terça-feira, 31 de julho de 2007

Petróleo se aproxima do recorde de US$ 78,40

Diante da expectativa de aumento de consumo durante o inverno no Hemisfério Norte, no final deste ano, os preços do petróleo se aproximam das cotações recordes atingidas em agosto de 2006, quando o preço do barril de 142 litros de petróleo bruto chegou a US$ 78,40.

Nesta terça-feira, o petróleo tipo Brent, do Mar do Norte, referência para o mercado de Londres, foi vendido a US$ 77,05, enquanto o West Texas Intermediate, referência da Bolsa Mercantil de Nova Iorque subiu US$ 1,38 para US$ 78,21 por barril.

News Corp. compra Dow Jones por US$ 5 bilhões

As diretorias dos grupos Dow Jones e News Corporation aprovaram nesta terça-feira, 31 de julho, a compra da Dow Jones pelo empresa liderada pelo empresárioi australiano naturalizado americano Rupert Murdoch, um dos maiores magnatas da mídia globalizada.

O cinema está de luto por Bergman e Antonioni

Em dois dias, foram anunciadas as mortes de dois dos maiores gênios do cinema: o sueco Ingmar Bergman, aos 89 anos, e Michelangelo Antonioni, de 94. Foram dois intelectuais que fizeram um cinema de autor, hermético, sem o compromisso com o mercado da cultura de massa.

Com sua introspecção e um pessimismo nórdico, Bergman explorou os abismos da alma humana em obra-primas como O Sétimo Selo, A Flauta Mágica, A Hora do Amor, Gritos e Sussuros, Cenas de um Casamento, Sonata de Outono, Fanny & Alexander, entre outros filmes densos, pesados, profundos e arrasadores.

Antonioni, um dos mestres do neo-realismo italiano, ao lado de Roberto Rosselini, Luchino Visconti e outros. Eles queriam sair dos estúdios e filmar o mundo real. Antonioni foi o autor de dois clássicos da contracultura dos anos 60 e 70: Blow Up e Zabriskie Point.

Blow Up é a história inacabada de um crime não-resolvido descoberto por acaso na ampliação de uma foto tirada num parque de Londres. Em suas andanças pela cidade, o fotógrafo entra num show dos Yardbirds, banda que reunia três dos melhores guitarristas do mundo: Eric Clapton, Jeff Back e Jimmy Page.

Zabriskie Point, filmado nos EUA, com um enredo sobre a contracultura e o movimento hippie, traz na trilha sonora Rolling Stones, Grateful Dead e Pink Floyd. O Pink Floyd compôs especialmente para o filme de Antonioni, que termina espetacularmente. Numa crítica à sociedade de consumo, os eletrodomésticos de uma casa da classe média americana são detonados um a um ao som cósmico do Pink Floyd.

ONU aprova envio de força de 26 mil a Darfur

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta terça-feira o envio de uma força de paz de 26 mil homens para a província de Darfur, no Sudão, onde nos últimos quatro anos mais de 200 mil pessoas morreram e 2,1 milhões fugiram de suas casas.

A missão terá um custo de US$ 2 bilhões no primeiro ano. Será uma operação híbrida da ONU e da União Africana. Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, que passou meses negociando com o governo sudanês em Cartum, a resolução é "histórica e sem precedentes", e "fará uma diferença claramente positiva".

Como foi feito com base no Capítulo 7 da Carta da ONU, a Resolução 1.769 autoriza o uso da força em autodefesa, para proteger a ajuda humanitária ou a população. A Missão das Nações Unidas-União Africana em Darfur (UNAMID), com 19.555 soldados e 6.432 policiais civis, será a maior de todas as operações de paz no mundo inteiro.

Para ser aprovada, a resolução foi enfraquecida. A força internacional de paz não terá poderes para apreender e destruir as armas ilegais.

O embaixador dos Estados Unidos na ONU, Zalmay Khalilzad, apelou ao presidente do Sudão, Omar Bachir, pedindo a "máxima cooperação" e advertindo: "Se o Sudão não cumprir esta resolução, os EUA agirão rapidamente para adotar medidas unilaterais ou multilaterais. O Sudão agora tem uma escolha: pode seguir o caminho da cooperação ou o do desafio".

Desde o início de 2003, bombardeios aéreos, ataques de milícias pró-governamentais, seqüestros, assassinatos e estupros provocaram a morte de 200 mil e colocaram em fuga 2,1 milhões de sudaneses não-muçulmanos que moravam na província de Darfur, no Leste do Sudão, o maior país africano em área.

Núcleo da inflação americana cai para 1,9% ao ano

O núcleo da inflação nos Estados Unidos, excluídos os preços de energia e alimentos, subiu 0,1% em junho pelo quarto mês consecutivo. Isto reduz a inflação acumulada nos últimos 12 meses para 1,9% ao ano, dentro da meta informal adotada pelo Federal Reserve Board, o banco central americano, de 1% a 2% ao ano. É o menor índice anual em três anos.

A inflação plena, sem expurgos, também ficou em 0,1%, o menor índice desde novembro. Nos últimos 12 meses, a taxa ficou em 2,3% ao ano.

Confiança do consumidor nos EUA é a maior desde os atentados de 11 de setembro de 2001

A confiança do consumidor americano na economia dos Estados Unidos e nas suas próprias finanças pessoais atingiu neste mês de julho o nível mais alto desde os atentados de 11 de setembro de 2001, anunciou nesta terça-feira, 31 de julho, o Conference Board, um centro de pesquisas privado.

O índice de confiança do consumidor subiu de 105,3 em junho para 112,6 em julho, bem acima de expectativa média do mercado, que era de 106. Já o índice sobre a situação atual passou de 129,9 para 139,2. E o índice de expectativas aumentou de 88,8 para 94,8.

"Uma melhoria da situação das empresas e do mercado de trabalho elevou o espírito dos consumidores em julho", comentou Lynn Franco, economia do Conference Board. "Esta retomada na confiança sugere que a atividade econômica deve ganhar impulso nos próximos meses."

Segurança foi destaque no Pan-Americano do Rio

Além do sucesso do espetáculo e do recorde de medalhas dos atletas brasileiros, o esquema de segurança armado para os Jogos Pan-Americanos mostra que o Rio de Janeiro não precisa do Exército para fazer papel de polícia no combate à violência, observou ontem o professor Clóvis Brigagão, diretor do Grupo de Análise e Prevenção de Conflitos da Universidade Cândido Mendes.

"O entrosamento perfeito entre a Força Nacional de Seguirança e a Polícia do Rio mostra que não precisamos das Forças Armadas", comentou Brigagão em debate sobre Lições da Segurança Internacional para a Segurança Pública: Missões de Paz, Garantia da Lei e da Ordem e o Emprego das Forças Armadas, realizado no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio.

EUA vendem armas a Israel e países árabes amigos

Os Estados Unidos estão fechando novos acordos de venda de armas e de ajuda militar a seus principais aliados no Oriente Médio - Arábia Saudita, Egito e Israel - para conter o terrorismo e aumentar a estabilidade na região, anunciou na segunda-feira a secretaria de Estado, Condoleezza Rice, na véspera de iniciar uma nova viagem ao Oriente Médio, em companhia do secretário da Defesa, Robert Gates.

Um dos objetivos é conter o Irã e a expansão do xiismo. O valor total chega a US$ 33 bilhões só para a Arábia Saudita e o Egito, os principais aliados árabes dos EUA.

A secretaria de Estado descreveu os acordos e a venda de armas como "um compromisso renovado com a segurança de nossos parceiros estratégicos na região". Além da Arábia Saudita, do Egito e de Israel, serão contempladas as demais monarquias petroleiras do Golfo Pérsico.

"Este esforço vai ajudar as forças moderadas em apoio a uma estratégia mais ampla para conter as influências negativas d'al Caeda, do Hesbolá, da Síria e do Irã", declarou Rice em nota distribuída aos jornalistas.

Rice e Gates começam a viagem pelo Egito e a Arábia Saudita, onde vão se reunir com os aliados árabes "para discutir maneiras de etsabilizar o Iraque", explicou a secretária. Mas críticos da política externa de Bush no Congresso acusaram o governo dos EUA de ingenuidade, alegando que a Arábia Saudita tem ajudado a fomentar a ação de grupos guerrilheiros sunitas.

Depois Rice segue para Jerusalém e Ramala, na Cisjordânia, para continuar as negociações de paz entre israelenses e palestinos.

Os EUA devem fechar um acordo para a venda de US$ 20 bilhões em armas à Arábia Saudita e concluir um acordo de ajuda militar a Israel no valor de US$ 30 bilhões em 10 anos. Também estão iniciando negociações com o Egito para um pacote de modernização das Forças Armadas de US$ 13 bilhões.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Brown e Bush reafirmam relação especial

Em seu primeiro encontro com o presidente George Walker Bush como primeiro-ministro britânico, Gordon Brown reafirmou nesta segunda-feira em Washington seu apoio à luta contra o terrorismo e a guerra na Iraque.

Como foi a ocupação do Iraque que derrubou seu antecessor, Tony Blair, Brown foi frio, numa mudança de Blair, que foi chamado de poodle de Bush. Falou de países e não de uma relação pessoal com o presidente americano, extremamente impopular nos Estados Unidos e no resto do mundo.

Brown e Bush prometeram cooperar ainda na luta contra a proliferação nuclear, na contenção do Irã, no controle do aquecimento global, no desenvolvimento da África, no combate ao genocídio em Darfur e na retomada das negociações de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Primeiro-ministro do Japão perde eleição mas se nega a sair

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, dará uma entrevista em poucas horas. Até o momento, nega-se a renunciar à liderança do Partido Liberal-Democrata e à chefia do governo, apesar da fragorosa derrota nas eleições para o Senado. O PLD perdeu 55 cadeiras. Antes do fim da apuração, o Partido Democrático do Japão, o principal da oposição, tinha garantido 109 cadeiras e a coalizão do PLD com o Komeito, pouco mais de 80.

Desde que foi fundado, em 1955, como uma aliança de forças conservadoras, o PLD nunca tinha perdido a maioria no Senado. Perdeu na Câmara, em 1993-94, num curto período em que o PLD não governou o Japão. Assim, o presidente ou líder do PLD é automaticamente o primeiro-ministro.

