O Congresso da Colômbia aprovou hoje uma versão revisada do acordo de paz negociado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A versão original foi rejeitada por pequena margem em referendo realizado em 2 de outubro de 2016.
O acordo de paz foi ratificado ontem no Senado e hoje na Câmara, onde o presidente Juan Manuel Santos tem maioria, sem necessidade de nova consulta popular. Santos ganhou o Prêmio Nobel da Paz 2016 mesmo com a derrota no referendo.
Apesar de algumas mudanças, os adversários do acordo, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe, denunciam uma suposta impunidade para os guerrilheiros que durante 52 anos tentaram derrubar o governo colombiano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Avião da Chapecoense teve pane elétrica e falta de combustível
Pouco antes do trágico acidente, o piloto do avião que levava a equipe da Chapecoense para Medelim, na Colômbia, declarou em desespero à torre de controle do aeroporto: "O voo LaMia 2933 tem uma pane elétrica total e está sem combustível", revelaram as gravações de voz de uma das caixas-pretas da aeronave, citadas pelo jornal colombiano El Tiempo.
Setenta uma pessoas morreram no acidente, inclusive a delegação da Chapecoense, que disputaria hoje em Medelim o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana e vários jornalistas que cobririam a partida.
Em entrevista à televisão americana CNN, a ex-inspetora-geral do Departamento de Transporte dos Estados Unidos, Mary Schiavo, descreveu o caso como "negligência criminosa".
"As regulamentações internacionais e da maioria dos países exigem que um avião leve combustível suficiente para mais do que sua viagem, para chegar a um aeroporto próximo do destino e fazer um pouso de emergência em caso de necessidade e para mais meia hora de viagem", declarou Schiavo.
Na gravação de 12 minutos, a controladora de voo do aeroporto de Medelim fala com o voo da companhia boliviana LaMia e outro da colombiana Avianca. No primeiro momento, o piloto do avião da Chapecoense não informa a torre sobre a gravidade da situação, tanto que a controladora dá prioridade de pouso para um terceiro avião, da empresa Viva Colombia.
Depois de sete minutos de conversa, o piloto Miguel Quiroga alerta o controle de voo que está em situação de emergência:
- O voo LaMia CP-2933 está em aproximação. Pedimos prioridade para aproximação porque se apresentou um problema com combustível - apelou o piloto.
- Entendo. Solicita prioridade para sua aterrissagem igualmente por problema de combustível, certo? - responde a torre.
- Afirmativo - falou Quiroga.
- Ok. Atento, lhe darei os vetores para proceder ao localizador e efetuar a aproximação. Em aproximadamente sete minutos, iniciarei a confirmação - acrescenta a controladora de voo.
Em seguida, a torre pede ao piloto que notifique o rumo e mantenha o rumo para a descida. Minutos depois, Quiroga volta a pedir os vetores para a aterrissagem, sinal de que não sabia onde estava.
A operadora avisa então que há um avião abaixo do avião da LaMia que iria aterrissar antes, assim que os funcionários do aeroporto examinassem se havia combustível derramado na pista de pouso.
- Que tempo tem para permanecer em aproximação? - quis saber a controladora de voo.
- Com emergência de combustível, senhorita. Por isso, estabelecemos de uma vez um curso final - informou o piloto com a voz embargada pela dramaticidade da situação.
O controle de voo insiste para que o Avro RJ85 da LaMia faça algumas manobras porque há outros aviões nos arredores do aeroporto. Tarde demais.
Quiroga havia iniciado a descida e notificado a torre de controle. Duas aeronaves foram orientadas a sair do caminho.
- O voo tem uma pane elétrica total e está sem combustível - afirmou o piloto em tom dramático.
A torre avisa ao piloto que o voo desapareceu dos radares e pedem que ele dê sua localização. A resposta do piloto é seu último contato:
- A dez mil pés. Vetores, vetores, senhorita, vetores da pista... Estamos a nove mil pés. Vetores, vetores...
Setenta uma pessoas morreram no acidente, inclusive a delegação da Chapecoense, que disputaria hoje em Medelim o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana e vários jornalistas que cobririam a partida.
Em entrevista à televisão americana CNN, a ex-inspetora-geral do Departamento de Transporte dos Estados Unidos, Mary Schiavo, descreveu o caso como "negligência criminosa".
"As regulamentações internacionais e da maioria dos países exigem que um avião leve combustível suficiente para mais do que sua viagem, para chegar a um aeroporto próximo do destino e fazer um pouso de emergência em caso de necessidade e para mais meia hora de viagem", declarou Schiavo.
Na gravação de 12 minutos, a controladora de voo do aeroporto de Medelim fala com o voo da companhia boliviana LaMia e outro da colombiana Avianca. No primeiro momento, o piloto do avião da Chapecoense não informa a torre sobre a gravidade da situação, tanto que a controladora dá prioridade de pouso para um terceiro avião, da empresa Viva Colombia.
Depois de sete minutos de conversa, o piloto Miguel Quiroga alerta o controle de voo que está em situação de emergência:
- O voo LaMia CP-2933 está em aproximação. Pedimos prioridade para aproximação porque se apresentou um problema com combustível - apelou o piloto.
- Entendo. Solicita prioridade para sua aterrissagem igualmente por problema de combustível, certo? - responde a torre.
- Afirmativo - falou Quiroga.
- Ok. Atento, lhe darei os vetores para proceder ao localizador e efetuar a aproximação. Em aproximadamente sete minutos, iniciarei a confirmação - acrescenta a controladora de voo.
Em seguida, a torre pede ao piloto que notifique o rumo e mantenha o rumo para a descida. Minutos depois, Quiroga volta a pedir os vetores para a aterrissagem, sinal de que não sabia onde estava.
A operadora avisa então que há um avião abaixo do avião da LaMia que iria aterrissar antes, assim que os funcionários do aeroporto examinassem se havia combustível derramado na pista de pouso.
- Que tempo tem para permanecer em aproximação? - quis saber a controladora de voo.
- Com emergência de combustível, senhorita. Por isso, estabelecemos de uma vez um curso final - informou o piloto com a voz embargada pela dramaticidade da situação.
O controle de voo insiste para que o Avro RJ85 da LaMia faça algumas manobras porque há outros aviões nos arredores do aeroporto. Tarde demais.
Quiroga havia iniciado a descida e notificado a torre de controle. Duas aeronaves foram orientadas a sair do caminho.
- O voo tem uma pane elétrica total e está sem combustível - afirmou o piloto em tom dramático.
A torre avisa ao piloto que o voo desapareceu dos radares e pedem que ele dê sua localização. A resposta do piloto é seu último contato:
- A dez mil pés. Vetores, vetores, senhorita, vetores da pista... Estamos a nove mil pés. Vetores, vetores...
Conselho de Segurança aprova novas sanções à Coreia do Norte
Por unanimidade, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou hoje novas sanções ao regime comunista da Coreia do Norte por violar resoluções anteriores e ter feito em setembro seu quinto teste de armas nucleares, noticiou a agência Reuters.
O principal foco das novas sanções é a exportação de carvão norte-coreana. O país fica proibido de vender ao exterior cobre, níquel, prata e zinco. As exportações de carvão do regime stalinista de Pionguiangue terão um limite de 7,5 milhões de toneladas ou US$ 400,9 milhões, um corte estimado em cerca de 60%.
Desde o fim da União Soviética, em 1991, quando perdeu seu maior patrocinador, a Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo, faz uma chantagem atômica, ameaçando os países vizinhos e os Estados Unidos com o desenvolvimento de armas nucleares.
Esta opção nuclear foi reforçada pela ascensão ao poder do jovem e inseguro Kim Jong Un, o terceiro na dinastia que governa o último país a manter todos os rituais do stalinismo, censura, tortura, perseguição implacável a dissidentes, campos de concentração, paradas militares e civis monumentais, julgamentos e assassinatos políticos.
Como a Coreia do Norte faz cada vez mais testes nucleares e de mísseis, parece que a estratégia de contenção adotada pelos EUA com a colaboração parcial da China não está funcionando. O regime comunista chinês não têm o menor interesse em desestabilizar a região.
Na prática, Beijim sustenta a ditadura de Pionguiangue, mas não quer a instalação de um sistema de defesa antimísseis americano na Coreia do Sul e do Japão. Isso daria uma vantagem estratégica aos EUA num possível conflito futuro com a China.
O principal foco das novas sanções é a exportação de carvão norte-coreana. O país fica proibido de vender ao exterior cobre, níquel, prata e zinco. As exportações de carvão do regime stalinista de Pionguiangue terão um limite de 7,5 milhões de toneladas ou US$ 400,9 milhões, um corte estimado em cerca de 60%.
Desde o fim da União Soviética, em 1991, quando perdeu seu maior patrocinador, a Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo, faz uma chantagem atômica, ameaçando os países vizinhos e os Estados Unidos com o desenvolvimento de armas nucleares.
Esta opção nuclear foi reforçada pela ascensão ao poder do jovem e inseguro Kim Jong Un, o terceiro na dinastia que governa o último país a manter todos os rituais do stalinismo, censura, tortura, perseguição implacável a dissidentes, campos de concentração, paradas militares e civis monumentais, julgamentos e assassinatos políticos.
Como a Coreia do Norte faz cada vez mais testes nucleares e de mísseis, parece que a estratégia de contenção adotada pelos EUA com a colaboração parcial da China não está funcionando. O regime comunista chinês não têm o menor interesse em desestabilizar a região.
Na prática, Beijim sustenta a ditadura de Pionguiangue, mas não quer a instalação de um sistema de defesa antimísseis americano na Coreia do Sul e do Japão. Isso daria uma vantagem estratégica aos EUA num possível conflito futuro com a China.
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Carter aconselha Obama para reconhecer a Palestina
Ainda existe uma chance escassa para uma paz no Oriente Médio baseada na coexistência pacífica de dois estados no território histórico da Palestina. Diante das tentativas do governo linha-dura de Israel de anexar a Cisjordânia, o ex-presidente Jimmy Carter recomendou ao presidente Barack Obama que os Estados Unidos reconheçam a independência da Palestina antes da posse de Donald Trump, em 20 de janeiro de 2017.
Em artigo no jornal The New York Times, Carter aconselha Obama a seguir o exemplo de outros 137 países que reconheceram a independência da Palestina, entre eles o Brasil, para que o país passe a ser membro pleno das Nações Unidas.
"Lá em 1978, durante meu governo, o primeiro-ministro de Israel, Menachen Begin, e o presidente do Egito, Anuar Sadat, assinaram os acordos de paz de Camp David", lembrou Carter. "Os acordos foram baseados na Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967.
"As palavras-chaves foram 'a inadmissibilidade de conquista de território através da guerra e a necessidade de trabalhar por uma paz justa e duradoura no Oriente Médio na qual todo estado da região possa viver em segurança' e 'na retirada das Forças Armadas de Israel dos territórios ocupados no conflito recente'."
O processo de paz no Oriente Médio iniciado pela Conferência de Madri, em 1991, usaria nos acordos de Oslo a mesma fórmula de devolução dos territórios ocupados em troca de paz e segurança. Mas o processo foi interrompido pelo assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, em novembro de 1995, e a ascensão do primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, no ano seguinte.
Carter elogia declaração de Obama em 2009 exigindo o congelamento total da colonização dos territórios árabes ocupados, sem mudar o comportamento do governo israelense. Em 2011, o atual presidente afirmou que os dois estados deveriam ter como base as fronteiras anteriores à guerra de 1967.
Hoje são 4,5 milhões de palestinos vivendo sob a ocupação militar de Israel, sem qualquer direito à cidadania, enquanto 600 mil colonos gozam de plenos direitos garantidos pela legislação israelense. O risco, adverte Carter, é que essa discriminação mine a democracia em Israel.
Com o reconhecimento da independência da Palestina pelos EUA, acrescenta o ex-presidente, o Conselho de Segurança da ONU estabeleceria os parâmetros para um acordo de paz definitivo, "reafirmando a ilegalidade de todos os assentamentos israelenses além das fronteiras de 1967
Em artigo no jornal The New York Times, Carter aconselha Obama a seguir o exemplo de outros 137 países que reconheceram a independência da Palestina, entre eles o Brasil, para que o país passe a ser membro pleno das Nações Unidas.
"Lá em 1978, durante meu governo, o primeiro-ministro de Israel, Menachen Begin, e o presidente do Egito, Anuar Sadat, assinaram os acordos de paz de Camp David", lembrou Carter. "Os acordos foram baseados na Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967.
"As palavras-chaves foram 'a inadmissibilidade de conquista de território através da guerra e a necessidade de trabalhar por uma paz justa e duradoura no Oriente Médio na qual todo estado da região possa viver em segurança' e 'na retirada das Forças Armadas de Israel dos territórios ocupados no conflito recente'."
O processo de paz no Oriente Médio iniciado pela Conferência de Madri, em 1991, usaria nos acordos de Oslo a mesma fórmula de devolução dos territórios ocupados em troca de paz e segurança. Mas o processo foi interrompido pelo assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, em novembro de 1995, e a ascensão do primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, no ano seguinte.
Carter elogia declaração de Obama em 2009 exigindo o congelamento total da colonização dos territórios árabes ocupados, sem mudar o comportamento do governo israelense. Em 2011, o atual presidente afirmou que os dois estados deveriam ter como base as fronteiras anteriores à guerra de 1967.
Hoje são 4,5 milhões de palestinos vivendo sob a ocupação militar de Israel, sem qualquer direito à cidadania, enquanto 600 mil colonos gozam de plenos direitos garantidos pela legislação israelense. O risco, adverte Carter, é que essa discriminação mine a democracia em Israel.
Com o reconhecimento da independência da Palestina pelos EUA, acrescenta o ex-presidente, o Conselho de Segurança da ONU estabeleceria os parâmetros para um acordo de paz definitivo, "reafirmando a ilegalidade de todos os assentamentos israelenses além das fronteiras de 1967
Estado Islâmico reivindica ataque a campus nos EUA
A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou ontem a responsabilidade pelo ataque que deixou onze pessoas feridas num campus da Universidade Estadual de Ohio em Columbus, nos Estados Unidos, cometido por um estudante somaliano morto pela polícia.
A tentativa de assumir a autoria apareceu na agência de propaganda do Estado Islâmico. Foi detectada pelo centro americano de vigilância de sítios jihadistas, SITE. Mas não há qualquer indicação de que a relação com o grupo terrorista vá além da inspiração ideológica.
Depois de jogar seu carro contra um grupo de estudantes, Abdul Razak Ali Artan desceu com um facão e continou atacando até ser baleado e morto pela polícia. No relato dos jihadistas, ele "realizou sua operação em resposta aos apelos para alvejar os cidadãos dos países da coalizão internacional" que luta contra o Estado Islâmico no Oriente Médio.
Na madrugada desta terça-feira, quatro feridos continuavam hospitalizados, em condições estáveis. Abdul Razak Artan deu entrevista ao jornal estudantil The Lantern em agosto reclamando da falta no campus de uma sala para os muçulmanos fazerem suas orações.
O terrorista foi descrito como um estudante reservado, que tinha receio sobre a maneira como os outros o percebiam e lamentava que os meios de comunicação produzam o que na sua opinião é uma imagem distorcida dos muçulmanos.
A tentativa de assumir a autoria apareceu na agência de propaganda do Estado Islâmico. Foi detectada pelo centro americano de vigilância de sítios jihadistas, SITE. Mas não há qualquer indicação de que a relação com o grupo terrorista vá além da inspiração ideológica.
Depois de jogar seu carro contra um grupo de estudantes, Abdul Razak Ali Artan desceu com um facão e continou atacando até ser baleado e morto pela polícia. No relato dos jihadistas, ele "realizou sua operação em resposta aos apelos para alvejar os cidadãos dos países da coalizão internacional" que luta contra o Estado Islâmico no Oriente Médio.
Na madrugada desta terça-feira, quatro feridos continuavam hospitalizados, em condições estáveis. Abdul Razak Artan deu entrevista ao jornal estudantil The Lantern em agosto reclamando da falta no campus de uma sala para os muçulmanos fazerem suas orações.
O terrorista foi descrito como um estudante reservado, que tinha receio sobre a maneira como os outros o percebiam e lamentava que os meios de comunicação produzam o que na sua opinião é uma imagem distorcida dos muçulmanos.
EUA cresceram mais do que estimado no terceiro trimestre
O ritmo de crescimento da economia dos Estados Unidos de julho a setembro de 2016 superou a expectativa do mercado e a estimativa oficial, de 2,9%, avançando 3,2%, o melhor desempenho em dois anos, anunciou a agência Reuters citando como fonte o Departamento do Comércio. Em média, os analistas previam 3%.
A maior economia do mundo avançou num ritmo anual de 0,8% no primeiro trimestre, 1,4% no segundo e 3,2% no terceiro. A aceleração é atribuída ao consumo doméstico e às exportações.
Foi o crescimento mais forte desde o terceiro trimestre de 2014. As exportações tiveram o maior avanço desde o quarto trimestre de 2013.
Outra pesquisa indicou uma alta em setembro de 5,5% num ano nos preços das casas, um sinal de plena recuperação do setor habitacional do mercado imobiliário, onde começou a Grande Recessão de 2008-9.
Uma terceira sondagem apontam um aumento da confiança do consumidor americano em novembro para o maior nível em nove anos, apesar das incertezas ao redor das políticas do presidente eleito, Donald Trump.
Com a delegacia regional da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, em Atlanta prevendo uma expansão de 3,6% ao ano no quarto trimestre, aumenta a expectativa de aumento nas taxas básicas de juros na próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed, marcada para 13 e 14 de dezembro.
A maior economia do mundo avançou num ritmo anual de 0,8% no primeiro trimestre, 1,4% no segundo e 3,2% no terceiro. A aceleração é atribuída ao consumo doméstico e às exportações.
Foi o crescimento mais forte desde o terceiro trimestre de 2014. As exportações tiveram o maior avanço desde o quarto trimestre de 2013.
Outra pesquisa indicou uma alta em setembro de 5,5% num ano nos preços das casas, um sinal de plena recuperação do setor habitacional do mercado imobiliário, onde começou a Grande Recessão de 2008-9.
