quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Morte de comandante da Força Aérea gera boatos na Síria

A televisão estatal da Síria anunciou que os rebeldes mataram o comandante da Força Aérea, general-brigadeiro Abdullah Mahmud al-Khalidi, na segunda-feira em Damasco, a capital do país, informa o jornal The New York Times.

O Exército da Síria Livre reivindicou a autoria do ataque, mas há rumores de que ele poderia ter sido morto pela ditadura de Bachar Assad porque estaria prestes a desertar.

Com o fim do prazo da trégua que não houve, a Força Aérea da Síria lançou uma nova ofensiva bombardeando hoje Damasco e Homs, a terceira maior cidade do país, reporta a agência Reuters.

Apesar do fracasso do cessar-fogo, o enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, prometeu continuar se empenhando para negociar a paz na guerra civil que matou mais de 30 mil pessoas desde março de 2011.

Desemprego bate novo recorde na Zona do Euro

A taxa de desemprego nas 17 países da Zona do Euro subiu de 11,5% para 11,6% em setembro de 2012, informou hoje a Eurostat, órgão oficial de estatísticas da União Europeia. São 18,49 milhões sem trabalho fixo regular. No bloco como um todo de 27 países, o índice ficou em 10,6%.

Ao mesmo tempo, a proposta de orçamento da Grécia para 2013 indica que o país na situação mais crítica terá recessão pelo sexto ano seguido. Assim, o déficit orçamentário deve ser reduzido para 4,5% do produto interno bruto em vez de 3,8%. Em 2014, o país promete se enquadrar no limite de 3% do PIB imposto pelo pacto fiscal que sustenta o euro.

O problema do emprego é maior nos países mais frágeis. De julho de 2011 a julho de 2012, o índice de desemprego subiu de 8,5% para 12,5% em Chipre, de 13,1% para 15,7% em Portugal, de 17,8% para 25,1% na Grécia e de 22,4% para 25,8% na Espanha.

Trens e metrô voltam aos poucos em Nova York

Dois dias depois da pior inundação de sua história, a cidade de Nova York teve hoje à tarde o reinício de uma operação limitada pelas consequências da supertempestade Sandy, informou hoje o governador do estado, Andrew Cuomo.

O metrô, que teve várias estações alagadas, volta a funcionar parcialmente amanhã entre a ilha de Manhattan e o bairro do Brooklyn. Por ordem do prefeito Michael Bloomberg, só podem atravessar as pontes do Rio Leste carros com pelo menos três pessoas.

Nova York foi atingida pela "tempestade do século" em 1992. Desta vez, 20 anos depois, foi ainda pior, o que levou Bloomberg a falar em aquecimento global, um tema ignorando na campanha para a eleição de 6 de novembro de 2012.

Em entrevista à CNN, o climatólogo Michael Oppenheimer, professor da Universidade de Princeton, disse que o modelo europeu previu a formação de Sandy. Com o aumento da temperatura do planeta, ele acredita que será necessário erguer barreiras de contenção do mar em áreas costeiras.

Pelo menos 61 pessoas morreram só nos Estados Unidos e uma no Canadá, além das 67 mortes na região do Mar do Caribe (Jamaica, Cuba e Haiti), onde Sandy passou como um furacão.Cerca de 8 milhões de pessoas ficaram sem eletricidade nos EUA. O serviço está sendo restabelecido lentamente.

O prejuízo total já está sendo estimado em US$ 50 bilhões.

Hoje à tarde, o presidente Barack Obama vista Atlantic City, no estado de Nova Jérsei, talvez a cidade mais atingida por Sandy, informa a agência Reuters. Obama tenta faturar politicamente o fato de seu adversário, o ex-governador Mitt Romney, ter defendido o fechamento da agência federal para combate a catástrofes naturais.

Antes da tragédia, o candidato republicano declarou que gostaria que a responsabilidade fosse transferida "para os estados ou, de preferência, para o setor privado".

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Propaganda de Romney irrita GM e Ford

Um anúncio da campanha presidencial de Mitt Romney irritou a General Motors e a Chrysler, ao sugerir que as duas fábricas de automóveis salvas pelo governo Barack Obama durante a Grande Recessão de 2008-9 estão exportando empregos, ou seja, transferindo parte de sua produção para fora dos Estados Unidos.

Em entrevista ao jornal Detroit Free Press, o porta-voz da GM, Greg Martin, chamou o anúncio de "cínico" e "enganoso": "Entramos claramente num universo paralelo nestes últimos dias. Nenhuma campanha eleitoral, por mais cínica que seja, vai diminuir nosso histórico de gerar empregos nos EUA e repatriar os lucros de nossas operações no exterior".


Disney compra Lucasfilm por US$ 4 bilhões

O grupo Walt Disney anunciou hoje a compra da empresa Lucasfilm, de George Lucas, produtor da série Guerra nas Estrelas, por US$ 4,05 bilhões em dinheiro e ações.

Com o negócio, mais um filme da série será lançado, em 2015, informa a agência Reuters.

Bolsa de Nova York reabre amanhã

Depois de ficar fechada ontem e hoje por causa da supertempestade Sandy, a Bolsa de Valores de Nova York acaba de anunciar que reinicia suas atividades amanhã.

Israel adverte Argentina a não fazer acordo com Irã

Em reação a contatos entre a Argentina e o Irã para discutir atentados terroristas contra alvos judaicos em Buenos Aires nos anos 90, uma delegação do Ministério do Exterior de Israel visitou a cidade para alertar o governo Cristina Kirchner a não fazer acordos sobre o ataque a uma associação israelita, em 1994, em que 85 pessoas morreram e outras 300 saíram feridas.

O atentado com carro-bomba foi realizado por libaneses e atribuído à milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus). Vários altos funcionários iranianos foram denunciados criminalmente na Argentina, inclusive o ex-presidente Hachemi Rafasanjani e o atual ministro da Defesa, Ahmad Vahidi.

Israel teme que a Argentina faça um acordo desistindo dos pedidos de extradição dos acusados e das indenizações às famílias das vítimas.

"Não somos ingênuos. Dissemos aos argentinos que estamos alertas e não vamos deixar a questão desaparecer", declarou ao jornal liberal Haaretz um alto funcionário da chancelaria israelense.

O ministro do Exterior de Israel, o linha-dura Avigdor Lieberman, pressionou diretamente seu colega argentino, Héctor Timerman, que teria garantido que o processo não será arquivado porque os mortos eram cidadãos argentinos que merecem justiça.

FGV-SP debate eleições nos EUA

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Obama declara Nova York área de "grande catástrofe"

O presidente Barack Obama decretou hoje que os estados de Nova York e Nova Jérsei foram atingidas "grande catástrofe", o furacão Sandy. A medida permite a liberação de fundos do governo federal dos Estados Unidos para ajudar as vítimas.

Pelo menos 33 pessoas morreram nos Estados Unidos e uma no Canadá. O prejuízo total é estimado entre US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões. Cerca de 7,5 milhões estão sem energia elétrica.

Sandy é consequência do aquecimento global

Com 1,6 mil quilômetros de diâmetro, Sandy é o maior furacão já registrado no Oceano Atlântico, uma megatempestade formada pela água cada vez mais quente na região do Mar do Caribe que não se dispersou por causa de uma zona de alta pressão criada por uma massa de ar frio polar. Já matou pelo menos 10 pessoas nos EUA, três no Canadá e 67 nos países caribenhos (Cuba, Haiti e Jamaica).

Sandy é um exemplo dos fenômenos climáticos maiores e mais violentos provocados pela mudança do clima devida ao aquecimento global. O encontro de uma grande massa de ar quente com uma grande massa de ar frio tornou-o mais radical.

O clima da Terra sempre variou. O último período glacial durou 1 milhão de anos e terminou há 25 mil anos. A espécie humana e seus antepassados estão por aqui há 7 milhões de anos, então suportaram fortes variações de temperatura e climas hostis. Mas a civilização surgiu e se desenvolveu neste meio ambiente benigno do período Holoceno ou Recente.

Quando se fala do aquecimento global como problema ambiental, a questão é se o planeta está esquentando pela ação do homem. E os céticos que rejeitam essa tese alegam que os fenômenos da natureza são muito maiores do que a humanidade. A atividade humana não seria responsável pelo agravamento do efeito estufa.

Os gases que formam a atmosfera da Terra retêm parte do calor irradiado pelo Sol, criando uma estufa. Isso deixou a temperatura média do planeta em 16 graus centígrados. Sem o efeito estufa, a temperatura média seria de -18ºC (GRIBBEN, 1998), possivelmente incapaz de sustentar a vida na escala atual.

O problema ambiental é o agravamento do efeito estufa. Esta é a principal questão ecológica hoje porque envolve o mundo inteiro e exige uma solução global que está muito distante.

Hoje o mundo se divide em 194 países ou estados nacionais, cada um com seus próprios interesses, da gigantesca China, segundo maior país do mundo, com a maior população, segunda maior economia do mundo e hoje o maior poluidor, a algumas ilhas ameaçadas pela elevação do nível dos mares.

Um dos riscos é o degelo das calotas polares, que por sua vez geraria mais dióxido de carbono e metano, alimentando o processo de aquecimento global.

No século passado, o nível dos mares subiu entre 10 e 20 centímetros, dependendo da região. Neste século, pode subir de 30cm até um metro, o suficiente para fazer causar grandes estragos para as populações litorâneas. Mas, se todo o gelo da Antártida derreter, a alta pode chegar a quatro metros.

Só no Brasil, o prejuízo pode chegar a R$ 200 bilhões, alerta o prof. Paulo Rosman, da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da UFRJ, citado por TRIGUEIRO em Mundo Sustentável 2 (S. Paulo: Globo, 2012, p. 317-345), sem falar nos danos à agricultura e à geração de energia hidrelétrica.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Já no ano de 852 houve registro em Londres da ocorrência de doenças respiratórias atribuídas à queima de carvão para calefação.

A primeira lei contra a poluição do ar causada pela queima de combustíveis fósseis foi aprovada em 1273 em Londres. Que combustíveis fósseis eram usados naquela época?

Em 1661, John Evelyn advertiu para os efeitos nocivos causados pela queima de carvão.

Em 1769, James Watt adaptou a máquina a vapor movida a carvão para uso industrial, dando início à Revolução Industrial na Inglaterra.

O Barão Jean-Baptiste-Joseph Fourier foi o primeiro a fazer uma analogia entre a atmosfera da Terra e uma estufa, descrevendo pela primeira vez o efeito estufa, em 1827. O irlandês John Tyndal aprofundou a tese de Fourier, afirmando que o dióxido de carbono e o vapor d’água ajudavam a atmosfera a reter o calor.

Tyndal acreditava que a composição de gases da atmosfera poderia alterar a temperatura do planeta.

Em 1860, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera era de 275 partes por milhão; em 1996, era de 360ppm. Naquele ano, a humanidade jogou 5,5 gigatoneladas de carbono na atmosfera.

Antes da era industrial, a atmosfera tinha 550 bilhões de toneladas de carbono na forma de dióxido de carbono; hoje, são mais de 750 bilhões de toneladas.