Daqui a dois anos, haverá eleições para a Câmara, que tem mais poderes, inclusive o de formar o governo porque representa o povo. A dúvida é se os deputados do PLD querem enfrentar uma eleição com um líder que sofreu uma derrota como a de Shinzo Abe.

domingo, 29 de julho de 2007

Governador de Mendoza será vice de Cristina Kirchner

O governador da província de Mendoza, Julio Cobos, será candidato a vice-presidente da Argentina na chapa governista, encabeçada pela primeira-dama e senadora Cristina Fernández de Kirchner.

A candidatura de Cobos foi aprovada por aclamação em reunião dos chamados "radicais do K", políticos da União Cívica Radical - que tem a segunda maior bancada parlamentar na Argentina, depois do peronismo - que apóiam o governo Kirchner em Vicente López, na província de Buenos Aires.

Congresso investiga ministro da Justiça de Bush por mentir sob juramento

A maioria oposicionista nas duas Câmaras do Congresso dos Estados Unidos abriu uma investigação de perjúrio do ministro da Justça, Alberto Gonzales, que acumula o cargo de procurador-geral. O Congresso decidiu abrir inquérito para ver se Gonzales mentiu sob juramento depois que o diretor do FBI, Robert Mueller, levantou dúvidas sobre a credibilidade do procurador-geral.

Como assessor do presidente George Walker Bush deu o parecer que autorizou a detenção por tempo indeterminado de suspeitos de terrorismo, sem acusação formal nem processo judicial.

sábado, 28 de julho de 2007

Brown reafirma aliança com EUA

As relações entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos permanecem sólidas, afirmou o novo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, antes de embarcar a Washington para seu primeiro encontro com o presidente George Walker Bush desde que sucedeu Tony Blair na chefia do governo do Reino Unido.

Os dois líderes vão discutir terrorismo, a guerra no Iraque, a ameaça nuclear do Irã, p aquecimento global e a estagnação das negociações de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC).

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Bolsas da Ásia caem 2,5% a 3% em média

Depois da queda de mais de 300 pontos na quinta-feira na Bolsa de Nova Iorque, na manhã desta sexta-feira, a maioria das bolsas asiáticas apresenta quedas de 2,5% a 3%. A causa é a ameaça de uma crise no setor de crédito habitacional contagie toda a economia dos Estados Unidos.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Bolsa de Nova Iorque cai 300 pontos

O Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova Iorque, chegou a cair mais de 430 pontos nesta quinta-feira e fechou em baixa de 311,50 pontos (2,3%), em 13.473,57 pontos, por causa do temor de que a crise no setor habitacional contamine a economia dos Estados Unidos como um todo, abalando com uma onda de choque os mercados do mundo inteiro. A Bolsa de São Paulo caiu 3,76%.

Confira no Wall Street Journal.

China e Índia sustentam crescimento mundial

O crescimento da economia americana é pequeno e a recuperação européia é sempre um enigma. O que sustenta hoje o crescimento econômico mundial é o vigor de economias emergentes, sobretudo da China e da Índia, afirma um novo relatório do Fundo Monetário Internacional.

Na China, o consumo interno é cada vez importante para manter o extraordinário crescimento, superior a 11% ao ano.

Leia mais no Wall Street Journal.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Obesidade é doença contagiosa

A obesidade, eoidêmica nos Estados Unidos, é uma doença contagiosa transmitida pelas relações familiares e sociais, revelou hoje um estudo divulgado pela revista New England Journal of Medicine, uma das mais importantes publicações médicas do mundo.

Quando uma pessoa aumenta de peso, é mais provável que seus irmãos, familiares, amigos e colegas engordem também, constata a pesquisa das Faculdades de Medicina da Universidade de Harvard e da Universidade da Califórnia. Quanto maior a proximidade, maiores são as possibilidades desse "contágio".

Se alguém tem um amigo obeso, as possibilidades de engordar crescem 57%. Se dois amigos são obesos, as chances de aumentar de peso sobem 171%. Entre os irmão, a chance sobe 40%, e em casais de 37%, dizem os cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard e da Universidade da Califórnia.

"A obesidade de uma pessoa pode influir em outras a que esteja vinculado, tanto direta como indiretamente", declarou o Dr. Nicholas Christakis, professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Harvard.

Nos últimos 30 anos, o problema da obesidade entre adultos aumentou de 15% para 32% dos americanos; 66% dos americanos estão acima do peso.

O custo para os sistemas de saúde é enorme. A obesidade está relacionada a doenças como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

Essas conclusões são o resultado de 32 anos de observações e avaliações médicas de mais de 12 mil adultos. Uma constatação importante é que os efeitos sociais da obesidade são muito maiores que se imaginava.

"Algumas pessoas pensam que está tudo bem ser gordo se todos os que os rodeiam são gordos. Esse tipo de sensibilidade se propaga", segundo Christakis. "Sempre houve um grande esforço por encontrar os genes responsáveis pela obesidade. Nossa pesquisa indica que realmente se deveria atribuir mais tempo para estudar a questão social."

Leia o artigo no New England Journal of Medicine.

Bolsa de Nova Iorque tem maior queda desde março

A Bolsa de Valores de Wall Street sofreu na terça-feira, 24 de julho, sua maior queda desde março, depois que a Countrywide Financial, maior financiadora de casa própria nos Estados Unidos alertou que seus problemas de falta de pagamento dos empréstimos estavam indo além dos tomadores de segunda linha. Ao mesmo tempo, os lucros anunciados pela DuPont e pela American Express ficaram abaixado das previsões do mercado.

O Índice Dow Jones, que mede o desempenho das ações de 30 grandes empresas, caiu 226,47 pontos (1,6%), fechando em 13.716 pontos, com 29 das 30 ações em baixa.

Como a taxa de poupança nos EUA é baixa, uma crise de crédito que começou no setor habitacional, com o calote prestações de casa própria, pode se estender e contaminar outros setores da economia americana, que hoje depende da poupança externa, especialmente dos asiáticos, que financiam seu maior consumidor.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Paquistão mata 35 militantes no Waziristão

O Exército do Paquistão matou 35 fundamentalistas muçulmanos em regiões tribais, dois dias depois que o presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, declarou estar "perturbado" por saber que a rede terrorista Al Caeda está se fortalecendo nas regiões tribais paquistanesas, especialmente junto à fronteira com o Afeganistão, onde estariam refugiados Ossama ben Laden e a cúpula da Caeda.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Cristina Kirchner chega a Espanha como candidata

A senadora, primeira dama e candidata à Presidência da Argentina Cristina Fernández de Kirchner foi recebida pelo rei Juan Carlos II nesta segunda-feira 2, ao iniciar uma visita de quatro dias à Espanha que serve para apresentar a candidata do governo à Casa Rosada na eleição de outubro à sociedade internacional.

Leia mais no jornal espanhol El País.

domingo, 22 de julho de 2007

Revolta contra globalização cresce entre ricos

Cresce nos países ricos a reação negativa diante da globalização e dos dirigentes de empresas transnacionais, revela uma pesquisa do Instituto Harris e do jornal britânico Financial Times.

A grande maioria das pessoas na Europa e nos Estados Unidos quer aumento de impostos para os ricos e um limite para os salários de executivos de megaempresas numa tentativa de conter os efeitos perversos da globalização.

Leia mais no FT.com.

Governo ganha com ampla maioria na Turquia

O governo islamita da Turquia obteve uma vitória esmagadora nas eleições deste domingo, elegendo 342 deputados no parlamento, de 550 cadeiras, com 47% da votação. No discurso da vitória, o primeiro-ministro Recep Tayyp prometeu "defender os valores da república" e continuar tentando integrar o país à União Européia.

Mais de 80% dos 43 milhões de eleitores inscritos na Turquia participaram das eleições. Juntos, os dois partidos da oposição nacionalista e secularista conseguiram 34% dos votos.

Foi uma grande vitória para o Partido da Justiça e do Desenvolvimento, de Erdogan, de centro-direita, apoiado pelo mercado financeiro e por empresários conservadores. Como o governo assumiu o compromisso de levar a Turquia à União Européia, precisa continuar com as reformas econômicas liberalizantes.

Com raízes no islamismo político, o partido de Erdogan têm como importante base de apoio fora das grandes cidades, entre empresários muçulmanos socialmente e suas famílias na península da Anatólia, na parte asiática da Turquia. Durante décadas, eles se sentiram excluídos pela elite secularista, pelo kemalismo, a doutrina de Mustafá Kemal Ataturk, fundador da República da Turquia, em 1923.

O Exército é o grande fiador do kemalismo. Nesse sentido, foi derrotado nas urnas.

sábado, 21 de julho de 2007

Turquia vota para decidir seu futuro

Cerca de 43 milhões de turcos estão aptos para votar hoje em eleições parlamentares que opõem o governista Partido da Justiça e do Desenvolvimento, muçulmano moderado, e o nacionalismo secularista, o chamado kemalismo, a ideologia de Mustafá Kemal Ataturk, o fundador da república da Turquia, em 1923, depois da derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial (1914-18).

As urnas serão abertas daqui a pouco, às 7h em Ancara (1h em Brasília), e fechadas às 21h (15h em Brasília). O governo é o favorito nas pesquisas de opinião para ficar no poder por mais cinco anos. A dúvida é o tamanho da vitória do primeiro-ministro Recep Tayyp Erdogan, que tem como um objetivo central entrar para a União Européia, ou seja, não é muçulmano tão radical assim.

Erdogan declarou na campanha que um aumento da votação de seu partido fortalecerá a democracia na Turquia, onde em 1997 o Exército, guardião do kemalismo, derrubou um governo islamita há 10 anos. O primeiro-ministro tem o apoio do empresariado, favorável à adesão à UE.

Além do Partido da Justiça e do Desenvolvimento, só outros dois devem superar a barreira de 10% dos votos para conseguir entrar no parlamento - o Partido Popular Republicano, nacionalista de centro-esquerda, e o Partido Movimento Nacionalista, de extrema direita.

Os dois partidos de oposição fizeram campanha alegando defender o Estado secularista contra o fundamentalismo muçuimano. Mas Erdogan ridicularizou as sugestões de que ele pretende impor à Turquia um regime como o dos aiatolás no Irã.