Uma terceira sondagem apontam um aumento da confiança do consumidor americano em novembro para o maior nível em nove anos, apesar das incertezas ao redor das políticas do presidente eleito, Donald Trump.
Com a delegacia regional da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, em Atlanta prevendo uma expansão de 3,6% ao ano no quarto trimestre, aumenta a expectativa de aumento nas taxas básicas de juros na próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed, marcada para 13 e 14 de dezembro.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Presidente da Coreia do Sul admite renunciar
Em meio a um escândalo de corrupção e tráfico de influência, com milhões protestando há um mês e meio nas ruas das grandes cidades da Coreia do Sul, a presidente Park Geun Hye admitiu hoje deixar o poder e pediu à Assembleia Nacional que encontre uma solução constitucional para a mudança de governo.
Num pronunciamento surpreendente em rede nacional de televisão, Park pediu desculpas, mas não renunciou, numa manobra para ganhar tempo, na opinião de seus acusadores. Mas deixou claro que não tem mais condições de governar o país.
"Vou entregar meu futuro ao Parlamento, inclusive uma redução do meu mandato", declarou a presidente sul-coreana. "Se os partidos do governo e da oposição fizerem um plano para minimizar a confusão na administração pública e transferência segura do poder, vou deixar a Presidência, de acordo com os devidos procedimentos legais."
Seu discurso desestabilizou momentaneamente a oposição, que pretende iniciar um processo de impeachment na Assembleia Nacional. O julgamento político pode durar meses. Para destituir a presidente, são necessários 200 votos, dois terços do parlamento sul-coreano.
Park é acusada de favorecer uma amiga e confidente que usou a intimidade com a presidente para pedir dinheiro de grandes empresas sul-coreanas como a Samsung para seus projetos pessoais.
Se a presidente for impedida, o primeiro-ministro assume interinamente até a eleição de um novo presidente, em 60 dias.
Num pronunciamento surpreendente em rede nacional de televisão, Park pediu desculpas, mas não renunciou, numa manobra para ganhar tempo, na opinião de seus acusadores. Mas deixou claro que não tem mais condições de governar o país.
"Vou entregar meu futuro ao Parlamento, inclusive uma redução do meu mandato", declarou a presidente sul-coreana. "Se os partidos do governo e da oposição fizerem um plano para minimizar a confusão na administração pública e transferência segura do poder, vou deixar a Presidência, de acordo com os devidos procedimentos legais."
Seu discurso desestabilizou momentaneamente a oposição, que pretende iniciar um processo de impeachment na Assembleia Nacional. O julgamento político pode durar meses. Para destituir a presidente, são necessários 200 votos, dois terços do parlamento sul-coreano.
Park é acusada de favorecer uma amiga e confidente que usou a intimidade com a presidente para pedir dinheiro de grandes empresas sul-coreanas como a Samsung para seus projetos pessoais.
Se a presidente for impedida, o primeiro-ministro assume interinamente até a eleição de um novo presidente, em 60 dias.
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Avião da Chapecoense pode ter ficado sem combustível
O avião fretado para Associação Chapecoense para o trecho final da viagem para Medelim, na Colômbia, onde disputaria a primeira final da Copa Sul-Americana, não tinha autonomia de voo suficiente para cobrir a distância e pode ter ficado sem combustível, declarou a especialista americana Mary Schiavo, ex-inspetora-geral do Departamento de Transportes dos Estados Unidos.
À uma hora da madrugada de hoje, o piloto entrou em contato com a torre de controle do aeroporto de Medelim para avisar sobre uma pane elétrica e pedir autorização para fazer um pouso de emergência. Quinze minutos depois, o avião desapareceu dos radares e caiu, matando 71 pessoas.
Só seis pessoas sobreviveram, três jogadores da Chapecoense, dois tripulantes e um jornalista. A aeromoça boliviana sobrevivente Ximena Suárez disse à televisão americana que o problema foi falta de combustível.
Em entrevista à CNN, Mary Schiavo observou que a autonomia de voo da aeronave era um pouco maior do que a distância a ser percorrida. Isso pode ser um problema caso o avião tenha de fazer manobras extras ou mudar de rota por qualquer razão. Na realidade, a autonomia era menor. O avião deve ter sido reformado para aumentar a capacidade de combustível.
O Avro RJ85 ou BAe 146, fabricado pela companhia britânica British Aerospace (BAe), é um avião para curtas distâncias, com autonomia de voo de até 3 mil quilômetros. Parou de ser produzido em 2002. Como a distância em linha reta entre Santa Cruz de la Sierra e Medelim é de 3.015 km, para fazer a viagem o aparelho precisava ter sido reformado para ampliação do tanque de combustível.
Outro especialista ouvido pela CNN afirmou que a investigação deve focar na companhia aérea boliviana Lamia. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do Brasil não autorizou um voo fretado da Lamia do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, até Medelim, na Colômbia, porque a empresa é boliviana e a Bolívia não era origem nem destino do voo.
A solução foi levar a equipe até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde saiu o voo rumo à tragédia.
À uma hora da madrugada de hoje, o piloto entrou em contato com a torre de controle do aeroporto de Medelim para avisar sobre uma pane elétrica e pedir autorização para fazer um pouso de emergência. Quinze minutos depois, o avião desapareceu dos radares e caiu, matando 71 pessoas.
Só seis pessoas sobreviveram, três jogadores da Chapecoense, dois tripulantes e um jornalista. A aeromoça boliviana sobrevivente Ximena Suárez disse à televisão americana que o problema foi falta de combustível.
Em entrevista à CNN, Mary Schiavo observou que a autonomia de voo da aeronave era um pouco maior do que a distância a ser percorrida. Isso pode ser um problema caso o avião tenha de fazer manobras extras ou mudar de rota por qualquer razão. Na realidade, a autonomia era menor. O avião deve ter sido reformado para aumentar a capacidade de combustível.
O Avro RJ85 ou BAe 146, fabricado pela companhia britânica British Aerospace (BAe), é um avião para curtas distâncias, com autonomia de voo de até 3 mil quilômetros. Parou de ser produzido em 2002. Como a distância em linha reta entre Santa Cruz de la Sierra e Medelim é de 3.015 km, para fazer a viagem o aparelho precisava ter sido reformado para ampliação do tanque de combustível.
Outro especialista ouvido pela CNN afirmou que a investigação deve focar na companhia aérea boliviana Lamia. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do Brasil não autorizou um voo fretado da Lamia do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, até Medelim, na Colômbia, porque a empresa é boliviana e a Bolívia não era origem nem destino do voo.
A solução foi levar a equipe até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde saiu o voo rumo à tragédia.
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Jovenel Moïse é eleito presidente do Haiti no primeiro turno
O candidato apoiado pelo ex-presidente Michel Martelly, Jovenel Moïse, de centro-direita, venceu a eleição presidencial de 20 de novembro no Haiti no primeiro turno com 55,67% dos votos, apontam os resultados oficiais. Observadores nacionais e internacionais declararam que a votação foi realizada em condições satisfatórias.
Em segundo lugar, ficou Jude Célestin, da Liga Alternativa pelo Progresso e a Emancipação Haitiana (LAPEH), com 19,52% dos votos, seguido por Moïse-Jean Charles com 11,04%, Maryse Narcisse com 8,99%, anunciou Uder Antoine, alto funcionário do Conselho Eleitoral Provisório.
A votação transcorreu sem maiores incidentes, mas a tensão cresceu durante a apuração. Quando o Partido Haitiano Tèt Kale (PHTK) declarou vitória, no dia seguinte, centenas de partidários de Maryse Narcisse reagiram furiosamente. Tèt Kale é cabeça careca no dialeto haitiano creole.
A eleição presidencial anterior, realizada em 25 de outubro de 2015, foi anulada por causa de "fraudes maciças".
Em meio a um processo democrático caótico no país mais pobre da América, que ainda não se reconstruiu depois do violento terremoto de 2010 e foi duramente atingido por um furacão neste ano, a maioria da população do Haiti não foi às urnas. A participação foi de apenas 21,69%.
Quando eu era editor internacional do Repórter Brasil, da TV Brasil, entrevistei o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon. Uma das perguntas foi: "A sociedade internacional vai fracassar mais uma vez no Haiti?"
Ban deu um sorriso amarelo de quem não gostou muito do questionamento à seriedade do compromisso do resto do mundo com o Haiti e garantiu que não. Desta vez, afirmou o secretário-geral da ONU, com promessas de ajuda internacional de US$ 10 bilhões feitas depois do terremoto de Porto Príncipe, os haitianos teriam uma chance de sair da miséria. O mundo continua devendo.
Em segundo lugar, ficou Jude Célestin, da Liga Alternativa pelo Progresso e a Emancipação Haitiana (LAPEH), com 19,52% dos votos, seguido por Moïse-Jean Charles com 11,04%, Maryse Narcisse com 8,99%, anunciou Uder Antoine, alto funcionário do Conselho Eleitoral Provisório.
A votação transcorreu sem maiores incidentes, mas a tensão cresceu durante a apuração. Quando o Partido Haitiano Tèt Kale (PHTK) declarou vitória, no dia seguinte, centenas de partidários de Maryse Narcisse reagiram furiosamente. Tèt Kale é cabeça careca no dialeto haitiano creole.
A eleição presidencial anterior, realizada em 25 de outubro de 2015, foi anulada por causa de "fraudes maciças".
Em meio a um processo democrático caótico no país mais pobre da América, que ainda não se reconstruiu depois do violento terremoto de 2010 e foi duramente atingido por um furacão neste ano, a maioria da população do Haiti não foi às urnas. A participação foi de apenas 21,69%.
Quando eu era editor internacional do Repórter Brasil, da TV Brasil, entrevistei o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon. Uma das perguntas foi: "A sociedade internacional vai fracassar mais uma vez no Haiti?"
Ban deu um sorriso amarelo de quem não gostou muito do questionamento à seriedade do compromisso do resto do mundo com o Haiti e garantiu que não. Desta vez, afirmou o secretário-geral da ONU, com promessas de ajuda internacional de US$ 10 bilhões feitas depois do terremoto de Porto Príncipe, os haitianos teriam uma chance de sair da miséria. O mundo continua devendo.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Fillon venceria primeiro turno hoje na França, indica pesquisa
O ex-primeiro-ministro conservador François Fillon, candidato do partido de centro-direita Os Republicanos venceria hoje o primeiro turno da eleição presidencial na França, batendo a líder da Frente Nacional, de ultradireita, Marine Le Pen, indicou uma pesquisa do instituto Harris Interactive divulgada ontem.
A vantagem é pequena, dentro da margem de erro da pesquisa. Fillon teve 26% das preferências contra 24% para Marine. Ambos ficaram muito à frente do candidato do Partido Socialista. Tanto o presidente François Hollande quanto o primeiro-ministro Manuel Valls ficaram com 9%.
Fillon foi escolhido ontem. Ele venceu o ex-primeiro-ministro Alain Juppé por ampla vantagem, de 66,5% a 33,5%, na eleição primária da centro-direita, que pela primeira vez foi aberta a todos os franceses e não apenas aos filiados ao partido gaulista, herdeiro da tradição política do general Charles de Gaulle, o governador da França no exílio durante a Segunda Guerra Mundial.
Com De Gaulle (1958-69), Georges Pompidou (1969-74), Jacques Chirac (1995-2007) e Nicolas Sarkozy (2007-12), é o partido que ficou mais tempo no poder na 5ª República.
O PS convocou uma eleição primária para legitimar a candidatura do presidente Hollande. Com sua popularidade abaixo de 10%, o presidente da Assembleia Nacional, Claude Bortolone, defendeu a ampliação da primária, com a participação do primeiro-ministro Valls, do ex-ministro da Economia Emmanuel Macron e até mesmo do líder da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que no fim de semana recebeu o apoio do Partido Comunista Francês (PCF).
A primária da esquerda será realizada em 22 e 29 de janeiro. A esperança é que produza uma candidatura competitiva para a esquerda não ficar fora do segundo turno da eleição presidencial, marcada para 23 de abril e 7 de maio de 2017.
No fim de semana, Valls manifestou a intenção de ser candidato e criticou Hollande. Como não foi demitido hoje, o presidente começa a aceitar a possibilidade de não ser candidato à reeleição.
A vantagem é pequena, dentro da margem de erro da pesquisa. Fillon teve 26% das preferências contra 24% para Marine. Ambos ficaram muito à frente do candidato do Partido Socialista. Tanto o presidente François Hollande quanto o primeiro-ministro Manuel Valls ficaram com 9%.
Fillon foi escolhido ontem. Ele venceu o ex-primeiro-ministro Alain Juppé por ampla vantagem, de 66,5% a 33,5%, na eleição primária da centro-direita, que pela primeira vez foi aberta a todos os franceses e não apenas aos filiados ao partido gaulista, herdeiro da tradição política do general Charles de Gaulle, o governador da França no exílio durante a Segunda Guerra Mundial.
Com De Gaulle (1958-69), Georges Pompidou (1969-74), Jacques Chirac (1995-2007) e Nicolas Sarkozy (2007-12), é o partido que ficou mais tempo no poder na 5ª República.
O PS convocou uma eleição primária para legitimar a candidatura do presidente Hollande. Com sua popularidade abaixo de 10%, o presidente da Assembleia Nacional, Claude Bortolone, defendeu a ampliação da primária, com a participação do primeiro-ministro Valls, do ex-ministro da Economia Emmanuel Macron e até mesmo do líder da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que no fim de semana recebeu o apoio do Partido Comunista Francês (PCF).
A primária da esquerda será realizada em 22 e 29 de janeiro. A esperança é que produza uma candidatura competitiva para a esquerda não ficar fora do segundo turno da eleição presidencial, marcada para 23 de abril e 7 de maio de 2017.
No fim de semana, Valls manifestou a intenção de ser candidato e criticou Hollande. Como não foi demitido hoje, o presidente começa a aceitar a possibilidade de não ser candidato à reeleição.
Trump alega fraude para justificar derrota no voto popular
Em mais uma declaração sem precedentes para um presidente eleito dos Estados Unidos, o magnata imobiliário Donald Trump afirmou ontem que perdeu a eleição no voto popular para a ex-secretária de Estado Hillary Clinton por causa de "milhões de pessoas que votaram ilegalmente".
Sem apresentar qualquer prova, Trump disparou no Twitter: "Além de ganhar no Colégio Eleitoral numa avalanche, eu também ganhei no voto popular se forem descontados os votos de milhões de pessoas que votaram ilegalmente."
O candidato do Partido Republicano venceu no Colégio Eleitoral, que reúne um número de delegados representantes dos estados igual ao número de deputados federais e senadores daquele estado. Com duas exceções, quem ganha no voto popular num estado leva todos os delegados do estado no Colégio Eleitoral. Assim, os votos no candidato derrotado não contam.
A vantagem de mais de 2 milhões de votos da candidata democrata, Hillary Clinton, no voto popular se deve à Califórnia, o maior e mais rico dos estados americanos.
Enquanto isso, a candidata do Partido Verde, Jill Stein, anunciou ter arrecadado dinheiro suficiente para pedir uma recontagem dos votos. Já fez o pedido formal em Wisconsin e pode fazer o mesmo em Michigan e na Pensilvânia. A vitória nesses três estados foi decisiva para o triunfo do candidato republicano. O presidente eleito reagiu furiosamente, acusando Hillary de não reconhecer a derrota.
Quem esperava que o presidente Trump seria diferente do candidato Trump pode se preparar para um período turbulento. O presidente eleito usa a Teoria dos Jogos numa lógica transacional, jogando uns contra os outros para manter o controle. É um presidente aprendiz, nome do programa em que Trump massacrava candidatos a emprego como um tubarão da indústria.
Sem apresentar qualquer prova, Trump disparou no Twitter: "Além de ganhar no Colégio Eleitoral numa avalanche, eu também ganhei no voto popular se forem descontados os votos de milhões de pessoas que votaram ilegalmente."
O candidato do Partido Republicano venceu no Colégio Eleitoral, que reúne um número de delegados representantes dos estados igual ao número de deputados federais e senadores daquele estado. Com duas exceções, quem ganha no voto popular num estado leva todos os delegados do estado no Colégio Eleitoral. Assim, os votos no candidato derrotado não contam.
A vantagem de mais de 2 milhões de votos da candidata democrata, Hillary Clinton, no voto popular se deve à Califórnia, o maior e mais rico dos estados americanos.
Enquanto isso, a candidata do Partido Verde, Jill Stein, anunciou ter arrecadado dinheiro suficiente para pedir uma recontagem dos votos. Já fez o pedido formal em Wisconsin e pode fazer o mesmo em Michigan e na Pensilvânia. A vitória nesses três estados foi decisiva para o triunfo do candidato republicano. O presidente eleito reagiu furiosamente, acusando Hillary de não reconhecer a derrota.
Quem esperava que o presidente Trump seria diferente do candidato Trump pode se preparar para um período turbulento. O presidente eleito usa a Teoria dos Jogos numa lógica transacional, jogando uns contra os outros para manter o controle. É um presidente aprendiz, nome do programa em que Trump massacrava candidatos a emprego como um tubarão da indústria.
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domingo, 27 de novembro de 2016
Líder do PS quer Hollande, Valls e Macron na primária da esquerda
O presidente da Assembleia Nacional da França, o deputado socialista Claude Bartolone, defendeu no fim de semana a participação do presidente François Holande, do primeiro-ministro Manuel Valls, do ex-ministro da Economia Emmanuel Macron e do líder da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, na eleição primária da esquerda, marcada para 22 e 29 de janeiro. O objetivo é ter uma candidatura forte, capaz de chegar ao segundo turno.
Com a impopularidade de Hollande pouco acima de 10%, as pesquisas indicam que o Partido Socialista pode perder a eleição presidencial de 2017 no primeiro turno, marcado para 23 de abril. Marine Le Pen, da neofascista Frente Nacional, disputaria o Palácio Eliseu com o ex-primeiro-ministro François Fillon, consagrado ontem como o candidato de centro-direita.
Em condições normais, não haveria uma eleição primária do PS. O presidente seria candidato natural à reeleição, mas a expectativa de uma derrota esmagadora assusta o partido. Com um debate entre presidente e primeiro-ministro, argumentou Bortolone, haveria um "eletrochoque" numa esquerda que parece aceitar a derrota como inevitável.