A tese de que o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera levaria ao aquecimento global foi proposta pela primeira vez em 1896 pelo químico sueco Svante Arrhenius, um dos pais da química moderna, formulador da teoria sobre ácidos e bases, e ganhador do Prêmio Nobel de Química em 1903.

Hoje se sabe que Vênus tem uma grande concentração de gás carbônico na atmosfera e muito calor. Em contraste, Marte é um planeta árido e gelado.

Em 1938, o meteorologista britânico G. D. Callendar tentou em vão convencer a Royal Geographical Society de que o aumento da temperatura registrado desde 1880 era resultado da maior concentração de gás carbônico.

Em 1957, como parte do Ano Geofísico Internacional, foi instalada no Havaí a primeira estação para medir a concentração de gás carbônico na atmosfera. Uma pesquisa acadêmica concluiu que os oceanos não estavam absorvendo gás carbônico como se acreditava.

No governo Lyndon Johnson (1963-69), a Casa Branca realizou em 1965 uma pesquisa sobre a queima de combustíveis fósseis e o aumento sustentado da concentração de gás carbônico na atmosfera. Em 1970, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, do inglês) fez um simpósio em Cambridge, nos EUA.

CIÊNCIA DA MUDANÇA DO CLIMA
O primeiro encontro internacional de cientistas para discutir a mudança do clima foi realizado em Wijk, na Suécia, em 1971.

Em 1972, a Suécia sediou, em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano.

Em 1975, o Serviço Atmosférico Nacional (NAS) dos EUA destacou a necessidade de mais pesquisas sobre mudança do clima. Em 1977, pede “ação imediata”.

A 1ª Conferência Mundial sobre o Clima é realizada em Genebra, na Suíça, pela Organização Meteorológica Mundial, em 1979.

Em 1982, o NAS divulgou um relatório advertindo que a duplicação da concentração de dióxido de carbono na atmosfera para aumentar a temperatura média do planeta de 1,5ºC a 4,5ºC. Um consenso começava a se formar na comunidade científica.

Estimativas posteriores sugerem que o aquecimento global pode ser ainda mais grave, com um possível aumento de temperatura de oito a dez graus (LASHOF, 1989).

 A Conferência Internacional para Avaliar o Papel do Gás Carbônico e Outros Gases de Efeito Estufa nas Variações do Clima e Impactos Associados, realizada em Villach, na Áustria, concluiu em 1985 que há um processo de aquecimento global causado pelo homem.

O Relatório Brundtland, Nosso Futuro Comum, foi divulgado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento  em 1987. Lança o conceito de desenvolvimento sustentável, aquele que não compromete o bem-estar das futuras gerações.

Em junho de 1988, a Conferência sobre a Mudança da Atmosfera: Implicações sobre a Segurança foi realizada em Toronto, no Canadá. Concluiu que a humanidade está “conduzindo uma experiência global sem controle e sem intenção cujas consequências finais seriam menos danosas apenas do que uma guerra nuclear”.

A Conferência de Toronto propôs uma redução até 2005 em 20% do nível de emissões de 1988.

Em novembro de 1988, o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC , do inglês) fez sua primeira reunião, na sede da ONU em Genebra, na Suíça. Em 1990, o IPCC previu que haveria um aumento de um grau centígrado em relação àquele ano e de dois graus em relação à era pré-industrial até 2025 e de 3ºC em relação a hoje e de 4ºC em relação à era pré-industrial até o fim do século 21.

De qualquer forma, os ecossistemas serão submetidos a enormes pressões neste século. Além disso, o ritmo do aquecimento do planeta pode se acelerar, tornando-se até 50 vezes mais rápido do que num processo natural. E, em segundo lugar, com o agravamento do efeito estufa, os desastres meteorológicos – incêndios, secas, furacões e enchentes – podem se tornar mais frequentes e mais violentos

CONVENÇÃO DO CLIMA
Em dezembro de 1988, a Assembleia Geral da ONU pediu à Organização Meteorológica Mundial e ao Programa de Meio Ambiente da ONU para propor medidas para mitigar o aquecimento global e para uma convenção internacional sobre mudança do clima.

Ao fazer planos para congelar as emissões de gás carbônico nos níveis de 1989-90, a Holanda tornou-se o primeiro país a estabelecer metas para conter o aquecimento global.

A primeira reunião do comitê internacional de negociação sobre uma Convenção Quadro sobre Mudança do Clima foi realizada em Washington, nos EUA, em 1991, seguida de encontros em Genebra e Nairóbi. Em maio de 1992, os negociadores chegaram a um acordo em Nova York.

Apesar da oposição dos EUA e dos países exportadores de petróleo, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) aprovou a Convenção Quadro sobre Mudança do Clima, que entraria em vigor em março de 1994.

O presidente George Bush, pai, declarou que não faria nada capaz de reduzir a lucratividade e a produtividade das empresas americanas. Usou o mesmo discurso para rejeitar também a Convenção sobre Diversidade Biológica. Sinalizava assim a oposição dos EUA ao Protocolo de Quioto.

PROTOCOLO DE QUIOTO
O vice-presidente Al Gore, que veio à Rio-92 fazer sombra a Bush, se empenhou pessoalmente pela aprovação do protocolo em 1997 na antiga capital do Japão. O acordo de Quioto propunha uma redução em média de 5% nas emissões de gases de efeito estufa de 1990 e seu congelamento em 37 países desenvolvidos.

Como o aquecimento global é resultado da poluição industrial, os países industrializados há mais tempo têm maior responsabilidade. Os países em desenvolvimento não estavam submetidos a nenhuma obrigação.

Mas o maior poluidor do mundo naquela época, os EUA, nunca ratificou o Protocolo de Quioto. O presidente Bill Clinton assinou o acordo no último dia de seu governo, jogando a bomba no colo de George W. Bush.

Pela Constituição dos EUA, todos os acordos internacionais precisam ser aprovados pelo Senado. Nunca houve condições políticas para aceitar a imposição externa de um limite para a emissão de gases pelos americanos.

Gore ganhou um Oscar em 2007 pelo filme documentário Uma Verdade Inconveniente, mas não conseguiu se eleger presidente nem mobilizar os americanos para pressionar o Senado ou poluir menos.

De 1990 a 2010, as emissões dos EUA cresceram 13% e as da Europa, 1%.

Em 2007, o IPCC apresentou as seguintes conclusões:
• Há pelo menos três décadas, o aquecimento global atinge todas as regiões da Terra, com alta média de 0,5ºC a 1ºC no Equador e de até 4ºC nos polos. Nas latitudes médias, a elevação já é da ordem de 2ºC. Na Europa, as estações mais quentes estariam começando 15 dias mais cedo.
• Os ciclos de vida de inúmeras espécies e ecossistemas está sendo perturbado.
• Para limitar o aumento da temperatura em 2ºC até 2100, seria necessário reduzir as atuais emissões de gases de efeito estufa pela metade até 2050 e em um quarto até 2100.
• Estes modelos não consideram algumas incertezas capazes de agravar o aquecimento e acelerar a elevação do nível dos mares, como o derretimento total das calotas polares.

Desde a aprovação da Convenção Quadro sobre Mudança do Clima, na Rio-92, houve 17 conferências das partes, ou seja, dos signatários da convenção. A 18ª Conferência sobre Mudança do Clima será realizada de 26 de novembro a 7 de dezembro de 2012 em Doha, no Catar, uma das monarquias petroleiras que no princípio rejeitava a tese da mudança do clima sob ação do homem.

Seu objetivo será negociar um acordo para substituir o Protocolo de Quioto, que expira no fim deste ano. Diante do fracasso das negociações até aqui, uma das propostas é prorrogar o acordo atual, mas o Canadá, o Japão e a Rússia já anunciaram que não pretendem aceitá-la.

A maior esperança era a 15ª Conferência sobre Mudança do Clima, realizada em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro de 2009, com a presença de chefes de Estado como os presidentes Barack Obama, Hu Jintao e Luiz Inacio da Silva, e os primeiros-ministros da Europa e do Japão.

Se Quioto fracassou pela ausência do maior poluidor, os EUA, na Conferência de Copenhague, Obama não tinha a menor condição de propor algo mais do que uma tímida redução em relação aos níveis de 2005 que mesmo assim não foi aceita pelo Senado.

Ao mesmo tempo, o mundo mudou. O maior poluidor hoje é a China, que está interessada em aumentar sua eficiência energética e controlar a poluição, mas não aceita a imposição de limites externos a seu desenvolvimento.

Os grandes países emergentes, especialmente a China, a Índia, o Brasil e a Indonésia, não querem aceitar imposições dos países ricos, que inicialmente poluíram sem limites e depois exportaram suas fábricas sujas para o Terceiro Mundo. E os países ricos não querem fazer concessões unilaterais, especialmente para a China, segunda maior economia do mundo.

Sem a China e os EUA, maiores poluidores mundiais, o máximo que os países-membros da ONU concordaram em Copenhague foi em continuar negociando. Sem os grandes emergentes, os EUA, o Canadá, o Japão e a Rússia, só a União Europeia parece interessada em reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Como a UE responde por apenas 11% das emissões, pode ser um bom exemplo, mas não vai resolver o problema sozinha.

Em meio a uma crise econômica, e esta é a pior desde a Grande Depressão (1929-39), todo mundo está preocupado com crescimento e emprego – e não com a proteção ao meio ambiente.

Por isso, não houve avanços significativos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) nem há expectativa de progresso nos próximos anos nas negociações globais sobre mudança do clima. Mas muitos governos regionais e municipais, organizações não governamentais e cidadãos conscientes estão tomando medidas para reduzir a queima de combustíveis fósseis, inclusive nos EUA.

BIBLIOGRAFIA:
BARBAULT, Robert – Ecologia Geral. Petrópolis: Vozes, 2011.
BRENTON, Tony – The Greening of Machiavelli. Londres: Earthscan, 1994.
GRUBB, Michael and others – The Earth Summit Agreements. Londres: Easthscan, 1993.
ROWLANDS, Ian – The Politics of Global Atmospheric Change. Manchester: Manchester University, 1995.
TRIGUEIRO, André - Mundo Sustentável 2. S. Paulo: Globo, 2012.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Pesquisa ABC-Washington Post dá empate em 49%

A última pesquisa do jornal The Washington Post e da rede de televisão ABC sobre a eleição presidencial de 6 de novembro de 2012 deu empate entre o presidente Barack Obama e o desafiante Mitt Romney em 49%.

Emenda propõe bônus pelo voto popular nos EUA

Uma proposta de emenda constitucional de um deputado do Partido Democrata quer dar um bônus de 29 votos no Colégio Eleitoral para o candidato que vencer a eleição presidencial dos Estados Unidos no voto popular.

Ao contrário que muita gente pensa, a eleição presidencial americana não é direta. O vencedor em cada estado leva todos os delegados daquele estado num Colégio Eleitoral de 538 membros que dá o voto final.