Alguns candidatos independentes, na maior parte representantes da minoria curda, também podem se eleger. Com a autonomia dos curdos no Norte do Iraque, o Exército da Turquia vê com inquietação a possibilidade do surgimento do Curdistão, que inevitavelmente reivindicaria a região turca onde os curdos são maioria. Síria e Irã também têm importantes minorias curdas, mas a maior de todas está na Turquia.

A expectativa é que o governo ganhe mas fique com uma maioria parlamentar menor porque a oposição está mais unida. O mercado aprova as políticas liberais de Erdogan mas teme o aumento as tensões com os secularistas, se o governo islamita ampliar sua maioria no parlamento.

O novo governo terá de enfrentar diversos desafios, a começar pelo controle da violência dos rebeldes curdos no Leste do país e decidir se o Exército vai invadir o Iraque para combater os grupos guerrilheiros curdos que montaram suas bases no Iraque.

Também precisa encontrar um candidato de consenso à presidência, um cargo cerimonial, já que o governo está nas mãos do primeiro-ministro. Foi a tentativa de eleição indireta para a presidência do ministro do Exterior, Abdullah Gul, que deflagrou a crise que levou às eleições disputadas hoje.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Bush proíbe a tortura mas não muito

O presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, decretou novas regras para o interrogatório de suspeitos de terrorismo que proíbem vagamento o "tratamento cruel e desumano", inclusive o abuso sexual, mas permitem "medidas duras" que não são claramente definidas. A maior parte do documento é secreta.

É uma tentativa da Casa Branca de acalmar as críticas internas e externas à política de detenção de suspeitos de terrorismo sem denúncia formal nem culpa forma por prazo indeterminado, e ao uso de técnicas de tortura para obter informações, como choques elétricos, nudez, abuso sexual, ameaça de ataque de cães, desrespeito à religião, entre outras coisas.

O programa tem seu maior símbolo no centro de detenção instalado na base naval de Guantânamo, um um enclave americano em Cuba, para onde os presos na guerra do Afeganistão começaram a ser levados no início de 2002. Há denúncias de abusos e tortura nas prisões de Bagram, no Afeganistão, e de Abu Ghraib, no Iraque. Nesta última, os próprios torturados fizeram fotos que correram o mundo, provocando indignação e abalando o prestígio dos EUA.

Esses presos foram colocados num limbo jurídico. Por terem sido levados não para território americano mas para uma base naval que os EUA mantêm na ilha há cinco anos, negando-lhes a proteção garantida pelas Convenções de Genebra.

Bolsa de Nova Iorque fecha acima de 14 mil pontos

Três meses depois de chegar a 13 mil pontos, o Índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais ações da Bolsa de Valores de Nova Iorque, fechou pela primeira vez acima de 14 mil pontos na quinta-feira.

Leia mais no Wall Street Journal.

Rússia expulsa quatro diplomatas britânicos

O presidente Vladimir Putin minimou a importância da guerra dos espiões entre o Reino Unido e a Rússia, chamando-a de minicrise nesta quinta-feira, quando seu governo anunciou a expulsão de quatro diplomatas britânico.

Foi uma retaliação pela expulsão de diplomatas russos pelo governo britânico porque a Rússia se nega a extraditar o ex-agente do KGB Andrei Lugovoi, acusado pelo assassinato do também ex-espião soviético Alexander Litvinenko, em novembro de 2006, em Londres.

"É necessário medir as ações com base no senso comum, respeitando os direitos legítimos dos parceiros e tudo estará bem. Penso que vamos superar essa minicrise", afirmou Putin.

A Rússia teria apenas reagido à expulsão de quatro diplomatas russos da Grã-Bretanha, anunciada na segunda-feira pelo ministro do Exterior, David Miliband, principal líder blairista no governo Gordon Brown.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Blair inicia missão de paz no Oriente Médio

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair recomeçou nesta quinta-feira sua vida política, depois de deixar a residência oficial de 10 Downing Street no fim de junho, agora como enviado especial para a paz no Oriente Médio.

"Não precisamos de outra negociação fracassada", comentou a secretária de Estado, Condoleezza Rice. "Certamente precisamos da energia que Tony Blair pode trazer".

Nesta quinta-feira, Blair se reuniu com representantes do Quarteto: Estados Unidos, Rússia, União Européia e Nações Unidas. O tema foi o apoio do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, para, nas palavras de Condoleezza Rice, criar um "parceiro palestino forte" para negociar a paz com Israel e um Estado palestino.

A aposta em Abbas implica isolar o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), ignorando sua enorme base de apoio, sobretudo na Faixa de Gaza, o que não é uma receita para a paz.

China cresce 11,9% ao ano no segundo trimestre

A economia da China acelerou seu extraordinário ritmo de desenvolvimento no segundo semestre deste ano, crescendo a uma taxa anual de 11,9%, enquanto a inflação anual chegou a 4,4%, provocando temores de que o superaquecimento da economia chinesa provoque uma onda de crescimento de preços capaz de desestabilizar essa superpotência econômica do século 21.

Leia mais no Financial Times.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Bolsa de Nova Iorque chega a 14 mil pontos

A Bolsa de Valores fechou nesta terça-feira com o Índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais ações lá negociadas, no nível recorde de 13.971,55, depois de ter superado a marca de 14 mil pontos durante o pregão.

Ministra da Economia da Argentina pede demissão

A ministra Felisa Miceli estava em posição difícil desde que a polícia federal argentina encontrou uma sacola com o equivalente a 210 mil pesos no seu banheiro privativo no ministério, no início do mês passado.

Reino Unido expulsa quatro diplomatas russos

Numa guerra de espiões no estilo da Guerra Fria, o governo britânico anunciou na segunda-feira, 16 de julho, a expulsão de quatro diplomatas russos para mandar um "sinal claro e proporcional", nas palavras do ministro do Exterior, David Miliband, ao governo da Rússia.

Moscou se nega a extraditar o ex-espião soviético Andrei Lugovoi, acusado pelo assassinato em Londres, em novembro de 2006, do também ex-agentge soviético Alexander Litvinenko. Ele foi envenenado com um elemento radioativo chamado polônio-210 e teve uma morte lenta. Vivia asilado na Grã-Bretanha e era ligado ao magnata Boris Berezovski.

O governo russo ameaçou retaliar. Para o Kremlin, é simples: a Constituição da Rússia impede a extradição dos cidadãos russos para julgamento em outro país. A resposta mais provável é a expulsão de diplomatas britânicos da Rússia.

Essa novela, uma espécie de remake da Guerra Fria, vai continuar.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Petróleo se aproxima de preço recorde

O preço do petróleo tipo Brent, do Mar do Norte, referência da Bolsa Mercantil de Londres, fechou nesta segunda-feira cotado em US$ 77,32 dólares, depois de ter chegado a US$ 78,40 durante o dia, muito perto do recorde, atingido em agosto do ano passado: US$ 18,75. Desde janeiro, o barril de petróleo Brent subiu 51%.

Pior ainda: o banco de investimentos americano Goldman Sachs adverte que os preços podem chegar a US$ 95 dentro de seis meses, se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não aumentar a produção.

"A oferta total de petróleo bruto é hoje de um milhão de barris por dia menor enquanto a demanda é um milhão de barris por dia maior", diz um relatório do banco.

Como no ano passado, a oferta internacional de petróleo era de apenas dois milhões de barris diários acima da procura, o mercado se aproxima de uma escassez de oferta que inevitavelmente provocará nova alta de preços.

ESTOU NO PAN

Nos últimos dias não escrevi para este blogue como de costume porque estou trabalhando nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007. Até o final do mês, estarei numa verdadeira maratona. Peço desculpas, desde logo.

ONU não tem dinheiro para comprar comida

Com o aumento do preço dos produtos primários, por causa do aumento da demanda da China, o Programa Mundial de Alimentos (WFP) da Nações Unidas já não consegue comprar a mesma quantidade da comida distribuída para 90 milhões de pessoas em países pobres como Chade, Uganda e Etiópia. É uma pequena parte dos 850 milhões de pessoas que a Organização para Agricultura e Alimentação da ONU estima que precisam de ajuda alimentar.

O orçamento anual da ONU para ajuda alimentar é de US$ 600 milhões. Em entrevista ao jornal Financial Times, a diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, Josette Sheeran, foi realista: "Num mundo em que as contribuições são estáveis, um aumento de custo significa que ajudaremos menos gente".

Leia mais no Financial Times.

domingo, 15 de julho de 2007

Rússia abandona tratado de forças convencionais

O presidente Vladimir Putin assinou o decreto que desobriga a Rússia de cumprir o Tratado sobre Forças Convencionais na Europa (CFE), de 1990, um dos importantes acordos internacionais que marcaram o final da Guerra Fria, limitando o número de tropas e tanques que os países podem manter entre o Oceano Atlântico e os Montes Urais.

Em nota, o Kremlin justificou a decisão por causa das "circunstâncias extraordinárias que afetam a segurança da Federação Russa e exigem a adoção de medidas inadiáveis".

Numa tentativa de recuperar o status de superpotência perdido com o fim da União Soviética, Putin resolveu, entre outras coisas, endurecer sua posição contra a expansão da Organização do Tratado do Atlântico (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

Putin reage ao chamado programa Guerra nas Estrelas 2, que pretende instalar uma rede de defesas antísseis cobrindo todo o planeta.

sábado, 14 de julho de 2007

Coréia do Norte fecha reator nuclear

O governo comunista da Coréia do Norte comunicou nesta sexta-feira, 14 de julho, aos Estados Unidos que fechou o reator nuclear de Ionguibion. Agora, inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica vão conferir pessoalmente se o regime stalinista de Pionguiangue. Eles chegaram à capital do país na tarde deste sábado, hora local.

Para o negociador americano, Christopher Hill, o próximo passo é desativar totalmente o programa nuclear militar norte-coreano e desmontar as possíveis bombas atômicas. A Coréia do Norte teria plutônio suficiente para cerca de 10 bombas nucleares.

Em 9 de outubro do ano passado, a Coréia do Norte realizou um teste nuclear subterrâneo considerado um fracasso pelos EUA. Mas assustou os países vizinhos - China, Rússia e Coréia do Sul -, que não têm o menor interesse numa confrontação na península coreana. E deu mais impulso ao desafio do Irã, o país que EUA, Rússia e Europa temem que fabrique armas nucleares.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Médico indiano preso na Austrália é acusado de terrorismo na Grã-Bretanha

O Dr. Mohammed Hanif, um médico indiano de 27 anos preso na Austrália, foi acusado pelas tentativas de explosão de carros-bomba na Grã-Bretanha no mês passado. É suspeito de ser um contato da rede Al Caeda.

