Em sua quarta eleição, violando o limite de dois mandatos previsto na Constituição da Bolívia, o presidente Evo Morales deve ser obrigado a disputar o segundo turno contra o ex-presidente Carlos Meza. Com 83% dos votos apurados, Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS) lidera com 45,28% dos votos válidos contra 38,16% para Meza, da Comunidade Cidadã.
A grande surpresa deste domingo foi Chi Hyun Chung, do Partido Democrata-Cristão, que obteve 8,77%, depois de fazer uma campanha curta. Óscar Ortiz, da aliança Bolívia Diz Não, ficou em quarto com 4,41%.
"A tendência no momento é que haja um segundo turno com margem estreita, de prognóstico imprevisível", comentou o analista político Franklin Pareja. O segundo turno está marcado para 15 de dezembro.
Morales é o primeiro presidente indígena da história da Bolívia, um país de 11,56 milhões de habitantes, onde 68% são mestizos e 20% indígenas. Cerca de 6,9 milhões de eleitores estavam aptos a votar.
Mesa é um professor e historiador. Foi derrubado em 2005 por uma onda de manifestações de protesto liderada pelo então sindicalista Morales.
O ex-presidente pediu a união das oposições para derrotar o atual presidente: "Agora, a partir deste momento, a Bolívia terá de escolher entre duas opções para a Presidência do país. Vocês sabem quais são estes dois caminhos. Neste momento, fazemos um convite e uma convocação a todos os compatriotas que escolheram opções distintas hoje."
Em discurso a militantes no bairro de Los Pinos, em La Paz, o oposicionista acrescentou: "Agora, restringimos o espectro a duas opções. O país sabe exatamente qual o caminho da reconstrução democrática. Nosso compromisso e nossa ação será construir mais unidade do que temos conseguido."
Pela Constituição, Morales só teria direito a uma reeleição. Já está na terceira. A segunda foi autorizada por causa da nova Constituição. Agora, apelou à Corte Suprema usando uma decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Tribunal de São José, para alegar que seria antidemocrático proibi-lo de concorrer.
Apesar do crescimento econômico sob seu governo, a permanência de Morales na Presidência é uma ameaça para a democracia na Bolívia, conquistada depois de mais de 190 golpes militares.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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