Como a democracia era novidade e temiam-se os riscos de que o voto popular levasse ao poder um presidente desqualificado, os fundadores incluíram este colégio na Constituição dos EUA para avalizar a eleição do presidente. O sistema nunca mudou porque nunca houve uma ruptura institucional.

Para mudar a Constituição, são necessários dois terços dos votos na Câmara e no Senado e a aprovação de 75% dos estados, já que o país é uma federação. Esse sistema dá uma força relativamente maior aos estados menores.

Até a eleição de Jimmy Carter, em 1976, a eleição era disputada em pelo menos 40 estados. Com a cristalização ideológica acontecida desde que Ronald Reagan atraiu a direita religiosa para o Partido Republicano, desde então os democratas tendem a ganhar nos estados da costa Oeste (Califórnia, Oregon e Washington) e na região Nordeste, de Nova York, Washington e da Nova Inglaterra até os Grandes Lagos, a parte mais cosmopolita e mais aberta para o mundo. O Partido Republicano é mais forte no Centro-Sul.

Nesta eleição, os estados-pêndulo, que podem ir para qualquer lado, os estados-chaves são apenas : Colorado, Flórida, Iowa, Ohio, Novo Hampshire, Virgínia e Wisconsin. A reta final da campanha se concentra nestes estados.

Para mudar esta realidade, o deputado federal nova-iorquino Steve Israel, coordenador da campanha democrata à Câmara, quer dar 29 votos a mais no Colégio Eleitoral ao vencedor no voto popular: "Os estados-pêndulo manteriam sua importância, mas os 29 delegados a mais mudaria fundamentalmente o foco das campanhas. Os candidatos se empenhariam em conquistar votos tanto nos estados onde não têm chance de ganhar como nos onde não têm chance de perder." 

Furacão Sandy é rebaixado a tempestade subtropical

Mais de 3 milhões de pessoas estão sem energia elétrica na costa leste dos Estados Unidos por causa do furacão Sandy, que foi rebaixado para tempestade subtropical, com ventos de 135 quilômetros por hora. Os dois candidatos à Casa Branca suspenderam a campanha. O presidente Barack Obama foi para Washington coordenar a operação de socorro.

Sandy já atinge um terço do território dos EUA. Está passando agora pela capital americana, onde deve ficar seis horas.

Com a passagem do furacão, esperado nas próximas horas em Nova York, as bolsas de valores da cidade vão permanecer fechadas amanhã. Sandy matou pelo menos 67 pessoas na região do Mar do Caribe, em Cuba, no Haiti e na Jamaica, e uma pessoa no bairro nova-iorquino Queen's.

Na opinião dos especialistas, é uma tempestade diferente. O furacão formado pelo calor no Mar do Caribe se encontrou com uma massa de ar polar. Isso pode aumentar sua força e é atribuído ao aquecimento global.

Durante quase um ano de campanha eleitoral, a crise ambiental passou ao largo. Os conservadores rejeitam até mesmo a tese de que o aquecimento global seja causado pela emissão de gases carbônicos pelo homem. Para qualquer candidato à Casa Branca, é extremamente impopular dizer para os americanos que eles não devem andar tanto de carro.

Mas, como acaba de observar o correspondente Luiz Fernando Silva Pinto na GloboNews, com os dois principais candidatos praticamente empatados nas pesquisas de opinião, Sandy pode ser um fator decisivo na eleição de 6 de novembro. É uma oportunidade, especialmente para o presidente de se mostrar à altura do cargo.

Em 2005, quando parte do Sul dos EUA, inclusive Nova Orleans, foi arrasada pelo furacão Katrina, de categoria 5, o governo George W. Bush foi considerado lento e insensível no socorro às vítimas, em sua maioria negros. O então senador Barack Obama foi pessoalmente dar ajuda aos flagelados.

Nova York e bolsa fecham por causa do furacão Sandy

Com a passagem do furacão Sandy, a orientação hoje em Nova York é ficar em casa. O metrô e os aeroportos estão fechados. As lojas não vão abri. A cidade está fechada.

Assim, não haverá negócios hoje na Bolsa de Valores de Wall St. Será o primeiro fechamento da bolsa desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

sábado, 27 de outubro de 2012

Obama ganha por 54% a 39% no voto antecipado

Cerca de 18% dos eleitores inscritos para votar nas eleições de 6 de novembro nos Estados Unidos já o fizeram. A apuração só será realizada quando as urnas forem fechadas, daqui a dez anos, mas uma pesquisa de boca de urna do instituto Ipsos para a agência de notícias Reuters indica uma vantagem inicial de 54% a 39% para o presidente Barack Obama sobre o ex-governador Mitt Romney.

Obama tem vantagem no estado-chave da Virgínia

A dez dias da eleição nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama tem uma vantagem de quatro pontos percentuais no estado da Virgínia, um dos chamados "campos de batalha" em que será decidida a disputa com o ex-governador Mitt Romney.

Na Virgínia, Obama lidera por 51% a 47%, mas perdeu a ampla vantagem que tinha até meados de setembro, de 52% a 44% na pesquisa do jornal the Washington Post e da rede de televisão ABC.

A pesquisa nacional Post-ABC dá uma pequena vantagem de 49% a 48% para Romney. Como a eleição presidencial nos EUA é decidida por um Colégio Eleitoral onde votam delegados eleitos pelo partido vencedor em cada estado, as atenções se voltam para as disputas nos estados-chaves, aqueles onde o resultado está indefinido.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Trégua na Síria fracassa

Um carro-bomba atribuído ao grupo radical Al-Nusra, ligado à rede terrorista Al Caeda, acabou com uma trégua que a rigor nunca houve na Síria. Na manhã de hoje, os combates tiveram menor intensidade e mataram menos.

A explosão em Damasco acabou com qualquer esperança de cessar fogo até segunda-feira em homenagem à festa religiosa do Eid-al-Adha, o Festival do Sacrifício, em que os muçulmanos que peregrinam a Meca descem do Monte Arafat e celebram a disposição de Ibrahim (Abraão) de sacrificar seu filho Ismail.

Pelo menos 70 pessoas foram mortas nos combates de hoje. Os jihadistas ligados a Al Caeda nunca aceitaram a proposta de trégua do enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi.

Diante da impotência e da indiferença da sociedade internacional, mais de 30 mil pessoas foram mortas na Síria desde 15 de março de 2011.

Desemprego na Espanha chega a 25,02%

O desemprego aumentou ainda mais Espanha no terceiro trimestre de 2012, chegando a 25,02%, a maior taxa da União Europeia, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatísticas. Na região da Andaluzia, no Sul do país, a situação é ainda mais crítica: 35,42% estão sem emprego.

No fim de setembro, o total de desempregados chegou a 5.778.100 85 mil a mais do que no fim de junho, três meses antes. Em mais de 1,7 milhão de famílias, todos os membros estão sem trabalho regular.

Sob pressão da crise das dívidas públicas, a Espanha está cortando gastos e aumentando impostos, contraindo ainda mais a demanda e a economia. Como no passado, jovens espanhóis talentosos estão saindo do país em busca de uma melhor.

A Espanha corre o risco de perder seus maiores talentos.

Berlusconi é condenado por fraude e evasão fiscal

O ex-primeiro da Itália Silvio Berlusconi foi condenado hoje a quatro anos de prisão por fraude e evasão fiscal na compra de direitos de transmissão pelo grupo Mediaset. Dificilmente cumprirá pena, mas sua carreira política está liquidada.

Aos 76 anos, o homem mais rico da Itália já foi condenado em primeira instância três vezes nos anos 90, o que não o impediu de se tornar chefe do governo. Foi absolvido depois por tribunais de apelação. Ainda tem direito a dois recursos antes da sentença definitiva, reporta a agência Reuters.

Além disso, o ex-primeiro-ministro está sendo processado por prostituição de menores. A pena pode chegar a 15 anos de cadeia.

Há dois dias, prevendo o resultado do julgamento, Berlusconi anunciou que não será candidato nas eleições de 2013, encerrando um período de 19 anos de liderança da direita italiana. Ele foi primeiro-ministro três vezes (1994-95, 2001-6, 2008-11).

Magnata da mídia e das finanças, Berlusconi entrou na política no vácuo deixado pelo desaparecimento da Democracia Cristã, que dominara a Itália no pós-guerra, na onda de escândalos de corrupção revelados pela Operação Mãos Limpas. Temia que a esquerda tomasse o poder.

Sua coligação incluía os neofascistas da Aliança Nacional e os separatistas da Liga Norte. Apesar de seu propalado talento empresarial, a Itália foi dos países ricos que menos cresceu na última década, com média de 1%.

Berlusconi não fez as reformas necessárias para aumentar a competitividade da economia italiana, a oitava maior do mundo. Não reduziu a dívida pública, que passava de 100% do produto interno bruto e hoje está em 125%.

Com a adesão ao euro, a Itália teve moeda forte e crédito fácil. Isso só aumentou a complacência do bilionário corrupto que a governou, levando à atual crise da dívida pública da Itália, de cerca de US$ 2 trilhões, inferior apenas às dos EUA, Japão e Alemanha.

Assim, quando Nelson Motta compara o Julgamento do Mensalão à Operação Mãos Limpas, como se fosse o início de um período virtuoso, não se deve esquecer que seu maior fruto, na Itália, foi o líder direitista que deixa a política italiana no rastro de uma série de escândalos financeiros e orgiais sexuais.

Economia dos EUA cresce em ritmo de 2% ao ano

A economia dos Estados Unidos cresceu no terceiro trimestre de 2012 num ritmo de 2% ao ano, anunciou hoje o Departamento do Comércio. É mais do que a expectativa de expansão do Brasil neste ano, que está em 1,54% e uma boa notícia para o presidente Barack Obama, a nove dias da eleição presidencial.

Foi a mesma taxa do primeiro trimestre do ano. No segundo, o ritmo caiu para 1,3%, levando a Reserva Federal (Fed), o banco central americano, a lançar seu terceiro programa de compra de títulos para jogar mais dinheiro mercado.

O consumo doméstico também avançou numa taxa anualizada de 2% e o investimento no setor habitacional em 14,4%, acima dos 8,5% do segundo trimestre.

A boa notícia chega no momento em que as empresas dos EUA estão cortando gastos para se preparar para o chamado "abismo fiscal ". Em janeiro, terminam as reduções de impostos da era Bush e, como não houve acordo entre o governo e a oposição para diminuir o déficit orçamentário, entram em vigor automaticamente cortes nos gastos públicos.

Estas duas medidas ameaçam tirar ainda mais dinheiro da economia, daí a expressão "abismo fiscal".

Em comício em Ohio, o ex-governador Mitt Romney, candidato do Partido Republicano, ignorou o aumento do produto interno bruto e acusou o governo Obama de destruir empregos e o sistema de saúde pública, e de endividar o país em mais US$ 6 trilhões.

É um discurso oportunista, que ignora o passivo da era George W. Bush (2001-9) e joga todos os problemas na conta do atual presidente, mas aparentemente está colando. As pesquisas começam a dar vantagem a Romney e a disputa nos estados-chaves está ficando mais apertada.