Hanif foi detido em 2 de julho no aeroporto de Brisbane.

A acusação formal, de dar apoio a uma organização terrorista, prevê uma pena de até 15 anos de cadeia. Ele estaria envolvidos nas tentativas de detonar carros cheios de explosivos em Haymarket e na Park Lane, no centro de Londres, e no Aeroporto de Glasgow, na Escócia.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Bush admite que EUA estão cansados de guerra

O presidente George W. Bush reconheceu nesta quinta-feira que os Estados Unidos estão "cansados de guerra", mas não deu qualquer sinal de que pretende mudar sua estratégia para o Iraque, apesar de um novo relatório com uma avaliação pessimista da situação.

Agora, até o Partido Republicano começa a defender a retirada americana do iraque.

No relatório, o governo iraquiano é acusando de não atingir o nível mínimo necessário: "Não atingimos o nível mínimo aceitável. O governo não tem uma liderança à altura de nosso considerável sacrifício", protestou o senador john Warner, e "isto tem de mudar imediatamente".

Bolsa de Nova Iorque sobe 284 pontos e bate recorde

O Índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova Iorque subiu 283,86 (2,1%) pontos fechando em novo recorde, de 13.861 pontos. Desde março de 2003, o principal índice da bolsa de Wall Street não registrada alta superior a 230 pontos.

A proposta da Rio Tinto para comprar a fábrica da alumínio canadense Alcan por US$ 38,1 bilhões e as vendas acima do esperado da Wal-Mart Stores, maior empresa do mundo, estimularam os investidores.

O Índice S&P 500 index cresceu 28,94 (1,9%) pontos, fechando em 1.547,7. E a bolsa Nasdaq, de ações de empresas de alta tecnologia subiu 49,94 (1,9%) pontos, chegando a 2.701.

Al Caeda vive momento de maior força

A rede terrorista Al Caeda está no seu momento de maior força desde os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, diz um relatório reservado de cinco páginas do governo americano.

Apesar das guerras e das operações antiterrorismo, Al Caeda, liderada pelo engenheiro saudita Ossama ben Laden e o médico egípcio Ayman al-Zawahiri, recuperou suas forças, encontrou um refúgio seguro nas regiões tribais do Paquistão e é considerada uma ameaça mesmo dentro dos EUA.

"Nos últimos seis anos, levamos a guerra até Al Caeda. Mas é um inimigo que se adapta", observou um porta-voz da Casa Branca.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Reino Unido prepara dura resposta à Rússia

O governo do Reino Unido examina duras medidas contra a Rússia, que podem incluir a expulsão de diplomatas, em retaliação pela recusa a seu pedido de extradição do principal suspeito do assassinato de Alexander Litvinenko. Esse ex-agente secreto do KGB (Comitê de Defesa do Estado) foi envenenado em Londres com o elemento radioativo polônio-210 em novembro de 2003, e passou por uma agonia de 23 dias, num crime no estilo da Guerra Fria.

A dura resposta britânica deve ser anunciada já na próxima semana, assim que Moscou confirme oficialmente que não vai entregar Andrei Lugovoi, outro ex-agente do KGB, para ser julgado na Grã-Bretanha.

Nesta quarta-feira, a Rússia advertiu que as relações com o Reino Unido não podem ser "reféns" de uma questão de extradição. Kremlin declarou-se "extremamente surpreso" e alegou estar apenas cumprindo a Constituição russa, que proíbe a extradição de seus cidadãos.

Estava reagindo a ameaças de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico, que advertiu na terça-feira
que o Reino Unido vai rever suas relações com a Rússia.

"O governo está estudando várias opções. Há um processo em andamento nos quais essas opções estão sendo examinadas. Mas pode esperar que logo algo será anunciado ao Parlamento", declarou um alto funcionário do Whitehall. Pode ir de negação de visto para entrar no Reino Unido e redução da cooperação em áreas como educação, ação social e combate ao terrorismo à expulsão de diplomatas, outra tática das guerras de espiões da Guerra Fria.

Euro bate recorde e dólar cai abaixo de R$ 1,90

O euro hoje atingiu sua cotação recorde diante do dólar, US$ 1,37, no mercado internacional, enquanto aqui no Brasil a moeda americana caía abaixo de R$ 1,90 pela primeira vez desde o ano 2000.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Equador ameaça expulsar Petrobrás

O governo chavista do Equador ameaça a companhia estatal brasileira Petrobrás de violar os termos de seu contrato, e ameaça expulsá-la do país, informa hoje o jornal inglês Financial Times.

A advertência acontece um ano depois que a empresa americana Occidental foi expulsa e seus bens, avaliados em US$ 1 bilhão, seqüestrados.

Leia mais no FT.com.

AIE prevê escassez de petróleo em cinco anos

Dentro de cinco anos, o mundo sofrerá uma escassez de petróleo que elevará os preços a níveis recordes e deixará os grandes consumidores ainda mais dependentes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), adverte a Agência Internacional de Energia. O aumento da demanda atingirá também o mercado de gás natural, dentro de anos, prevê a AIE.

Leia mais no Financial Times.

TV Globovisión denuncia pressão de Chávez

A rede de televisão privada Globovisión reclamou que o governo da Venezuela a "pressiona" e "ameaça" por sua linha editorial "independente". Isso provaria que existe uma "política de Estado de fustigar e intimidar para restringer a liberdade de expressão".

No final de maio, o governo Chávez provocou o fechamento do canal de TV de maior audiência do país, a Radio Caracas Televisión (RCTV), acusando-o de apoiar o frustrado golpe de abril de 2002.

Leia mais no jornal espanhol El País.

Paquistão ataca mesquita e 58 morrem

As forças de segurança do Paquistão atacaram hoje os estudantes radicais entrincheirados na Mesquita Vermelha, em Islamabad, a capital do país. O total de mortos chega a 58, sendo 50 estudantes e oito comandos paquistaneses.

É o que o jornal espanhol espanhol El País chama de talibanização do Paquistão.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Nova estratégia de Bush no Iraque desmorona

Quando anunciou sua nova estratégia para a guerra no Iraque, em janeiro, o presidente George Walker Bush marcou a data de 15 de setembro para fazer uma avaliação. Mas o que todos os relatórios feitos até agora indicam é que as metas não serão atingidas.

Enquanto isso, diminui cada vez mais o apoio que o presidente dos Estados Unidos ainda tem de parte da bancada do seu Partido Republicano. Aumenta a pressão pelo início da retirada americana do Iraque, considerada inevitável pelo ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev em artigo publicado hoje no jornal argentino La Nación.

Strauss-Kahn é favorito para dirigir o FMI

O ex-ministro das Finanças da França Dominique Strauss-Kahn, indicado pelo presidente Nicolas Sarkozy, foi considerado favorito pelo jornal inglês Financial Times, principal diário econômico-financeiro da Europa, para ser o próximo diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), em substituição ao espanhol Rodrigo de Rato, que deixa o cargo em outubro.

Em entrevista ao Journal du Dimanche, Sarkozy disse que Strauss-Kahn seria um "bom candidato europeu". Tradicionalmente, os Estados Unidos apontam o presidente do Banco Mundial e a Europa o diretor-geral do FMI, num acordo cada vez mais contestado.

"Para obter o posto é necessário ter forte credibilidade, experiência incontestável e ser poliglota - e Dominique Straus-Kahn tem essas qualidades", declarou Sarkozy.

Strauss-Kahn se apresentou como candidato à liderança do Partido Socialista, desafiando a candidata presidencial do partido, Ségolène Royal. Sua proposta de modernização é trazer o socialismo francês para o centro, para uma social-democracia, na tentativa de dar uma resposta aos desafios da globalização.

Ao indicar o ex-ministro para o FMI, em Washington, Sarkozy se livra a curto prazo de um poderoso adversário.
Sem Strauss-Kahn, a reforma para trazer o PS para o século 21 pode se esvaziar; o presidente teria um adversário mais fraco e menos elegível. Mas alguns analistas observam que o sucesso no FMI restituiria Strauss-Kahn à política francesa e européia em condições de desafiar Sarkozy na próxima eleição presidencial, 2012.

domingo, 8 de julho de 2007

Ministra argentina deixa US$ 210 mil no banheiro

A Justiça da Argentina desconfia da explicação da ministra da Economia, Felisa Miceli, para justificar a presença de uma bolsa com 100 mil pesos e US$ 31 mil dentro de uma bolsa encontrada por policiais em seu banheiro privado em 5 de junho.

Ela afirmou que o dinheiro havia sido emprestado por seu irmão e carregado em espécie para fazer uma transação imobiliária. Mas pegou mal. É mais um escândalo a abalar o governo Kircher a três meses da eleição presidencial.

Felisa atacou partidários do ex-ministro Roberto Lavagna, que pode ser o candidato anti-Kirchner em outubro. A candidata do governo será a senadora Cristina Fernández de Kirchner, mulher do presidente Néstor Kirchner. Ele teria optado pela candidatura de Cristina porque ela foi menos atingida pelos escândalos.

O Congo é aqui? No coração das trevas

Estamos no coração das trevas?

É o que sugeriu o assessor de imprensa da delegação dos Estados Unidos nos Jogos Pan-Americanos do Rio, Kevin Neuendorf, ao escrever no quadro de sua sala no Riocentro, antes de uma entrevista coletiva: “Bem-vindos ao Congo!” Depois, desculpou-se, alegando que era "por causa do calor". Mas é claro que não era só isso.

Kevin já voltou para casa, para alívio seu e do Comitê Olímpico dos EUA, que pediu desculpas oficialmente ao povo brasileiro, ao prefeito César Maia e ao Comitê Organizador dos Jogos do Rio (CO-Rio).

“O Haiti é aqui”, diz o verso de Caetano Veloso, numa referência à miséria das favelas brasileiras, que lembra o país mais pobre da América. Mas o Congo?

