sábado, 12 de outubro de 2019

Forças dos EUA acusam Turquia de ataques para afastá-los da fronteira

O Exército da Turquia disparou ontem duas rajadas de artilharia alvejando uma área próxima a uma base de forças de operações especiais dos Estados Unidos no Nordeste da Síria amplamente conhecida, levantando suspeitas de que os turcos querem afastar as tropas americanas da fronteira, noticiou o jornal The Washington Post, citando como fonte quatro oficiais dos EUA. A Turquia alega ter sido uma reação "defensiva" a um ataque curdo.

A base quase atingida fica no alto de uma colina junto à cidade de Kobane. O incidente aconteceu durante a invasão turca ao Nordeste da Síria para atacar as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia árabe-curda financiada, armada e treinada pelos EUA para realizar a operação terrestre na guerra contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Os petardos da artilharia turca caíram perto da base americana na colina de Mistenur por volta das 21 horas (15h em Brasília). Em declaração oficial como porta-voz do Pentágono, o capitão-de-mar-e-guerra Brook DeWalt afirmou que as forças dos EUA "ficaram sob fogo de artilharia", mas ninguém saiu ferido.

DeWalt deu um ultimato: "Os EUA exigem que a Turquia  evite ações que possam resultar em ações defensivas imediatas." Vários disparos de artilharia com canhões de 155 milímetros caíram dos dois lados da base americana. "É algo que jamais faríamos com uma força aliada", comentou um oficial que estava de serviço no local.

Depois do ataque, os soldados americanos deixaram a base, mas voltaram no sábado. "Estamos lá há meses, numa posição claramente definida", insistiu o oficial.

"Não foi um erro", assegurou Brett McGurk, ex-enviado especial dos governos Barack Obama e Donald Trump para a guerra contra o Estado Islâmico. "A Turquia quer nos retirar de uma faixa de fronteira de 30 quilômetros dentro do território sírio. Com base em todos os fatos conhecios, foram tiros de advertência."

O ditador turco, Recep Tayyip Erdogan, lançou a operação cinicamente chamada de Fonte da Paz na terça-feira, dois dias depois de receber o sinal verde do presidente americano durante uma conversa telefônica.

Ao trair os turcos, aliados leais na guerra contra o Estado Islâmico, Trump alegou querer acabar com as "guerras sem fim" dos EUA no Oriente Médio. Chegou ao cúmulo de dizer que "os curdos não estavam do nosso lado na Normândia", lembrando a invasão aliada à França em 6 de junho de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial.

Diante da ofensiva turca, o comando das FDS anunciou que a segurança das prisões onde estão pelo menos 12 mil combatentes e outras 70 mil pessoas ligadas ao Estado Islâmico. A organização terrorista reivindicou a explosão de um carro-bomba e 785 milicianos teriam conseguir escapar dos campos de prisioneiros.

Cerca de 160 mil pessoas fugiram da região conflagrada, onde viviam 2 milhões e curdos.

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