.

Quando o Reino Unido devolveu Hong Kong à China, em 1º de julho de 1997, o regime comunista chinês se comprometeu a manter as liberdades democráticas no território durante 50 anos,. Era fórmula um país, dois sistemas, idealizada pelo então líder Deng Xiaoping para ser usada também numa possível reintegração da Taiwan.

A linha-dura comunista acusa os manifestantes de quererem a independência de Hong Kong, no que seria uma mutilação da grande e poderosa China. Dentro da paranoia comum aos regimes ditatorias, vê influências externas dos Estados Unidos e do Reino Unido no movimento pela democracia.

Os moradores de Hong Kong veem nas atuais manobras do governo chinês, cada vez mais ditatorial sob Xi Jinping, uma ameaça a esta situação especial.

domingo, 20 de outubro de 2019

Catalunha protesta há seis dias contra prisão de nacionalistas

Mais de 500 mil pessoas tomaram as ruas de Barcelona em manifestações paralelas. O movimento nacionalista da Catalunha protesta há seis dias contra condenações de nove de seus líderes a penas de nove a 13 anos de reclusão por sedição e malversação de fundos públicos ao organizarem um plebiscito ilegal sobre a independência em 1º de outubro de 2017.

Quando os independentistas catalães foram condenados, o primeiro-ministro socialista da Espanha, Pedro Sánchez, declarou que o conflito entrava numa "nova fase". Não era exatamente o que ele esperava.

O medo agora é que os líderes separatistas não consigam controlar os elementos mais radicais. Eles exigem a libertação do que consideram "presos políticos".

Na sexta-feira, houve uma greve geral. As autoridades disseram que menos da metade dos funcionários públicos aderiram. Quem é contra a independência se manifestou em homenagem aos policiais feridos durante os protestos.

Evo Morales deve ter de disputar segundo turno na Bolívia

Em sua quarta eleição, violando o limite de dois mandatos previsto na Constituição da Bolívia, o presidente Evo Morales deve ser obrigado a disputar o segundo turno contra o ex-presidente Carlos Meza. Com 83% dos votos apurados, Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS) lidera com 45,28% dos votos válidos contra 38,16% para Meza, da Comunidade Cidadã.

A grande surpresa deste domingo foi Chi Hyun Chung, do Partido Democrata-Cristão, que obteve 8,77%, depois de fazer uma campanha curta. Óscar Ortiz, da aliança Bolívia Diz Não, ficou em quarto com 4,41%.

"A tendência no momento é que haja um segundo turno com margem estreita, de prognóstico imprevisível", comentou o analista político Franklin Pareja. O segundo turno está marcado para 15 de dezembro.

Morales é o primeiro presidente indígena da história da Bolívia, um país de 11,56 milhões de habitantes, onde 68% são mestizos e 20% indígenas. Cerca de 6,9 milhões de eleitores estavam aptos a votar.

Mesa é um professor e historiador. Foi derrubado em 2005 por uma onda de manifestações de protesto liderada pelo então sindicalista Morales.

O ex-presidente pediu a união das oposições para derrotar o atual presidente: "Agora, a partir deste momento, a Bolívia terá de escolher entre duas opções para a Presidência do país. Vocês sabem quais são estes dois caminhos. Neste momento, fazemos um convite e uma convocação a todos os compatriotas que escolheram opções distintas hoje."

Em discurso a militantes no bairro de Los Pinos, em La Paz, o oposicionista acrescentou: "Agora, restringimos o espectro a duas opções. O país sabe exatamente qual o caminho da reconstrução democrática. Nosso compromisso e nossa ação será construir mais unidade do que temos conseguido."

Pela Constituição, Morales só teria direito a uma reeleição. Já está na terceira. A segunda foi autorizada por causa da nova Constituição. Agora, apelou à Corte Suprema usando uma decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Tribunal de São José, para alegar que seria antidemocrático proibi-lo de concorrer.

Apesar do crescimento econômico sob seu governo, a permanência de Morales na Presidência é uma ameaça para a democracia na Bolívia, conquistada depois de mais de 190 golpes militares.

sábado, 19 de outubro de 2019

México solta filho de traficante depois de explosão de violência

Uma onda de violência na cidade de Culiacán força o governo do México a libertar um filho do traficante Joaquín El Chapo Guzmán, preso e condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos. O caso revela que nada mudou na guerra contra as drogas no governo do esquerdista Andrés Manuel López Obrador.

As forças de segurança do México prenderam em 17 de outubro em Culiacán, capital do estado de Sinaloa, Ovidio Guzmán López, filho do fundador do Cartel de Sinaloa, Joaquín El Chapo Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.

Depois da prisão, pistoleiro do cartel iniciaram uma onda de ataques na cidade. Bloquearam ruas, tocaram fogo em veículos e atacaram soldados e policiais com armas pesadas, inclusive metralhadoras e granadas disparadas de torpedos. 