Não sei o que aconteceu com o porta-voz americano para ficar tão ofendido. Mas comparar o Brasil com o Congo foi claramente um insulto. Esse país acaba de passar pela chamada Primeira Guerra Mundial Africana, em que exércitos de seis países e pelo menos nove grupos irregulares importantes lutaram pelo poder por quase 10 anos, matando um total estimado em até 4 milhões de pessoas.

A atual República Democrática do Congo (ex-Congo Belga e ex-Zaire) é um imenso país situado no coração da África, com 2,345 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 60 milhões, enormes recursos naturais e uma História trágica.

O domínio colonial belga foi cruel. O rei Leopoldo II, que governou a Bélgica de 1865 a 1909, criou em 1885 o Estado Livre do Congo e administrou-o como uma empresa privada sua, usando escravos para extrair riquezas como marfim, borracha e cobre, até 1908. Naquele período, o total de congoleses mortos é estimado entre cinco e 22 milhões.

Hoje Leopoldo II é considerado um dos grandes genocidas da História. É na sua época que se passa a história de No Coração das Trevas, livro do escritor Joseph Conrad que inspirou Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola, talvez o melhor filme sobre a Guerra do Vietnã.

Mr. Kurtz, personagem de Conrad, era um gerente da exploração colonial que criou seu próprio feudo no meio da anarquia, tornando-se um tirano temido e um semideus para as tribos que o cercavam.

Coppola o rebatizou de Coronel Kurtz e o colocou numa aldeia do Vietnã. Conrad inspirou também a jornalista inglesa Michaela Wrong, autora de Nos Passos do Sr. Kurtz: vivendo à beira do desastre no Congo de Mobutu.

Rico em urânio, o Congo Belga (1908-60) forneceu minério para a carga das bombas nucleares de Hiroxima e Nagasaque.

No processo de independência, em maio de 1960, foi eleito primeiro-ministro Patrice Lumumba, do Movimento Nacional Congolês, um dos heróis das lutas de libertação nacional do século 20.

Em 30 de julho de 1960, a República do Congo se tornou independente. A província de Katanga tentou se separar, deflagrando uma guerra civil. O ex-sargento do Exército colonial belga Joseph Mobutu, nomeado por Lumumba para comandar o Exército Nacional Congolês, articulou, com o apoio dos EUA e da Bélgica, sua ascensão ao poder.

O golpe de Mobutu, apoiado pelos EUA, para derrubar Lumumba viria em 14 de setembro de 1960. Quatro dias depois, o secretário-geral das Nações Unidas Dag Hammarskjöld morreu num acidente de avião suspeito. Na guerra civil congolesa, pela primeira vez tropas da ONU deram tiros e tomaram posição num conflito armado.

Lumumba foi preso em 1º de dezembro de 1960 e assassinado em 17 de janeiro de 1961, em operações coordenadas pela CIA (Agência Central de Inteligência), o serviço de espionagem do governo dos EUA, como está comprovado por documentos desclassificados no mês passado.

Mobutu exerceu o poder absoluto com o apoio do Ocidente durante a Guerra Fria, acumulando uma fortuna pessoal estimada em US$ 4 a 6 bilhões em meio à miséria da maioria da população. Quando caiu, médicos e professores ganhavam salários mensais de um dólares e estavam sem receber há seis meses. O país vivia uma epidemia do vírus ebola.

Com o fim da Guerra Fria, Mobutu perdeu sua utilidade. Tornou-se apenas mais um diatador. Mas o que desestabilizou o Zaire, nome que Mobutu adotou em 1971, foi a fuga de centenas de milhares de ruandeses e da milícia hutu que promoveu o genocídio de 1994, quando 800 mil a 1 milhão de pessoas foram mortas.

O novo regime dominado pela minoria tútsi em Ruanda, liderado pelo general Paul Kagame, da Frente Patriótica Ruandesa, passou então a apoiar os baniamulengue do Congo, que são da mesma etnia tútsi, para evitar que a milícia dos Interahamwe se reorganizasse para contra-atacar Ruanda.

Isso tudo encorajou Laurent Kabila, ex-companheiro de lutas de Che Guevara, quando o revolucionário argentino passou um ano na África lutando pelo legado de Patrice Lumumba. No seu Diário do Congo, Guevara chamou Kabila de “bêbado” e “mulherengo”, dizendo ser impossível fazer uma revolução com um cara daqueles.

Mas foi Kabila que, saindo das Montanhas de Lua, no centro da África, em 1996, marchou em direção a Kinshasa e acabou com a ditadura de Mobutu, em 1997. Só que a guerra não parou.

Seis exércitos nacionais – de Angola, Namíbia, Ruanda, Uganda, Zimbábue e do próprio Congo – lutaram na guerra civil congolesa, além de diversos grupos irregulares, o que só aumentou o caos no país. Cada grupo tentava controlar uma pedaço do país para pilhar seus abundantes recursos naturais.

Kabila foi assassinado em 2001 e substituído por seu filho Joseph Kabila, que iniciou negociações que levaram a um acordo de paz assinado na África do Sul no final de 2002. O total estimado de mortos na Primeira Guerra Mundial Africana é de 2,5 a 4 milhões.

Em 30 de junho de 2006, o país realizou suas primeiras eleições pluripartidárias desde 1960. No segundo turno, em 29 de outubro, o presidente Kabila derrotou seu vice, Jean-Pierre Bemba, que rejeitou o resultado das urnas criando um clima pré-guerra civil. Mas ele pediu trégua a seus partidários e estaria disposto a assumir o papel de líder da oposição.

Por tudo isso, comparar o Brasil com o Congo é um pouco demais, não, Mr. Neuendorf?

sábado, 7 de julho de 2007

Cristo Redentor está entre as maravilhas do mundo

O Cristo do Corcovado, no Rio de Janeiro, foi escolhido uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo. O resultado da votação, realizada durante meses, inclusive via Internet, foi anunciado hoje, 7 de julho de 2007 (7/7/2007), em Lisboa, pelo astronauta americano Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na luta.

As Sete Novas Maravilhas do Mundo são"
• A Grande Muralha da China;
• Petra, uma cidade escavada na rocha, na Jordânia;
• a estátua do Cristo Redentor, no Corcovado, no Rio de Janeiro;
• a cidade perdida inca de Machu Picchu, no Peru;
• as ruínas do Coliseu, em Roma, na Itália;
• a cidade maia de Chichén Itzá, no México;
• o Taj Mahal, na Índia.

Caminhão-bomba mata 117 no Iraque

Um terrorista suicida detonou um caminhão-bomba com duas toneladas de explosivos na manhã deste sábado, 7 de julho, num mercado de rua na vila de Amerli, no Norte do Iraque. Pelo menos 117 pessoas morreram e outras 265 saíram feridas.

O caminhão parecia um veículo militar iraquiano.

Amerli é uma vila onde a maioria da população é de turcomenos xiitas e curdos. Fica a cerca de 160 quilômetros ao Norte de Bagdá, perto da cidade de Tuz Khurmatu, na província de Saladino.

EUA criaram 132 mil novos empregos em junho

A economia dos Estados Unidos criou 132 mil empregos a mais do que destruiu no mês de junho fora do setor agrícola, revelou nesta sexta-feira, 6 de junho, o Departamento do Trabalho. Uma revisão elevou o total de novos empregos em maio para 190 mil e o de abril para 122 mil. O índice de desemprego ficou estável em 4,5%.

O aumento expressivo do número de postos de trabalho significa que as empresas americanas estão otimistas.

Para o jornal americano The Wall Street Journal, esses dados indicam que o Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, tende a manter a taxa básica de juros da maior economia do mundo nos atuais 5,25% ao ano pelos próximos meses.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Venda de música digital cresce 49% nos EUA

Cerca de 230 milhões de discos foram vendidos nos Estados Unidos no primeiro semestre do ano, 15% a menos do que no mesmo período em 2006. Mas a venda de música digital cresceu 49% para 417,3 milhões de músicas.

Kirchner pede a Lula que Brasil aprove ingresso da Venezuela no Mercosul

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que "aplaine o terreno" para facilitar a aprovação pelo Congresso da entrada da Venezuela no Mercosul.

A aprovação tornou problemática desde que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, acusou o Senado de ser "papagaio dos Estados Unidos" por ter pedido que o governo de Caracas revisasse a decisão de fechar a Radio Caracas Televisión (RCTV), o canal de televisão que tinha a maior audiência no país.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Hillary e Obama apóiam pressão para valorizar iuã

Os principais candidatos do Partido Democrata à Casa Branca, favoritos para a eleição presidencial de 2008, os senadores Barack Obama e Hillary Clinton, concordaram em apoiar um projeto de lei para impor tarifas punitivas para pressionar a China a desvalorizar o Irã, noticiou hoje o jornal inglês Financial Times, porta-voz do centro financeiro de Londres.

Leia mais no FT.com.

Bolsa de Xangai abre em queda após baixa de 5,3%

Com a exceção de Seul, as bolsas asiáticas operam em baixa na manhã desta sexta-feira.

A Bolsa de Tóquio está interrompendo uma série de seis pregões consecutivos de alta. Xangai, que caiu 5,3% na quinta-feira, abriu em queda e no momento oscila entre índices positivos e negativos.

Mais tarde, as bolsas asiáticas se recuperaram e fecharam em alta. Só Tóquio teve queda.

Banco da Inglaterra eleva juros para 5,75%

O Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra aumentou hoje a taxa básica de juros da economia do Reino Unido em 0,25 ponto percentual, para 5,75% ao ano. É a taxa mais alta entre os países mais ricos do mundo. Isto provocou a queda na Bolsa de Valores de Londres.

A inflação britânica está em 3,1% ao mês, bem acima da meta oficial de 2% ao ano, estabelecida pelo atual primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, quando era ministro das Finanças.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Ministro japonês cai depois de gafe atômica

O primeiro ministro da Defesa do Japão desde a Segunda Guerra Mundial caiu ontem depois de sugerir que os Estados Unidos não podem ser culpados pelos bombardeios atômicos de Hiroxima e Nagasaque, os maiores traumas da História japonesa, que teriam sido inevitáveis.

"Entendo que o bombardeio provocou o fim da guerra. Penso que não poderia ter sido evitado", declarou Fumio Kyuma no sábado. O impacto foi especialmente forte na ilha de Kyushu, normalmente favorável ao PLD, onde fica Nagasaque.