"Eu não sei em que votar, mas sei uma coisa: não será uma pequena primária que pode nos salvar", declarou no sábado o presidente da Assembleia Nacional. "Gostaria que Macron participasse da primária, que Valls participasse da primária, que Hollande participasse da primária, que Mélenchon venha exprimir suas diferenças no seio da primária."
Hollande prometeu anunciar sua decisão até 15 de dezembro. Ele apostava numa queda do desemprego para turbinar sua candidatura. O anúncio do primeiro-ministro Valls de que vai participar da primária da esquerda é de certa forma uma traição ao chefe, mas dá um alívio ao partido, que pode assim ter um candidato mais competitivo.
Dificilmente Mélenchon vai se aproximar de um PS que usou um mecanismo excepcional para reformar a lei do trabalho sem votação na Assembleia Nacional, reduzindo direitos, algo inaceitável para a ultraesquerda. No fim de semana, 54% do Partido Comunista Francês (PCF) preferiram apoiar Mélenchon e sua Frente de Esquerda em vez de lançar seu próprio candidato ao Palácio do Eliseu.
Com a impopularidade de Hollande pouco acima de 10%, as pesquisas indicam que o Partido Socialista pode perder a eleição presidencial de 2017 no primeiro turno, marcado para 23 de abril. Marine Le Pen, da neofascista Frente Nacional, disputaria o Palácio Eliseu com o ex-primeiro-ministro François Fillon, consagrado ontem como o candidato de centro-direita.
Em condições normais, não haveria uma eleição primária do PS. O presidente seria candidato natural à reeleição, mas a expectativa de uma derrota esmagadora assusta o partido. Com um debate entre presidente e primeiro-ministro, argumentou Bortolone, haveria um "eletrochoque" numa esquerda que parece aceitar a derrota como inevitável.
"Eu não sei em que votar, mas sei uma coisa: não será uma pequena primária que pode nos salvar", declarou no sábado o presidente da Assembleia Nacional. "Gostaria que Macron participasse da primária, que Valls participasse da primária, que Hollande participasse da primária, que Mélenchon venha exprimir suas diferenças no seio da primária."
Hollande prometeu anunciar sua decisão até 15 de dezembro. Ele apostava numa queda do desemprego para turbinar sua candidatura. O anúncio do primeiro-ministro Valls de que vai participar da primária da esquerda é de certa forma uma traição ao chefe, mas dá um alívio ao partido, que pode assim ter um candidato mais competitivo.
Dificilmente Mélenchon vai se aproximar de um PS que usou um mecanismo excepcional para reformar a lei do trabalho sem votação na Assembleia Nacional, reduzindo direitos, algo inaceitável para a ultraesquerda. No fim de semana, 54% do Partido Comunista Francês (PCF) preferiram apoiar Mélenchon e sua Frente de Esquerda em vez de lançar seu próprio candidato ao Palácio do Eliseu.
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Fillon será o candidato de centro-direita na França
O ex-primeiro-ministro François Fillon venceu hoje a eleição primária para escolher o candidato do partido Os Republicanos, de centro-direita, à Presidência da França por ampla vantagem. Com 90% das urnas apuradas, tinha 66,5% contra 33,5% para o ex-primeiro-ministro Alain Juppé.
Vitorioso em apenas dois departamentos, Juppé logo reconheceu a derrota. No primeiro turno, realizado no domingo passado, Fillon obteve 44,1% dos votos (1,89 milhão) contra 28,6% (1,22 milhão) para Juppé e 20,7% (880 mil) para o ex-presidente Nicolas Sarkozy, que apoiou Fillon no segundo turno.
"É uma vitória de fundo baseada nas minhas convicções depois de três anos apresentando meu projeto e meus valores", declarou Fillon, considerado moderado politicamente e ultraliberal em economia, a ponto de ser comparado com a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-90).
Fillon é desde já o candidato favorito à Presidência da França em 2017. Por causa da impopularidade do presidente François Hollande, as pesquisas indicam que o Partido Socialista não passe do primeiro turno, em 23 de abril. No segundo turno, em 7 de abril, o candidato republicano enfrentaria a líder da neofascista Frente Nacional, Marine Le Pen.
Se for eleito presidente, Fillon pretende dar um choque de liberalismo na economia francesa. O seguro-desemprego, por exemplo, deve se tornar regressivo, diminuindo depois de alguns meses de inatividade. Hoje o trabalhador tem direito pelo período em que esteve no último emprego até um limite de dois anos ou de três anos para maiores de 50 anos.
"A pobreza aumenta com o desemprego, então a chave para a recuperação da França é o pleno emprego", afirmou na campanha o candidato republicano.
Outra proposta de Fillon é acabar com os empregos subsidiados, contratos com ajuda para quem oferecer trabalho a jovens, especialmente o primeiro emprego. "Os ditos do contratos do futuro ou de geração custam 1,4 bilhão de euros por ano. Com que resultado?", questiona o ex-primeiro-ministro. "Eles não garantem a inserção no mercado de trabalho e distorcem a concorrência."
Para a diretora do Centro de Estudos do Emprego, Christine Erhel, a avaliação do candidato é "totalmente irrealista". Os contratos do futuro, criados em 2012 para combater o desemprego entre os jovens e dar oportunidade a quem não tem experiência, beneficiam hoje 300 mil pessoas.
O ex-primeiro-ministro considera o atual salário mínimo, de 1.173,43 euros, adequado, mas é contra reajustes automáticos, a não ser para compensar a inflação.
No setor público, Fillon quer aumentar a jornada semanal de trabalho de 35 para 39 horas, um aumento de 10% no tempo trabalhado, e cortar 500 mil empregos, duas vezes mais do que Juppé prometia.
No setor privado, o aumento da jornada semanal seria ainda maior, passando das atuais 35 horas para o limite estabelecido na legislação da União Europeia, 48 horas por semana.
A idade mínima para a aposentadoria vai mudar de 62 para 65 anos. Os regimes de aposentadoria de empregados públicos e privados será harmonizado.
O imposto sobre grandes fortunas será abolido. Fillon o acusa de "provocar fuga de capitais".
Além de cortes de impostos, o candidato republicano pretende "simplificar drasticamente" a Lei do Trabalho da França, mais longa do que a Bíblia, e "recentrá-la sobre as normais sociais fundamentais". Ele promete fazer 50% das compras governamentais de pequenas e médias empresas. Em 2013, foram apenas 27%.
Vitorioso em apenas dois departamentos, Juppé logo reconheceu a derrota. No primeiro turno, realizado no domingo passado, Fillon obteve 44,1% dos votos (1,89 milhão) contra 28,6% (1,22 milhão) para Juppé e 20,7% (880 mil) para o ex-presidente Nicolas Sarkozy, que apoiou Fillon no segundo turno.
"É uma vitória de fundo baseada nas minhas convicções depois de três anos apresentando meu projeto e meus valores", declarou Fillon, considerado moderado politicamente e ultraliberal em economia, a ponto de ser comparado com a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-90).
Fillon é desde já o candidato favorito à Presidência da França em 2017. Por causa da impopularidade do presidente François Hollande, as pesquisas indicam que o Partido Socialista não passe do primeiro turno, em 23 de abril. No segundo turno, em 7 de abril, o candidato republicano enfrentaria a líder da neofascista Frente Nacional, Marine Le Pen.
Se for eleito presidente, Fillon pretende dar um choque de liberalismo na economia francesa. O seguro-desemprego, por exemplo, deve se tornar regressivo, diminuindo depois de alguns meses de inatividade. Hoje o trabalhador tem direito pelo período em que esteve no último emprego até um limite de dois anos ou de três anos para maiores de 50 anos.
"A pobreza aumenta com o desemprego, então a chave para a recuperação da França é o pleno emprego", afirmou na campanha o candidato republicano.
Outra proposta de Fillon é acabar com os empregos subsidiados, contratos com ajuda para quem oferecer trabalho a jovens, especialmente o primeiro emprego. "Os ditos do contratos do futuro ou de geração custam 1,4 bilhão de euros por ano. Com que resultado?", questiona o ex-primeiro-ministro. "Eles não garantem a inserção no mercado de trabalho e distorcem a concorrência."
Para a diretora do Centro de Estudos do Emprego, Christine Erhel, a avaliação do candidato é "totalmente irrealista". Os contratos do futuro, criados em 2012 para combater o desemprego entre os jovens e dar oportunidade a quem não tem experiência, beneficiam hoje 300 mil pessoas.
O ex-primeiro-ministro considera o atual salário mínimo, de 1.173,43 euros, adequado, mas é contra reajustes automáticos, a não ser para compensar a inflação.
No setor público, Fillon quer aumentar a jornada semanal de trabalho de 35 para 39 horas, um aumento de 10% no tempo trabalhado, e cortar 500 mil empregos, duas vezes mais do que Juppé prometia.
No setor privado, o aumento da jornada semanal seria ainda maior, passando das atuais 35 horas para o limite estabelecido na legislação da União Europeia, 48 horas por semana.
A idade mínima para a aposentadoria vai mudar de 62 para 65 anos. Os regimes de aposentadoria de empregados públicos e privados será harmonizado.
O imposto sobre grandes fortunas será abolido. Fillon o acusa de "provocar fuga de capitais".
Além de cortes de impostos, o candidato republicano pretende "simplificar drasticamente" a Lei do Trabalho da França, mais longa do que a Bíblia, e "recentrá-la sobre as normais sociais fundamentais". Ele promete fazer 50% das compras governamentais de pequenas e médias empresas. Em 2013, foram apenas 27%.
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Regime sírio retoma distritos-chaves de Alepo
Com o apoio de bombardeios da Rússia e da Síria, forças leais à ditadura de Bachar Assad reassumiram ontem o controle do distrito de Hanano e hoje de Jabal Badro, no Nordeste de Alepo, a maior cidade do país, informou hoje a televisão pública britânica BBC.
Pelo menos 219 civis morreram na ofensiva, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental que monitora a guerra civil. Cerca de 900 civis fugiram de Jabal Badro antes do assalto final, disseram agências de notícias russas. Estima-se que 275 mil pessoas sobrevivam no Leste de Alepo, dominado pelos rebeldes. Alvo de intensos bombardeios, a região está sem água e sem energia elétrica.
O distrito de Hanano foi o primeiro a ser tomado pelos rebeldes na cidade, considerada a capital econômica da Síria, e era o maior ainda dominado por eles. A retomada dos dois distritos vai permitir às tropas do governo dividir a cidade entre Norte e Sul, apertando o cerco sobre os rebeldes entrincheirados na Zona Leste.
A reconquista de Alepo pode ser um movimento decisivo na guerra civil síria. É a última cidade importante com uma área ainda dominada pelos rebeldes. Tanto a Rússia quanto a ditadura de Assad apostam na vitória na Batalha de Alepo como fundamental para convencer o resto do mundo de que os rebeldes não têm a menor chance de tomar o poder. Mas não significa que os rebeldes e os países que o apoiam vão desistir de derrubar o ditador sírio.
Pelo menos 219 civis morreram na ofensiva, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental que monitora a guerra civil. Cerca de 900 civis fugiram de Jabal Badro antes do assalto final, disseram agências de notícias russas. Estima-se que 275 mil pessoas sobrevivam no Leste de Alepo, dominado pelos rebeldes. Alvo de intensos bombardeios, a região está sem água e sem energia elétrica.
O distrito de Hanano foi o primeiro a ser tomado pelos rebeldes na cidade, considerada a capital econômica da Síria, e era o maior ainda dominado por eles. A retomada dos dois distritos vai permitir às tropas do governo dividir a cidade entre Norte e Sul, apertando o cerco sobre os rebeldes entrincheirados na Zona Leste.
A reconquista de Alepo pode ser um movimento decisivo na guerra civil síria. É a última cidade importante com uma área ainda dominada pelos rebeldes. Tanto a Rússia quanto a ditadura de Assad apostam na vitória na Batalha de Alepo como fundamental para convencer o resto do mundo de que os rebeldes não têm a menor chance de tomar o poder. Mas não significa que os rebeldes e os países que o apoiam vão desistir de derrubar o ditador sírio.
Israel bombardeia Estado Islâmico na Síria
A Força Aérea de Israel bombardeou hoje pela primeira vez milicianos ligados à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, matando pelo menos quatro combatentes da Brigada dos Mártires de Yarmouk, noticiou a agência Reuters.
Os milicianos, entrincheirados do lado sírio da fronteira, atacaram tropas israelenses que patrulhavam as Colinas do Golã, um dos territórios árabes ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. No contra-ataque, Israel destruiu um conjunto de prédios usados como quartel pelo grupo.
Em mais de cinco anos e meio de guerra civil na Síria, poucas vezes Israel teve de responder a ataques lançados do outro lado da fronteira, mas houve casos de mísseis e bombas que erraram o alvo e acabaram em território israelense.
A maior preocupação de Israel na guerra civil da Síria é atacar as linhas de suprimento da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), um inimigo histórico que pode atacar Israel se sair fortalecida do conflito sírio.
Os milicianos, entrincheirados do lado sírio da fronteira, atacaram tropas israelenses que patrulhavam as Colinas do Golã, um dos territórios árabes ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. No contra-ataque, Israel destruiu um conjunto de prédios usados como quartel pelo grupo.
Em mais de cinco anos e meio de guerra civil na Síria, poucas vezes Israel teve de responder a ataques lançados do outro lado da fronteira, mas houve casos de mísseis e bombas que erraram o alvo e acabaram em território israelense.
A maior preocupação de Israel na guerra civil da Síria é atacar as linhas de suprimento da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), um inimigo histórico que pode atacar Israel se sair fortalecida do conflito sírio.
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sábado, 26 de novembro de 2016
Fidel Castro morre aos 90 anos
O ditador cubano Fidel Castro morreu ontem aos 90 anos, seis anos depois de transferir o poder ao irmão Raúl Castro e 57 anos depois da vitória da Revolução Cubana. O governo decretou luto oficial por nove dias. Fidel será cremado e as cinzas levadas para Santiago de Cuba, fazendo o caminho inverso ao dos guerrilheiros quando tomaram o poder.
Grande herói da esquerda latino-americana durante a Guerra Fria, seu regime comunista, instalado a 144 quilômetros da Flórida, foi um desafio aos Estados Unidos, fomentou guerrilhas anticapitalistas e gerou a maior ameaça de guerra nuclear da história.
Em 14 de outubro de 1962, um avião espião U-2, dos EUA, fotografou a construção de instalações para abrigar mísseis nucleares soviéticos em Cuba. Isso neutralizaria a superioridade americana em mísseis de longo alcance e daria à União Soviética a capacidade de lançar um primeiro ataque.
O presidente John Kennedy impôs um bloqueio naval a Cuba e ameaçou abordar os navios soviéticos que entrassem na área. Em 27 de outubro, quando os EUA se preparavam para invadir a ilha, a URSS recuou e concordou em retirar os mísseis nucleares de Cuba. Em troca, os EUA retiraram mísseis de curto alcance já obsoletos da Turquia e assumiram o compromisso informal de não invadir Cuba.
Fidel começou a entrar para a história anos antes, com o assalto ao Quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953, início de sua luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista. A operação fracassou. Fidel foi preso e condenado.
Durante o julgamento, ao fazer sua própria defesa, Fidel proferiu uma de suas frases célebres: "A história me absolverá." Não foi original. Adolf Hitler disse isso em sua defesa no julgamento do putsch de 1923 na Alemanha.
Depois de um ano e 10 meses de prisão, Fidel foi beneficiado por uma anistia geral em maio de 1955. Meses depois, ele se asilou nos EUA e depois no México, onde conheceu o médico argentino Ernesto Guevara, que já tinha ideias marxistas.
Em 2 de dezembro de 1956, com 83 homens, o Movimento 26 de Julho desembarcou em Cuba para retomar seu projeto revolucionário. Surpreendido dias depois, foi dizimado pelo Exército. Os 18 sobreviventes, entre eles os irmãos Castro e Che Guevara, se refugiaram na Sierra Maestra e iniciaram uma guerra de guerrilhas contra a ditadura de Batista, que tinha 40 mil homens nas forças de segurança.
No ano seguinte, Fidel divulgou o Manifesto da Sierra Maestra, prometendo convocar eleições diretas depois da vitória da revolução e entregar o poder ao eleito. Jamais cumpriu a promessa. Mas conseguiu formar um exército rebelde de 800 homens.
Com o avanço dos guerrilheiros, o general Eulogio Cantillo propôs uma aliança aos rebeldes para dar um golpe de Estado contra Batista. Fidel imaginou que era apenas um pretexto para a fuga de Batista. O golpe foi dado em 30 de dezembro de 1958. Batista fugiu, mas Fidel não abandonou a luta.
Em 1º de janeiro de 1959, os revolucionários tomaram Havana. Fidel entrou triunfante na capital cubana em 8 de janeiro e declarou: "A tirania foi derrotada. A alegria é imensa. E, no entanto, ainda há muito a fazer. Não nos enganamos em acreditar que adiante tudo será fácil; quem sabe tudo seja mais difícil. Dizer a verdade é o primeiro dever de todo revolucionário. Enganar o povo, despertar-lhe ilusões enganosas, sempre trará as piores consequência. E estimo que há que alertar o povo para o excesso de otimismo."
Fidel foi nomeado primeiro-ministro em 16 de fevereiro de 1959, rompeu com os revolucionários mais liberais, fuzilou os inimigos no paredón e impôs um regime autoritário, acusado pela morte de pelo menos 8,2 mil pessoas pelo Arquivo de Cuba, nos EUA.
Em 3 de dezembro de 1976, Fidel Castro foi eleito presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros acumulando os cargos de presidente, primeiro-ministro e líder do Partido Comunista até 24 de fevereiro de 2008. Na prática, depois de uma hemorragia intestinal que quase o matou, passou o poder a Raúl em 31 de julho de 2006, mantendo apenas a liderança do partido.
O conflito com os EUA começou com a aprovação da primeira Lei de Reforma Agrária, estatizando as propriedades de americanos na ilha. Em outubro de 1959, o presidente Dwight Eisenhower ordenou as primeiras ações secretas dos EUA contra o regime revolucionário cubano.