A violência se propagou por uma grande área de Culiacán. A tropa de choque do Cartel de Sinaloa atacou um conjunto habitacional dos militares e sequestrou soldados, mulheres e filhos de militares. Isto obrigou o governo a fazer uma troca de prisioneiros e a ibertar Ovidio Guzmán López em troca de parentes dos militares. Meu comentário:

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Crescimento chinês é o menor em quase 30 anos

A economia chinesa, segunda maior do mundo depois dos Estados Unidos, cresceu num ritmo de 6% ao ano no terceiro trimestre de 2019, noticiou hoje o Birô Nacional de Estatísticas. O que seria extraordinário para todos os outros países do mundo, para a China é o menor em quase 30 anos.

Hoje a China cresce no ritmo do final dos anos 1980s, mas a economia é várias vezes maior. Não poderia crescer a taxas acima de 10% por muito tempo.

"De modo geral, a economia nacional manteve a estabilidade nos primeiros três trimestres do ano", declarou o órgão oficial de estatísticas da China. "No entanto, devemos estar atentos. Dadas as condições econômicas graves e complicadas interna e externamente, a desaceleração do crescimento da economia global e o aumento das incertezas e instabilidades externas, a economia está sob pressão crescente para baixo."

A desaceleração na China é anunciada na semana em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que o crescimento global vai cair para 3% neste ano, o menor índice desde 2009, quando acabou a Grande Recessão nos Estados Unidos e também no Brasil.

A China continuou crescendo naquela crise. Agora, as exportações chinesas caíram 3,2% na comparação anual, num sinal evidente do impacto da guerra comercial do presidente Donald Trump. Com a queda nas importações americanas, os preços ao produtor registraram em setembro baixa de 1,2% ao ano.

Na semana passada, o presidente dos EUA anunciou um acordo preliminar não confirmado integralmente pelos chineses. Os negociadores dos dois países preparam um texto final a ser assinado por Trump e pelo ditador Xi Jinping durante a reunião de cúpula anual do fórum de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), em 16 e 17 de novembro, em Santiago, no Chile.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Cessar-fogo na Síria é uma grande vitória para a Turquia

Ao afastar os curdos de sua fronteira, a trégua negociada pelos Estados Unidos na invasão da Turquia no Nordeste da Síria é uma grande vitória para o ditador Recep Tayyip Erdogan. A retirada americana dá a vitória final na guerra civil da Síria ao ditador Bachar Assad, à Rússia e ao Irã.

No nono dia da operação chamada cinicamente de Fonte da Paz, ao receber em Ancara o vice-presidente Mike Pence e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, o ditador Recep Tayyip Erdogan concordou em suspender por cinco dias a ofensiva militar da Turquia.

Neste período, os Estados Unidos devem colaborar com a retirada das Forças Democráticas Sírias, uma milícia árabe-curda aliada de Washington na guerra contra o Estado Islâmico para uma distância de 20 milhas, pouco mais de 30 quilômetros da fronteira. Quando os milicianos curdos, que a Turquia acusa de terrorismo, estiverem fora de uma zona de segurança junto à fronteira, haverá um cessar-fogo permanente, declarou Pence.

Onze dias depois da traição do presidente Donald Trump, que deixou os curdos à mercê do Exército da Turquia, o vice-presidente Pence declarou que “os Estados Unidos serão sempre gratos pela parceria com as Forças Democráticas Sírias na luta para derrotar o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, mas também reconhecem a importância e o valor da criação de uma zona de segurança entre a população curda e a fronteira turca.”

Mas o governo turco afirmou que é apenas uma pausa. Para o ministro do Exterior da Turquia, Mevlut Cavusoglu, “não é um cessar-fogo porque um cessar-fogo só pode acontecer entre duas partes legítimas” e a operação tem como objetivo retirar “elementos terroristas” da região. Meu comentário:

EUA e Turquia anunciam cessar-fogo no Nordeste da Síria

Depois de encontro do vice-presidente Mike Pence e do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, com o ditador Recep Tayyip Erdogan, os Estados Unidos e a Turquia anunciaram um cessar-fogo no Nordeste da Síria. 

O Exército da Turquia deve suspender a ofensiva por seis dias para permitir o recuo das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia árabe-curda de maioria curda, para além de uma zona de segurança junto à fronteira turca.

Quando a invasão for suspensa, os EUA levantam as sanções impostas à Turquia. O acordo visa a evitar uma deterioração nas relações entre estes dois países, aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA.

Um recuo organizado das FDS reduz o risco de fuga dos milicianos do Estado Islâmico presos durante a guerra para acabar com o califado fundado pelo grupo terrorista. As FDS foram a força terrestre na guerra dos EUA e aliados contra o Estado Islâmico.