Kyuma é o terceiro ministro a pedir demissão do governo Shinzo Abe, prejudicando sua campanha para as eleições de 29 de julho, que podem derrubar o primeiro-ministro 10 meses depois de chegar ao poder.

O secretário-geral do oposicionista Partido Democrático do Japão, Yukio Hatayama, que espera tomar a maioria no Senado do Partido Liberal-Democrata (PLD), que governa o Japão quase ininterruptamente desde 1955.

O asssessor de segurança nacional de Abe,Yuriko Koike, foi nomeado novo ministro da Defesa.

Brasil pode ser "Arábia Saudita verde"

Os investidores estão apostando que o aumento do consumo mundial de álcool e outros biocombustíveis alternativos aos combustíveis fósseis transformarão o Brasil numa "Arábia Saudita verde", afirma o jornal inglês Financial Times.

A expectativa parece exagerada, já que a Arábia Saudita tem as maiores reservas mundiais de petróleo comprovadas, mais de 260 bilhões de barris. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva previu que o Brasil será "a superpotência energética" do século 21.

Isto está gerando grandes negócios no setor sucro-alcooleiro da economia brasileira, registra o FT.com.

"O poder sempre tenta eliminar a sátira"

A sátira é e sempre foi um "potro negro" para os donos do poder, afirma o escritor e artista plástico italiano Dario Fo, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1997, irônico e provocador como de costume: "O poder tenta eliminar por completo a sátira, pois a considera extremamente perigosa".

Em entrevista ao jornal La Nación, Fo disse que a Argentina "é um país que amo muito, mas aí seguem privilegiando os interesses e os negócios, em lugar de prestar atenção às pessoas. A comunidade argentina está abandonada. O dinheiro, os interesses e os lucros são mais importantes do que a comunidade. O mesmo acontece na Itália".

Aos 81 anos, o dramaturgo, escritor, diretor, ator, cenógrafo, pintor e crítico de arte mostra que não perdeu o espírito rebelde.

Leia a entrevista a La Nación.

Brasil é potência agroindustrial, diz La Nación

Com o aumento da produtividade e das exportações, o Brasil se tornou uma potência agroindustrial, reconhece hoje o jornal argentino La Nación, em mais uma reportagem sobre os recentes sucessos da economia brasileira.

O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de açúcar, café, etanol e suco de laranja, e maior exportador mundial de carne de boi e de aves, além de colher anualmente 135 milhões de toneladas de grãos, especialmente de arroz, milho e soja, constata o jornal portenho.

Para o autor do artigo, Alberto de las Carreras, da Academia Nacional de Agronomia e Veterinária, o Brasil ainda tem problemas sérios como corrupção, gestão pública e insegurança jurídica. Mas superou a Argentina em estabilidade política, com mudanças de governo sem sobressaltos e o abandono de "políticas econômicas" erráticas.

Leia mais em La Nación.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Jornalista seqüestrado em Gaza é solto após meses

O correspondente da rede televisão pública britânica BBC na Faixa de Gaza, Alan Johnston, foi libertado hoje depois de ficar mais de 100 dias refém. Ontem, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) prendeu um dos líderes do grupo que o detinha, auto-intitulado Exército do Islã.

Neste momento, o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, destituído pelo presidente Mahmoud Abbas, dá entrevista ao lado de Johnston, tentando faturar politicamente com a libertação.

Desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza, depois de uma batalha contra as forças da Fatah (Luta), o partido de Abbas, os Estados Unidos, a União Européia e Israel passaram a apoiar o novo governo nomeado pelo presidente, na esperança de isolar o Hamas.

O Hamas tenta assim mostrar-se como um partido político e um interlocutor válido nas negociações de paz no Oriente Médio, apesar de suas posições linha-dura, como a pregação da luta armada e da destruição de Israel.

Agora Johnston começa a falar: "Foram as piores 16 semanas da minha vida. Sempre com medo. Preso por gente violenta e imprevisível. Depois de duas semanas, me deram um rádio. Pude ouvir a BBC e perceber como criou-se uma rede internacional de solidariedade, e como havia apoio do povo palestino, e especialmente dos jornalistas palestinos, para que eu fosse libertado. O primeiro-ministro Haniyeh, desde o início, disse que eu era um hóspede do povo palestino e que não poderia ser tratado daquela maneira".

"Depois que o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, os seqüestradores ficaram mais nervosos. Tive uma esperança e acabou dando certo", contou o repórter da BBC.

Haniyeh disse que "isto prova que há cooperação entre todo o povo palestino, e esta cooperação vai nos levar a grandes conquistas e à libertação da nossa terra".

Várias vezes os seqüestradores foram duros e violentos com Johnston, ameaçando sua vida: "Em um momento, eles ficaram furiosos com o andamento das negociações, me amarraram".

Nas últimas semanas, Johnston diz que passou a ter menos medo de morrer. Um porta-voz do Hamas declara que seus homens estavam "acompanhando Johnston há semanas. Poderíamos atacar mas não atacamos. Nossa preocupação era libertar este homem".

A seguir, ele prometeu trabalhar pela união nacional dos palestinos sem impor condições.

O Hamas queria mostrar também que é capaz de controlar a segurança pública, apresentar-se perante o mundo como uma força política responsável. Desde janeiro de 2006, quando o movimento islamita venceu as eleições parlamentares palestinas, os Estados Unidos, Israel e a União Européia passaram a boicotar economicamente a Autoridade Nacional Palestina, alegando que o Hamas é um grupo terrorista.

Veja a cobertura da BBC sobre a libertação de Alan Johnston.

Chávez critica Amorim e ameaça deixar Mercosul

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, considerou hoje "impertinentes" as declarações do ministro das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Celso Amorim. O chanceler pediu um "gesto positivo" do caudilho venezuelano em relação ao Senado, que o ex-coronel golpista chamou de "papagaio dos Estados Unidos", depois que os senadores lhe pediram que reconsiderasse o fechamento da Radio Caracas Televisión (RCTV).

Mais uma vez, Chávez ameaçou retirar a proposta de associação da Venezuela como membro pleno do Mercosul se os parlamentos do Brasil e do Paraguai não aprovarem a adesão em três meses. Ele atribuiu as dificuldades a setores de "direita" no Brasil e no Paraguai.

"A Venezuela não tem nada de que se desculpar. É o Congresso do Brasil que tem que se desculpar por imiscuir-se nos assuntos internos da Venezuela. O chanceler Amorim via o mundo ao contrário", disse Chávez num discurso. "Se o governo ou o Congresso do Brasil insistem em que a Venezuela tem de apresentar uma desculpa, então não entraríamos no Mercosul", ameaçou Chávez.

Ao dar um ultimato ao Congresso Nacional, o caudilho torna praticamente impossível um recuo do Senado: "Se dentro de uns três meses [a adesão da Venezuela] não for aprovada, nos retiraremos por dignidade porque consideramos isso uma falta de respeito. Não há nenhuma razão para que o Congresso do Brasil bloqueie", argumentou Chávez. Ele não conhece o Congresso Nacional.

A diplomacia brasileira certamente sabia que Chávez não é de pedir desculpas. O governo Lula mudou o tom em relação ao líder venezuelano: de companheiro a caudilho. Se o chanceler Celso Amorim falou grosso, deveria esperar uma resposta dura de Chávez.

Uma explicação dos analistas é que a Venezuela estaria relutando em adotar a tarifa externa comum da união aduaneira imperfeita do Mercosul. Numa união aduaneira, os países-membros cobram as mesmas tarifas sobre importações de fora do bloco.

Os industriais venezuelanos, temendo a concorrência do Brasil e da Argentina, que têm economias muito mais desenvolvida, estariam pressionando Chávez. No mesmo discurso em que atacou o Brasil, o presidente da Venezuela prometeu proteger a economia de seu país.

Em comentário na manhã desta quarta-feira na rádio CBN, a jornalista Míriam Leitão assinalou que o maior problema hoje é que a Venezuela não cumpre mais a cláusula democrática do Mercosul. Na sua opinião, esta é uma questão muito mais séria do que o bate-boca entre Chávez e o Senado.

Apesar de ter vencido todas as eleições desde 1998, Chávez domina todas as instituições venezuelas, está reescrevendo a Constituição da República Bolivarista da Venezuela e violou a liberdade de expressão, ao não renovar a licença da principal televisão venezuelana, a RCTV.

Como diz a máxima do filósofo liberal francês do século 18 Jean-Baptiste Voltaire - "Discordo de tudo o que dizes, mas defenderei até a morte o direito de que o digas" -, a liberdade de expressão é uma pedra fundamental da democracia liberal. E já que Chávez se declara socialista, deve conhecer a máxima da militante comunista polonesa Rosa de Luxemburgo: "Liberdade é o direito que damos aos outros de fazer aquilo com o que não concordamos". Caso contrário, não é liberdade. Mas o caudilho venezuelano não gosta de ser contrariado.

Há também uma competição evidente entre Lula, o retirante e operário que chegou ao poder no maior país da América do Sul, e Chávez, o coronel golpista com idéias nacionalistas e e agora socialistas, pela liderança da esquerda na América Latina. Os projetos são incompatíveis.

O Brasil de Lula busca uma inserção competitiva na economia globalizada; Chávez quer construir o "socialismo do século 21. Sua pregação antiliberal, antiamericana e anticapitalista é um peso para o Mercosul, capaz de ofuscar a importância da Venezuela na América do Sul.

A União Européia sinalizou claramente, ao propor uma "parceria estratégica" com o Brasil, que a negociação bloco a bloco com o Mercosul de Chávez não avança.

EUA acusam Irã de treinar Hesbolá

O Exército dos Estados Unidos acusa a Guarda Revolucionária do Irã, tropa de choque do regime dos aiatolá de treinar e equipar a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus). Um alto comandante do Hesbolá, Ali Mussa Dakduk, detido em março passado em Bássora, no Sul do Iraque, seria o oficial de ligação.

América Latina vive melhor momento em 30 anos

A economia latino-americana está no melhor momento em 30 anos, com inflação e contas públicas razoavelmente sob controle na maioria dos países, afirma relatório do Banco Santander, da Espanha.