Em fevereiro de 1960, a União Soviética deu um crédito de US$ 100 milhões a Cuba e fechou contratos para comprar açúcar e vender petróleo à ilha. Em junho daquele ano, a revolução confiscou as refinarias das companhias de petróleo Esso, Shell e Texaco.
Durante a reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas de setembro de 1960, Fidel foi a Nova York, onde se encontrou com o primeiro-ministro soviético, Nikita Kruschev; o presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser; o primeiro-minisro da Índia, Jawaharlal Nehru; e o líder negro americano Malcolm X.
Quando perguntaram a Kruschev se Fidel era comunista, o líder soviético respondeu: "Não sei se Fidel é comunista. Eu sou fidelista."
De volta a Cuba, Fidel criou os Comitês de Defesa da Revolução, em 28 de setembro de 1960. Em 15 de outubro, confiscou as propriedades urbanas dos americanos em Cuba.
Quatro dias depois, começa o embargo econômico dos EUA. Washington proíbe as exportações a Cuba, com a exceção de alimentos, medicamentos e alguns suprimentos médicos. Em 16 de dezembro, Eisenhower zerou a cota de açúcar importado da ilha.
Em 3 de janeiro de 1961, 17 dias antes da posse de Kennedy, os EUA romperam as relações diplomáticas com Cuba, reatadas pelo presidente Barack Obama em 2014. Esse reatamento está ameaçado pela eleição de Donald Trump.
Kennedy herdou um plano de invasão de Cuba preparado pelo vice-presidente de Eisenhower, Richard Nixon, um notório anticomunista. Em 15 de abril de 1961, oito aviões americanos bombardeiam aeroportos militares em Cuba.
No discurso em homenagem às vítimas, no dia seguinte, Fidel proclamou o caráter socialista da revolução cubana: "Isso é o que não podem perdoar, que estejamos aqui em seus narizes e tenhamos feito uma revolução socialista."
Na madrugada de 17 de abril, cerca de 1,5 mil homens desembarcaram na Baía dos Porcos. A contraofensiva cubana é dirigida pessoalmente pelo comandante. A invasão fracassou em 72 horas; 1.197 invasores foram presos, condenados e devolvidos aos EUA em troca de remédios e alimentos. O episódio ficou conhecido como a troca de "compotas por mercenários".
Em 30 de novembro de 1961, Kennedy autorizou um programa de guerra subversiva contra a revolução cubana. A partir de 7 de fevereiro de 1962, os EUA impuseram um embargo comercial, econômico e financeiro total a Cuba.
Desde 1992, o embargo é lei aprovada pelo Congresso dos EUA. Assim, só pode ser revogada pelo Poder Legislativo. Obama defendeu o fim do embargo, mas a maioria do Partido Republicano na Câmara e no Senado inviabiliza isso.
A Lei Helms-Burton, de 1996, endureceu ainda mais o embargo. Para acabar com as sanções, exige a dissolução dos serviços secretos, a libertação de todos os presos políticos, a realização de eleições livres, democráticas e multipartidárias, e proíbe o reconhecimento de qualquer governo com a participação dos irmãos Castro.
Depois da invasão da Baía dos Porcos, Fidel pediu garantias de segurança à URSS, que decidiu instalar mísseis nucleares em Cuba. O projeto fracassou por causa de erros da burocracia soviética.
Quando a URSS lançou o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik, em 4 de outubro de 1957, os EUA ficaram alarmados com o risco de um ataque nuclear com foguete. Em 1962, os EUA tinham ampla superioridade em mísseis nucleares de longo alcance, capazes de atacar diretamente o inimigo.
A URSS perdeu a supremacia prometida pelo Sputnik porque as Forças de Foguetes Estratégicos estavam ligadas ao Exército Vermelho, mais preocupado com uma guerra na Europa, mas mais eficiente que outros setores da burocracia soviética.
Antes de construir os silos que abrigariam os mísseis, os soviéticos deveriam ter instalado mísseis antiaéreos. Como não fizeram isso, porque o Exército Vermelho foi mais eficiente que a defesa antiaérea, em 14 de outubro de 1962, um avião americano fotografou os mísseis.
Durante o bloqueio, um oficial soviético chegou a preparar um ataque para romper o cerco americano à ilha. Ao não ordenar o disparo, evitou uma guerra nuclear.
Os EUA estavam prestes a invadir Cuba quando um jornalista dublê de agente secreto estranhou a falta de colegas americanos na cafeteria do Congresso. Um funcionário desavisado revelou que estavam todos indo para Cuba cobrir a invasão americana. O agente ligou para o Kremlin, Kruschev recuou e o mundo foi poupado de uma guerra potenciamente devastadora.
Em 27 de outubro de 1962, as baterias antiaéreas derrubaram um avião espião U-2, mas naquele momento a solução estava negociada. Um erro da burocracia soviética levou a um recuo humilhante. Dois anos depois, Kruschev cairia sendo substituído por Leonid Brejnev (1964-82), que liderou uma era de estagnação da economia soviética abrindo caminho para as reformas de Mikhail Gorbachev.
Se os EUA assumiram um compromisso informal de não invadir Cuba, intensificaram as ações secretas para tentar matar o ditador cubano. Foram 638 tentativas até 2007, a maioria em governos de presidentes conservadores como Nixon e Ronald Reagan. Fidel sempre viajava com seu próprio cozinheiro e sua própria comida. Até de charutos envenenados foi alvo.
Sob o cerco dos EUA, do embargo e com a aliança com a URSS como boia de salvação do regime, a revolução cubana tornou-se cada vez mais uma ditadura. Vendo o que aconteceu com o governo socialista de Salvador Allende, eleito democraticamente no Chile, dá para supor que a revolução cubana não sobreviveria a uma abertura democrática durante a Guerra Fria.
O regime comunista cubano treinou e financiou movimentos guerrilheiros de esquerda na América Latina, inclusive no Brasil. Em novembro de 1975, interveio na guerra civil que se seguiu à independência de Angola em favor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder até hoje, em resposta a uma intervenção militar do regime segregacionista branco da África do Sul em apoio aos grupos direitistas Frente Nacional de Libertação de Angola (FPLA) e União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita).
Em 1977, Cuba entrou na Guerra de Ogaden, na Etiópia, em apoio a um governo africano aliado da URSS.
Durante uma crise econômica grave, em 1980, depois do segundo choque do petróleo com a Revolução Islâmica no Irã em 1979, para pressionar os EUA e sua política de receber exilados cubanos, Fidel liberou a emigração através de Porto Mariel. Mais de 120 mil marielitos fugiram do país.
Com a ascensão de Mikhail Gorbachev a líder do Partido Comunista da URSS e sua abertura política e econômica, a partir de 1985, o regime comunista cubano, fiel à tradição stalinista, começou a perder o apoio de seu patrocinador histórico.
O colapso do comunismo a partir da queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, e do fim da URSS, em dezembro de 1991, provocou a pior crise do regime comunista, levando ao "período especial", de um racionamento extremo. Apesar do sol, da água e do solo fértil, o paraíso comunista de Fidel nunca foi capaz de produzir comida farta.
Uma nova boia de salvação seria lançada com a ascensão de Hugo Chávez à Presidência da Venezuela, em 1999. Cuba voltou a receber petróleo subsidiado em troca de uma ajuda com médicos, professores, assessores militares e de segurança.
Quando a doença o abateu, em 2006, Fidel teve a cara de pau de dizer, depois de 47 anos no poder, que não se apegaria a cargos. Seu irmão, Raúl, promoveu uma abertura econômica moderada, autorizando a criação de pequenas empresas para combater o desemprego crônico na ilha e tentar manter o regime.
Esta brecha estimulou o presidente Obama a reatar as relações entre os EUA e Cuba, com a ajuda do Vaticano e do papa Francisco. Em dezembro de 2014, Obama e Raúl anunciaram o reatamento simultaneamente. O embargo permanece, mas a abertura para diários e remessas de dinheiro levarão mais cedo ou mais tarde a força revolucionária do dólar para subverter o que resta da revolução castrista.
Fidel disputa com o Che a posição de maior líder revolucionário da América Latina no século 20. Foi o maior símbolo da resistência da região ao imperialismo americano, mas a revolução fracassou. em criar uma nação independente.
A economia estatizada nunca funcionou. Sempre dependeu de ajuda externa. Mas a vida em Cuba para o cidadão comum era muito melhor do que em outros países da América Central e do Caribe. Quando os europeus-orientais olhavam para o mundo do outro lado do Muro de Berlim, viam a prosperidade da Europa Ocidental. Os cubanos viam miséria e exploração a seu redor.
As grandes conquistas da revolução foram os avanços em saúde e educação, oferecidos gratuitamente. Mas uma sociedade onde um garçom e uma prostituta ganham num dia, em dólares, mais do que um médico ou professor é uma sociedade doente e inviável.
A morte de Fidel enterra mais uma vez o comunismo e a Guerra Fria. Livre do caudilho, Cuba pode entrar no século 21 e construir seu caminho rumo ao futuro.
Grande herói da esquerda latino-americana durante a Guerra Fria, seu regime comunista, instalado a 144 quilômetros da Flórida, foi um desafio aos Estados Unidos, fomentou guerrilhas anticapitalistas e gerou a maior ameaça de guerra nuclear da história.
Em 14 de outubro de 1962, um avião espião U-2, dos EUA, fotografou a construção de instalações para abrigar mísseis nucleares soviéticos em Cuba. Isso neutralizaria a superioridade americana em mísseis de longo alcance e daria à União Soviética a capacidade de lançar um primeiro ataque.
O presidente John Kennedy impôs um bloqueio naval a Cuba e ameaçou abordar os navios soviéticos que entrassem na área. Em 27 de outubro, quando os EUA se preparavam para invadir a ilha, a URSS recuou e concordou em retirar os mísseis nucleares de Cuba. Em troca, os EUA retiraram mísseis de curto alcance já obsoletos da Turquia e assumiram o compromisso informal de não invadir Cuba.
Fidel começou a entrar para a história anos antes, com o assalto ao Quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953, início de sua luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista. A operação fracassou. Fidel foi preso e condenado.
Durante o julgamento, ao fazer sua própria defesa, Fidel proferiu uma de suas frases célebres: "A história me absolverá." Não foi original. Adolf Hitler disse isso em sua defesa no julgamento do putsch de 1923 na Alemanha.
Depois de um ano e 10 meses de prisão, Fidel foi beneficiado por uma anistia geral em maio de 1955. Meses depois, ele se asilou nos EUA e depois no México, onde conheceu o médico argentino Ernesto Guevara, que já tinha ideias marxistas.
Em 2 de dezembro de 1956, com 83 homens, o Movimento 26 de Julho desembarcou em Cuba para retomar seu projeto revolucionário. Surpreendido dias depois, foi dizimado pelo Exército. Os 18 sobreviventes, entre eles os irmãos Castro e Che Guevara, se refugiaram na Sierra Maestra e iniciaram uma guerra de guerrilhas contra a ditadura de Batista, que tinha 40 mil homens nas forças de segurança.
No ano seguinte, Fidel divulgou o Manifesto da Sierra Maestra, prometendo convocar eleições diretas depois da vitória da revolução e entregar o poder ao eleito. Jamais cumpriu a promessa. Mas conseguiu formar um exército rebelde de 800 homens.
Com o avanço dos guerrilheiros, o general Eulogio Cantillo propôs uma aliança aos rebeldes para dar um golpe de Estado contra Batista. Fidel imaginou que era apenas um pretexto para a fuga de Batista. O golpe foi dado em 30 de dezembro de 1958. Batista fugiu, mas Fidel não abandonou a luta.
Em 1º de janeiro de 1959, os revolucionários tomaram Havana. Fidel entrou triunfante na capital cubana em 8 de janeiro e declarou: "A tirania foi derrotada. A alegria é imensa. E, no entanto, ainda há muito a fazer. Não nos enganamos em acreditar que adiante tudo será fácil; quem sabe tudo seja mais difícil. Dizer a verdade é o primeiro dever de todo revolucionário. Enganar o povo, despertar-lhe ilusões enganosas, sempre trará as piores consequência. E estimo que há que alertar o povo para o excesso de otimismo."
Fidel foi nomeado primeiro-ministro em 16 de fevereiro de 1959, rompeu com os revolucionários mais liberais, fuzilou os inimigos no paredón e impôs um regime autoritário, acusado pela morte de pelo menos 8,2 mil pessoas pelo Arquivo de Cuba, nos EUA.
Em 3 de dezembro de 1976, Fidel Castro foi eleito presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros acumulando os cargos de presidente, primeiro-ministro e líder do Partido Comunista até 24 de fevereiro de 2008. Na prática, depois de uma hemorragia intestinal que quase o matou, passou o poder a Raúl em 31 de julho de 2006, mantendo apenas a liderança do partido.
O conflito com os EUA começou com a aprovação da primeira Lei de Reforma Agrária, estatizando as propriedades de americanos na ilha. Em outubro de 1959, o presidente Dwight Eisenhower ordenou as primeiras ações secretas dos EUA contra o regime revolucionário cubano.
Em fevereiro de 1960, a União Soviética deu um crédito de US$ 100 milhões a Cuba e fechou contratos para comprar açúcar e vender petróleo à ilha. Em junho daquele ano, a revolução confiscou as refinarias das companhias de petróleo Esso, Shell e Texaco.
Durante a reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas de setembro de 1960, Fidel foi a Nova York, onde se encontrou com o primeiro-ministro soviético, Nikita Kruschev; o presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser; o primeiro-minisro da Índia, Jawaharlal Nehru; e o líder negro americano Malcolm X.
Quando perguntaram a Kruschev se Fidel era comunista, o líder soviético respondeu: "Não sei se Fidel é comunista. Eu sou fidelista."
De volta a Cuba, Fidel criou os Comitês de Defesa da Revolução, em 28 de setembro de 1960. Em 15 de outubro, confiscou as propriedades urbanas dos americanos em Cuba.
Quatro dias depois, começa o embargo econômico dos EUA. Washington proíbe as exportações a Cuba, com a exceção de alimentos, medicamentos e alguns suprimentos médicos. Em 16 de dezembro, Eisenhower zerou a cota de açúcar importado da ilha.
Em 3 de janeiro de 1961, 17 dias antes da posse de Kennedy, os EUA romperam as relações diplomáticas com Cuba, reatadas pelo presidente Barack Obama em 2014. Esse reatamento está ameaçado pela eleição de Donald Trump.
Kennedy herdou um plano de invasão de Cuba preparado pelo vice-presidente de Eisenhower, Richard Nixon, um notório anticomunista. Em 15 de abril de 1961, oito aviões americanos bombardeiam aeroportos militares em Cuba.
No discurso em homenagem às vítimas, no dia seguinte, Fidel proclamou o caráter socialista da revolução cubana: "Isso é o que não podem perdoar, que estejamos aqui em seus narizes e tenhamos feito uma revolução socialista."
Na madrugada de 17 de abril, cerca de 1,5 mil homens desembarcaram na Baía dos Porcos. A contraofensiva cubana é dirigida pessoalmente pelo comandante. A invasão fracassou em 72 horas; 1.197 invasores foram presos, condenados e devolvidos aos EUA em troca de remédios e alimentos. O episódio ficou conhecido como a troca de "compotas por mercenários".
Em 30 de novembro de 1961, Kennedy autorizou um programa de guerra subversiva contra a revolução cubana. A partir de 7 de fevereiro de 1962, os EUA impuseram um embargo comercial, econômico e financeiro total a Cuba.
Desde 1992, o embargo é lei aprovada pelo Congresso dos EUA. Assim, só pode ser revogada pelo Poder Legislativo. Obama defendeu o fim do embargo, mas a maioria do Partido Republicano na Câmara e no Senado inviabiliza isso.
A Lei Helms-Burton, de 1996, endureceu ainda mais o embargo. Para acabar com as sanções, exige a dissolução dos serviços secretos, a libertação de todos os presos políticos, a realização de eleições livres, democráticas e multipartidárias, e proíbe o reconhecimento de qualquer governo com a participação dos irmãos Castro.
Depois da invasão da Baía dos Porcos, Fidel pediu garantias de segurança à URSS, que decidiu instalar mísseis nucleares em Cuba. O projeto fracassou por causa de erros da burocracia soviética.
Quando a URSS lançou o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik, em 4 de outubro de 1957, os EUA ficaram alarmados com o risco de um ataque nuclear com foguete. Em 1962, os EUA tinham ampla superioridade em mísseis nucleares de longo alcance, capazes de atacar diretamente o inimigo.
A URSS perdeu a supremacia prometida pelo Sputnik porque as Forças de Foguetes Estratégicos estavam ligadas ao Exército Vermelho, mais preocupado com uma guerra na Europa, mas mais eficiente que outros setores da burocracia soviética.
Antes de construir os silos que abrigariam os mísseis, os soviéticos deveriam ter instalado mísseis antiaéreos. Como não fizeram isso, porque o Exército Vermelho foi mais eficiente que a defesa antiaérea, em 14 de outubro de 1962, um avião americano fotografou os mísseis.
Durante o bloqueio, um oficial soviético chegou a preparar um ataque para romper o cerco americano à ilha. Ao não ordenar o disparo, evitou uma guerra nuclear.
Os EUA estavam prestes a invadir Cuba quando um jornalista dublê de agente secreto estranhou a falta de colegas americanos na cafeteria do Congresso. Um funcionário desavisado revelou que estavam todos indo para Cuba cobrir a invasão americana. O agente ligou para o Kremlin, Kruschev recuou e o mundo foi poupado de uma guerra potenciamente devastadora.
Em 27 de outubro de 1962, as baterias antiaéreas derrubaram um avião espião U-2, mas naquele momento a solução estava negociada. Um erro da burocracia soviética levou a um recuo humilhante. Dois anos depois, Kruschev cairia sendo substituído por Leonid Brejnev (1964-82), que liderou uma era de estagnação da economia soviética abrindo caminho para as reformas de Mikhail Gorbachev.
Se os EUA assumiram um compromisso informal de não invadir Cuba, intensificaram as ações secretas para tentar matar o ditador cubano. Foram 638 tentativas até 2007, a maioria em governos de presidentes conservadores como Nixon e Ronald Reagan. Fidel sempre viajava com seu próprio cozinheiro e sua própria comida. Até de charutos envenenados foi alvo.
