O ex-primeiro-ministro François Fillon venceu hoje a eleição primária para escolher o candidato do partido Os Republicanos, de centro-direita, à Presidência da França por ampla vantagem. Com 90% das urnas apuradas, tinha 66,5% contra 33,5% para o ex-primeiro-ministro Alain Juppé.
Vitorioso em apenas dois departamentos, Juppé logo reconheceu a derrota. No primeiro turno, realizado no domingo passado, Fillon obteve 44,1% dos votos (1,89 milhão) contra 28,6% (1,22 milhão) para Juppé e 20,7% (880 mil) para o ex-presidente Nicolas Sarkozy, que apoiou Fillon no segundo turno.
"É uma vitória de fundo baseada nas minhas convicções depois de três anos apresentando meu projeto e meus valores", declarou Fillon, considerado moderado politicamente e ultraliberal em economia, a ponto de ser comparado com a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-90).
Fillon é desde já o candidato favorito à Presidência da França em 2017. Por causa da impopularidade do presidente François Hollande, as pesquisas indicam que o Partido Socialista não passe do primeiro turno, em 23 de abril. No segundo turno, em 7 de abril, o candidato republicano enfrentaria a líder da neofascista Frente Nacional, Marine Le Pen.
Se for eleito presidente, Fillon pretende dar um choque de liberalismo na economia francesa. O seguro-desemprego, por exemplo, deve se tornar regressivo, diminuindo depois de alguns meses de inatividade. Hoje o trabalhador tem direito pelo período em que esteve no último emprego até um limite de dois anos ou de três anos para maiores de 50 anos.
"A pobreza aumenta com o desemprego, então a chave para a recuperação da França é o pleno emprego", afirmou na campanha o candidato republicano.
Outra proposta de Fillon é acabar com os empregos subsidiados, contratos com ajuda para quem oferecer trabalho a jovens, especialmente o primeiro emprego. "Os ditos do contratos do futuro ou de geração custam 1,4 bilhão de euros por ano. Com que resultado?", questiona o ex-primeiro-ministro. "Eles não garantem a inserção no mercado de trabalho e distorcem a concorrência."
Para a diretora do Centro de Estudos do Emprego, Christine Erhel, a avaliação do candidato é "totalmente irrealista". Os contratos do futuro, criados em 2012 para combater o desemprego entre os jovens e dar oportunidade a quem não tem experiência, beneficiam hoje 300 mil pessoas.
O ex-primeiro-ministro considera o atual salário mínimo, de 1.173,43 euros, adequado, mas é contra reajustes automáticos, a não ser para compensar a inflação.
No setor público, Fillon quer aumentar a jornada semanal de trabalho de 35 para 39 horas, um aumento de 10% no tempo trabalhado, e cortar 500 mil empregos, duas vezes mais do que Juppé prometia.
No setor privado, o aumento da jornada semanal seria ainda maior, passando das atuais 35 horas para o limite estabelecido na legislação da União Europeia, 48 horas por semana.
A idade mínima para a aposentadoria vai mudar de 62 para 65 anos. Os regimes de aposentadoria de empregados públicos e privados será harmonizado.
O imposto sobre grandes fortunas será abolido. Fillon o acusa de "provocar fuga de capitais".
Além de cortes de impostos, o candidato republicano pretende "simplificar drasticamente" a Lei do Trabalho da França, mais longa do que a Bíblia, e "recentrá-la sobre as normais sociais fundamentais". Ele promete fazer 50% das compras governamentais de pequenas e médias empresas. Em 2013, foram apenas 27%.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 27 de novembro de 2016
Fillon será o candidato de centro-direita na França
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