China bloqueia sítio do New York Times

Depois da publicação da denúncia de que a família do primeiro-ministyro Wen Jiabao (leia abaixo) acumulou uma fortuna de US$ 2,7 bilhões desde que ele virou vice-primeiro-ministro, em 1998, levou a censura da ditadura comunista da China a bloquear o acesso ao jornal The New York Times na Internet.

Wen é um dos principais adversários do ex-dirigente comunista Bo Xilai, que caiu em desgraça, foi expulso do partido e do Congresso Nacional do Povo e agora será processado criminalmente, como foi anunciado hoje. Ao atacar o ex-líder em ascensão da linha dura, o primeiro-ministro disse que "a corrupção é a maior ameaça ao regime comunista".

Bo Xilai é expulso do Congresso na China

O ex-dirigente do Partido Comunista chinês Bo Xilai, que caiu em desgraça em março, depois do envolvimento de sua mulher na morte de um empresário britânico em meio a um escândalo político, foi expulso hoje oficialmente do Congresso Nacional do Povo e será processado.

Bo Xilai perde assim sua imunidade. Hoje mesmo foi aberto um inquérito policial sobre seus crimes.

Seu caso é o maior escândalo político na China desde que a viúva de Mao Tsé-tung, Chiang Ching, foi condenada, em 1981, por crimes cometidos durante a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).

O PC chinês escolhe novos dirigentes num congresso do partido que começa em 8 de novembro de 2012.

Romney chega pela primeira vez a 50% em pesquisa

O ex-governador Mitt Romney abriu uma vantagem de três pontos percentuais sobre o presidente Barack Obama e pela primeira vez chegou a 50% na pesquisa do jornal The Washington Post e da rede de televisão ABC sobre a eleição de 6 de novembro de 2012 nos Estados Unidos.

É a primeira vantagem do candidato do Partido Republicano. Como gestor da economia, 52% disseram ter mais confiança em Romney contra 43% que preferiram o presidente. Em política externa, apesar de suposta vitória no debate sobre o tema, Obama não leva vantagem.

Há também uma questão racial. Entre o eleitorado branco masculino, Obama está muito aquém da votação de 2008.

Romney ganhou votos ao se apresentar nos três debates como um candidato moderado, defensor dos direitos da classe média e das pequenas empresas, que não vai entrar em guerra, quando Obama tentava apresentá-lo como um radical de direita refém do movimento Festa do Chá. Essa linha de ataque teria sido sugerida pelo ex-presidente Bill Clinton.

Talvez, como observou um comentarista do New York Times, fosse mais inteligente alegar que Romney é um oportunista disposto a dizer qualquer coisa para chegar lá.

Primeiro-ministro da China virou bilionário

O milagre econômico chinês chegou ao primeiro-ministro Wen Jiabao. Desde que ele assumiu a chefia do governo da China, há 10 anos, sua família acumulou uma fortuna de US$ 2,7 bilhões, revela uma reportagem do jornal The New York Times.

Muitos parentes de Wen, inclusive seu filho, sua filha, seu irmão mais moço e seu genro enriqueceram extraordinariamente. Em muitos casos, os nomes dos parentes estão escondidos por parcerias e fundos de investimento. A investigação desvenda uma trama de ligações subterrâneas entre pessoas com padrinhos políticos importantes e os lucros fabulosos obtidos com o espetacular desenvolvimento da China nas três últimas décadas.

A notícia cai como uma bomba às vésperas do Congresso do Partido Comunista que elege, a partir de 8 de novembro, os novos líderes que devem governar a superpotência emergente nos próximos 10 anos.

Na luta interna pelo poder, a estrela em ascensão da linha dura, Bo Xilai, caiu em desgraça. Wen era um de seus principais inimigos. Chegou a acusar indiretamente suas políticas como prefeito e líder do partido em Xunquim de ameaçarem trazer de volta a Revolução Cultural (1966-76), o período mais traumático da história recente da China.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ordens a fábricas dos EUA têm maior alta em 2 anos

As encomendas de bens duráveis, com mais de três anos de uso, à indústria dos Estados Unidos registraram em setembro a maior alta em mais de dois anos e meio, 9,9%, graças ao aumento da demanda por aviões e equipamentos de defesa.

O número de novos pedidos de seguro-desemprego caiu em 23 mil na semana passada para 369 mil.

São boas notícias no momento em que a recuperação americana volta a dar sinais de fraqueza e a Europa está longe de resolver a crise das dívidas públicas. De acordo com a agência Reuters, 62% das companhias abertas que divulgaram balancetes trimestrais nos últimos dias tiveram faturamento menor.

Exército da Síria anuncia trégua a partir de amanhã

O Exército da Síria concordou em cessar fogo da manha desta sexta-feira até segunda-feira na sua luta contra os rebeldes que há um ano e sete meses tentam derrubar a ditadura de Bachar Assad, mas se reserva o direito de reagir a qualquer ataque durante o período.

Neste fim de semana, os muçulmanos fazem a festa religiosa do Eid-al-Adha, que celebra a decisão do profeta Ibrahim (Abraão) de oferecer o próprio filho em sacrifício a Deus. O festival começa na noite desta quinta-feira. Nesta hora, os muçulmanos que fazem a peregrinação anual a Meca devem descer o Monte Arafat, seguindo os passos do profeta Maomé.

A trégua foi proposta pelo enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, o ex-ministro do Exterior da Argélia Lakhdar Brahimi. Foi aceita pelo governo e a maioria dos grupos rebeldes, mas não pelos islamitas ligados à rede terrorista Al Caeda.

Na minha opinião, é mais provável que a trégua fracasse e que os dois lados se acusem mutuamente por este fracasso. Se o cessar-fogo der certo, será um primeiro passo para uma possível abertura de negociações de paz que ainda parecem altamente improváveis.

Ontem, em mais um encontro do diálogo estratégico entre o Brasil e os Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reafirmou diante da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, a posição brasileira contrária a uma intervenção militar na Síria.

É uma política de imobilismo que até agora não contribuiu em nada para acabar com uma guerra civil que, pelos cálculos da oposição, já matou 35 mil pessoas. Serve para reafirmar a postura brasileira contra as grandes potências ocidentais, ignorando as mortes de civis inocentes.

É uma política que reafirma a supremacia do Estado sobre o cidadão em nome do respeito aos princípios de soberania nacional e não intervenção nos assuntos internos de outros países. Atropela o dispositivo constitucional que coloca os direitos humanos como um aspecto central da política externa brasileira, apoiando ditadores direta ou indiretamente.

Reino Unido sai da recessão graças à Olimpíada

Depois de três trimestres consecutivos de contração, a economia do Reino Unido avançou 1% de julho a setembro, saindo oficialmente da recessão, mas a pequena recuperação é fruto dos negócios gerados pela Olimpíada de Londres, anunciou hoje o Escritório Nacional de Estatísticas.

Apesar disso, o primeiro-ministro David Cameron, que impôs há dois anos o mais rigoroso programa de ajusta fiscal da História do país, com cortes de gastos e aumentos de impostos de 83 bilhões de libras  (cerca de R$ 270 bilhões em quatro anos, declarou que "as boas notícias vão continuar".

O Partido Conservador britânico se orgulha de ter impedido o país de aderir ao euro, mas isso não lhe garantiu melhor desempenho diante da crise financeira internacional.

Na contramão desse otimismo, o presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, advertiu que as ações da instituição para estimular a economia estão chegando ao limite.

Diante da incapacidade dos políticos de tomar medidas para ajudar a recuperação, os bancos centrais tentam fazer esse papel. A exemplo do que faz a Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos, o Banco da Inglaterra comprou grande quantidade de títulos públicos para jogar mais dinheiro em circulação.

Ontem, o Fed manteve sua taxa básica de juros em praticamente zero e prometeu mantê-la assim até meados de 2015 e continuar com seu programa de compra de títulos até a recuperação do mercado de trabalho.

Máli terá ajuda internacional para retomar Norte do país

Seis meses depois que um grupo extremista muçulmano ligado à rede terrorista Al Caeda tomou o Norte do Máli, a sociedade internacional prepara uma intervenção militar para reunificar este pobre país da África subsaariana. Mas a força ainda não está organizada.

A Nigéria, maior potência econômica e militar da África Ocidental, está envolvida no combate ao Boko Haram, um grupo extremista muçulmano interno.

Os rebeldes assumiram o controle do Norte do Máli depois de um golpe militar que derrubou o governo por causa do descontentamento do Exército com a falta de condições para enfrentar a guerra civil.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ex-diretor do Goldman Sachs pega dois anos de prisão

O ex-diretor do banco de investimentos Goldman Sachs Rajat Gupta foi condenado hoje a dois anos de prisão e multa de US$ 5 milhões pela Justiça Federal dos Estados Unidos, num escândalo financeiro por passar ao então gerente de fundos Raj Rajaratnam informações privilegiadas e confidenciais que obteve em razão do cargo que ocupava.

Gupta, de 63 anos, também dirigiu o grupo Procter & Gamble e a empresa de consultoria McKinsey, e foi assessor das atividades beneficentes do ex-presidente Bill Clinton e do bilionário Bill Gates.

É o mais alto executivo condenado à prisão até agora no combate a transações feitas com base em informacões privilegiadas no centro financeiro de Nova York, observa o jornal The New York Times. A promotoria tinha pedido pelo menos oito anos de cadeia.

Governo britânico vende prédio histórico para hotel

O Arco do Almirantado, uma construção monumental que abre a avenida que leva ao Palácio de Buckingham, em Londres, foi alugado por 125 anos por um empresário espanhol por cerca de US$ 100 milhões. Deve ser transformado num hotel.

A obra foi realizada pelo rei Eduardo VII para honrar a memória de sua mãe, a rainha Vitória, e inaugurada em 1912. Era usada até recentemente como sede da Casa Civil do governo britânico. Foi o ministro da Casa Civil, Francis Maude, que decidiu vender o arco, dentro de um programa para reduzir o endividamento público.

No contrato de leasing, está proibida a transformação do arco num edifício de apartamentos ou numa mansão, revela o jornal britânico Financial Times.

Republicano diz que filho de estupro é desígnio de Deus

Mais uma gafe de um republicano apoiado pelo movimento radical de direita Festa do Chá atinge dá munição ao presidente Barack Obama para caracterizar o ex-governador Mitt Romney como um extremista em questões sociais. Durante um debate ontem à noite, o candidato republicano ao Senado pelo estado de Indiana, Richard Mourdock, declarou ser contra o aborto de feto concebido durante estupro porque é um "desígnio de Deus".

A campanha de Romney imediatamente esclareceu que o governador rejeita esta posição, aceitando a interrupção da gravidez em casos de estupro, incesto ou risco de vida para a mãe: "O governador Romney discorda dos comentários de Richard Mourdock, que não refletem suas visões", declarou a porta-voz da campanha da oposição, Andrea Saul.