Sob o cerco dos EUA, do embargo e com a aliança com a URSS como boia de salvação do regime, a revolução cubana tornou-se cada vez mais uma ditadura. Vendo o que aconteceu com o governo socialista de Salvador Allende, eleito democraticamente no Chile, dá para supor que a revolução cubana não sobreviveria a uma abertura democrática durante a Guerra Fria.
O regime comunista cubano treinou e financiou movimentos guerrilheiros de esquerda na América Latina, inclusive no Brasil. Em novembro de 1975, interveio na guerra civil que se seguiu à independência de Angola em favor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder até hoje, em resposta a uma intervenção militar do regime segregacionista branco da África do Sul em apoio aos grupos direitistas Frente Nacional de Libertação de Angola (FPLA) e União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita).
Em 1977, Cuba entrou na Guerra de Ogaden, na Etiópia, em apoio a um governo africano aliado da URSS.
Durante uma crise econômica grave, em 1980, depois do segundo choque do petróleo com a Revolução Islâmica no Irã em 1979, para pressionar os EUA e sua política de receber exilados cubanos, Fidel liberou a emigração através de Porto Mariel. Mais de 120 mil marielitos fugiram do país.
Com a ascensão de Mikhail Gorbachev a líder do Partido Comunista da URSS e sua abertura política e econômica, a partir de 1985, o regime comunista cubano, fiel à tradição stalinista, começou a perder o apoio de seu patrocinador histórico.
O colapso do comunismo a partir da queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, e do fim da URSS, em dezembro de 1991, provocou a pior crise do regime comunista, levando ao "período especial", de um racionamento extremo. Apesar do sol, da água e do solo fértil, o paraíso comunista de Fidel nunca foi capaz de produzir comida farta.
Uma nova boia de salvação seria lançada com a ascensão de Hugo Chávez à Presidência da Venezuela, em 1999. Cuba voltou a receber petróleo subsidiado em troca de uma ajuda com médicos, professores, assessores militares e de segurança.
Quando a doença o abateu, em 2006, Fidel teve a cara de pau de dizer, depois de 47 anos no poder, que não se apegaria a cargos. Seu irmão, Raúl, promoveu uma abertura econômica moderada, autorizando a criação de pequenas empresas para combater o desemprego crônico na ilha e tentar manter o regime.
Esta brecha estimulou o presidente Obama a reatar as relações entre os EUA e Cuba, com a ajuda do Vaticano e do papa Francisco. Em dezembro de 2014, Obama e Raúl anunciaram o reatamento simultaneamente. O embargo permanece, mas a abertura para diários e remessas de dinheiro levarão mais cedo ou mais tarde a força revolucionária do dólar para subverter o que resta da revolução castrista.
Fidel disputa com o Che a posição de maior líder revolucionário da América Latina no século 20. Foi o maior símbolo da resistência da região ao imperialismo americano, mas a revolução fracassou. em criar uma nação independente.
A economia estatizada nunca funcionou. Sempre dependeu de ajuda externa. Mas a vida em Cuba para o cidadão comum era muito melhor do que em outros países da América Central e do Caribe. Quando os europeus-orientais olhavam para o mundo do outro lado do Muro de Berlim, viam a prosperidade da Europa Ocidental. Os cubanos viam miséria e exploração a seu redor.
As grandes conquistas da revolução foram os avanços em saúde e educação, oferecidos gratuitamente. Mas uma sociedade onde um garçom e uma prostituta ganham num dia, em dólares, mais do que um médico ou professor é uma sociedade doente e inviável.
A morte de Fidel enterra mais uma vez o comunismo e a Guerra Fria. Livre do caudilho, Cuba pode entrar no século 21 e construir seu caminho rumo ao futuro.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Colapso da Parceria Transpacífica dá nova chance ao Brasil
O fim do acordo de comércio e investimentos conhecido como Parceria Transpacífica (TTP), rejeitado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dá uma oportunidade ao Brasil de retomar o processo de integração da América do Sul para evitar o surgimento de "uma nova linha de Tordesilhas" dividindo o subcontinente entre as zonas do Oceano Atlântico e do Pacífico, afirmou ontem o embaixador brasileiro em Washington, Sérgio Amaral.
Em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro organizada pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o ex-porta-voz do governo Fernando Henrique Cardoso observou que o Brasil não estava preparado para reagir à formação do novo bloco comercial. Com seu fracasso, terá mais tempo para redefinir suas políticas de integração e comércio exterior.
"A falta da TTP não nos faz mal nenhum. Não precisamos de uma nova linha de Tordesilhas na América do Sul", afirmou Amaral, citando o tratado que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha em 1494, dois anos depois da Descoberta da América por Cristóvão Colombo a serviço da coroa espanhola.
Agora, a divisão seria entre os países do Pacífico, com Chile, Peru e Colômbia, que se beneficiam do extraordinário crescimento econômico da Ásia, e os países do Atlântico, especialmente do Mercosul, que rejeitaram em 2005 a proposta dos EUA para criar a Área de Livre Comércio das Américas."O mercado do TTP na América do Sul está aqui", destacou.
"É o grande momento de acertar os ponteiros do Mercosul", destacou Sérgio Amaral. "Um grande problema é termos Brasil e Argentina alinhados na mesma direção - e hoje temos. Precisamos antes de tudo arrumar a casa, criar uma comunidade e convergência no nosso entorno."
Ao falar sobre As relações EUA-China como eixo de estruturação da ordem internacional, o embaixador comentou que, "como estes dois países são as grandes potências do século 21, a natureza da relação entre os dois vai forjar a nova ordem."
Sérgio Amaral não acredita que a China vá promover a subversão da ordem internacional que a permitiu ascender à condição de superpotência. Vai querer reformar. Que reformas? "Esta é a questão de US$ 1 milhão", ironizou o embaixador.
A ascensão das grandes potências ao longo da história gerou grandes conflitos como as guerras mundiais iniciadas pela Alemanha e a Guerra Fria entre EUA e União Soviética. Para evitar esses exemplos trágicos, a China aposta na "emergência pacífica".
Quando lançou seu programa de modernização econômica, em 1978, o dirigente chinês Deng Xiaoping pediu humildade e discrição. A China precisava acumular forças e riqueza para se afirmar naturalmente como grande potência.
O atual líder chinês, Xi Jinping, é "mais afirmativo", sinal de que a China já concluiu sua emergência e exige tratamento não discriminatório em todas as áreas. As prioridades de Xi são "os conflitos territoriais do Mar do Sul da China e a integração asiática através da economia chinesa, que tem 60% de seu comércio exterior com a Ásia", acrescentou o embaixador, que durante dez anos presidiu o Conselho Empresarial Brasil-China.
Em 2015, o presidente americano, Barack Obama, declarou que gostaria de ver "uma China pacífica, estável, próspera e responsável", lembrou Amaral, citando uma série de exemplos de cooperação: "As exportações dos EUA para a China dobraram", os dois países cooperam em segurança nuclear, nos acordos de Paris sobre o clima e sobre o programa nuclear do Irã, e discutem um tratado bilateral sobre investimentos."
A China faz uma "geopolítica da infraestrutura", argumentou Amaral, "planeja fazer investimentos de US$ 1,25 trilhão em obras da infraestrutura, uma nova Rota da Seda por terra da Ásia Central até a Europa e pelo mar do Mar do Sul da China até o Mediterrâneo, um corredor China-Índia passando por Mianmar", a ligação interoceânica por uma ferrovia na América do Sul e até mesmo um canal na Nicarágua para concorrer com o do Panamá.
Em vez de subverter a ordem econômica internacional criada pelos EUA a partir da Conferência de Bretton Woods, em 1944, raciocinou o embaixador, sem conseguir um voto à altura de seu poderio econômico, a China criou instituições-espelho do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, como o Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o Banco de Infraestrutura da Ásia.
Amaral entende que as relações EUA-China tem regras não escritas, como o compromisso mútuo de não ser o primeiro país a atacar para evitar uma guerra entre os dois países, que se enfrentaram dentro da Guerra da Coreia (1950-53), quando o Exército Popular de Libertação impediu a aliança liderada pelos EUA de unificar a Península Coreana sob o controle de Seul. Os chineses empurraram os americanos para baixo do paralelo 38º Norte, restaurando o status quo anterior à guerra.
Hoje o maior foco de tensão entre os dois países está no Mar do Sul da China, onde o regime comunista chinês tem conflitos territoriais com Brunei, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietnã, e os EUA estão preocupados com a livre navegação;
A participação da China em decisões internacionais é cada vez maior. "Que nova ordem será essa?", indaga o embaixador, respondendo em seguida: "Ordem multipolar: EUA, China, Europa, Rússia, Índia, Japão..." Não citou o Brasil como líder da América do Sul.
"Dois polos são mais significantes: EUA e China", analisou Sérgio Amaral. "Se prevalecer a cooperação, vai haver um reforço do multilateralismo. Com uma concorrência muito acirrada, haveria um enfraquecimento do sistema internacional como na Guerra Fria. Não se trata de um conflito ideológico, mas de aumentar a presença internacional da China."
Esses dois países "são fundamentais para o Brasil", que na opinião do embaixador deve tratar as duas grandes potências sem favoritismo. "O Brasil tem uma parceria política e econômica com a China para reformar o sistema de Bretton Woods. Com os EUA, compartilhamos valores. O mundo não é eurocêntrico, mas nós recebemos essa herança cultural."
A vitória de Trump não é problema para o Brasil, na visão do embaixador nos EUA: "Não sabemos ainda quais serão as políticas nem os nomes. Um de seus focos é o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte. A diferença de salários entre os EUA e o México não vai diminuir nem o embricamento das empresas americanas e mexicanas nas cadeias de produção."
Como o Brasil tem déficit no comércio bilateral e várias empresas brasileiras investem e geram empregos nos EUA, Amaral não antevê problemas com um governo Trump.
Nesta nova ordem mundial, o embaixador vê uma "perda da centralidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) com fórum de negociações de liberalização comercial. Vai continuar monitorando o comércio e como mecanismo de solução de controvérsias, mas a liberalização avança em mega-acordos. O neorregionalismo é um grande desafio positivo para nós."
A OMC, na qual a política externa comercial brasileira sempre apostou suas maiores fichas, na expectativa de que seria o órgão adequado para romper o protecionismo agrícola dos países ricos perde importância com a rejeição à globalização econômica nos países ricos. Nos EUA de Donald Trump, "o universalismo da OMC é visto como o principal responsável pelo déficit comercial com a China".
Quinze anos depois da entrada da China na OMC, os países-membros devem reconhecer ou não que a China é uma economia de mercado. Se isso for aceito, os processos de dumping (cobrança de preços abaixo do custo de produção) contra a China ficarão muito mais difíceis.
Por ironia da história, hoje é a China comunista que defende a abertura comercial. A razão é simples, conclui o embaixador: "É a favor do livre comércio quem é competitivo."
Em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro organizada pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o ex-porta-voz do governo Fernando Henrique Cardoso observou que o Brasil não estava preparado para reagir à formação do novo bloco comercial. Com seu fracasso, terá mais tempo para redefinir suas políticas de integração e comércio exterior.
"A falta da TTP não nos faz mal nenhum. Não precisamos de uma nova linha de Tordesilhas na América do Sul", afirmou Amaral, citando o tratado que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha em 1494, dois anos depois da Descoberta da América por Cristóvão Colombo a serviço da coroa espanhola.
Agora, a divisão seria entre os países do Pacífico, com Chile, Peru e Colômbia, que se beneficiam do extraordinário crescimento econômico da Ásia, e os países do Atlântico, especialmente do Mercosul, que rejeitaram em 2005 a proposta dos EUA para criar a Área de Livre Comércio das Américas."O mercado do TTP na América do Sul está aqui", destacou.
"É o grande momento de acertar os ponteiros do Mercosul", destacou Sérgio Amaral. "Um grande problema é termos Brasil e Argentina alinhados na mesma direção - e hoje temos. Precisamos antes de tudo arrumar a casa, criar uma comunidade e convergência no nosso entorno."
Ao falar sobre As relações EUA-China como eixo de estruturação da ordem internacional, o embaixador comentou que, "como estes dois países são as grandes potências do século 21, a natureza da relação entre os dois vai forjar a nova ordem."
Sérgio Amaral não acredita que a China vá promover a subversão da ordem internacional que a permitiu ascender à condição de superpotência. Vai querer reformar. Que reformas? "Esta é a questão de US$ 1 milhão", ironizou o embaixador.
A ascensão das grandes potências ao longo da história gerou grandes conflitos como as guerras mundiais iniciadas pela Alemanha e a Guerra Fria entre EUA e União Soviética. Para evitar esses exemplos trágicos, a China aposta na "emergência pacífica".
Quando lançou seu programa de modernização econômica, em 1978, o dirigente chinês Deng Xiaoping pediu humildade e discrição. A China precisava acumular forças e riqueza para se afirmar naturalmente como grande potência.
O atual líder chinês, Xi Jinping, é "mais afirmativo", sinal de que a China já concluiu sua emergência e exige tratamento não discriminatório em todas as áreas. As prioridades de Xi são "os conflitos territoriais do Mar do Sul da China e a integração asiática através da economia chinesa, que tem 60% de seu comércio exterior com a Ásia", acrescentou o embaixador, que durante dez anos presidiu o Conselho Empresarial Brasil-China.
Em 2015, o presidente americano, Barack Obama, declarou que gostaria de ver "uma China pacífica, estável, próspera e responsável", lembrou Amaral, citando uma série de exemplos de cooperação: "As exportações dos EUA para a China dobraram", os dois países cooperam em segurança nuclear, nos acordos de Paris sobre o clima e sobre o programa nuclear do Irã, e discutem um tratado bilateral sobre investimentos."
A China faz uma "geopolítica da infraestrutura", argumentou Amaral, "planeja fazer investimentos de US$ 1,25 trilhão em obras da infraestrutura, uma nova Rota da Seda por terra da Ásia Central até a Europa e pelo mar do Mar do Sul da China até o Mediterrâneo, um corredor China-Índia passando por Mianmar", a ligação interoceânica por uma ferrovia na América do Sul e até mesmo um canal na Nicarágua para concorrer com o do Panamá.
Em vez de subverter a ordem econômica internacional criada pelos EUA a partir da Conferência de Bretton Woods, em 1944, raciocinou o embaixador, sem conseguir um voto à altura de seu poderio econômico, a China criou instituições-espelho do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, como o Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o Banco de Infraestrutura da Ásia.
Amaral entende que as relações EUA-China tem regras não escritas, como o compromisso mútuo de não ser o primeiro país a atacar para evitar uma guerra entre os dois países, que se enfrentaram dentro da Guerra da Coreia (1950-53), quando o Exército Popular de Libertação impediu a aliança liderada pelos EUA de unificar a Península Coreana sob o controle de Seul. Os chineses empurraram os americanos para baixo do paralelo 38º Norte, restaurando o status quo anterior à guerra.
Hoje o maior foco de tensão entre os dois países está no Mar do Sul da China, onde o regime comunista chinês tem conflitos territoriais com Brunei, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietnã, e os EUA estão preocupados com a livre navegação;
A participação da China em decisões internacionais é cada vez maior. "Que nova ordem será essa?", indaga o embaixador, respondendo em seguida: "Ordem multipolar: EUA, China, Europa, Rússia, Índia, Japão..." Não citou o Brasil como líder da América do Sul.
"Dois polos são mais significantes: EUA e China", analisou Sérgio Amaral. "Se prevalecer a cooperação, vai haver um reforço do multilateralismo. Com uma concorrência muito acirrada, haveria um enfraquecimento do sistema internacional como na Guerra Fria. Não se trata de um conflito ideológico, mas de aumentar a presença internacional da China."
Esses dois países "são fundamentais para o Brasil", que na opinião do embaixador deve tratar as duas grandes potências sem favoritismo. "O Brasil tem uma parceria política e econômica com a China para reformar o sistema de Bretton Woods. Com os EUA, compartilhamos valores. O mundo não é eurocêntrico, mas nós recebemos essa herança cultural."
A vitória de Trump não é problema para o Brasil, na visão do embaixador nos EUA: "Não sabemos ainda quais serão as políticas nem os nomes. Um de seus focos é o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte. A diferença de salários entre os EUA e o México não vai diminuir nem o embricamento das empresas americanas e mexicanas nas cadeias de produção."
Como o Brasil tem déficit no comércio bilateral e várias empresas brasileiras investem e geram empregos nos EUA, Amaral não antevê problemas com um governo Trump.
Nesta nova ordem mundial, o embaixador vê uma "perda da centralidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) com fórum de negociações de liberalização comercial. Vai continuar monitorando o comércio e como mecanismo de solução de controvérsias, mas a liberalização avança em mega-acordos. O neorregionalismo é um grande desafio positivo para nós."
A OMC, na qual a política externa comercial brasileira sempre apostou suas maiores fichas, na expectativa de que seria o órgão adequado para romper o protecionismo agrícola dos países ricos perde importância com a rejeição à globalização econômica nos países ricos. Nos EUA de Donald Trump, "o universalismo da OMC é visto como o principal responsável pelo déficit comercial com a China".
Quinze anos depois da entrada da China na OMC, os países-membros devem reconhecer ou não que a China é uma economia de mercado. Se isso for aceito, os processos de dumping (cobrança de preços abaixo do custo de produção) contra a China ficarão muito mais difíceis.
Por ironia da história, hoje é a China comunista que defende a abertura comercial. A razão é simples, conclui o embaixador: "É a favor do livre comércio quem é competitivo."
Turquia ameaça Europa com onda de refugiados
Diante da suspensão das negociações de adesão à União Europeia por causa dos atropelos à democracia depois do fracassado golpe de 15 de julho na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan ameaçou hoje abrir as fronteiras do país e soltar uma nova onda de refugiados rumo à Europa.
Para conter a onda de refugiados, a UE fez um acordo com a Turquia que previa a reabertura das negociações em troca de permanência no país do Oriente Médio de 3 milhões de pessoas que fugiram da guerra civil na Síria. Ontem, o Parlamento Europeu aprovou a suspensão das negociações.