Leia os detalhes no jornal argentino La Nación.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

À Sombra de Perón e Evita

(Reproduzo abaixo um artigo que escrevi em 24 de outubro de 2005, quando Cristina Kirchner foi eleita senadora pela província de Buenos Aires. A comparação com Perón e Evita é inevitável. É um dos capítulos do meu livro Bush 2: A Missão)

Só na província de Buenos Aires, 56 partidos e movimentos diferentes disputaram as eleições parlamentares de domingo, 23 de outubro de 2005, na Argentina. Foram eleitos 127 dos 257 deputados na Câmara Federal, 24 senadores, um terço do Senado, 400 parlamentares das assembléias provinciais e 1.957 vereadores. Mas o que estava em jogo mesmo é a legitimação do presidente Néstor Kirchner e sua luta para controlar a força política dominante na Argentina: o peronismo.

Kirchner sai fortalecido.

Nesta batalha decisiva para controlar o partido e o Congresso, preparando a reeleição em 2007, Kirchner convocou sua mulher, a já senadora Cristina Fernández de Kirchner. Ela foi a candidata da Frente para a Vitória ao Senado na província de Buenos Aires, onde se concentram 40% da população e 35% do produto nacional bruto argentinos. Sua principal adversária na campanha foi a ex-primeira-dama Hilda Chiche Duhalde, mulher do ex-presidente Eduardo Duhalde, que controla o Partido Justicialista na província.

Como a luta é pela herança do general Juan Domingo Perón e inclui uma guerra de primeiras-damas, a onipresença dos fantasmas del Viejo e de Evita revela uma característica peculiar da política da Argentina, um país ainda hoje fascinado pelo carisma do casal que é também símbolo de um passado de opulência. Entre 1946 e 1949, os salários reais para o operário da indústria argentina cresceram em média 53% e a participação da massa salarial no PIB passou de 40,1% para 49%.

Estavam aptos a votar no domingo 26.098.099 argentinos. O voto é obrigatório mas houve abstenção de 35%.

Primeira-dama vencedora
A grande vitoriosa foi Cristina Kirchner. Com 90% das urnas apuradas ela tinha 46% dos votos na disputa pelo Senado na província de Buenos Aires. Em segundo, Chiche Duhalde tinha 19,5%. Na briga pela terceira vaga, Marta Maffei, da Afirmação por uma República Igualitária (ARI), batia o ex-ministro da Economia Ricardo López Murphy, da Proposta Republicana, e Luis Brandoni, da União Cívica Radical.

Na capital federal, com 99% das urnas apuradas, a lista de Mauricio Macri, empresário e presidente do Boca Juniors, clube mais popular do país, aliado de López Murphy, tinha 34% dos votos. Era seguida pela ARI, da deputada esquerdista Elisa Carrió, com 22%. Os candidatos de Kirchner, com o ministro das Relações Exteriores, Rafael Bielsa, abrindo a lista, estavam em terceiro lugar com 20,3%.

Eleito em abril de 2003 com apenas 22% dos votos no primeiro turno, porque seu principal adversário, o ex-presidente Carlos Saúl Menem, um peronista de direita, desistiu de disputar o segundo turno, Kirchner ficou com o estigma de não ter sido consagrado nas urnas.

Nesta luta pela legitimidade, Kirchner transformou uma eleição parlamentar de meio de mandato num plebiscito sobre seu governo. Ele chegou à Casa Rosada depois da pior crise econômica da história argentina.

Em dezembro de 2001, houve o colapso da paridade cambial entre o dólar e o peso e o fim da conversibilidade introduzida na era Menem (1989-99). O país decretou moratória de uma dívida de US$ 100 bilhões e a poupança depositada nos bancos ficou presa no corralito, jogando 58% dos argentinos abaixo da linha pobreza, contra 24% em 1999 e 38% hoje.

Tudo isso levou à renúncia do presidente Fernando de la Rúa (1999-2001), da União Cívica Radical, partido do ex-presidente Raúl Alfonsín. Depois de alguns interinos, o peronista derrotado por De la Rúa em 1999, Eduardo Alberto Duhalde Maldonado assumiu para completar o mandato evitando a convocação de eleições presidenciais antecipadas em meio à pior crise econômica da história do país.

Duhalde fora vice-presidente de Menem. Eles romperam por causa das políticas econômicas liberais do menemismo. Apesar da rejeição nas urnas, Duhalde chegou ao poder como cacique da máquina partidária do peronismo na província de Buenos Aires. Para impedir a volta de Menem ao poder, lançou Kirchner para sucedê-lo em 2003.

Kirchner x Duhalde
Assim que assumiu a presidência, com o estigma de não ter sido consagrado nas ruas, Kirchner procurou consolidar a sua própria base de poder, usando a máquina do Estado para cooptar os chamados peronistas e radicais do K. Foi duro nas negociações com o FMI e obteve um desconto de até 75% na renegociação da dívida. A Argentina está crescendo a uma taxa de 8,9% ao ano, com inflação hoje em 11% anuais. Já atingiu o nível de 1998 mas tem problemas para negociar os empréstimos e investimentos necessários à recuperação em bases permanentes.

O conflito entre criador e criatura era inevitável. Desde setembro do ano passado, os dois estão oficialmente rompidos e as eleições de 23 de outubro foram uma batalha importante nesta guerra. Kirchner pretende eleger 60 a 65 deputados leais, o que lhe permitiria criar um bloco de 100 a 110 deputados. Os deputados peronistas leais a Duhalde seriam cerca de 30 e a UCR teria uns 40.

Com uma ampla vitória sobre o duhaldismo, Kirchner é o grande vencedor desta eleição. Deve tentar atrair os rivais duhaldistas para o oficialismo. Afinal, pertencem aos setores mais à esquerda do peronismo. Não há uma incompatibilidade ideológica, como no caso do menemismo.

O Pingüim, como é chamado pelo nariz adunco e sua origem na Patagônia, é um presidente caracterizado pelo estilo agressivo. Já comprou brigas com o Fundo Monetário Internacional, empresas estrangeiras, os credores da dívida argentina, a Igreja Católica, o presidente Lula, o embaixador da França, a Federação das Indústrias de S. Paulo (Fiesp), os supermercadistas argentinos e quem se atravesse no caminho de suas ambições.

De olho na reeleição em 2007, Kirchner quer facilidade para aprovar suas propostas no Congresso para poder se dedicar de corpo e alma a uma campanha presidencial que promete ser dura como reza a tradição argentina.

A maior disputa mais uma vez será pela alma do general Perón. Depois dos fracassos econômicos dos governos radicais de Alfonsín e De la Rúa, a grande batalha deve ser travada dentro das hostes peronistas. O duelo entre Chiche e Cristina é apenas um trêiler.

O General Perón
Juan Domingo Perón era um oficial do Grupo de Oficiais Unidos, simpatizantes do nazifascismo que derrubaram o presidente civil Ramón Castillo no golpe de 4 de junho de 1943. De secretário do Trabalho e Bem-Estar Social, ele passou a ministro da Guerra e vice-presidente. Preso em 9 de outubro de 1945, foi solto por força grandes manifestações de massa em 17 de outubro do mesmo ano, data comemorada com entusiasmo por Kirchner durante a campanha. Ele lançou, na data, um programa educacional “para que os argentinos do futuro possam ter a mesma educação de qualidade que tínhamos no passado”.

O peronismo é um fenômeno típico do que se chama de populismo latino-americano, na definição do cientista político argentino Torcuatto di Tella, “uma aliança de parte da elite, incluindo industriais e militares nacionalistas, e trabalhadores, para enfrentar outro segmento da elite”, o mais conservador.

Para os militares argentinos, que alimentavam um sonho de hegemonia na América do Sul, o inimigo era o Brasil. Eles sabiam que a potência realmente hegemônica no continente, os Estados Unidos, não armaria a Argentina para atacar o Brasil, que adotava uma política de aliança automática com Washington. A Argentina precisava então do seu desenvolvimento industrial autônomo.

Daí nasce uma aliança entre militares, industriais, trabalhadores e setores da Igreja Católica contra uma elite fundiária que teria de pagar pelo protecionismo necessário ao nascimento de uma indústria nacional. Inspirado pelo ditador italiano Benito Mussolini e por Getúlio Vargas, a partir do golpe de 1943, Perón promoveu reformas sociais e fortaleceu os sindicatos como sua base de poder.

De 1930-35 a 1945-49, a produção industrial dobrou. Em 1944, as importações, que em 1925 consumiam 30% do PIB argentina, representavam apenas 6%. O número de fábricas passou de 38 mil em 1935 para 86 mil em 1946. No mesmo período, o operariado industrial passou de 436 mil para mais de 1 milhão de trabalhadores. Até 1947, chegaram à Grande Buenos Aires 1,368 milhão de migrantes vindos do campo atraídos pela rápida expansão industrial. Eram os descamisados que se tornariam massa de manobra para o peronismo. Seu discurso prometia plena cidadania para todos.

Isso levou Perón à sua primeira vitória eleitoral nas eleições presidenciais de 24 de fevereiro de 1946, com 56% dos votos, contra a União Democrática, que reunia desde os radicais, representantes da classe média antiperonista, até socialistas e comunistas, que na época, não sem alguma razão, descreviam Perón como fascista. Mas as massas argentinas já estavam seduzidas por este oficial e por sua segunda mulher, Maria Eva Duarte de Perón, com quem ele se casara quatro dias depois da libertação e da consagradora reaparição nos balcões da Casa Rosa, de onde pronunciaria seus discursos para empolgar a Argentina.

Filha ilegítima de uma cozinheira, cantora e atriz de radioteatro, Evita já era amante do general Perón. Eles formaram um casal sem paralelo na História nem no imaginário político latino-americano. Sua morte prematura, aos 33 anos, de câncer, em 1952, a transformou numa semideusa amada e odiada, uma personagem perene e insuperável da política argentina, mesmo que as primeiras-damas de hoje busquem a legitimidade no voto.

A ‘terceira via’
Defensor de uma “terceira via” entre o capitalismo e o comunismo, uma idéia originalmente mussolinista, Perón adotou uma atitude antiimperialista, nacionalizando empresas americanas e européias. Promoveu o tango como autêntica cultura popular argentina e legalizou a prostituição. Incentivou os sindicatos mas os manteve atrelados à máquina do Estado e do partido, esmagando quaisquer competidores interessados na luta dos trabalhadores.