Enquanto os outros dois debatedores concordaram com essa visão, Mourdock alegou que só aceita o aborto em caso de risco para a mãe: "Travo uma luta comigo mesmo há muito tempo, mas acredito que a vida é um dom de Deus. Penso que mesmo quando a vida começa numa situação horrível como um estupro é algo que Deus queria que acontecesse".

Em maio, Mourdock venceu o senador moderado Richard Lugar, uma das estrelas do Congresso em política externa e defesa, com o apoio dos extremistas da Festa do Chá, noticia o jornal online The Huffington Post, o sítio jornalístico mais visitado dos EUA.

Obama ganhou dois debates e Romney mais votos

Depois de um desempenho péssimo no primeiro debate, o presidente Barack Obama venceu o ex-governador Mitt Romney nos dois outros debates da campanha para a eleição de 6 de novembro de 2012 nos Estados Unidos, mas uma pesquisa do jornal The Washington Post e da rede de televisão ABC indica que o desafiante ganhou mais votos de eleitores indecisos.

A pesquisa nacional dá uma pequena vantagem a Romney, de 49% a 48%, o que significa um empate técnico por estar dentro da margem de erro da sondagem.

Cerca de 40% dos eleitores independentes saíram dos debates com uma impressão melhor do candidato republicano. Na gestão da economia, os independentes preferem Romney por 56% a 39%, o que lhe dá uma vantagem neste segmento decisivo do eleitorado, onde Obama levou oito pontos de vantagem sobre o senador John McCain em 2008.

De qualquer maneira, o republicano precisa ganhar no estado de Ohio, que até agora pende para o presidente, para alcançar os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral para conquistar a Casa Branca.

Assad e maioria dos rebeldes aceitam trégua na Síria

A ditadura de Bachar Assad e a maior parte dos rebeldes da Síria concordaram com a proposta do mediador das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, para cessar fogo durante a festa religiosa do Eid-al-Adha, que começa na noite desta quinta-feira e dura quatro dias.

Depois do anúncio de Brahimi, o Ministério do Exterior da Síria declarou que o Exercito estava examinando a situação e prometeu uma resposta amanhã. Os rebeldes jihadistas, ligados à rede terrorista Al Caeda, rejeitaram a trégua, informa a TV pública britânica BBC.

Grécia terá mais dois anos para reduzir déficit

A União Europeia e o Fundo Monetário Internacional devem ampliar de 2014 para 2016 o prazo para a Grécia enquadrar seu déficit orçamentário no limite máximo de 3% do produto interno bruto, previsto no pacto de estabilidade para sustentar o euro, anunciou hoje o jornal liberal alemão Süddeutsche Zeitung. Em troca, o governo grego teria de cortar gastos e aumentar impostos para economizar mais 11,5 bilhões de euros.

Na terça-feira, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolgang Schäuble, admitiu: "Podemos chegar a um acordo sobre uma política que faça sentido para a Grécia".

O país mais atingido pela crise das dívidas públicas está no quinto ano seguido de recessão. Já perdeu 20% do PIB. Um em cada quatro gregos em idade de trabalhar está sem emprego. Entre os jovens, a metade não tem trabalho remunerado regular e cresce a violência da extrema direita.

Nesta situação de grave crise social, a Grécia precisa com urgência de alívio na pressão política. Por isso, a notícia faz sentido.

França condena corretor a cinco anos de cadeia

Um tribunal de apelações da França condenou hoje o ex-corretor Jérôme Kerviel a cinco anos de prisão por ter dado um prejuízo de 4,9 bilhões de euros ao banco Société Générale. Ele deve cumprir pelo menos três anos em regime fechado e devolver o dinheiro à instituição financeira.

Emir do Catar dá em Gaza US$ 400 milhões ao Hamas

Primeiro chefe de Estado a visitar a Faixa de Gaza desde que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) assumiu o controle deste território palestino, o Emir do Catar prometeu hoje dar uma ajuda de US$ 400 milhões. É mais um lance desta rica monarquia petroleiro no jogo da política internacional.

O Catar apoiou as revoluções no Egito, na Líbia e no Iêmen, ajudou a isolar a ditadura de Bachar Assad na Síria e financia islamitas por todo o Oriente Médio. A visita do xeque Hamad ben Khalifa al-Thani a Gaza ameaça aprofundar a divisão do movimento palestino, se ele não for à Cisjordânia.

Com sua diplomacia econômica, o emir sela sua parceria com o Hamas construindo dois conjuntos habitacionais, recuperando três grandes estradas e criando um centro médico, entre outros projetos.

Hoje, você é um grande convidado, que declara oficialmente o fim do cerco político e econômico que foi imposto a Gaza", declarou o primeiro-ministro Ismail Haniya.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Apple lança mini-iPad

Para tentar manter a liderança no setor de tabuletas eletrônicas, a Apple lançou hoje uma versão menor do iPad com tela de 7,9 polegadas. O preço mínimo nos Estados Unidos será de US$ 329.

A Apple também lançou novos computadores portáteis e de mesa. Mas os investidores acharam o preço do iPad mini alto para enfrentar a concorrência do Google e da Amazon.com, e venderam ações, reduzindo o valor de mercado da maior empresa privada do mundo.

Veja mais detalhes no jornal The Washington Post.

Governo e rebeldes sírios ignoram proposta de trégua

Tanto a ditadura de Bachar Assad quanto os rebeldes que lutam para derrubá-lo ignoram a proposta de cessar fogo durante o festa religiosa do Eid-al-Adha. A sugestão partiu do mediador das Nações Unidas e da Liga Árabe, o ex-ministro do Exterior da Argélia Lakhdar Brahimi.

O festival começa na quinta-feira e dura cinco dias. Celebra a decisão do profeta Ibrahim (Abraão) de oferecer seu próprio filho em sacrifício.

A Força Aérea síria voltou a bombardear Alepo, a capital econômica do país. Os combates continuam em todo o país, sem pausa, informa o jornal libanês The Daily Star.

Pesquisa CNN dá vitória a Obama no último debate

Por 48% a 40%, uma pesquisa com eleitores inscritos para votar em 6 de novembro consideraram que o presidente Barack Obama venceu o debate desta noite contra o ex-governador Mitt Romney, o último da campanha eleitoral de 2012 nos Estados Unidos.

Nas pesquisas nacionais, os dois candidatos estão virtualmente empatados. O presidente leva melhor nas pesquisas estado por estado para tentar antecipar a divisão de votos no Colégio Eleitoral que vai decidir quem será o próximo presidente dos EUA.

Para chegar à Casa Branca, são necessários pelo menos 270 votos dos chamados grandes eleitores do Colégio Eleitoral. Pelas pesquisas, Obama teria hoje cerca de 236 delegados e Romney 207. Essa contagem considera os estados onde a vitória é certa ou provável. Ficaram de fora os poucos estados que tendem a ser decisivos: Flórida, Ohio, Virgínia, Iowa, Colorado e Wisconsin.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Obama e Romney fazem debate final equilibrado nos EUA

A política externa é o tema central do último debate entre os candidatos à Presidência dos Estados Unidos, realizado agora em Boca Raton, na Flórida, um dos estados-chaves na eleição de 6 de novembro.

No meu balanço final, o presidente foi melhor, num debate mais equilibrado do que os anteriores. Obama foi mais articulado, mas tinha a experiência no cargo. Não houve uma grande diferença de posições.

O jornalista Bob Schiefer, da rede CBS, iniciou o debate lembrando que há exatamente 50 anos o presidente John Kennedy revelou ao mundo que a União Soviética estava instalando mísseis nucleares em Cuba. Mas os problemas hoje são menores. A primeira pergunta foi sobre a Líbia.

Para o candidato republicano, o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, as revoluções no mundo árabe criam novas oportunidades, mas "a guerra civil na Líbia matou 50 mil, o Norte do Máli está tomado por um grupo ligado à rede terrorista Al Caeda e o Irã há quatro anos de fazer a bomba atômica". Em outras palavras, o governo Barack Obama não aproveitou as oportunidades

"Precisamos de uma estratégia complexa para conter o extremismo muçulmano", propôs Romney.

Obama usou a autoridade do cargo para tentar mostrar Romney como desqualificado.

Como comandante-em-chefe, respondeu o presidente Obama, "dizimamos a rede terrorista Al Caeda. Em relação à Líbia, quando recebi aquele telefonema [sobre a morte do embaixador americano], minha primeira providência foi proteger os que ainda estavam lá; a segunda, mandar investigar os fatos; e a terceira, perseguir os responsáveis".

No melhor estilo caubói, o ex-governador disse que "é preciso ir atrás dos maus elementos, mas ao mesmo tempo ajudar os países do Oriente Médio".

Agressivamente Obama tentou desqualificar Romney como despreparado para presidir os EUA: "Você foi a favor de invadir o Iraque quando não havia armas de destruição em massa e acha que ainda deveríamos ter tropas no Iraque. Todas as posições que tomou foram erradas."

Para o ex-governador, a  Rússia ainda é um adversário estratégico, o que Obama apontou como um pensamento do passado da Guerra Fria, mas a maior preocupação de segurança nacional é com o desenvolvimento de armas atômicas pelo Irã.

"Se há algo que aprendi como comandante-em-chefe, é que é preciso mandar um recado claro a aliados e inimigos", afirmou o presidente, em tom professoral, acrescentando que "os EUA não devem ficar construindo outras nações, devem construir esta nação".

Obama defendeu a posição americana de não armar os rebeldes sírios, sob o argumento de que os EUA temem que as armas caiam nas mãos de grupos terroristas.

Romney disse que chegou a hora de identificar os líderes dentro da Síria capazes de assumir a responsabilidade pelo país, em aliança com sauditas e catarinos, entre outros aliados: "Acho que Assad vai embora, mas precisamos saber quem virá no lugar para que a Síria seja um parceiro responsável no Oriente Médio. Mas entregamos a negociação à ONU e ao ex-secretário-geral Kofi Annan, que propôs uma trégua. Temos de assumir a liderança".

O presidente contra-argumentou que os EUA criaram o Grupo de Amigos da Síria e citou o exemplo da Líbia: "Muamar Kadafi tinha mais sangue de americanos nas mãos do que Ossama ben Laden. Mas tínhamos de tomar medidas cautelosas".

Nem o candidato republicano quer colocar tropas americanas na Síria. Para não ser confundido com George W. Bush, faz questão de se apresentar como um moderado. Acaba de se declarar contra a imposição de uma zona de proibição de voo, o que obrigaria a Força Aérea da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a destruir as defesas antiaéreas da ditadura de Bachar Assad.

"Queremos promover uma liderança síria moderada. É o tipo de liderança que temos de oferecer neste caso", receitou Obama.

Em relação ao Egito, o presidente declarou que o acordo de paz com Israel é fundamental, "mas o que vai fazer da revolução egípcia um sucesso é a economia do país. Temos feito conferência sobre empreendedorismo. Para os EUA terem sucesso no Oriente Médio, há coisas que temos de fazer em casa para voltarmos a ser modelo para o resto do mundo".