Com o bombardeio sem trégua da cidade síria de Alepo pelas forças da Rússia e da Síria, e as ofensivas contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em Mossul, no Iraque, e de Rakka, na Síria, a tendência é de aumentar a onda de refugiados.
Na Europa, os analistas políticos criticam a vinculação da crise dos refugiados à reabertura das negociações de adesão da Turquia. A democracia é uma pedra fundamental do projeto de integração europeia. Os abusos cometidos desde 15 de julho desqualificam o país de Erdogan para se tornar sócio do bloco europeu.
Para conter a onda de refugiados, a UE fez um acordo com a Turquia que previa a reabertura das negociações em troca de permanência no país do Oriente Médio de 3 milhões de pessoas que fugiram da guerra civil na Síria. Ontem, o Parlamento Europeu aprovou a suspensão das negociações.
Com o bombardeio sem trégua da cidade síria de Alepo pelas forças da Rússia e da Síria, e as ofensivas contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em Mossul, no Iraque, e de Rakka, na Síria, a tendência é de aumentar a onda de refugiados.
Na Europa, os analistas políticos criticam a vinculação da crise dos refugiados à reabertura das negociações de adesão da Turquia. A democracia é uma pedra fundamental do projeto de integração europeia. Os abusos cometidos desde 15 de julho desqualificam o país de Erdogan para se tornar sócio do bloco europeu.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Parlamento Europeu suspende negociações UE-Turquia
Diante da onda de repressão e perseguição política desencadeada depois da tentativa de golpe contra o presidente Recep Tayyip Erdogan, o Parlamento Europeu pediu hoje à Comissão Europeia que suspenda as negociações para a adesão da Turquia à União Europeia.
Em 15 de julho, um grupo de oficiais militares supostamente ligados ao clérigo Fetullah Gulen, asilado nos Estados Unidos, tentou derrubar o governo. Mais de 300 pessoas foram mortas e outras 2 mil feridas.
Uma onda de expurgos e prisões sacudiu o setor público, a academia e o jornalismo. Mais de 100 mil turcos perderam seus empregos sob a acusação de colaborar ou simpatizar com o golpe fracassado. Pelo menos 40 mil pessoas foram presas.
O respeito à democracia e aos direitos humanos é um ponto fundamental para fazer parte da UE.
Em 15 de julho, um grupo de oficiais militares supostamente ligados ao clérigo Fetullah Gulen, asilado nos Estados Unidos, tentou derrubar o governo. Mais de 300 pessoas foram mortas e outras 2 mil feridas.
Uma onda de expurgos e prisões sacudiu o setor público, a academia e o jornalismo. Mais de 100 mil turcos perderam seus empregos sob a acusação de colaborar ou simpatizar com o golpe fracassado. Pelo menos 40 mil pessoas foram presas.
O respeito à democracia e aos direitos humanos é um ponto fundamental para fazer parte da UE.
Colômbia e FARC assinam acordo de paz revisado
O presidente Juan Manuel Santos e o líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Rodrigo Londoño, assinaram há pouco no Teatro Colón, em Bogotá, um acordo de paz revisado, depois que o primeiro texto foi rejeitado num referendo realizado em 2 de outubro de 2016.
A paz põe fim a um conflito de 52 anos, que tem sua origem na década de violência deflagrada pelo assassinato, em 9 de abril de 1948, do advogado Jorge Eliécer Gaitán, candidato do Partido Liberal à presidência.
Desta vez, o acordo deverá ser ratificado pelo Congresso, onde o governo Santos tem maioria, sem nova consulta popular. O grande adversário do acordo, o ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe, insiste na convocação de novo referendo.
Uribe rejeita a cláusula do acordo que garante 5% das vagas na Câmara e no Senado nas duas próximas eleições independentemente do resulado nas urnas.
Santos ganhou o Prêmio Nobel da Paz, apesar da rejeição do acordo inicial no referendo. O comitê norueguês do Nobel declarou que seria mais um incentivo à paz. Pelo menos 220 mil pessoas morreram no conflito entre o governo e as FARC, maior grupo guerrilheiro de esquerda da Colômbia.
A paz põe fim a um conflito de 52 anos, que tem sua origem na década de violência deflagrada pelo assassinato, em 9 de abril de 1948, do advogado Jorge Eliécer Gaitán, candidato do Partido Liberal à presidência.
Desta vez, o acordo deverá ser ratificado pelo Congresso, onde o governo Santos tem maioria, sem nova consulta popular. O grande adversário do acordo, o ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe, insiste na convocação de novo referendo.
Uribe rejeita a cláusula do acordo que garante 5% das vagas na Câmara e no Senado nas duas próximas eleições independentemente do resulado nas urnas.
Santos ganhou o Prêmio Nobel da Paz, apesar da rejeição do acordo inicial no referendo. O comitê norueguês do Nobel declarou que seria mais um incentivo à paz. Pelo menos 220 mil pessoas morreram no conflito entre o governo e as FARC, maior grupo guerrilheiro de esquerda da Colômbia.
Bombardeio dos EUA mata líder d'al Caeda na Síria
Um ataque da Força Aérea dos Estados Unidos matou o egípcio Abu Afghan al-Massari, descrito pelo Pentágono como "alto dirigente da rede terrorista Al Caeda", na província de Idlibe, na Síria, informou a televisão árabe Al Jazira.
O bombardeio atingiu o líder d'al Caeda perto da cidade de Sarmada em 18 de novembro, declarou Peter Cook, porta-voz do Departamento da Defesa dos EUA.
Massari aderiu a Al Caeda no Afeganistão e depois entrou na guerra civil da Síria, acrescentou Cook. Era juiz da Jabhat Fatah al-Cham (Frente para a Conquista do Levante), novo nome da Jabhat al-Nusra, braço da rede terrorista na guerra civil síria.
Os EUA mantém assim sua política de matar os líderes dos grupos terroristas inimigos. Em 17 de outubro, foi morto Haydar Kirkan, membro d'al Caeda que foi próximo de Ossama bem Laden.
Na guerra civil da Síria, a Força Aérea da Rússia intensificou os bombardeios à parte da cidade de Alepo sob controle rebelde. Pelo menos 141 civis foram mortos numa semana, inclusive 18 crianças.
O bombardeio atingiu o líder d'al Caeda perto da cidade de Sarmada em 18 de novembro, declarou Peter Cook, porta-voz do Departamento da Defesa dos EUA.
Massari aderiu a Al Caeda no Afeganistão e depois entrou na guerra civil da Síria, acrescentou Cook. Era juiz da Jabhat Fatah al-Cham (Frente para a Conquista do Levante), novo nome da Jabhat al-Nusra, braço da rede terrorista na guerra civil síria.
Os EUA mantém assim sua política de matar os líderes dos grupos terroristas inimigos. Em 17 de outubro, foi morto Haydar Kirkan, membro d'al Caeda que foi próximo de Ossama bem Laden.
Na guerra civil da Síria, a Força Aérea da Rússia intensificou os bombardeios à parte da cidade de Alepo sob controle rebelde. Pelo menos 141 civis foram mortos numa semana, inclusive 18 crianças.
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Camboja mantém prisão perpétua para líderes do Khmer Vermelho
Dois líderes do regime genocida do Khmer Vermelho vão passar a vida na cadeia pela morte de cerca de 2 milhões de pessoas no Camboja de 1976 a 1979. Nuon Chea, Irmão Número Dois, e o ex-chefe de Estado Khieu Samphan, condenados por crimes contra a humanidade, perderam o recurso perante um tribunal especial cambojano apoiado pelas Nações Unidas.
A defesa argumentou que eles não tiveram direito a um julgamento justo por causa da experiência pessoal dos juízes durante o regime de Pol Pot, que tentou eliminar o passado, adotando políticas de ano zero para construir uma utopia socialista agrária inspirada pelo maoísmo da República Popular da China.
Outra fonte do regime genocida de Pol Pot foi o stalinismo do Partido Comunista Francês na primeira metade dos anos 1950s.
O presidente do tribunal, Kong Srim, acusou os líderes do Khmer Vermelho de "total falta de consideração sobre o destino final da população cambojana". Depois de observar os crimes aconteceram uma escala tremenda, "a turma do Supremo Tribunal considera que a imposição de penas perpétuas para cada acusada é apropriada."
Eles haviam sido condenados em agosto de 2014 pela remoção forçada de cerca de 2 milhões de cambojanos da capital, Phnom Penh para campos de reeducação na zona rural.
A defesa argumentou que eles não tiveram direito a um julgamento justo por causa da experiência pessoal dos juízes durante o regime de Pol Pot, que tentou eliminar o passado, adotando políticas de ano zero para construir uma utopia socialista agrária inspirada pelo maoísmo da República Popular da China.
Outra fonte do regime genocida de Pol Pot foi o stalinismo do Partido Comunista Francês na primeira metade dos anos 1950s.
O presidente do tribunal, Kong Srim, acusou os líderes do Khmer Vermelho de "total falta de consideração sobre o destino final da população cambojana". Depois de observar os crimes aconteceram uma escala tremenda, "a turma do Supremo Tribunal considera que a imposição de penas perpétuas para cada acusada é apropriada."
Eles haviam sido condenados em agosto de 2014 pela remoção forçada de cerca de 2 milhões de cambojanos da capital, Phnom Penh para campos de reeducação na zona rural.
Coreia do Sul revista sede da Samsung em investigação de corrupção
Em meio a um escândalo de corrupção capaz de levar ao impeachment da presidente Park Geun Hye, procuradores da Coreia do Sul revistaram hoje as sedes da empresa eletroeletrônica Samsung e do fundo de pensão estatal do país, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A suspeita é que a Presidência pressionou o fundo a apoiar um plano de fusão da companhia em 2015 em troca de favores concedidos a Choi Soon Sil, uma amiga pessoal da presidente denunciada no fim de semana passado por corrupção ao usar sua relação com Park para obter dinheiro de empresas para seus projetos.
O Ministério Público da Coreia do Sul está interrogando vários altos executivos da Samsung, inclusive o vice-presidente, Lee Jae Yong, que deve ser promovido a diretor-presidente.
Ao mesmo tempo, o governo sul-coreano aprovou uma proposta aceitando que os partidos de oposição apontem uma comissão independente para investigar o escândalo envolvendo a presidente. A oposição decidiu iniciar um processo de impeachment para afastar Park, que tem hoje apenas 5% de aprovação.
A suspeita é que a Presidência pressionou o fundo a apoiar um plano de fusão da companhia em 2015 em troca de favores concedidos a Choi Soon Sil, uma amiga pessoal da presidente denunciada no fim de semana passado por corrupção ao usar sua relação com Park para obter dinheiro de empresas para seus projetos.
O Ministério Público da Coreia do Sul está interrogando vários altos executivos da Samsung, inclusive o vice-presidente, Lee Jae Yong, que deve ser promovido a diretor-presidente.
Ao mesmo tempo, o governo sul-coreano aprovou uma proposta aceitando que os partidos de oposição apontem uma comissão independente para investigar o escândalo envolvendo a presidente. A oposição decidiu iniciar um processo de impeachment para afastar Park, que tem hoje apenas 5% de aprovação.
Boko Haram faz três ataques em 24 horas em Camarões
A milícia terrorista nigeriana Boko Haram, que hoje se apresenta como a Província do Estado Islâmico na África Ocidental, atacou três vezes em 24 horas em 21 de novembro de 2016 no Norte da República de Camarões, noticiou ontem a agência Reuters.
Os extremistas muçulmanos investiram contra uma base militar em Darak, matando seis soldados. Uma terrorista suicida tentou se detonar junto a um posto de controle próximo a um acampamento para desalojados pela guerra do Boko Haram. Foi morta antes de se explodir.
Sob intensa pressão das Forças Armadas da Nigéria, o Boko Haram, que significa repúdio à educação ocidental, passou a recorrer nos últimos anos a mulheres-bomba para se infiltrarem despercebidas no meio da multidão.
No terceiro ataque, milicianos do grupo tocaram fogo em casas na vila de Diguina.
Os extremistas muçulmanos investiram contra uma base militar em Darak, matando seis soldados. Uma terrorista suicida tentou se detonar junto a um posto de controle próximo a um acampamento para desalojados pela guerra do Boko Haram. Foi morta antes de se explodir.
Sob intensa pressão das Forças Armadas da Nigéria, o Boko Haram, que significa repúdio à educação ocidental, passou a recorrer nos últimos anos a mulheres-bomba para se infiltrarem despercebidas no meio da multidão.
No terceiro ataque, milicianos do grupo tocaram fogo em casas na vila de Diguina.
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Krugman adverte para "corrupção sem precedentes" sob Trump
Os americanos devem "ficar alertas". Sob a presidência de Donald Trump, os Estados Unidos devem entrar numa era "sem precedentes" de "governança corrupta", adverte o professor, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e colunista do jornal The New York Times Paul Krugman.
Em uma série de mensagens no Twitter, Krugman descreve Trump como o "aproveitador-em-chefe" da nação, capaz de distorcer as políticas do governo dos EUA "em direções que possam ser monetizadas", transformadas em negócios.
Krugman prevê "muitas privatizações" e "uma mudança geral da transparência para o turvo para que favores possam ser trocados". O economista espera uma "inclinação dos EUA para regimes autoritários" como a China e a Rússia, que em troca poderiam fazer grandes negócios no país.
"Estamos prestes a entrar, ou talvez já tenhamos entrado numa era de governança corrupta sem precedentes na história dos EUA. O que isso significa?", escreveu Krugman no primeiro tuíte.
"É importante entender que dinheiro roubado pela primeira família é uma questão menor", acrescentou o Nobel de Economia. "Mais importante é a distorção de políticas em direções que possam ser monetizadas", argumentou.
"Investimentos privados desnecessários em infraestrutura são só o começo, Esperem ver muitas privatizações e uma mudança geral da transparência para o turvo para que favores possam ser trocados", um ambiente favorável à corrupção.
"E pensem sobre o viés pró-tiranos da política externa. Os regimes democráticos - digamos, na Europa - são por suas próprias regras incapazes de oferecer propina ao presidente dos EUA. A Rússia de Putin e, nesta questão, a China de Xi ficarão a vontade para fazer grandes negócios.
Em uma série de mensagens no Twitter, Krugman descreve Trump como o "aproveitador-em-chefe" da nação, capaz de distorcer as políticas do governo dos EUA "em direções que possam ser monetizadas", transformadas em negócios.
Krugman prevê "muitas privatizações" e "uma mudança geral da transparência para o turvo para que favores possam ser trocados". O economista espera uma "inclinação dos EUA para regimes autoritários" como a China e a Rússia, que em troca poderiam fazer grandes negócios no país.
"Estamos prestes a entrar, ou talvez já tenhamos entrado numa era de governança corrupta sem precedentes na história dos EUA. O que isso significa?", escreveu Krugman no primeiro tuíte.
"É importante entender que dinheiro roubado pela primeira família é uma questão menor", acrescentou o Nobel de Economia. "Mais importante é a distorção de políticas em direções que possam ser monetizadas", argumentou.
"Investimentos privados desnecessários em infraestrutura são só o começo, Esperem ver muitas privatizações e uma mudança geral da transparência para o turvo para que favores possam ser trocados", um ambiente favorável à corrupção.
"E pensem sobre o viés pró-tiranos da política externa. Os regimes democráticos - digamos, na Europa - são por suas próprias regras incapazes de oferecer propina ao presidente dos EUA. A Rússia de Putin e, nesta questão, a China de Xi ficarão a vontade para fazer grandes negócios.
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Rebeldes de Mianmar atacam perto da fronteira com a China
Centenas de rebeldes de diferentes grupos étnicos lançaram uma série de ataques contra postos militares do Exército de Mianmar no estado de Chã, no Norte do país, perto da fronteira com a China, reportou o jornal Myanmar Times. Outros ataques foram relatados no estado de Raquine, no Oeste de Mianmar.
A ofensiva é uma ação combinada de vários grupos rebeldes de base étnica: o Exército Nacional de Libertação Taang, o Exército Independente Kachin, o Exército da Aliança Democrática Nacional de Mianmar e o Exército Arakã.
De acordo com um porta-voz do Exército Nacional de Libertação Taang, a ofensiva rebelde é uma resposta a operações militares recentes nos estados de Chã, Kachin e Raquine. Pelo menos 900 civis fugiram das regiões conflagradas. Alguns atravessaram a fronteira com a China.
Por outro lado, o Exército Popular de Libertação da China entrou em alerta máxima, noticiou a agência Reuters.
Alguns exércitos rebeldes controlam regiões ricas em recursos naturais e resistem em ceder o poder ao governo central de Mianmar.
A ofensiva é uma ação combinada de vários grupos rebeldes de base étnica: o Exército Nacional de Libertação Taang, o Exército Independente Kachin, o Exército da Aliança Democrática Nacional de Mianmar e o Exército Arakã.
De acordo com um porta-voz do Exército Nacional de Libertação Taang, a ofensiva rebelde é uma resposta a operações militares recentes nos estados de Chã, Kachin e Raquine. Pelo menos 900 civis fugiram das regiões conflagradas. Alguns atravessaram a fronteira com a China.
Por outro lado, o Exército Popular de Libertação da China entrou em alerta máxima, noticiou a agência Reuters.
Alguns exércitos rebeldes controlam regiões ricas em recursos naturais e resistem em ceder o poder ao governo central de Mianmar.
Migração de brasileiros para Israel bate recorde
Mais de 700 brasileiros devem emigrar para Israel em 2016, um número recorde, mais de três vezes acima da média histórica de 200 por ano nos últimos 45 anos, noticiou hoje o jornal The Times of Jerusalém, citando como fonte a Agência Judaica.
"A comunidade judaica brasileira é calorosa e sionista, com fortes laços com Israel", declarou o presidente do comitê executivo da Agência Judaica para Israel, o ex-dissidente soviético Natan Sharansky, durante visita ao Brasil.
"Desde a fundação de Israel, mais de 15 mil judeus brasileiros imigraram para Israel, contribuindo para a força e o caráter do Estado Nacional judaico", acrescentou Sharansky.
A mais longa e profunda recessão da história econômica do Brasil é um fato importante no aumento da emigração. Até três anos atrás, a média histórica era de 200 migrantes por ano. Em 2014, foram 280. No ano passado, o total subiu para 496. Neste ano, serão mais de 700.