Uma década de governos peronistas (1946-55) traria profundas mudanças para a classe trabalhadora argentina. Houve uma grande expansão do movimento sindical. O índice de sindicalização cresceu de 30,5% em 1948 para 42,5% em 1954, chegando a 70% na maioria dos setores industriais. O total de sindicalizados passou entre 1946 e 1951 de 520 mil para 2,333 milhões.

Pela primeira vez, foi introduzido em mecanismo de negociação coletiva, com escala móvel de salários, auxílio-doença, licença-maternidade, férias e outros direitos sociais. A Lei das Associações Profissionais, de outubro de 1945, estabeleceu a unidade, a imunidade dos dirigentes e o imposto sindical, garantindo uma arrecadação compulsória. Ao mesmo tempo em que garantia o financiamento dos benefícios previdenciários o Estado tentava assegurar seu controle sobre o movimento.

Havia sindicalistas no Congresso. Eles eram consultados oficialmente em decisões de governo. Operavam o sistema de previdência e assistência social através do Ministério do Trabalho e Bem-Estar Social e da Fundação Eva Perón. Logo as noções de autonomia política e organizacional do movimento operário começaram a se chocar com as ambições de Perón e dos outros participantes da aliança corporativista e nacionalista que as sustentava.

Perón foi reeleito em 1951, com ajuda importante do voto feminino pelo qual Evita lutara. Mas o autoritarismo, a corrupção e o conflito interno das diferentes forças componentes do peronismo, alinhadas à direita e à esquerda, inclusive uma ruptura com a Igreja Católica, levaram à chamada Revolução Libertadora ou, dependendo do ponto de vista, ao golpe de 16 de setembro de 1955. Desde então, todos os golpes de Estado na Argentina foram marcados pelo confronto entre peronistas de direita e de esquerda.

Amargo regresso
Perón ficou 18 anos no exílio. Quando voltou, em 20 de junho de 1973, foi recebido com a Batalha de Ezeiza, uma briga entre a direita peronista, que incluía a Aliança Anticomunista Argentina, liderada por José López Rega, que seria ministro do Bem-Estar Social do último governo Perón, e a extrema esquerda, onde estavam os Montoneros.

Em 23 de setembro de 1973, o velho caudilho é eleito presidente da Argentina pela terceira vez, com 62% dos votos, agora com sua nova mulher, María Estela Martínez de Perón, a Isabelita, como vice. Só que Isabelita não era Evita. Com a morte do general em 1º de julho de 1974, a crise do peronismo vai se agravando até o golpe de 24 de março de 1976 e a violenta ditadura que o seguiu, responsável por cerca de 30 mil mortes.

A democracia só voltou à Argentina em 1983, um ano depois da derrota para a Grã-Bretanha na Guerra das Malvinas, que desmoralizou as juntas militares. Desde então, dois mandatos foram encurtados por crises agudas, a hiperinflação de 1989 sob Alfonsín e o colapso do peso com De la Rúa em 2001. Desde 1930, Menem foi o único civil a ser eleito democraticamente a concluir o mandato.

Como o peronismo é aparentemente a única força política capaz de governar a Argentina, a grande batalha é mais uma vez pela hegemonia interna no Partido Justicialista. Para alguns argentinos, o peronismo é o “fenômeno incorrigível”, definição do escritor Jorge Luis Borges. Nesta visão, o golpe de 1943 marca o início de uma guerra civil que arrasou a Argentina, comprometendo uma situação econômica que a colocava entre os países mais ricos do mundo no início do século passado.

Para o professor Di Tella, “a guerra civil argentina termina em 1989, quando Carlos Menem, um peronista, convida o maior grupo empresarial do país a indicar o ministro da Economia”. Menem já era da direita peronista. Deu naquela época sua guinada definitiva para um liberalismo e um pró-americanismo que nada tem a ver com as idéias nacionalistas e antiimperialistas do caudilho.

Um dos países mais férteis do mundo, com população relativamente pequena, de 36 milhões de habitantes, uma renda média por habitante bem acima da brasileira e, apesar da crise, 34º melhor país do mundo no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, não há razões para a Argentina ter dificuldades econômicas. Foi o país que mais se subdesenvolveu no século 20, deixando de ser um dos mais ricos do mundo, em grande parte por causa de seus conflitos políticos.

Bush livra ex-assessor de Cheney da cadeia

O presidente George Walker Bush provocou a ira da oposição democrata hoje, ao perdoar o ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, Lewis Libby.

Libby foi condenado a dois anos e meio de prisão por falso testemunho e obstrução de Justiça, no processo sobre o vazamento para a imprensa do nome de uma agente da CIA (Agência Central de Inteligência), Valerie Plame, cujo marido, o embaixador Joseph Wilson, fizera um relatório negando que Saddam Hussein tivesse tentado comprar urânio no Níger.

Dois meses e meio depois da invasão do Iraque, em junho de 2003, quando ficou evidente que não havia armas de destruição em massa no Iraque, como alegara o governo Bush para justificar a guerra, Wilson escreveu artigo no jornal The New York Times dizendo que seu relatório havia sido manipulado.

Para fugir da responsabilidade, Bush citou a suposta compra de urânio no Níger na discurso sobre o Estado da União, em janeiro de 2003, atribuindo a informação ao serviço secreto do Reino Unido e seu leal aliado Tony Blair encampou a mentira.

Revoltados, os democratas denunciaram a manobra como abuso de poder. Para o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, foi uma "desgraça". Já o presidente da Comissão de Justiça do Senado, Patrick Leahy, considerou-a "emblemática de uma Casa Branca que se vê acima da lei".

Mas o perdão não foi total. Libby não vai para a cadeia mas ainda deve pagar multa de US$ 250 mil e ficará em liberdade condicional por dois anos.

A expectativa era que Bush esperava até o último recurso ou deixasse o indulto para depois das eleições presidenciais de novembro de 2008. Mas Libby deveria para a prisão nos próximos dias. Depois das eleições, teria cumprido metade da pena. Bush foi leal a um dos cães de guarda de Cheney, reforçando o manto de sigilo que protege as ações de guerra deste governo.

Néstor Kirchner pede ajuda energética a Lula

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, aproveitou a reunião de cúpula do Mercosul na semana passada, no Paraguai, para pedir ajuda energética de emergência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Quando assumiu, em 2003, em meio à pior crise econômica da História argentina, depois do colapso da dolarização do peso, em 2001, Kirchner decretou o congelamento de preços e tarifas de serviços públicos, comprando briga com as empresas privatizadas. Isso desestimulou os investimentos.

Como a economia argentina tem crescido a taxas de 8% a 9% ao ano com a retomada pós-crise, está faltando energia neste inverno, o que abala a popularidade do presidente, que lança oficialmente no dia 19 de julho sua mulher, a senadora Cristina Fernández de Kirchner, à eleição presidencial de outubro.

Cristina Kirchner será candidata a presidente

Como este blog antecipou em 9 de maio, a senadora e primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner será a candidata do governo na eleição presidencial de outubro na Argentina. O presidente Néstor Kirchner ainda tem mais pontos nas pesquisas, mas está desgastado por escândalos de corrupção, derrotas eleitorais nas províncias e na recente disputa da Prefeitura de Buenos Aires, e seu estilo agressivo e turrão.

O mercado financeiro gostou. Acredita que Cristina Kirchner será mais moderada, vai querer atrair capital estrangeiros e comprar menos brigas com o setor empresarial e com outros países.

No momento, a Argentina enfrenta uma crise energética porque sua economia vem crescendo a taxas de 8%, 9% ao ano, depois da depressão provocada pelo colapso da dolarização do peso, no final de 2001. Quando assumiu, em 2003, Néstor Kirchner congelou os preços, desencorajando novos investimentos.

Cristina tem 46% das preferências do eleitorado; nenhum dos três principais candidatos de oposição passa de 12%.

domingo, 1 de julho de 2007

China arma-se para projetar seu poderio

A China está modernizando contínua e sistematicamente suas Forças Armadas, afirma um relatório produzido pelo Gabinete do Secretário da Defesa para o Congresso dos Estados Unidos, "está perseguindo uma ampla transformação de suas forças militarres a longo prazo para aumentar sua capacidade de projetar seu poderio, impedir acesso e dominar áreas".

O documento Poderio Militar da República Popular da China 2007 foi divulgado em 25 de maio e não está classificado. Traz, por exemplo, dos novos navios de guerra que a China está desenvolvendo para ter uma Marinha de águas profundas.

Tudo isso revela um desejo de ter um poderio militar à altura do crescente poder econômico da China e uma possível numa doutrina militar que sempre defensiva para quem sabe defender os interesses chineses longe de seu território,

Rússia esfria visita de Chávez

Para não prejudicar a viagem do presidente Vladimir Putin aos Estados Unidos, para onde ele foi neste domingo, o Kremlin esfriou a visita que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, armou para não participar da reunião de cúpula do Mercosul, em retaliação ao Senado do Brasil. Os senadores ameaçaram não aprovar a entrada da Venezuela no bloco, depois do fechamento do canal de televisão da Radio Caracas Televisión (RCTV) e da acusação de Chávez de que o Senado do Brasil era papagaio do americano.

As reuniões de Putin e Chávez não tiveram caráter oficial. Chávez não foi convidado para discursar no plenário do parlamento russo. Falou numa sala menor, com capacidade para apenas um terço dos deputados da Duma do Estado.

Ao inaugurar na quinta-feira o Centro Cultural Latino-Americano Simón Bolívar, na Biblioteca de Línguas Estrangeiras, em Moscou, Chávez atacou os EUA: "Ou quebramos o imperalismo norte-americano ou o imperialismo norte-americano quebra definitivamente o mundo", desafiou o caudilho venezuelano, declarando que luta "por um mundo de iguais e de paz onde reine o respeito à vida, à soberania dos povos, à verdadeira liberdade, e não à liberdade do Super-Homem".

O verdadeiro objetivo da viagem de Chávez a Moscou é comprar armas. Quer comprar de cinco a nove submarinos convencionais para patrulhar sua plataforma continental, rica em petróleo. Também está interessado em sistema de defesa antiaérea, mísseis portáteis, lançadores de granadas e de minas, aviões de transporte e sistemas de espionagem eletrônica.

No sábado, Chávez visitou uma fábrica de helicópteros militares em Rostov e foi a corridas de cavalos com Putin, antes de seguir para a Bielorrússia, onde apóia o último ditador da Europa, Alexander Lukachenko, representante de um stalinismo tardio.