Dois cientistas americanos e um japonês ganharam hoje o Prêmio Nobel de Química de 2019 pelo desenvolvimento de baterias de lítio, que permitem recarga rápida e revolucionaram os objetos eletrônicos portáteis. São usadas em telefones celulares, marca-passos e carros elétricos, "lançando as bases para uma sociedade sem fio, livre dos combustíveis fósseis", anunciou hoje de manhã em Estocolmo a Academia Real de Ciências da Suécia.
"As baterias de íons de lítio são um grande exemplo de como a química transforma a vida das pessoas", comentou o presidente da Sociedade Americana de Química, Bonnie Charpentier, citado pelo jornal The New York Times. "É uma maravilha ver este trabalho reconhecido pelo Prêmio Nobel."
Para a presidente do Comitê do Nobel de Química, Sara Linse, "o desenvolvimento destas baterias foi um enorme passo à frente para que possamos armazenar energia solar e do vento.
A primeira bateria foi criada em 1800 pelo italiano Alessandro Volta empilhando discos de zinco e cobre com panos embebidos com água salgada entre eles. Nos anos 1850s, surgiu uma nova geração de baterias, já recarregáveis, que seriam usadas para dar a partida em motores a diesel ou gasolina, mas eram grandes e pesadas.
Como a necessidade é a mãe da invenção, com a crise do petróleo de 1973, deflagrada pelo embargo dos países árabes à venda para países que haviam apoiado Israel na Guerra do Yom Kippur, Michael Stanley Whittingham, na época trabalhando para a companhia de petróleo Exxon, começou a desenvolver baterias de fontes de energia renováveis para mover carros elétricos.
Whittingham, um pesquisador britânico naturalizado americano, hoje professor da Universidade Binghantom, do estado de Nova York, descobriu que o bissulfito de titânio poderia ser usado no eletrodo positivo, o cátodo, aquele lado da bateria marcado com o sinal +. Para o eletrodo negativo ou ânodo, ele testou o lítio, o mais leve de todos os metais, que tem facilidade para emitir elétrons. Nascia a primeira bateria funcional de lítio.
Mas a nova bateria tinha um problema. Filamentos de lítio se formavam no ânodo e às vezes cresciam até chegar ao ânodo, provocando um curto-circuito capaz de causar uma explosão.
O pesquisador americano John Goodenough, na época pesquisador da Universidade de Oxford, hoje professor da Universidade do Texas em Austin, descobriu que o cátodo funcionaria melhor com óxido de cobalto. Aos 97 anos, é o mais velho ganhador do Prêmio Nobel.
A contribuição do terceiro ganhador, o japonês Akira Yoshino, professor da Universidade Meijo, em Nagoia, no Japão, foi substituir o lítio puro por íons de lítio, o que aumenta a segurança. Em 1985, ele criou a primeira bateria de íons de lítio comercializável para a Asahi Kaisai Corporation, que começou a vender a tecnologia em 1991, abrindo caminho para a revolução da portabilidade.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Prêmio Nobel de Química 2019 vai para criadores de baterias de recarga rápida
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