Há oito dias, com o aval do presidente Donald Trump, que retirou os soldados americanos da fronteira, a Turquia invadiu o Nordeste da Síria para atacar os curdos sírios, temendo que se aliassem aos curdos do Iraque para proclamar a independência do Curdistão e reivindicar a soberania sobre o Sudeste da Turquia, onde os curdos são maioria.

A intempestiva retirada americana abriu espaço para os Exércitos da Síria e da Rússia, e milícias xiitas ligadas ao Irã, ocuparem o Nordeste da Síria, cedendo espaço sem contrapartida para três inimigos dos EUA.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia visita Cuba

O secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Nikolai Patruchev, esteve ontem em Havana, onde se encontra com o presidente Miguel Díaz Canel Bermúdez e o ministro do Interior de Cuba, Julio Cesar Gandarilla Bermejo, noticiou a agência russa Tass.

A visita é mais um sinal da estratégia russa de diversificar suas relações diplomáticas e fomentar uma rivalidade com o Ocidente. Durante o encontro, os dois países assinaram um memorando de entendimento para manter um diálogo permanente sobre questões como terrorismo, criminalidade e comércio de armas.

Em julho, o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, estiveram na ilha, onde se encontrou com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parilla, para discutir o fortalecimento das relações econômicas entre os dois países, que eram aliados no tempo da União Soviética.

Sob pressão dos Estados Unidos por estatizar propriedades de americanos em Cuba, o ditador Fidel Castro se aproximou da União Soviética. Depois da fracassada tentativa de invasão da Baía dos Porcos, em abril de 1961, Fidel pediu proteção a Moscou.

O momento mais crítico da Guerra Fria foi a Crise dos Mísseis em Cuba. Em 14 de outubro de 1962, um avião-espião dos EUA fotografou mísseis nucleares que estavam sendo instalados na ilha. Durante duas semanas, as duas superpotências estiveram mais perto do que nunca de uma guerra nuclear.

Com a abertura promovida pelo líder soviético Mikhail Gorbachev a partir de março de 1985, o Kremlin se afastou do regime comunista cubano, que rejeitou as reformas liberalizantes. O fim da ajuda e do petróleo subsidiado da URSS provocou uma grave crise econômica em Cuba, o "período especial", marcado por um duro racionamento.

O alívio veio em 1999, com a ascensão ao poder de Hugo Chávez na Venezuela, que voltou a fornecer petróleo barato à ilha em troca de ajuda para manter a segurança interna e do trabalho de médicos cubanos. Com o virtual colapso da economia venezuelana e o fim da reaproximação com os EUA promovida pelo presidente Barack Obama, a ditadura Cuba tenta diversificar as parcerias para sobreviver.

Protestos na Catalunha têm mais de 800 feridos

A província da Catalunha está em pé de guerra desde que o Tribunal Supremo da Espanha sentenciou, há dois dias, nove líderes do movimento pela independência da região a penas de nove a 13 anos. Só o diálogo pode resolver o problema, mas nenhuma das partes parece disposta a ceder.

Os antigos dirigentes da Generalitat, o nome do governo autônomo regional, foram condenados por sedição, que significa revolta contra uma autoridade constituição, e malversação de fundos, mau uso do dinheiro público ao organizar um plebiscito ilegal sobre a independência em 1º de outubro de 2017.

A maior pena, de 13 anos, foi para o ex-vice-governador Oriol Junqueras. O mandado de prisão pan-europeu contra o ex-governador Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica, foi renovado.

Logo depois do veredito, centenas de milhares de pessoas tomaram ruas do centro de Barcelona e das principais cidades catalãs para exigir a libertação dos condenados, que consideram presos políticos. Meu comentário:

terça-feira, 15 de outubro de 2019

FMI alerta para desaceleração da economia global

O Fundo Monetário Internacional adverte: o crescimento mundial neste ano será o menor desde a Grande Recessão, a crise internacional de 2008 e 2009, e atribui a desaceleração às guerras comerciais do presidente Donald Trump e há outros riscos políticos que minam a confiança de empresários, investidores e consumidores.

A nova diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, prevê crescimento menor em 90% do mundo. Ela disse que a economia global está em desaceleração sincronizada. A Brooking Institution, um centro de pesquisas dos Estados Unidos, fala em estagnação sincronizada.

Os tarifaços de Trump e as respostas da China, na base do olho por olho dente por dente, minaram a confiança de empresários, investidores e consumidores, deixando o comércio internacional praticamente estagnado, pressionando os bancos centrais a baixar as taxas de juros para ancorar o crescimento. 

Na sua Perspectiva EconômicaMundial, divulgada duas vezes por ano, o FMI pede hoje o fim urgente das hostilidades para restaurar a confiança na economia global. Meu comentário: