No momento mais difícil de sua história, diante da ameaça de dissolução sob o peso da crise das dívidas públicas da Zona do Euro, a União Europeia ganhou hoje o Prêmio Nobel da Paz, um justo reconhecimento de seu papel na promoção da paz, da democracia e dos direitos humanos na Europa depois do continente ter causado duas guerras mundiais.
O comitê norueguês do Nobel, que dá o prêmio da paz, destaca a importância da integração europeia para acabar com o conflito histórico entre a Alemanha e a França, e levar a democracia ao Sul, Centro e Leste do continente.
Esse processo começa com a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), que pretendia controlar essas duas substâncias essenciais para a fabricação de armas e, portanto, para o rearmamento da Alemanha.
Em 1957, Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo assinaram o Tratado de Roma fundando a Comunidade Econômica Europeia, instalada em 1958. Nos anos 70, entraram a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido.
Como a UE tem uma cláusula democrática, a Grécia, a Espanha e Portugal foram aceitos nos anos 80, depois de se livrar de suas ditaduras nos anos 70, elevando para 12 o número total de países-membros.
Depois do fim da Guerra Fria com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a extinção da União Soviética, em 1991, entraram primeiro os países neutros - Áustria, Finlândia e Suécia - e, no século 21, dez países das Europas Central e Oriental - Hungria, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, as ex-repúblicas soviética da Estônia, da Letônia e da Lituânia, a Bulgária e a Romênia - e as ilhas de Chipre e Malta. A Croácia, a Sérvia e a Turquia estão negociando a associação.
Em 1991, o Tratado de Maastricht cria a União das Comunidades Europeias (UE), com o objetivo de aprofundamentar a integração política e econômica, criando uma moeda e políticas externas e de segurança comuns. Mas o colapso do comunismo na Europa Oriental, a reunificação da Alemanha e a necessidade de se abrir para o Leste mudaram o curso do projeto europeu.
Com as crises das dívidas da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, e a resistência da Alemanha e de outros países do Norte a emprestar o dinheiro necessário, a integração europeia vive sua pior crise. O Comitê do Nobel resolveu lembrar o mundo de sua importância.
A UE é um modelo único. É uma entidade supranacional de países que decidiram ceder parte de sua soberania para uma organização interestatal de modo a garantir a paz. Entre suas principais características, estão a economia social de mercado e o fundo estrutural para transferir recursos para o desenvolvimento dos países pobres.
Neste sentido, a UE é um modelo para uma globalização social-democrata.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
UE ganha Prêmio Nobel da Paz de 2012
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