"A comunidade judaica brasileira é calorosa e sionista, com fortes laços com Israel", declarou o presidente do comitê executivo da Agência Judaica para Israel, o ex-dissidente soviético Natan Sharansky, durante visita ao Brasil.
"Desde a fundação de Israel, mais de 15 mil judeus brasileiros imigraram para Israel, contribuindo para a força e o caráter do Estado Nacional judaico", acrescentou Sharansky.
A mais longa e profunda recessão da história econômica do Brasil é um fato importante no aumento da emigração. Até três anos atrás, a média histórica era de 200 migrantes por ano. Em 2014, foram 280. No ano passado, o total subiu para 496. Neste ano, serão mais de 700.
Oposição vai pedir impeachment da presidente da Coreia do Sul
Os três partidos de oposição com deputados na Assembleia Nacional da Coreia do Sul decidiram hoje iniciar um processo de impeachment contra a presidente conservadora Park Geun Hye, acusada de corrupção, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
O Partido Democrático, o maior da oposição, criou uma comissão de alto nível para lutar pelo afastamento da presidente, enquanto os dois menores, o Partido da \justiça e o Partido Popular aderiram formalmente ao movimento pelo impeachment.
Pela Constituição de Coreia do Sul, a presidente só pode ser processada pelo Supremo Tribunal por traição. A abertura de um julgamento político da presidente exige a maioria absoluta da Assembleia Nacional, de 300 deputados. Para o afastamento definitivo, são necessários dois terços ou 200 votos.
O escândalo de tráfico de influência envolve a líder xamânica Choi Soon Sil, filha de Choi Tae Min, o suposto mentor da presidente Park. Choi Soon Sil teria usado sua proximidade com a presidente para pressionar empresas sul-coreanas a financiar fundações e instituições supostamente não lucrativas.
Quando a relação suspeita foi revelada, começou uma onda de manifestações que chegou a levar 1 milhão de pessoas às ruas de Seul, a capital da Coreia do Sul, nos maiores protestos da história do país. A popularidade da presidente caiu a 5% e a praticamente zero entre os jovens.
Depois de três décadas de democracia e de ter se tornado um país desenvolvido, a Coreia do Sul é o país com a Internet mais rápida do mundo e tem o maior número de telefones inteligente por habitante do planeta. Mas ainda sofre com o nepotismo e a burocracia no setor público, as relações promíscuas entre os políticos e os grandes conglomerados econômicos, e com uma cultura que preza laços familiares e regionais. Tudo isso contribui para a corrupção institucionalizada.
O Partido Democrático, o maior da oposição, criou uma comissão de alto nível para lutar pelo afastamento da presidente, enquanto os dois menores, o Partido da \justiça e o Partido Popular aderiram formalmente ao movimento pelo impeachment.
Pela Constituição de Coreia do Sul, a presidente só pode ser processada pelo Supremo Tribunal por traição. A abertura de um julgamento político da presidente exige a maioria absoluta da Assembleia Nacional, de 300 deputados. Para o afastamento definitivo, são necessários dois terços ou 200 votos.
O escândalo de tráfico de influência envolve a líder xamânica Choi Soon Sil, filha de Choi Tae Min, o suposto mentor da presidente Park. Choi Soon Sil teria usado sua proximidade com a presidente para pressionar empresas sul-coreanas a financiar fundações e instituições supostamente não lucrativas.
Quando a relação suspeita foi revelada, começou uma onda de manifestações que chegou a levar 1 milhão de pessoas às ruas de Seul, a capital da Coreia do Sul, nos maiores protestos da história do país. A popularidade da presidente caiu a 5% e a praticamente zero entre os jovens.
Depois de três décadas de democracia e de ter se tornado um país desenvolvido, a Coreia do Sul é o país com a Internet mais rápida do mundo e tem o maior número de telefones inteligente por habitante do planeta. Mas ainda sofre com o nepotismo e a burocracia no setor público, as relações promíscuas entre os políticos e os grandes conglomerados econômicos, e com uma cultura que preza laços familiares e regionais. Tudo isso contribui para a corrupção institucionalizada.
Globalização recua com a crise no Ocidente
Diante da aprovação da saída do Reino Unido na União Europeia no plebiscito de 23 de junho de 2016 e da vitória do nacionalismo de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos, fica evidente a reação negativa das classes média e baixa com as perdas sofridas pelo processo de globalização econômica.
Enquanto a renda dos ricos que vendem para o mercado mundial cresce exponencialmente, a renda dos trabalhadores não registra aumentos significativos há décadas nos países ocidentais, fomentando reações nacionalistas e protecionistas que ameaçam a ordem internacional liberal construída sob a liderança dos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Desde a Grande Recessão, o crescimento do comércio internacional caiu sensivelmente. O valor das transações de bens e serviços subiu cerca de 60% de 2005 a 2015, mas sofreu uma forte queda no ano passado, depois de avanços medíocres de 2011, quando se agrava a crise da UE, a 2014, indicam dados da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A principal causa da queda no ano passado foi a redução de 45% nos preços de energia. O comércio exterior sofreu uma baixa de quase 20% em 2009, no auge da crise econômica e financeira internacional. Recuperou-se nos anos seguintes, com avanços de 20% em 2010 e de mais de 15% em 2011. Ficou praticamente estagnado em 2012 e cresceu em média 2,2% em 2013 e 2014.
No ano passado, o valor das exportações caiu em mais de 10% e as importações um pouco abaixo disso.
A América do Norte, a Ásia e a Europa foram responsáveis por mais de 88% do comércio de bens entre os agora 164 países-membros da OMC nos últimos dez anos. As dez maiores potências comerciais são responsáveis por 52% do comércio internacional.
Mesmo assim, a participação dos países em desenvolvimento subiu de 33% em 2005 para 42% em 2015. O comércio entre países em desenvolvimento passou de 41% para 52% de seu comércio total. E a participação das economias em desenvolvimento chegou a 42% do comércio internacional de bens em 2015.
No setor de serviços, as dez maiores potências fizeram 53% das transações internacionais e os países em desenvolvimento 36%. A exportação de serviços somou US$ 4,68 trilhões em 2015.
Por ironia da história, com o sucesso da campanha nacionalista e protecionista do presidente eleito Donald Trump nos EUA, coube ao líder da China comunista, Xi Jinping, a defesa do livre comércio durante a reunião de cúpula anual do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), realizada no fim de semana em Lima, no Peru.
As reuniões de cúpula da APEC começaram no governo Bill Clinton, em 1993, marcando uma virada dos EUA para o Oceano Pacífico, onde estão hoje as economias mais dinâmicas do mundo. O presidente Barack Obama tentou institucionalizar as regras do comércio na região com a Parceria Transpacífica (TTP). Diante da rejeição de Trump, o atual governo parou o processo de ratificação no Congresso dos EUA.
Trump promete renegociar os acordos comerciais dos EUA, que considera lesivos, e ameaça impor tarifas pesadas às importações da China, responsáveis pela maior parte do déficit comercial americano, que no ano passado foi de US$ 532 bilhões. Corre o risco de deflagrar uma guerra comercial de consequências negativas e imprevisíveis.
O presidente eleito ignora as lições da história. Ao mesmo tempo, a integração europeia, um projeto para suplantar os nacionalismos culpados por duas guerras mundiais, um modelo para uma globalização social-democrata em que os ricos financiem o desenvolvimento das regiões mais pobres, enfrenta sua pior crise.
No fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente Franklin Delano Roosevelt lançou as bases da ordem internacional econômica liberal do pós-guerra na Conferência de Bretton Woods, em 1944, criando o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o sistema multilateral de comércio.
Roosevelt sabia que o esforço de guerra havia sido decisivo para acabar com a Grande Depressão (1929-39), a maior crise da história do capitalismo. Temia a volta da depressão e conflitos comerciais capazes de deflagrar uma nova guerra mundial.
Assim, o FMI socorreria países em dificuldades com o balanço de pagamentos para que não abandonassem o comércio internacional. O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, hoje mais conhecido como Banco Mundial, financiou a recuperação no pós-guerra e depois passou a financiar o desenvolvimento.
A globalização não vai acabar porque é consequência do desenvolvimento das tecnologias de comunicações e de transportes. Só pode ser destruída por uma guerra nuclear de grandes proporções. Na era da Internet, o mundo está cada vez mais conectado.
Mas a volta do nacionalismo nos EUA de Trump, na China de Xi, na Rússia de Vladimir Putin, na Índia de Narendra Modi, no Reino Unido de saída da UE e a ascensão da extrema direita na Europa criam um mundo menos solidário, mais instável e perigoso.
Enquanto a renda dos ricos que vendem para o mercado mundial cresce exponencialmente, a renda dos trabalhadores não registra aumentos significativos há décadas nos países ocidentais, fomentando reações nacionalistas e protecionistas que ameaçam a ordem internacional liberal construída sob a liderança dos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Desde a Grande Recessão, o crescimento do comércio internacional caiu sensivelmente. O valor das transações de bens e serviços subiu cerca de 60% de 2005 a 2015, mas sofreu uma forte queda no ano passado, depois de avanços medíocres de 2011, quando se agrava a crise da UE, a 2014, indicam dados da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A principal causa da queda no ano passado foi a redução de 45% nos preços de energia. O comércio exterior sofreu uma baixa de quase 20% em 2009, no auge da crise econômica e financeira internacional. Recuperou-se nos anos seguintes, com avanços de 20% em 2010 e de mais de 15% em 2011. Ficou praticamente estagnado em 2012 e cresceu em média 2,2% em 2013 e 2014.
No ano passado, o valor das exportações caiu em mais de 10% e as importações um pouco abaixo disso.
A América do Norte, a Ásia e a Europa foram responsáveis por mais de 88% do comércio de bens entre os agora 164 países-membros da OMC nos últimos dez anos. As dez maiores potências comerciais são responsáveis por 52% do comércio internacional.
Mesmo assim, a participação dos países em desenvolvimento subiu de 33% em 2005 para 42% em 2015. O comércio entre países em desenvolvimento passou de 41% para 52% de seu comércio total. E a participação das economias em desenvolvimento chegou a 42% do comércio internacional de bens em 2015.
No setor de serviços, as dez maiores potências fizeram 53% das transações internacionais e os países em desenvolvimento 36%. A exportação de serviços somou US$ 4,68 trilhões em 2015.
Por ironia da história, com o sucesso da campanha nacionalista e protecionista do presidente eleito Donald Trump nos EUA, coube ao líder da China comunista, Xi Jinping, a defesa do livre comércio durante a reunião de cúpula anual do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), realizada no fim de semana em Lima, no Peru.
As reuniões de cúpula da APEC começaram no governo Bill Clinton, em 1993, marcando uma virada dos EUA para o Oceano Pacífico, onde estão hoje as economias mais dinâmicas do mundo. O presidente Barack Obama tentou institucionalizar as regras do comércio na região com a Parceria Transpacífica (TTP). Diante da rejeição de Trump, o atual governo parou o processo de ratificação no Congresso dos EUA.
Trump promete renegociar os acordos comerciais dos EUA, que considera lesivos, e ameaça impor tarifas pesadas às importações da China, responsáveis pela maior parte do déficit comercial americano, que no ano passado foi de US$ 532 bilhões. Corre o risco de deflagrar uma guerra comercial de consequências negativas e imprevisíveis.
O presidente eleito ignora as lições da história. Ao mesmo tempo, a integração europeia, um projeto para suplantar os nacionalismos culpados por duas guerras mundiais, um modelo para uma globalização social-democrata em que os ricos financiem o desenvolvimento das regiões mais pobres, enfrenta sua pior crise.
No fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente Franklin Delano Roosevelt lançou as bases da ordem internacional econômica liberal do pós-guerra na Conferência de Bretton Woods, em 1944, criando o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o sistema multilateral de comércio.
Roosevelt sabia que o esforço de guerra havia sido decisivo para acabar com a Grande Depressão (1929-39), a maior crise da história do capitalismo. Temia a volta da depressão e conflitos comerciais capazes de deflagrar uma nova guerra mundial.
Assim, o FMI socorreria países em dificuldades com o balanço de pagamentos para que não abandonassem o comércio internacional. O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, hoje mais conhecido como Banco Mundial, financiou a recuperação no pós-guerra e depois passou a financiar o desenvolvimento.
A globalização não vai acabar porque é consequência do desenvolvimento das tecnologias de comunicações e de transportes. Só pode ser destruída por uma guerra nuclear de grandes proporções. Na era da Internet, o mundo está cada vez mais conectado.
Mas a volta do nacionalismo nos EUA de Trump, na China de Xi, na Rússia de Vladimir Putin, na Índia de Narendra Modi, no Reino Unido de saída da UE e a ascensão da extrema direita na Europa criam um mundo menos solidário, mais instável e perigoso.
domingo, 20 de novembro de 2016
Ex-primeiro-ministro Fillon já é considerado favorito na França
O ex-primeiro-ministro François Fillon venceu hoje o primeiro turno da eleição primária para escolher o candidato do partido conservador Os Republicanos à Presidência da França em 2017. É considerado favorito para ser o representante da centro-direita, que levaria os votos da esquerda num provável segundo turno contra a ultranacionalista Marine Le Pen, da neofascista Frente Nacional.
Num resultado surpreendente, a grande derrota foi do ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-12), que sonhava com uma volta ao Palácio do Eliseu. Dois ex-primeiros-ministros vão disputar a candidadura de centro-direita no próximo domingo. O adversário de Fillon será Alain Juppé.
Fillon obteve 44.1% dos votos e Juppé 28,6%. Com apenas 20,6%, Sarkozy está eliminado. O ex-presidente tinha o apoio da ala mais linha dura do partido político herdeiro das ideias do general Charles de Gaulle, que liderou a reconstrução da França depois da Segunda Guerra Mundial e fundou a 5ª República, em 1958.
Os dois ex-primeiros-ministros são considerados moderados politicamente. Em economia, Fillon é visto como ultraliberal e comparado à falecida primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Fugindo da tradição dirigista do gaullismo e da França, promete fazer reformas econômicas liberalizantes para desengessar a economia francesa e tornar o país mais competitivo na economia globalizada.
Juppé e Sarkozy eram os favoritos. Fillon ganhou o debate na televisão e levou o primeiro turno. Terá provavelmente a missão de barrar a ascensão da neofascista Frente Nacional e de sua líder e candidata Marine Le Pen, que festejou a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia.
Com o desgaste do Partido Socialista e a impopularidade do presidente François Hollande, as pesquisas indicam que a esquerda corre sério risco de ser eliminada no primeiro turno, em 23 de abril. Fillon é claramente o defensor de uma ordem internacional liberal e de uma economia mais aberta, em contraste direto com a pregação ultranacionalista da Frente Nacional.
O ressurgimento do ultranacionalismo é um sintoma da crise do processo de globalização. Com a queda nos padrões de vida da classe média e baixa na Europa e nos EUA, os trabalhadores brancos que um dia trabalharam na indústria e votavam nos partidos socialistas e comunistas agora votam na ultradireita, seduzidos por um discurso fácil de expulsar estrangeiros e repatriar empregos.
Num resultado surpreendente, a grande derrota foi do ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-12), que sonhava com uma volta ao Palácio do Eliseu. Dois ex-primeiros-ministros vão disputar a candidadura de centro-direita no próximo domingo. O adversário de Fillon será Alain Juppé.
Fillon obteve 44.1% dos votos e Juppé 28,6%. Com apenas 20,6%, Sarkozy está eliminado. O ex-presidente tinha o apoio da ala mais linha dura do partido político herdeiro das ideias do general Charles de Gaulle, que liderou a reconstrução da França depois da Segunda Guerra Mundial e fundou a 5ª República, em 1958.
Os dois ex-primeiros-ministros são considerados moderados politicamente. Em economia, Fillon é visto como ultraliberal e comparado à falecida primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Fugindo da tradição dirigista do gaullismo e da França, promete fazer reformas econômicas liberalizantes para desengessar a economia francesa e tornar o país mais competitivo na economia globalizada.
Juppé e Sarkozy eram os favoritos. Fillon ganhou o debate na televisão e levou o primeiro turno. Terá provavelmente a missão de barrar a ascensão da neofascista Frente Nacional e de sua líder e candidata Marine Le Pen, que festejou a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia.
Com o desgaste do Partido Socialista e a impopularidade do presidente François Hollande, as pesquisas indicam que a esquerda corre sério risco de ser eliminada no primeiro turno, em 23 de abril. Fillon é claramente o defensor de uma ordem internacional liberal e de uma economia mais aberta, em contraste direto com a pregação ultranacionalista da Frente Nacional.
O ressurgimento do ultranacionalismo é um sintoma da crise do processo de globalização. Com a queda nos padrões de vida da classe média e baixa na Europa e nos EUA, os trabalhadores brancos que um dia trabalharam na indústria e votavam nos partidos socialistas e comunistas agora votam na ultradireita, seduzidos por um discurso fácil de expulsar estrangeiros e repatriar empregos.
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Merkel é candidata a um quarto mandato na Alemanha
Doze dias depois da eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, a primeira-ministra conservadora Angela Merkel anunciou hoje em Berlim sua candidatura a um quarto mandado como chefe de governo da Alemanha, preparando-se para ser a principal líder a favor do internacionalismo liberal pós-1945.
Ao manter o compromisso histórico da Alemanha e da União Europeia de acolher refugiados de guerra, Merkel, no poder desde 2005, perdeu popularidade, mas não se rendeu ao discurso populista antiestrageiros alimentando pelo ressurgimento da extrema direita no continente.
Seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), sofreu uma derrota humilhante, ficando em terceiro lugar nas eleições de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, um dos estados mais pobres do país e da antiga Alemanha Oriental, base eleitoral da primeir,a-ministra.
A vitória, em 6 de setembro de 2016, foi do Partido Social-Democrata (SPD), com 30,5%, seguido pelo novo partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com 20,9%, deixando a CDU em terceiro com 19% numa clara rejeição à política de refugiados de Merkel.
O detalhe é que o estado, por ser pobre, é um dos que menos atraem imigrantes na Alemanha. Numa concessão aos partidos de ultradireita, a chanceler declarou hoje ser contra os trajes muçulmanos que cobrem o rosto inteiro, como o nicabe e a burca.
