terça-feira, 1 de outubro de 2019

Peru tem dois presidentes em nova crise política

Em luta contra a corrupção, o presidente Martín Vizcarra dissolveu hoje o Congresso do Peru, que rejeitou a medida, destituiu o presidente e deu posse à vice-presidente Mercedes Aráoz, deixando o país com dois presidentes e Executivo e Legislativo que não se reconhecem. 

Vizcarra declarou em pronunciamento na televisão que convocou novas eleições legislativas depois que o Congresso resolveu substituir quase todos os membros do Supremo Tribunal de Justiça, numa manobra da maioria fujimorista.

"Estamos fazendo história e seremos lembrados pelas futuras gerações", afirmou o presidente. "Quando fizerem isso, espero que entendam a magnitude desta luta em que estamos hoje contra um mal endêmico que causa muito prejuízo ao país."

Depois do Brasil, o Peru foi o país mais atingido pelos escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato. Todos os últimos presidentes estão sendo presos ou processados. O ex-ditador Alberto Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por corrupção e violações dos direitos humanos.

Os mais recentes foram vítimas dos escândalos da construtora brasileira Odebrecht. Alan García se suicidou para não ser preso. Alejandro Toledo está com prisão decretada. Escapou por viver nos Estados Unidos. Ollanta Humala e a mulher foram presos e agora aguardam julgamento em liberdade. Pedro Pablo Kuczynski foi pressionado a renunciar no ano passado e está em prisão domiciliar.

A ex-deputada Keiko Fujimori, filha do ex-ditador, candidata derrotada nas duas últimas eleições presidenciais, está presa preventivamente sob a acusação de lavagem de dinheiro. Ao mudar a composição do Supremo, a oposição visava a beneficiá-la.

Agora à noite, Aráoz renunciou ao cargo. Por enquanto, Vizcarra está ganhando, mas a batalha entre a Presidência, o Congresso e o Supremo Tribunal de Justiça do Peru está longe de terminar.

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