O ex-primeiro da Itália Silvio Berlusconi foi condenado hoje a quatro anos de prisão por fraude e evasão fiscal na compra de direitos de transmissão pelo grupo Mediaset. Dificilmente cumprirá pena, mas sua carreira política está liquidada.
Aos 76 anos, o homem mais rico da Itália já foi condenado em primeira instância três vezes nos anos 90, o que não o impediu de se tornar chefe do governo. Foi absolvido depois por tribunais de apelação. Ainda tem direito a dois recursos antes da sentença definitiva, reporta a agência Reuters.
Além disso, o ex-primeiro-ministro está sendo processado por prostituição de menores. A pena pode chegar a 15 anos de cadeia.
Há dois dias, prevendo o resultado do julgamento, Berlusconi anunciou que não será candidato nas eleições de 2013, encerrando um período de 19 anos de liderança da direita italiana. Ele foi primeiro-ministro três vezes (1994-95, 2001-6, 2008-11).
Magnata da mídia e das finanças, Berlusconi entrou na política no vácuo deixado pelo desaparecimento da Democracia Cristã, que dominara a Itália no pós-guerra, na onda de escândalos de corrupção revelados pela Operação Mãos Limpas. Temia que a esquerda tomasse o poder.
Sua coligação incluía os neofascistas da Aliança Nacional e os separatistas da Liga Norte. Apesar de seu propalado talento empresarial, a Itália foi dos países ricos que menos cresceu na última década, com média de 1%.
Berlusconi não fez as reformas necessárias para aumentar a competitividade da economia italiana, a oitava maior do mundo. Não reduziu a dívida pública, que passava de 100% do produto interno bruto e hoje está em 125%.
Com a adesão ao euro, a Itália teve moeda forte e crédito fácil. Isso só aumentou a complacência do bilionário corrupto que a governou, levando à atual crise da dívida pública da Itália, de cerca de US$ 2 trilhões, inferior apenas às dos EUA, Japão e Alemanha.
Assim, quando Nelson Motta compara o Julgamento do Mensalão à Operação Mãos Limpas, como se fosse o início de um período virtuoso, não se deve esquecer que seu maior fruto, na Itália, foi o líder direitista que deixa a política italiana no rastro de uma série de escândalos financeiros e orgiais sexuais.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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