Vinte e três anos depois da queda do Muro de Berlim, Cuba vai deixar de ser um país-prisão, mas os dissidentes continuarão tendo problemas para sair da ilha.
Em mais uma mudança que aponta para o fim do regime comunista imposto por Fidel Castro, depois de mais de 50 anos, a partir de 14 de janeiro de 2013, os cubanos não vão mais precisar de autorização oficial do governo para sair do país. Vai bastar um passaporte. Também não vão precisar da carta-convite exigida hoje.
Aliás, foi isso que o secretário de Comunicação Social da então Alemanha Oriental, Günter Schabowski, anunciou em 9 de novembro de 1989: "A partir da meia-noite, todos poderão sair do país, bastando apresentar o passaporte num posto de fronteira". Assim foi aberto o Muro de Berlim.
A regulamentação não estava concluída. Schabowski não tinha participado das discussões do Politburo do partido comunista e anunciou uma abertura total do muro. Os alemães-orientais correram em massa para a fronteira, e a situação se tornou irreversível. Mas amigos alemães-ocidentais que pularam para o lado oriental no meio da festa contam que às 3h da manhã, os soldados alemães-orientais tinham tomado posição junto ao muro, num sinal de que a ordem poderia ter sido revogada.
Em Cuba, dissidentes, atletas de alto desempenho e cientistas podem continuar tendo dificuldades para obter passaporte.
Desde 1961, quando a ditadura stalinista tomou conta da ilha, os cubanos precisam pagar US$ 150 para pedir autorização de saída, geralmente negada a pretexto de evitar a evasão de divisas. Sem outra chance, muitos cubanos tentaram fugir clandestinamente pelo ar ou pelo mar, sendo condenados e até mesmo mortos por isso.
É mais uma das reformas de Raúl Castro, que substituiu o irmão em 2006, quando Fidel quase morreu por causa de uma doença intestinal. Raúl já autorizou a criação de microempresas para combater o desemprego, rumo a uma abertura econômica que até agora não tinha evoluído para uma abertura política.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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