O candidato republicano criticou o corte de US$ 1 trilhão no orçamento de defesa, afirmando que "os EUA precisam ter as maiores Forças Armadas do mundo. Os EUA têm a obrigação e o privilégio de defender a liberdade, a democracia, os direitos humanos e eleições livres. Onde há eleições, o povo não vota a favor da guerra. Precisamos fortalecer nossos militares porque haverá desafios à frente que não podemos prever. Eu não vou cortar o orçamento militar. Sou conta a fricção entre Israel e os EUA. Quando o povo saiu às ruas na Revolução Verde no Irã, o presidente ficou quieto".

Obama defendeu uma liderança em conjunto com os aliados e acusou o Partido Republicano de enfraquecer as relações com os aliados tradicionais, mas voltou a questão para a economia interna, a geração de empregos, a qualificação dos americanos para a economia do futuro.

No modelo econômico de Romney, os EUA alcançarão a sonhada autossuficiência em energia, o déficit público será eliminado e o comércio com a América Latina será revigorado: "A América Latina é tão grande quanto a China".

Só que o candidato republicano não fala como vai fazer isso, nem em nenhum país da região. Seu programa de governo ignora o Brasil. Para quem Romney vai ligar na América Latina?

O presidente insistiu que Romney não vai equilibrar o orçamento gastando US$ 2 trilhões além do que quer o Pentágono. O ex-governador garante que não vai reduzir os gastos militares. Obama diz o mesmo, afirmando que os cortes propostos mantêm o nível atual.

Obama reafirmou o compromisso com a defesa de Israel e garantiu que, "enquanto eu for presidente dos EUA, o Irã não terá uma bomba atômica. Fazemos isso porque um Irã nuclear é uma ameaça à segurança, pode deflagar uma corrida armamentista nuclear na região mais perigosa do mundo".

Depois de ameaçar durante a campanha, no debate, Romney defende um cerco diplomático e econômico contra o regime fundamentalista iraniano: "As sanções estão funcionando". Ele quer ainda tratar os diplomatas iranianos como os representantes do extinto regime segregacionista do apartheid na África do Sul. Obama sorriu com ironia.

A questão é quando os EUA iriam à guerra contra o Irã para evitar que a república islâmica tenha armas nucleares. Ambos falam em "último recurso".

"Esse regime de sanções foi construído meticulosamente", argumentou o presidente. "Fizemos questão de ter a participação de todos. Precisamos manter esta pressão. Eles precisam se submeter a inspeções rigorosas. Não vamos deixar o Irã participar eternamente de negociações infrutíferas. O tempo está correndo. Se eles não tomarem as medidas necessárias para adotar as regras da comunidade internacional, tomaremos todas as medidas necessárias para impedir o Irã de ter uma bomba atômica."

Voltando ao ataque, em tom indignado, Romney acusou Obama de estender a mão para Fidel Castro, Kim Jong Il e Mahmoud Ahmadinejad, que ele ameaça enquadrar num tribunal internacional "por incitar ao Holocausto".

Na opinião de Obama, a questão é saber que presidente dos EUA saberá ficar do lado correto da história. Romney pinta um cenário de horrores no Oriente Médio, "o déficit com a China", a Coreia do Norte exportando tecnologia nuclear, "culpa do presidente por negligenciar a economia e os militares". Martelou ainda numa suposta fricção entre o governo Obama e o governo ultraconservador israelense de Benjamin Netanyahu.

O presidente americano lembrou a morte de Ben Laden e outras decisões que apresentou como difíceis, mas necessárias. Ignorou as mortes de mais de 2,3 mil em ataques dos aviões não tripulados dos EUA, talvez o grande crime do governo Obama em política externa.

Será impossível abandonar o Afeganistão por causa do vizinho Paquistão e sua importância como potência industrial regional, observou Romney. A questão era o que fazer se as forças de segurança afegãs não forem capazes de resistir aos Talebã e outros grupos radicais.

A Guerra do Afeganistão, iniciada em 7 de outubro de 2001 em resposta aos atentados de 11 de setembro daquele ano, já é a mais longa da História dos EUA. Nenhum candidato à Casa Branca pode prometer a continuidade da guerra.

Obama desviou a questão para falar no atendimento aos veteranos, atendimento profissional e assistência para sua recolocação no mercado de trabalho, uma resposta um tanto demagógica.

O ex-governador aposta numa negociação com o Paquistão para que este país assuma o controle. As relações bilaterais nunca foram tão ruins, fruto da morte de 24 soldados paquistaneses num ataque errado dos EUA na fronteira com o Afeganistão e da violação do território do suposto aliado para matar Ben Laden.

Em resposta, Romney afirmou que Al Caeda não está desmanteladaa e a paz entre israelenses e palestinos ainda está longe por falta de liderança de Obama: "Não tenho visto progresso no Oriente Médio".

"No Egito, estamos do lado da democracia; na Líbia, estamos ao lado do povo", reagiu Obama. "Sabemos que há atividades terroristas, mas Al Caeda está muito mais fraca, com menos capacidade de atacar os EUA e nossos aliados do que quatro anos atrás".

A maior ameaça aos EUA, para Obama, é "essa rede de organizações terroristas. A China não será um inimigo. Pode ser um parceiro na sociedade internacional, se seguir as regras. Vamos agir para combater práticas comerciais desleais. Vamos levar estas questões seriamente".

Romney entende que "a maior ameaça à segurança nacional é um Irã nuclear. A China pode ser uma parceira. Tem de criar empregos para 20 milhões de pessoas por ano. Mas não podemos aceitar práticas como manipulação do câmbio. No primeiro dia do meu governo, vou declarar a China manipuladora do câmbio, o que vai me autorizar a impor sobretaxas", sem explicar como explicar isso à parceira.

"As exportações dobraram no meu governo", alegou Obama, "e estamos negociando acordos comerciais para fazer a China seguir as regras".

No recado final, o presidente tentou marcar posição, acusando Romney de não ter políticas para equilibrar o orçamento nem para fazer os ricos pagarem o preço da crise. Obama prometeu usar o dinheiro público para investimentos em educação e tecnologia para preparar sua força de trabalho para o futuro.

Como último a falar, o candidato da oposição se apresentou como o único capaz de promover o crescimento da economia, gerar empregos e fazer uma aliança bipartidária no Congresso para restaurar a grandeza dos EUA, a esperança de liberdade no mundo, a "esperança do mundo".

O mundo não está mais esperando pelos EUA.

Exército promete manter Líbano longe da guerra civil síria

Pelo menos sete pessoas morreram hoje em confronto nas ruas de Beirute e Trípoli de partidários e adversários da ditadura da vizinha Síria. O Exército do Líbano, que está nas ruas desde ontem, prometeu "tomar medidas decisivas, especialmente em áreas sob crescente tensões sectárias e religiosas".

O risco de transbordamento da guerra civil síria aumentou na sexta-feira com o assassinato em um atentado com carro-bomba do general Wissan Hassab, que era chefe do serviço secreto das forças de segurança internas e estava investigando ações criminosas atribuídas à ditadura de Assad. Os conflitos de rua aconteceram depois do funeral.

Soldados e pistoleiros trocaram tiros ontem à noite no Sul de Beirute. Na manhã desta segunda-feira, alguns manifestantes bloquearam ruas com pneus pegando fogo, informa a agência de notícias Reuters.

A oposição exige a renúncia do primeiro-ministro Nagib Makati, acusando-o de ser ligado à Síria e à milícia fundamentalista xiita libanesa (Hesbolá), o maior exército privado do Líbano.

Candidatos chegam empatados ao último debate nos EUA

Com a última pesquisa do jornal The Wall Street Journal e da TV NBC indicando um empate em 47% das preferências do eleitorado, o presidente Barack Obama e o desafiante Mitt Romney fazem hoje o último debate antes da eleição de 6 de novembro de 2012. O tema será política externa, embora apenas 1% dos eleitores a coloquem entre suas maiores preocupações.

A vantagem de cerca de cinco pontos percentuais que o presidente se evaporou desde seu fraco desempenho no primeiro debate. Até mesmo em estados-chaves onde a vitória de Obama era dada como certa e diferença diminuiu para margens que apontam para o chamado empate técnico, dentro da margem de erro da pesquisa.

Senador radical que perdeu para Nixon morre aos 90 anos

O senador George McGovern, que disputou a Casa Branca em 1972 prometendo acabar com as intervenções militares dos Estados Unidos no exterior e perdeu a eleição presidencial para Richard Nixon, morreu ontem aos 90 anos.

De certa forma, McGovern encarnou o sonho e a esperança dos hippies e radicais dos anos 60 de construir um mundo mais pacífico e menos consumista. Foi amplamente derrotado. Nixon representava o establishment e a chamada "maioria silenciosa", que terminou por abandoná-lo com o Escândalo de Watergate.

Herói da Segunda Guerra Mundial, realizou 35 missões de combate com um bombardeiro B-24, mas foi acusado de ser fraco em defesa e de fugir de combate.

Quando seu candidato a vice-presidente, Thomas Eagleton, admitiu ter feito tratamento antidepressão, McGovern primeiro o apoiou e depois o retirou da chapa do Partido Democrata. Sua candidatura nunca mais se recuperou.

McGovern acusou Nixon de ser o "presidente mais corrupto da História dos EUA": "Quando eu recebo um telefonema, quero falar com um aliado político, meu advogado ou médico, quero ter certeza de que não há um agente do governo escutando o que estou dizendo".

sábado, 20 de outubro de 2012

Irã aceita negociar questão nuclear com EUA

Pela primeira vez, os Estados Unidos e o Irã concordaram em negociar bilateralmente a questão nuclear. Os EUA e seus aliados ocidentais acusam o regime fundamentalista iraniano de estar desenvolvendo armas atômicas. A república islâmica afirma que seu programa nuclear tem objetivos meramente pacíficos.

A negociação é vista como a última chance de evitar uma ação militar dos EUA ou de Israel para tentar evitar que o Irã tenha a bomba.

O Irã pediu que o diálogo comece depois da eleição presidencial de 6 de novembro nos EUA para saber com que presidente americano estará negociando, informa o jornal The New York Times, que traz a notícia na edição deste domingo.

Ex-ministro da informação de Kadafi é preso

O último ministro de Informação da ditadura do coronel Muamar Kadafi, Moussa Ibrahim, foi preso hoje  pelo governo em Tarhuna, a 65 quilômetros ao sul da capital da Líbia.

"Moussa Ibrahim foi preso por forças governamentais e está sendo trazido para Trípoli para interrogatório", declarou o escritório do primeiro-ministro em nota oficial.

A revolução que acabou com 42 anos de ditadura de Kadafi foi a mais sangrenta da Primavera Árabe depois da guerra civil na Síria, que teria matado 34 mil pessoas desde 15 de março de 2011, pelos cálculos da oposição. Pelo menos 28 mil pessoas estariam desaparecidas.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Kadafi morreu sendo caçado como um cachorro louco

Um dos grandes personagens da Guerra Fria, o coronel Muamar Kadafi desafiou o Ocidente, financiou o terrorismo e chegou a ser chamado de "cachorro louco" pelo presidente americano Ronald Reagan. Ele morreu como um cão, revela agora o relato mais completo de sua morte publicado até hoje.