A AfD está roubando votos dos partidos tradicionais. Sua fatia do eleitorado encolhe a cada eleição geral. Em 2013, a CDU e o SPD tiveram 67% dos votos. Nas pesquisas para as eleições gerais de setembro de 2017, têm em média 55% das preferências do eleitorado.
Merkel assumiu a responsabilidade pelas derrotas da CDU, mas não abriu mão dos princípios da democracia e da liberdade, base da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial liderada pelos EUA em aliança com a Europa Ocidental.
Esta visão de mundo é ameaçada pelo ressurgimento de um nacionalismo hostil nos EUA com Donald Trump,a crescente agressividade militar da China ao intimidar países vizinhos, as intervenções militares da Rússia de Vladimir Putin, no Reino Unido com o movimento para sair da UE e no resto da Europa com a ascensão de partidos neofascistas como a Frente Nacional, na França.
Os cinco países citados acima são as grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, responsáveis em última análise pela paz e segurança internacionais. Se não chegarem a acordos básicos e reavivarem o nacionalismo, o risco de guerras aumenta exponencialmente.
Por ironia do destino, cabe a uma mulher, líder da Alemanha, país que iniciou as duas guerras mundiais que acabaram com a ordem mundial eurocêntrica, a defesa da ordem internacional liberal construída para acabar com o mundo nefasto das guerras nacionalistas. Outros líderes, como Trump e Putin parecem não ter aprendido as lições da história.
Ao manter o compromisso histórico da Alemanha e da União Europeia de acolher refugiados de guerra, Merkel, no poder desde 2005, perdeu popularidade, mas não se rendeu ao discurso populista antiestrageiros alimentando pelo ressurgimento da extrema direita no continente.
Seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), sofreu uma derrota humilhante, ficando em terceiro lugar nas eleições de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, um dos estados mais pobres do país e da antiga Alemanha Oriental, base eleitoral da primeir,a-ministra.
A vitória, em 6 de setembro de 2016, foi do Partido Social-Democrata (SPD), com 30,5%, seguido pelo novo partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com 20,9%, deixando a CDU em terceiro com 19% numa clara rejeição à política de refugiados de Merkel.
O detalhe é que o estado, por ser pobre, é um dos que menos atraem imigrantes na Alemanha. Numa concessão aos partidos de ultradireita, a chanceler declarou hoje ser contra os trajes muçulmanos que cobrem o rosto inteiro, como o nicabe e a burca.
A AfD está roubando votos dos partidos tradicionais. Sua fatia do eleitorado encolhe a cada eleição geral. Em 2013, a CDU e o SPD tiveram 67% dos votos. Nas pesquisas para as eleições gerais de setembro de 2017, têm em média 55% das preferências do eleitorado.
Merkel assumiu a responsabilidade pelas derrotas da CDU, mas não abriu mão dos princípios da democracia e da liberdade, base da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial liderada pelos EUA em aliança com a Europa Ocidental.
Esta visão de mundo é ameaçada pelo ressurgimento de um nacionalismo hostil nos EUA com Donald Trump,a crescente agressividade militar da China ao intimidar países vizinhos, as intervenções militares da Rússia de Vladimir Putin, no Reino Unido com o movimento para sair da UE e no resto da Europa com a ascensão de partidos neofascistas como a Frente Nacional, na França.
Os cinco países citados acima são as grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, responsáveis em última análise pela paz e segurança internacionais. Se não chegarem a acordos básicos e reavivarem o nacionalismo, o risco de guerras aumenta exponencialmente.
Por ironia do destino, cabe a uma mulher, líder da Alemanha, país que iniciou as duas guerras mundiais que acabaram com a ordem mundial eurocêntrica, a defesa da ordem internacional liberal construída para acabar com o mundo nefasto das guerras nacionalistas. Outros líderes, como Trump e Putin parecem não ter aprendido as lições da história.
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Acidente de trem deixa 115 mortos na Índia
Um trem expresso que fazia a rota Indore-Patna saiu dos trilhos às 3h da madrugada deste domingo pela hora local perto da cidade de Kanpur, no estado de Uttar Pradesh, no Norte da Índia. Pelo menos 115 pessoas morreram e outras 150 saíram feridas.
Por causa da hora, quando o trem descarrilou, a maioria dos cerca de 500 passageiros estava dormindo, o que os deixou mais indefesos. A operação de resgate estava em andamento na manhã de hoje.
Uttar Pradesh, o estado mais populoso da Índia, é mais ou menos do tamanho do estado de São Paulo, mas tem uma população do tamanho do Brasil.
Por causa da hora, quando o trem descarrilou, a maioria dos cerca de 500 passageiros estava dormindo, o que os deixou mais indefesos. A operação de resgate estava em andamento na manhã de hoje.
Uttar Pradesh, o estado mais populoso da Índia, é mais ou menos do tamanho do estado de São Paulo, mas tem uma população do tamanho do Brasil.
Esperança de cessar-fogo no Iêmen se esvai
A visita de dois dias do secretário de Estado americano, John Kerry, a Omã na semana passada gerou uma esperança de trégua na guerra civil do Iêmen, o país mais pobre do Oriente Médio, em caos desde a Primavera Árabe. Foi em vão.
O grupo do presidente deposto Abed Rabbo Mansur Hadi, apoiado pela Arábia Saudita e monarquias petroleiras aliados, está profundamente dividido e os combates contra os rebeldes hutis, xiitas zaiditas financiados pelo Irã.
Depois de horas de encontro com os rebeldes, Kerry anunciou um acordo para cessar fogo e iniciar um diálogo para formar um governo de reconciliação nacional. Mas a tentativa de iniciar a trégua à meia-noite de 17 de novembro fracassou.
De acordo com o ministro do Exterior do governo no exílio, Abdulmalik al Mekhlafi, não houve acordo nem planos de abrir um diálogo para formar um governo de união nacional. Na visão do governo, seria uma cessão de poder sem garantias de que os hutis entregariam as armas e os territórios conquistados.
O governo deposto também questiona a legitimidade do Conselho Político Supremo formado pelos hutis e o ex-presidente Ali Abdullah Saleh. Depois de quatro meses de protestos em 2011, Saleh renunciou. Estava no poder há 32 anos.
O grupo do presidente deposto Abed Rabbo Mansur Hadi, apoiado pela Arábia Saudita e monarquias petroleiras aliados, está profundamente dividido e os combates contra os rebeldes hutis, xiitas zaiditas financiados pelo Irã.
Depois de horas de encontro com os rebeldes, Kerry anunciou um acordo para cessar fogo e iniciar um diálogo para formar um governo de reconciliação nacional. Mas a tentativa de iniciar a trégua à meia-noite de 17 de novembro fracassou.
De acordo com o ministro do Exterior do governo no exílio, Abdulmalik al Mekhlafi, não houve acordo nem planos de abrir um diálogo para formar um governo de união nacional. Na visão do governo, seria uma cessão de poder sem garantias de que os hutis entregariam as armas e os territórios conquistados.
O governo deposto também questiona a legitimidade do Conselho Político Supremo formado pelos hutis e o ex-presidente Ali Abdullah Saleh. Depois de quatro meses de protestos em 2011, Saleh renunciou. Estava no poder há 32 anos.
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sábado, 19 de novembro de 2016
Placa de história em quadrinhos de Tintim é vendida por 1,5 milhão de euros
Uma placa rara da impressão do livro Marchando na Lua, do personagem Tintim, do cartunista belga Hergé, foi vendida hoje em Paris por 1,55 milhão de euros, um recorde para histórias em quadrinhos, noticiou a televisão francesa.
A placa de 50x35 centímetros mostra Tintim, seu cachorro Milou e o capitão Haddock em trajes de astronauta brincando de pular aproveitando a gravidade mais fraca da Lua. O desenho foi feito com tinta nanquim chinesa e guache branca.
"É uma das placas mais importantes do pós-guerra", declarou um especialista da casa de leilões Artcurial, que fez a venda. "Faz parte de um livro que se tornou mítico entre amantes e colecionadores de histórias em quadrinhos."
A placa de 50x35 centímetros mostra Tintim, seu cachorro Milou e o capitão Haddock em trajes de astronauta brincando de pular aproveitando a gravidade mais fraca da Lua. O desenho foi feito com tinta nanquim chinesa e guache branca.
"É uma das placas mais importantes do pós-guerra", declarou um especialista da casa de leilões Artcurial, que fez a venda. "Faz parte de um livro que se tornou mítico entre amantes e colecionadores de histórias em quadrinhos."
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Trump nomeia falcões para cargos-chaves
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeou hoje três expoentes da linha dura para cargos importantes de seu governo. Todos são considerados dissidentes em relação ao pensamento tradicional do Partido Republicano.
O senador Jeff Sessions, um dos primeiros republicanos a aderir a Trump, será ministro da Justiça e procurador-geral. O deputado Mike Pompeo será o diretor-geral da CIA (Agência Central de Inteligência). E o general da reserva Michael Flynn será o assessor de segurança nacional da Casa Branca.
Sessions é um conservador do Alabama. Em 1986, a Comissão de Justiça do Senado barrou sua indicação para juiz federal por causa de declarações racistas. Ele será responsável pela repressão à imigração ilegal. Trump fala em deportar pelo menos 3 milhões de ilegais.
Pompeo, da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, criticou as decisões do presidente Barack Obama de fechar prisões clandestinas da CIA e de proibir a tortura em interrogatórios. Na campanha, Trump defendeu a tortura.
Um dos líderes do movimento radical de direita Festa do Chá, Pompeo comandou as investigações sobre o ataque ao Consulado dos EUA em Bengázi, na Líbia, tentando responsabilizar a então secretária de Estado, Hillary Clinton, pela morte do embaixador e de três outros americanos.
O general Flynn foi uma das vozes mais raivosas do setor de segurança e defesa durante a campanha. Ele afirma que o islamismo não é uma religião, é uma ideologia política sanguinária que chamou de câncer, desprezando a crença de 1,3 bilhão de seres humanos.
Amigo de protoditadores como Vladimir Putin, da Rússia, e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, defende uma aliança com eles para combater o extremismo muçulmano, ignorando as intervenções militares russas na Ucrânia e na Síria e o desprezo desses autocratas pela democracia e o respeito aos direitos humanos.
Para quem esperava um Trump mais moderado no poder do que na campanha, é um choque de realidade. Até agora, não há nenhum moderado nem centrista no futuro governo dos EUA.
O senador Jeff Sessions, um dos primeiros republicanos a aderir a Trump, será ministro da Justiça e procurador-geral. O deputado Mike Pompeo será o diretor-geral da CIA (Agência Central de Inteligência). E o general da reserva Michael Flynn será o assessor de segurança nacional da Casa Branca.
Sessions é um conservador do Alabama. Em 1986, a Comissão de Justiça do Senado barrou sua indicação para juiz federal por causa de declarações racistas. Ele será responsável pela repressão à imigração ilegal. Trump fala em deportar pelo menos 3 milhões de ilegais.
Pompeo, da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, criticou as decisões do presidente Barack Obama de fechar prisões clandestinas da CIA e de proibir a tortura em interrogatórios. Na campanha, Trump defendeu a tortura.
Um dos líderes do movimento radical de direita Festa do Chá, Pompeo comandou as investigações sobre o ataque ao Consulado dos EUA em Bengázi, na Líbia, tentando responsabilizar a então secretária de Estado, Hillary Clinton, pela morte do embaixador e de três outros americanos.
O general Flynn foi uma das vozes mais raivosas do setor de segurança e defesa durante a campanha. Ele afirma que o islamismo não é uma religião, é uma ideologia política sanguinária que chamou de câncer, desprezando a crença de 1,3 bilhão de seres humanos.
Amigo de protoditadores como Vladimir Putin, da Rússia, e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, defende uma aliança com eles para combater o extremismo muçulmano, ignorando as intervenções militares russas na Ucrânia e na Síria e o desprezo desses autocratas pela democracia e o respeito aos direitos humanos.
Para quem esperava um Trump mais moderado no poder do que na campanha, é um choque de realidade. Até agora, não há nenhum moderado nem centrista no futuro governo dos EUA.
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sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Visão retrógrada de Trump cria mundo mais perigoso
Os Estados Unidos historicamente tinham uma posição isolacionista. No Discurso de Despedida, seu primeiro presidente, George Washington, fez um alerta claro sobre a importância de não se envolver em guerras na Europa. Em 1917, depois de vários navios americanos serem torpedos pela Alemanha, o presidente Woodrow Wilson convenceu o país a entrar na "guerra para acabar com a todas as guerras". O presidente eleito Donald Trump promete resgatar esse isolacionismo sem sentido no mundo globalizado.
Wilson acreditava que o problema da guerra estava nas monarquias e na falta de democracia. Apresentou seu plano de paz de 14 pontos na Conferência de Versalhes, hoje chamada de "a paz para acabar com todas as pazes". Mas o Senado dos EUA, isolacionista, vetou a Convenção da Liga das Nações, proposta de Wilson, a primeira organização de caráter universal dedicada à paz mundial.
Sem os EUA, a Liga nada fez contra as agressões do Japão, da Itália e da Alemanha. Mostrou-se impotente, enquanto a Grande Depressão (1929-39) minava o apoio ao liberalismo econômico.
Quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, em 1941, depois do ataques japonês a Pearl Harbor, no Havaí, o presidente Franklin Roosevelt articulou a Declaração das Nações Unidas, lançando o primeiro alicerce do que seria a ordem mundial no pós-guerra.
A recessão havia voltado em 1937 e 1938, com aumentos nas taxas de juros. A Grande Depressão só acabou com a aceleração da economia pelo esforço de guerra. Uma das maiores preocupações de Roosevelt era a volta da depressão depois da guerra.
Também estava claro para Roosevelt que a volta ao isolacionismo seria a volta a um mundo instável e imprevisível. Até hoje, os EUA mantêm forças na Europa, no Japão e na Coreia do Sul.
Para evitar a volta da recessão, os EUA patrocinaram a Conferência de Bretton Woods, em 1944, para criar a ordem econômica internacional do pós-guerra, assentada sobre o FMI, que visava a evitar que crises do balanço de pagamento levasse outros países a abandonar o comércio internacional (e a deixar de comprar produtos americanos); o Banco Mundial, inicialmente um banco de reconstrução do pós-guerra e depois um financiador do desenvolvimento (a injustiça econômica gera conflitos e guerras); e a Organização Internacional do Comércio.
Mais uma vez, o Senado dos EUA vetou, desta vez a Carta de Havana, que criava a OIC. O sistema multilateral de comércio foi construído a partir do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Em 1947, o comércio internacional movimentava US$ 57 bi. Na crise de 2008, eram US$ 9 tri. Durante décadas, os EUA promoveram rodadas de negociações para abrir os mercados da Europa, do Japão e dos países em desenvolvimento aos produtos industriais americanos.
Em 1994, no fim da Rodada Uruguai, nasce a Organização Mundial do Comércio (OMC), que além de fórum de negociações comerciais é um tribunal para solução de controvérsias, uma arquitetura criada pelos EUA. A entrada da China na OMC, em 2001, bagunçou o coreto. A ascensão irresistível da China acaba com a supremacia econômica dos EUA.
Por isso mesmo, interessa aos EUA a existência de um sistema multilateral de comércio baseado em regras e não no poder dos mais fortes. A OMC tem hoje mais de 150 países-membros. Para uma empresa transnacional, seguir as mesmas regras em 150 países é uma mão na roda.
A proposta de Trump é renegociar os acordos comerciais dos EUA mano a mano para impor o poderio econômico americano. Só que renegociar com mais de 100 países isoladamente é um pesadelo, como está percebendo o Reino Unido. Para as empresas, seria um inferno regulatório.
A OMC está em baixa. Numa crise, todos adotam medidas protecionistas, mas muito menos do que fariam sem uma organização internacional fiscalizando. Não há clima para liberalização comercial, como mostraram os ataques ao livre comércio durante a campanha eleitoral nos EUA.
O problema fundamental de Trump é ignorar as lições da história. Como disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ex-primeiro-ministro da Polônia (que depende da OTAN para segurar a Rússia), "nenhum país pode ser grande isoladamente".
Trump também ameaça não defender os aliados da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar liderada pelos EUA, e sugeriu que Japão e Coreia do Sul façam suas próprias armas nucleares diante da chantagem atômica da Coreia do Norte. Ataca a não proliferação nuclear, uma das bases da política externa americana desde que outros países começaram a fazer a bomba.
No mundo globalizado, o isolamento não é uma opção. As empresas americanas espalhadas pelo mundo não vão repatriar fábricas e empregos. Em mais esta questão, Trump está na contramão da história. Suas ideias só podem acentuar o declínio relativo dos EUA. Uma superpotência nuclear decadente com um presidente paranoico é uma ameaça à paz mundial.
Assim, Trump ameaça destruir a ordem internacional que os EUA criaram no pós-guerra, a visão de mundo de Roosevelt, que rompeu o ciclo citado pelo Jaime. Como a ascensão de novas potências costuma provocar guerras, o nacionalismo rastaquera de Trump é um problema que vem da América profunda, o interior dos EUA que ignora o resto do mundo.
A derrota da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, vista pelo eleitorado com representante do sistema político tão criticado, foi a derrota do internacionalismo liberal e da visão de mundo de Roosevelt e também da globalização econômica defendida pelo presidente Bill Clinton depois do fim da Guerra Fria.
A decisão do eleitorado britânico de retirar o Reino Unido da União Europeia vai no mesmo sentido, é a revolta dos perdedores da globalização no mundo anglo-saxão, que desde 1776 prega o liberalismo econômico como forma de aumentar a riqueza das nações.
Na minha opinião, em vez da globalização neoliberal, precisamos de uma globalização social-democrata em que os países ricos financiem o desenvolvimento das regiões mais pobres, no modelo da integração europeia. O problema é que a UE vive sua mais profunda crise sem perspectiva de solução
Por sua vez, a China afirma ter aprendido as lições da Alemanha e da URSS, mas sua crescente agressividade com os vizinhos indica que grandes potências continuam a agir como grandes potências, ou seja, a abusar do poder.
O mundo de Trump é mais perigoso.
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