domingo, 20 de novembro de 2016

Ex-primeiro-ministro Fillon já é considerado favorito na França

O ex-primeiro-ministro François Fillon venceu hoje o primeiro turno da eleição primária para escolher o candidato do partido conservador Os Republicanos à Presidência da França em 2017. É considerado favorito para ser o representante da centro-direita, que levaria os votos da esquerda num provável segundo turno contra a ultranacionalista Marine Le Pen, da neofascista Frente Nacional.

Num resultado surpreendente, a grande derrota foi do ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-12), que sonhava com uma volta ao Palácio do Eliseu. Dois ex-primeiros-ministros vão disputar a candidadura de centro-direita no próximo domingo. O adversário de Fillon será Alain Juppé.

Fillon obteve 44.1% dos votos e Juppé 28,6%. Com apenas 20,6%, Sarkozy está eliminado. O ex-presidente tinha o apoio da ala mais linha dura do partido político herdeiro das ideias do general Charles de Gaulle, que liderou a reconstrução da França depois da Segunda Guerra Mundial e fundou a 5ª República, em 1958.

Os dois ex-primeiros-ministros são considerados moderados politicamente. Em economia, Fillon é visto como ultraliberal e comparado à falecida primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Fugindo da tradição dirigista do gaullismo e da França, promete fazer reformas econômicas liberalizantes para desengessar a economia francesa e tornar o país mais competitivo na economia globalizada.

Juppé e Sarkozy eram os favoritos. Fillon ganhou o debate na televisão e levou o primeiro turno. Terá provavelmente a missão de barrar a ascensão da neofascista Frente Nacional e de sua líder e candidata Marine Le Pen, que festejou a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia.

Com o desgaste do Partido Socialista e a impopularidade do presidente François Hollande, as pesquisas indicam que a esquerda corre sério risco de ser eliminada no primeiro turno, em 23 de abril. Fillon é claramente o defensor de uma ordem internacional liberal e de uma economia mais aberta, em contraste direto com a pregação ultranacionalista da Frente Nacional.

O ressurgimento do ultranacionalismo é um sintoma da crise do processo de globalização. Com a queda nos padrões de vida da classe média e baixa na Europa e nos EUA, os trabalhadores brancos que um dia trabalharam na indústria e votavam nos partidos socialistas e comunistas agora votam na ultradireita, seduzidos por um discurso fácil de expulsar estrangeiros e repatriar empregos.

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