O ditador fugiu da capital com dois filhos em 28 de agosto de 2011, três dias antes de completar 42 anos de um reinado absolutista na Líbia. Depois de meses de ofensiva, Trípoli caía em poder dos rebeldes.

Em menos de 24 horas de fuga, seu filho Khamis morreu, talvez num bombardeio aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos. Seu provável sucessor, Seif al-Islam, conseguiu escapar para Bani Walid, onde seria preso em novembro, conta o jornal The Washington Post, citando como fonte um relatório da organização não governamental Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos).

Depois de quatro décadas, o poder do clã se dissolvia rapidamente. O Post admite que a reportagem se baseia em depoimentos da milícia que matou Kadafi e de um assessor que o acompanhava e sobreviveu ao ataque final - o que torna impossível confirmar os detalhes. Mas afirma ser o relato mais completo até agora dos últimos dias da vida de um personagem da História do Século 20.

Kadafi chegou a Sirte, sua terra natal, uma cidade de 75 mil habitantes, observa o jornal americano, com um grupo de guarda-costas e um oficial do serviço secreto chamado Mansur Dhao. Hospedou-se num apartamento no centro. Lá o coronel em fuga recebeu o chefe do servico secreto, Abdullah Senussi, e o filho Mutassim Kadafi para discutir a guerra que estavam perdendo.

Mutassim, notório por sua crueldade, comandava a defesa de Sirte. Foi várias vezes discutir a situação com o pai.

Quando os rebeldes intensificaram o bombardeio, Kadafi deixou o centro e se refugiou num bairro do oeste de Sirte. O ditador que mandou bilhões de dólares do petróleo líbio para contas no exterior e seus guarda-costas invadiam casas abandonadas para procurar comida. Como o sistema de abastecimento de água também fora destruído, tinham sede.

Durante suas últimas semanas, "Kadafi passou a maior parte do tempo rezando e lendo o Corão", disse Dhao, o oficial de segurança.

Acuado, o coronel mudava de esconderijo a cada quatro ou cinco dias. Usava um telefone de satélite para falar com alguém que tivesse acesso à televisão e pudesse lhe dar informações sobre a guerra civil. Mas já não tinha mais influência sobre os acontecimentos.

À medida que o cerco se fechava e as condições de vida nos refúgios ficava pior, "Kadafi foi ficando mais e mais furioso. Ficava furioso principalmente pela falta de eletricidade, de comunicações e de uma televisão. Quando íamos falar com ele, perguntava sempre: 'Por que não há eletricidade? Por que não há água?'".

No fim, o bairro onde Kadafi se escondia foi transformado num enclave do que restava de seu governo, cercado por milícias que transformaram o hospital local num hospital de campanha. Mas a concentração de kadafistas atraiu a atenção dos rebeldes.

Em 19 de outubro de 2011, Mutassim apresentou ao pai um plano de fuga. Eles teriam de furar o cerco rebelde. À noite, os guarda-costas carregaram um comboio de 50 veículos, inclusive picapes com lançadores de mísseis e metralhadoras armadas na caçamba.

O plano era partir entre 3h30 e 4h da madrugada. Mas a preparação do comboio só ficou pronta as 8h, quando os rebeldes já tinham retomado suas posições e o sol iluminava a vastidão do deserto no Norte da África.

Não ficou claro por que Muamar e Mutassim Kadafi decidiram levar adiante o plano, observa o Washington Post. Talvez achassem que não poderiam esperar pela próxima noite, talvez não quisessem perder o impulso de fugir, talvez fosse desespero. Mas a fuga totalmente errada selou o destino do coronel.

Eles saíram pela costa na direção oeste, passando por bairros arrasados pela guerra civil. Logo os rebeldes iniciaram a perseguição ao comboio, que tomou uma estrada rumo ao sul. Em seguida, um míssil caiu perto do carro de Kadafi. O impacto foi tão forte que acionou os airbags.

 Kadafi e sua turma voltaram a uma zona urbana onde ficaram encurralados ao dar de frente com uma milícia da cidade de Missurata, alvo de um cerco e bombardeio de semanas pelas forças kadafistas, inclusive com bombas de fragmentação que a tornaram "num inferno", na visão dos rebeldes.

Ao atacar de frente os rebeldes, o comboio chamou a atenção da Força Aérea da OTAN, que interveio militarmente com mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas para proteger a população civil e não para mudar o regime nem para matar o coronel Kadafi - o que provocou críticas e dificulta uma intervenção na Síria.

Os caças-bombardeiros da OTAN jogaram duas bombas de 500 libras (227 kg) guiadas a lêiser  no comboio, provocando uma série de explosões de munição que dividiram o grupo que levava Kadafi.

O coronel, Mutassim, o ministro da Defesa e um grupo de guarda-costas tentaram se esconder numa casa abandonada. "Encontramos Muamar lá, com um elmo e um colete a prova de bala. Ele tinha um revólver na cintura e carregava uma arma automática na mão", contou o filho do ministro da Defesa, descrevendo a luta desesperada para proteger o líder.

Mutassim formou um grupo de uns dez homens para tentar furar o cerco. "Vou abrir uma saída", disse ao pai no último diálogo entre os dois. Foi preso em seguida e morto horas depois.

Quando a casa começou a ser bombardeada, Kadafi e o que restava de seu grupo saíram correndo mais uma vez. "Havia uma série de blocos de concreto para alguma obra. Nós nos escondemos ali, junto com os guarda-costas e algumas famílias", lembrou o filho do ministro da Defesa.

Em mais um erro, Kadafi e mais dez decidiram correr em campo aberto até uma tubulação de concreto que havia debaixo de uma estrada. Ali, se esconderam. Quando saíram, foram logo vistos pelos rebeldes, relataram testemunhas citadas pelo Human Rights Watch.

Aí começou a batalha final. Os seguranças de Kadafi jogaram várias granadas de mão. Uma bateu numa parede de cimento armado e caiu perto do coronel. Quando um guarda-costas se abaixou para afastá-la, ela explodiu, arrancando seu braço. O coronel e o ministro da Defesa foram feridos.

"Corri na direção do meu pai e perguntei se ele estava bem, mas ele não respondeu. Vi Muamar sangrando", ferido na cabeça, recorda o filho do ministro da Defesa. O esquema de segurança do ditador entrou em colapso.

Os rebeldes desceram da estrada e finalmente pegaram o ex-homem-forte da Líbia. Confuso e abalado, Kadafi foi cercado por uma multidão que o humilhou, o espancou e puxou seu cabelo. Um miliciano o empalou enfiando-lhe uma baioneta no ânus.

"Foi uma cena violenta", reconheceu um comandante rebelde em depoimento ao Human Rights Watch.  "Ele foi colocado na cabine de uma picape que tentou levá-lo, mas caiu. Sabemos que deveria haver um julgamento, mas não pudemos controlar todo o mundo, algumas pessoas se descontrolaram".

O golpe fatal ainda é mistério. No vídeo de celular que horas depois circulava pelo mundo via Internet, pela descrição da ONU, "o corpo de Kadafi seminu e aparentemente sem vida é colocado numa ambulância, o que sugere que ele poderia ter sido morto no local da captura", antes de ser levado para Missurata.

Quem matou talvez nunca se saiba. O coronel tinha vários ferimentos. É possível que mais de um fosse mortal.

"Alguns milicianos de Bengázi alegaram ter matado Kadafi numa discussão com rebeldes de Missurata sobre para onde levariam o ditador, mas essas alegações não foram confirmadas", pondera o Human Rights Watch.

Muamar Kadafi, Mutassim e o ministro da Defesa foram enterrados pelo governo provisório em local não revelado para evitar que se torne um lugar de peregrinação dos órfãos do cachorro louco da política internacional.

Carro-bomba mata chefe do serviço secreto libanês

Um atentado terrorista com carro-bomba matou oito pessoas hoje no centro de Beirute, inclusive o general Wissan al-Hassan, chefe do serviço secreto das forças de segurança interna e assessor do ex-primeiro-ministro do Líbano Saad Hariri. Ele era considerado um inimigo da Síria Dezenas de pessoas saíram feridas.

Foi o primeiro carro-bomba a explodir na capital libanesa em quatro anos. O governo da Síria e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) condenaram o atentado, mas Hariri acusa a ditadura de Bachar Assad, aliada da República Islâmica do Irã.

O ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, pai de Saad Hariri, foi morto num atentado terrorista com carro-bomba em 14 de fevereiro de 2005. Sua morte deflagrou uma onda de protestos populares contra a intervenção militar síria no Líbano, que durava desde 1976, no início da guerra civil libanesa (1975-90).

Há meses o Líbano teme que a guerra civil síria transborde suas fronteiras e envolva seu país, reacendendo o conflito sectário entre sunitas e xiitas: "Faz tempo que o regime sírio tenta internacionalizar o conflito", admite o jornalista Adbel Bari Atwan, editor-chefe do jornal árabe editado em Londres Al Quods.

"Os agentes sírios estão lá, o Hesbolá está lá. Não se sabe quem foi, mas os sírios são especialistas em carros-bomba e gostariam de iniciar uma guerra civil no Líbano como a que existe na Síria", acrescentou o jornalista.

UE aprova fiscalização conjunta dos bancos

Em mais uma medida para enfrentar a crise das dívidas públicas, a partir de 1º de janeiro de 2013, o Banco Central Europeu (BCE) vai passar a fiscalizar todos os 6 mil bancos dos 27 países-membros da União Europeia. A decisão foi tomada ontem à noite, durante reunião de cúpula do bloco.

Nem George W. Bush acredita na vitória de Romney

Até mesmo o ex-presidente George Walker Bush duvida da vitória do ex-governador Mitt Romney na eleição presidencial de 6 de novembro de 2012 nos Estados Unidos, de acordo com um perfil de seu irmão Jeb Bush, ex-governador da Flórida, publicada na revista New York.

Depois de coleção espetacular de fracassos de seus governos, Bush virou uma figura maldita no país e no Partido Republicano, mas troca ideias regularmente com um de seus principais ideólogos, seu subchefe da Casa Civil, Karl Rove.

Bush critica a campanha de Romney e não acredita numa vitória republicana daqui a 18 dias.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Colômbia e FARC abrem negociações de paz em Oslo

O governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) iniciaram hoje em Oslo, na Noruega, negociações de paz para acabar com uma guerra civil que matou centenas de milhares de pessoas nas últimas seis décadas.

"Não queremos criar falsas expectativas, mas acreditamos ter os elementos estruturais que nos dão esperança de dar uma boa notícia aos colombianos", declarou o chefe da delegação governalmental, citado pela TV pública britânica BBC antes de sair de Bogotá.

O primeiro dia de negociações envolveu questões técnicas e de procedimentos.

Rebeldes sírios conseguem mísseis antiaéreos

Algumas facções rebeldes da Síria obtiveram mísseis antiaéreos portáteis avançados capazes de mudar o equilíbrio de forças na guerra civil que travam contra a ditadura de Bachar Assad.

