Com a vitória no estado de Wisconsin, onde o Partido Republicano não vencia uma eleição presidencial desde 1984, o magnata imobiliário Donald Trump superou os 270 votos necessários para garantir a maioria no Colégio Eleitoral que ratifica os resultados da corrida à Casa Branca, noticiou há pouco o jornal The Washington Post.
Em 2008 e 2012, o presidente Barack Obama obteve vitórias decisivas em Wisconsin. A confiança do Partido Democrata era tão grande que Hillary Clinton não foi nenhuma vez ao estado depois da oficialização de sua candidatura. Mais de 60% dos eleitores de Wisconsin disseram não confiar em Trump. Mesmo assim, a maioria optou pela mudança.
Há poucos minutos, depois que as televisões anunciaram a vitória do republicano, Hillary telefonou para Trump reconhecendo a derrota e cumprimentando o adversário.
Na minha opinião, a vitória de Trump é um sinal claro de decadência dos EUA. O bilionário fez campanha pintando um cenário catastrófico a respeito do país mais rico e poderoso da Terra, culpando imigrantes, a burocracia de Washington e outros países pelo declínio relativo dos EUA.
Com sua promessa vaga e vazia de "tornar a América grande de novo", como se os EUA não fossem a maior potência mundial, Trump conseguiu seduzir os perdedores no processo de globalização, especialmente o eleitorado branco sem curso superior que perdeu o emprego com a desindustrialização do país.
Trump ganhou com um discurso do medo, fascistoide, ressentido, racista, xenofóbico e machista, anti-imigrantes e contra o livre comércio. Explorou o temor dos americanos ao descrever seu próprio país como corrupto e decadente, como se ele próprio não fizesse parte do sistema e não tivesse se beneficiado dele e de suas distorções para acumular riqueza. Fez o discurso da antipolítica, como se não tivesse livre trânsito nos gabinetes de Washington.
Sua retórica nacionalista e protecionista promete repatriar empregos e fábricas, renegociar acordos comerciais internacionais, expulsar os imigrantes ilegais e bloquear o acesso dos muçulmanos aos EUA. Mas ele sempre falou em termos genéricos.
A reação do mercado dentro e fora dos EUA deixa clara que investidores e analistas não acreditam no sucesso de suas promessas econômicas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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