BUENOS AIRES - A Sociedade Interamericana de Imprensa, reunida em São Paulo, decidiu enviar uma missão à Argentina para defender a maior empresa jornalística do país, o grupo Clarín, que está sendo perseguido pela presidente Cristina Fernández de Kirchner, cada vez mais autoritária e distante dos problemas argentinos.
A pretexto de combater o monopólio, o governo argentino aprovou há dois anos uma Lei de Meios de Comunicação que obriga o maior grupo de mídia do país a se desfazer de mais de 200 licenças de telerradiodifusão. Isso reduziria sua participação no mercado de 47% para 35%.
Embora a iniciativa tenha sido elogiada por organizações não governamentais que defendem a liberdade de imprensa, como os Repórteres sem Fronteiras. Mas, na prática, está sendo usada para desmantelar a maior empresa jornalística do país.
O Clarín apoiou o governo de Néstor Kirchner (2003-7), marido de Cristina, que morreu do coração há dois anos, quando se preparava para voltar à Presidência da Argentina. Em 2008, no início do primeiro governo de presidenta (sic), como ela gosta de ser chamada (a presidente Dilma Rousseff a imitou), quando a crise financeira internacional começou a se agravar, os produtores rurais fizeram uma greve de mais de cem dias contra o aumento dos impostos sobre exportações, o Clarín ficou com os ruralistas.
Desde então, o kirchnerismo elegeu o Clarín como seu principal inimigo. A Argentina enfrenta uma situação econômica muito difícil, com uma inflação que se aproxima de 30%, embora o governo negue, com preços em alta, escassez de divisas, controle de importações, restrições ao câmbio de moedas e ameaça de que as províncias comecem a dar calote nas suas dívidas em moedas fortes. Mas Cristina prefere atribuir os problemas aos grandes jornais do país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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