Os Estados Unidos temem que essas armas caiam em mãos de terroristas, razão pela qual relutam em armar os rebeldes, mas a Turquia e as monarquias petroleiras do Golfo Pérsico estão fazendo isso.

Em imagens divulgadas nesta semana, os rebeldes aparecem usando mísseis apoiados no ombro capazes de se guiar pelo calor, conhecidos como sistemas portáteis de defesa antiaérea. Eles teriam entrado no país através da Turquia e do Líbano.

"O Norte da Síria está cheio de armas antitanque e antiavião", admitiu um rebelde envolvido na compra dos mísseis. "A situação [no campo de batalha] está mudando rapidamente".

O uso de mísseis antiaéreos foi fundamental para a resistência de guerrilheiros muçulmanos à invasão do Afeganistão pela União Soviética, em 1979.

Enviado da ONU tenta negociar trégua na Síria

Depois de advertir para o risco de uma conflagração generalizada no Oriente Médio, o enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, vai à Síria tentar negociar uma trégua entre o governo e os rebeldes durante os feriados religiosos do Eid, a festa que celebra o fim do jejum que todos os muçulmanos são obrigados a fazer durante o sagrado mês do Ramadã.

"Faremos um apelo a nossos irmãos sírios, sejam do governo ou contra o governo, para que parem de lutar nos três ou quatro dias do Eid, na próxima semana", declarou Brahimi, ex-ministro do Exterior da Argélia, confirmando sua ida a Damasco, informa a agência de notícias Reuters.

A Turquia, aliada dos rebeldes, e o Irã, que apoia a ditadura de Bachar Assad, são a favor da trégua.

Uma tentativa anterior de negociar um cessar-fogo, em abril, realizada pelo antigo mediador, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, fracassou em poucos dias. Meses depois, Annan renunciou ao cargo.

Seu plano de paz previa ainda a retirada de tropas e tanques do Exército sírio das ruas, um diálogo nacional, eleições, e liberdade de circulação para jornalistas e organizações de ajuda humanitária.

Pelo menos 28 mil sírios estão "desaparecidos"

Ao menos 28 mil pessoas "desapareceram" durante a revolta popular contra a ditadura de Bachar Assad, iniciada em 15 de março de 2011 na Síria, denuncia um grupo de defesa dos direitos humanos. O total pode chegar a 80 mil, informa a TV pública britânica BBC.

"Os sírios estão sendo sequestrados na rua pelas forças de segurança e 'desaparecem' em centro de tortura. De mulheres fazendo compras no armazém da esquina a camponeses comprando combustível, ninguém está seguro", acusa o grupo militante Avaaz, que está apelando ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para que investigue a situação, revela o jornal britânico The Guardian.

A elite até agora praticamente isolada na capital do país, Damasco, já sente o impacto direto da guerra civil síria, reporta o jornal The New York Times.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Fatores metabólicos agravam risco de câncer de próstata

A hipertensão, o excesso de gordura e açúcar no sangue, e o excesso de peso são fatores metabólicos que aumentam o risco de morrer de câncer de próstata, concluiu uma pesquisa divulgada hoje na edição na Internet da revista Cancer, da Sociedade Americana do Câncer.

O estudo realizado na Universidade de Umea, na Suécia, examinou os dados de 289.866 que participaram do projeto. Seus autores sugerem que as recomendações sobre dieta e estilo de vida dadas para prevenir o diabetes e as doenças de coração diminuiriam a mortalidade por câncer de próstata.

Durante um período de 12 anos, 6.673 homens tiveram câncer de próstata e 961 morreram por causa da doença. Os homens com índices de massa corporal apontando obesidade correram um risco de vida 36%. Já os hipertensos têm 62% a mais de probabilidade de morrer de câncer na próstata.

Crescimento da China cai para 7,4% ao ano

A China manteve no terceiro trimestre de 2012 sua trajetória de desaceleração do crescimento. De julho a setembro, a segunda maior economia do mundo avançou num ritmo de 7,4% ao ano, abaixo dos 7,6% ao ano do segundo trimestre e dos 9,3% do ano passado.

O primeiro-ministro Wen Jiabao declarou que a meta de crescimento para este ano, de 7,5%, será cumprida.

Nas últimas três décadas, a China cresceu em média quase 10% ao ano. Em 2010, a expansão do produto interno bruto foi de 11,9%. Agora, com a crise na União Europeia, maior mercado para suas exportações, e uma queda na demanda interna, a China pisa no freio.

Ao mesmo tempo, não vai haver uma aterrissagem forçada. Sob pressão da crise, a China está fazendo reformas para reorientar sua economia para o consumo interno. Seus níveis de crescimento devem baixar. Mas, no momento, a segunda maior economia do mundo se prepara para um pouso suave e uma decolagem segura pouco depois.

Construção de casas novas sobe 15% nos EUA

O início da construção de imóveis residenciais cresceu 15% em setembro nos Estados Unidos em relação a agosto, a maior alta em mais de quatro anos, num sinal de que o setor habitacional do mercado imobiliário americano, onde a crise mundial começou, finalmente começa a se recuperar, anunciou hoje o Departamento do Comércio.

Na comparação anual, o avanço foi de 34,8%, reporta The Wall St. Journal.

Esse ritmo projeta a construção de 872 mil casas num ano. As casas representam 69% do total ou 603 mil unidades, alta de 43% nos últimos 12 meses.

Suspeito de ataque ao Fed de NY é preso nos EUA

Um homem de 21 anos de Bangladesh foi preso hoje e acusado de planejar um atentado a bomba contra a delegacia da Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos, em Nova York.

O suspeito, Quazi Mohammad Reswanul Ahsan Nafis, foi detido na manhã desta quarta-feira, quando tentava detonar o que acreditava ser uma bomba dentro de uma caminhonete estacionada na sede nova-iorquina do banco, noticia o jornal The Washington Post.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Obama vence segundo debate presidencial nos EUA

Bem mais firme, decidido e incisivo, o presidente Barack Obama saiu-se melhor do que seu adversário conservador Mitt Romney no segundo debate da campanha para a eleição presidencial de 6 de novembro de 2012 nos Estados Unidos. Foi mais presidencial. Na pesquisa da TV americana CNN, Obama ganhou por 45% a 39%.

Em economia, Romney insistiu na questão do emprego. O presidente lembrou que o país perdeu 800 mil empregos em janeiro de 2009, quando ele assumiu, e que desde então foram criados 5 milhões de empregos no seu governo. O ex-governador de Massachusetts contra-argumentou dizendo que 23 milhões de americanos estão desempregados.

O candidato conservador acusou Obama de apostar apenas no Estado para resolver os problemas econômicos do país, enquanto o presidente respondeu que ele prometia o impossível, como equilibrar o orçamento com um corte de 25% no imposto de renda de todos os americanos.

Pelo raciocínio de Obama, Romney vai cortar US$ 5 trilhões em despesas do governo federal, ampliar os gastos militares em US$ 2 trilhões e manter os cortes de impostos para os ricos da era George W. Bush, outro trilhão de dólares. Mesmo eliminando todas as deduções e isenções, como despesas com saúde e educação, seria impossível equilibrar o orçamento, argumentou o presidente

"Quando ele fala em eliminar furos na lei, isenções e decisões, ele não diz onde", alfinetou Obama. "A conta não fecha".

Romney contra-atacou: "Eu equilibrei o orçamento de empresas e do estado de Massachusetts. Ele acumulou déficits trilionários. Se Obama for reeleito, vamos para uma dívida de US$ 20 trilhões, como a Grécia."

Obama defendeu sua atuação como comandante-em-chefe. Ele prometera em 2008 acabar com as guerras no Iraque e no Afeganistão e se concentrar na luta contra os responsáveis pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Citou a morte de Ossama ben Laden e prometeu usar o dinheiro economizado com o fim das guerras para reerguer a economia dos EUA.

O momento de fraqueza do presidente foi sobre a morte do embaixador americano na Líbia num ataque terrorista ao consulado em Bengázi em 11 de setembro de 2012. Como o debate era com participação do público, um senhor perguntou por que o Departamento de Estado negara um pedido de reforço na segurança do consulado. Obama não respondeu. Romney perdeu a chance de chamar a atenção para isso.

Obama acusou o oposicionista de politizar a morte do embaixador dos EUA e outros três americanos em Bengázi no primeiro momento, quando o consulado ainda estava sob ataque.

Romney ficou mal ao acusar o governo de demorar duas semanas para definir que houvera um ataque terrorista e não uma reação contra um filme antimuçulmano postado na Internet. O presidente negou e a mediadora do debate, Candy Crowley, da CNN, confirmou que no dia seguinte ao ataque Obama dissera no jardim da Casa Branca: "Nenhum ataque terrorista vai abalar a determinação dos Estados Unidos."

No discurso, Romney tentou fugir do discurso do movimento radical de direita Festa do Chá, que empolgou o Partido Republicano nos últimos anos levando-o ainda mais para a direita. Aceitou algum controle sobre armas automáticas, apesar de ter prometido o contrário para obter o apoio da Associação Nacional do Rifle, o lobby dos fabricantes de armas. Obama declarou ser a favor do direito a portar armas para autodefesa, como previsto na Emenda nº 2 da Constituição dos EUA, mas com limites.

Em imigração, Romney também apresentou posições mais moderadas para não perder o voto latino do que na verdade seu partido defende. Todas as minorias preferem o Partido Democrata. Obama se aproveitou disso para acusar o adversário de apoiar a Lei de Imigração do estado do Arizona. Ela dá direito à polícia de pedir documentos para conferir a identidade de supostos imigrantes ilegais, uma discriminação contra os latino-americanos, que são hoje a maioria dos 12 milhões de ilegais.

O presidente recuperou a retórica que empolgou os EUA há quatro anos, a ponto de Romney iniciar uma de suas intervenções dizendo: "Vamos discutir as políticas do presidente e não o discurso. Se vocês reelegerem o presidente Obama, terão mais do mesmo nos próximos quatro anos".

A China não poderia ser ignorada. Romney ameaçou declarar a China "manipuladora do câmbio" no primeiro dia de seu governo para impor sobretaxas à importação de determinados produtos chineses. O presidente falou que seu governo recorreu com sucesso à Organização Mundial do Comércio em todos os casos de comércio desleal contra os EUA.

Quando quis apresentar políticas de sucesso de seu partido, Obama lembrou os governos Bill Clinton (1993-2001). Romney teve de regredir até Ronald Reagan (1981-89). Os dois George Bush, pai e filho, são rejeitados hoje pelo Partido Republicano.

No fim, ao prometer governar para "100% dos americanos", Romney deu espaço para Obama lembrar a gafe do adversário num jantar com ricos para arrecadar dinheiro para a campanha, em maio, quando o ex-governador menosprezou 47% do eleitorado como "gente que não paga imposto de renda", se considera vítima e acredita que o Estado deve sustentar suas necessidades básicas, como casa, comida, saúde e educação.

Não foi um nocaute, mas, na minha opinião, Obama foi melhor no segundo debate.